Seis meses após IPO, Boa Vista mira crescimento com aquisições e cadastro positivo
Com o caixa reforçado pela oferta de ações, Boa Vista tem 20 alvos de aquisição no radar e deve fechar mais dois negócios em 2021, de acordo com CEO
Você pode até achar que não conhece a Boa Vista, mas certamente já ouviu falar do serviço mais conhecido da empresa: o temido SCPC, serviço central de proteção ao crédito.
A companhia surgiu em 2010 com o propósito inicial de administrar a base de dados criada pela Associação Comercial de São Paulo. Mas hoje vai muito além da simples manutenção da lista de CPFs com o “nome sujo” na praça.
As novidades no mercado de crédito e, principalmente, o avanço da tecnologia mudaram o negócio da Boa Vista. A companhia tem nas soluções analíticas — nas quais extrai informações mais precisas e valiosas sobre um conjunto de dados — uma das fontes de receita de maior crescimento.
“A magia da coisa não está mais nos dados, mas no que fazer com eles”, me disse Dirceu Gardel, CEO da Boa Vista, em uma entrevista por videoconferência.
Foi esse mercado em ebulição que atraiu os investidores para a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da companhia. A Boa Vista captou R$ 2,17 bilhões na abertura de capital na B3, que acaba de completar seis meses.
As ações (BOAS3) tiveram um bom começo no pregão, mas derraparam no começo do ano em meio a notícias sobre o megavazamento de dados de milhões de brasileiros, que incluíram informações sobre a situação de crédito.
Leia Também
Ainda que o episódio não tenha relação com a Boa Vista, que contratou até um laudo externo para se certificar de que os dados que vazaram não eram da empresa, os papéis acabaram sofrendo e hoje são negociados na casa dos R$ 12, pouco abaixo dos R$ 12,50 do IPO.
Duas aquisições fechadas e 20 no radar
Com o dinheiro captado dos novos sócios na bolsa, a missão da Boa Vista é crescer nos próximos dois a três anos em um ritmo maior do que o da primeira década de vida, segundo Gardel.
A estratégia clássica para encurtar esse caminho é por meio de aquisições. Do total de recursos captados na abertura de capital, quase R$ 1 bilhão foi para o caixa da Boa Vista, que planeja usar a maior parte desse dinheiro em aquisições.
Duas delas já foram anunciadas, e resumem bem o tipo de alvo que a empresa procura. A primeira foi a da Acordo Certo, uma plataforma digital de cobrança, que usa a tecnologia para oferecer propostas de renegociação de forma mais assertiva. Nesse ramo, quanto melhor o índice de recuperação dos créditos em atraso, maior o resultado.
Em março, a Boa Vista fincou os pés no lucrativo mercado de comércio eletrônico com a aquisição da Konduto. A empresa atua com sistemas antifraude nas transações realizadas por lojas virtuais e empresas de tecnologia financeira (fintechs), ao certificar que a pessoa por trás de uma compra online é realmente quem diz ser antes da aprovação da operação.
A expectativa do CEO da Boa Vista é anunciar pelo menos mais dois negócios neste ano. Mas no radar da empresa passam outras 20 oportunidades. E qual o perfil dos alvos potenciais?
“Estamos de olho em qualquer empresa que seja muito boa em inteligência analítica. A gente já sabe tratar dados e quer agora agregar mais talento para interpretar esses dados e oferecer para o mercado produtos e serviços com maior valor agregado possível.”
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Com a boa situação de caixa e baixo endividamento proporcionados pelo IPO, Gardel não descarta a possibilidade de a Boa Vista partir para aquisições de empresas maiores do que ela própria. Se esse for o caso, a companhia poderia inclusive buscar mais dinheiro no mercado.
Além das aquisições, os recursos do IPO também foram investidos no recém-inaugurado Centro de Excelência em Analytics (CEA) para aprimorar o uso de inteligência de dados. O centro fará parcerias com universidades e deve contar com 140 colaboradores ainda neste mês. “Queremos ter as melhores cabeças de matemáticos, estatísticos e cientistas de dados.”
