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Vinícius Pinheiro

Vinícius Pinheiro

Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores

Entrevista exclusiva

Seis meses após IPO, Boa Vista mira crescimento com aquisições e cadastro positivo

Com o caixa reforçado pela oferta de ações, Boa Vista tem 20 alvos de aquisição no radar e deve fechar mais dois negócios em 2021, de acordo com CEO

Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
15 de abril de 2021
6:06 - atualizado às 10:44
Dirceu Gardel, CEO da Boa Vista
Dirceu Gardel, CEO da Boa Vista - Imagem: Divulgação

Você pode até achar que não conhece a Boa Vista, mas certamente já ouviu falar do serviço mais conhecido da empresa: o temido SCPC, serviço central de proteção ao crédito.

A companhia surgiu em 2010 com o propósito inicial de administrar a base de dados criada pela Associação Comercial de São Paulo. Mas hoje vai muito além da simples manutenção da lista de CPFs com o “nome sujo” na praça.

As novidades no mercado de crédito e, principalmente, o avanço da tecnologia mudaram o negócio da Boa Vista. A companhia tem nas soluções analíticas — nas quais extrai informações mais precisas e valiosas sobre um conjunto de dados — uma das fontes de receita de maior crescimento.

“A magia da coisa não está mais nos dados, mas no que fazer com eles”, me disse Dirceu Gardel, CEO da Boa Vista, em uma entrevista por videoconferência.

Foi esse mercado em ebulição que atraiu os investidores para a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da companhia. A Boa Vista captou R$ 2,17 bilhões na abertura de capital na B3, que acaba de completar seis meses.

As ações (BOAS3) tiveram um bom começo no pregão, mas derraparam no começo do ano em meio a notícias sobre o megavazamento de dados de milhões de brasileiros, que incluíram informações sobre a situação de crédito.

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Ainda que o episódio não tenha relação com a Boa Vista, que contratou até um laudo externo para se certificar de que os dados que vazaram não eram da empresa, os papéis acabaram sofrendo e hoje são negociados na casa dos R$ 12, pouco abaixo dos R$ 12,50 do IPO.

Duas aquisições fechadas e 20 no radar

Com o dinheiro captado dos novos sócios na bolsa, a missão da Boa Vista é crescer nos próximos dois a três anos em um ritmo maior do que o da primeira década de vida, segundo Gardel.

A estratégia clássica para encurtar esse caminho é por meio de aquisições. Do total de recursos captados na abertura de capital, quase R$ 1 bilhão foi para o caixa da Boa Vista, que planeja usar a maior parte desse dinheiro em aquisições.

Duas delas já foram anunciadas, e resumem bem o tipo de alvo que a empresa procura. A primeira foi a da Acordo Certo, uma plataforma digital de cobrança, que usa a tecnologia para oferecer propostas de renegociação de forma mais assertiva. Nesse ramo, quanto melhor o índice de recuperação dos créditos em atraso, maior o resultado.

Em março, a Boa Vista fincou os pés no lucrativo mercado de comércio eletrônico com a aquisição da Konduto. A empresa atua com sistemas antifraude nas transações realizadas por lojas virtuais e empresas de tecnologia financeira (fintechs), ao certificar que a pessoa por trás de uma compra online é realmente quem diz ser antes da aprovação da operação.

A expectativa do CEO da Boa Vista é anunciar pelo menos mais dois negócios neste ano. Mas no radar da empresa passam outras 20 oportunidades. E qual o perfil dos alvos potenciais?

“Estamos de olho em qualquer empresa que seja muito boa em inteligência analítica. A gente já sabe tratar dados e quer agora agregar mais talento para interpretar esses dados e oferecer para o mercado produtos e serviços com maior valor agregado possível.”

Com a boa situação de caixa e baixo endividamento proporcionados pelo IPO, Gardel não descarta a possibilidade de a Boa Vista partir para aquisições de empresas maiores do que ela própria. Se esse for o caso, a companhia poderia inclusive buscar mais dinheiro no mercado.

Além das aquisições, os recursos do IPO também foram investidos no recém-inaugurado Centro de Excelência em Analytics (CEA) para aprimorar o uso de inteligência de dados. O centro fará parcerias com universidades e deve contar com 140 colaboradores ainda neste mês. “Queremos ter as melhores cabeças de matemáticos, estatísticos e cientistas de dados.”

Mais 20 milhões de CPFs no crédito

O que não falta para empresas como a Boa Vista são dados para analisar e extrair informações que valem dinheiro. A partir deste mês a companhia passa a receber o histórico dos consumidores de serviços de telefonia e energia.

A inclusão das informações dos pagamentos das contas de consumo faz parte da entrada em vigor do cadastro positivo. Até agora, a lei que cria o registro de bons pagadores ainda não engrenou como deveria porque as bases contam apenas com as informações dos bancos.

As empresas autorizadas a operar pelo Banco Central, como a Boa Vista, Serasa e Quod, se valem de todo esse histórico de pagamentos e calotes para gerar o famoso score de crédito, usado pelas instituições financeiras não só na hora de aprovar ou não a concessão de um financiamento como também a taxa de juros que será cobrada.

A Boa Vista estima que 20 milhões de pessoas passarão a ter acesso a crédito em condições melhores com a inclusão das informações das contas de luz e telefone no cadastro positivo “São pessoas que têm renda e pagam em dia as faturas, mas que hoje a gente não consegue enxergar.”

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Efeito covid

O bom momento marcado pelo IPO na B3 não impediu a Boa Vista de sentir os efeitos da pandemia da covid-19 nos resultados. A receita líquida da companhia atingiu R$ 630 milhões no ano passado, queda de 4,8%, e o lucro líquido ajustado recuou 1,7%, para R$ 73 milhões.

Gardel diz que os produtos da companhia ligados à concessão de crédito costumam ter uma demanda menor em momentos de crise. Com o fechamento do comércio, um dos focos da Boa Vista foi ajudar os varejistas do mundo físico a direcionarem seus esforços para os canais digitais.

A redução da receita com a paralisação da economia foi compensada em parte pela linha de serviços de recuperação de crédito, que se beneficia do aumento da inadimplência que acontece em decorrência da crise. “Não tivemos o faturamento muito afetado, mas ficamos abaixo do que orçamos no começo do ano, antes da crise.”

E para este ano, o que esperar para os resultados diante do agravamento da pandemia? Gardel não fez projeções, mas disse que a empresa deve registrar crescimento em 2021.

Para ele, a Boa Vista pode ser um indutor da retomada da economia, ao auxiliar bancos e empresas de tecnologia financeira (fintechs) a tomarem melhores decisões na análise de crédito. “Quem começar a fazer isso primeiro vai alcançar os melhores clientes primeiro.”

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