Mais 20 milhões de CPFs no crédito
O que não falta para empresas como a Boa Vista são dados para analisar e extrair informações que valem dinheiro. A partir deste mês a companhia passa a receber o histórico dos consumidores de serviços de telefonia e energia.
A inclusão das informações dos pagamentos das contas de consumo faz parte da entrada em vigor do cadastro positivo. Até agora, a lei que cria o registro de bons pagadores ainda não engrenou como deveria porque as bases contam apenas com as informações dos bancos.
As empresas autorizadas a operar pelo Banco Central, como a Boa Vista, Serasa e Quod, se valem de todo esse histórico de pagamentos e calotes para gerar o famoso score de crédito, usado pelas instituições financeiras não só na hora de aprovar ou não a concessão de um financiamento como também a taxa de juros que será cobrada.
A Boa Vista estima que 20 milhões de pessoas passarão a ter acesso a crédito em condições melhores com a inclusão das informações das contas de luz e telefone no cadastro positivo “São pessoas que têm renda e pagam em dia as faturas, mas que hoje a gente não consegue enxergar.”
Leia também:
- PicPay chega aos 50 milhões de usuários e fundador fala dos planos para chegar aos celulares de todos os brasileiros
- 200 anos em 10? Nubank pode virar maior banco do país em clientes em 2023
- Home office ‘eterno’ e urnas eletrônicas: as apostas da Positivo para manter o lucro em alta após pandemia
Efeito covid
O bom momento marcado pelo IPO na B3 não impediu a Boa Vista de sentir os efeitos da pandemia da covid-19 nos resultados. A receita líquida da companhia atingiu R$ 630 milhões no ano passado, queda de 4,8%, e o lucro líquido ajustado recuou 1,7%, para R$ 73 milhões.
Gardel diz que os produtos da companhia ligados à concessão de crédito costumam ter uma demanda menor em momentos de crise. Com o fechamento do comércio, um dos focos da Boa Vista foi ajudar os varejistas do mundo físico a direcionarem seus esforços para os canais digitais.
A redução da receita com a paralisação da economia foi compensada em parte pela linha de serviços de recuperação de crédito, que se beneficia do aumento da inadimplência que acontece em decorrência da crise. “Não tivemos o faturamento muito afetado, mas ficamos abaixo do que orçamos no começo do ano, antes da crise.”
E para este ano, o que esperar para os resultados diante do agravamento da pandemia? Gardel não fez projeções, mas disse que a empresa deve registrar crescimento em 2021.
Para ele, a Boa Vista pode ser um indutor da retomada da economia, ao auxiliar bancos e empresas de tecnologia financeira (fintechs) a tomarem melhores decisões na análise de crédito. “Quem começar a fazer isso primeiro vai alcançar os melhores clientes primeiro.”
Hora de voltar para o Ibovespa? Estas ações estão ‘baratas’ e merecem sua atenção
No Touros e Ursos desta semana, a gestora da Fator Administração de Recursos, Isabel Lemos, apontou o caminho das pedras para quem quer dar uma chance para as empresas brasileiras listadas em bolsa
Vale (VALE3) patrocina alta do Ibovespa junto com expectativa de corte na Selic; dólar cai a R$ 5,3767
Os índices de Wall Street estenderam os ganhos da véspera, com os investidores atentos às declarações de dirigentes do Fed, em busca de pistas sobre a trajetória dos juros
Ibovespa avança e Nasdaq tem o melhor desempenho diário desde maio; saiba o que mexeu com a bolsa hoje
Entre as companhias listadas no Ibovespa, as ações cíclicas puxaram o tom positivo, em meio a forte queda da curva de juros brasileira
Maiores altas e maiores quedas do Ibovespa: mesmo com tombo de mais de 7% na sexta, CVC (CVCB3) teve um dos maiores ganhos da semana
Cogna liderou as maiores altas do índice, enquanto MBRF liderou as maiores quedas; veja o ranking completo e o balanço da bolsa na semana
JBS (JBSS3), Carrefour (CRFB3), dona do BK (ZAMP3): As empresas que já deixaram a bolsa de valores brasileira neste ano, e quais podem seguir o mesmo caminho
Além das compras feitas por empresas fechadas, recompras de ações e idas para o exterior também tiraram papéis da B3 nos últimos anos
A nova empresa de US$ 1 trilhão não tem nada a ver com IA: o segredo é um “Ozempic turbinado”
Com vendas explosivas de Mounjaro e Zepbound, Eli Lilly se torna a primeira empresa de saúde a valer US$ 1 trilhão
Maior queda do Ibovespa: por que as ações da CVC (CVCB3) caem mais de 7% na B3 — e como um dado dos EUA desencadeou isso
A combinação de dólar forte, dúvida sobre o corte de juros nos EUA e avanço dos juros futuros intensifica a pressão sobre companhia no pregão
Nem retirada das tarifas salva: Ibovespa recua e volta aos 154 mil pontos nesta sexta (21), com temor sobre juros nos EUA
Índice se ajusta à baixa dos índices de ações dos EUA durante o feriado e responde também à queda do petróleo no mercado internacional; entenda o que afeta a bolsa brasileira hoje
O erro de R$ 1,1 bilhão do Grupo Mateus (GMAT3) que custou o dobro para a varejista na bolsa de valores
A correção de mais de R$ 1,1 bilhão nos estoques expôs fragilidades antigas nos controles do Grupo Mateus, derrubou o valor de mercado da companhia e reacendeu dúvidas sobre a qualidade das informações contábeis da varejista
Debandada da B3: quando a onda de saída de empresas da bolsa de valores brasileira vai acabar?
Com OPAs e programas de recompras de ações, o número de empresas e papéis disponíveis na B3 diminuiu muito no último ano. Veja o que leva as empresas a saírem da bolsa, quando esse movimento deve acabar e quais os riscos para o investidor
Medo se espalha por Wall Street depois do relatório de emprego dos EUA e nem a “toda-poderosa” Nvidia conseguiu impedir
A criação de postos de trabalho nos EUA veio bem acima do esperado pelo mercado, o que reduz chances de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em dezembro; bolsas saem de alta generalizada para queda em uníssono
Depois do hiato causado pelo shutdown, Payroll de setembro vem acima das expectativas e reduz chances de corte de juros em dezembro
Os Estados Unidos (EUA) criaram 119 mil vagas de emprego em setembro, segundo o relatório de payroll divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Departamento do Trabalho
Sem medo de bolha? Nvidia (NVDC34) avança 5% e puxa Wall Street junto após resultados fortes — mas ainda há o que temer
Em pleno feriado da Consciência Negra, as bolsas lá fora vão de vento em poupa após a divulgação dos resultados da Nvidia no terceiro trimestre de 2025
Com R$ 480 milhões em CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai 24% na semana, apesar do aumento de capital bilionário
A companhia vive dias agitados na bolsa de valores, com reação ao balanço do terceiro trimestre, liquidação do Banco Master e aprovação da homologação do aumento de capital
Braskem (BRKM5) salta quase 10%, mas fecha com ganho de apenas 0,6%: o que explica o vai e vem das ações hoje?
Mercado reagiu a duas notícias importantes ao longo do dia, mas perdeu força no final do pregão
SPX reduz fatia na Hapvida (HAPV3) em meio a tombo de quase 50% das ações no ano
Gestora informa venda parcial da posição nas ações e mantém derivativos e operações de aluguel
Dividendos: Banco do Brasil (BBAS3) antecipa pagamento de R$ 261,6 milhões em JCP; descubra quem entra no bolo
Apesar de o BB ter terminado o terceiro trimestre com queda de 60% no lucro líquido ajustado, o banco não está deixando os acionistas passarem fome de proventos
Liquidação do Banco Master respinga no BGR B32 (BGRB11); entenda os impactos da crise no FII dono do “prédio da baleia” na Av. Faria Lima
O Banco Master, inquilino do único ativo presente no portfólio do FII, foi liquidado pelo Banco Central por conta de uma grave crise de liquidez
Janela de emissões de cotas pelos FIIs foi reaberta? O que representa o atual boom de ofertas e como escapar das ciladas
Especialistas da EQI Research, Suno Research e Nord Investimentos explicam como os cotistas podem fugir das armadilhas e aproveitar as oportunidades em meio ao boom das emissões de cotas dos fundos imobiliários
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro
