O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, disse nesta terça-feira (12) que a alta da inflação é temporária, mas pode afetar o cenário de 2021. O IPCA avançou 4,5% em 2020, acima do centro da meta, segundo dados do IBGE.
"Teremos uma inflação um pouco mais alta do que imaginávamos, algo que teremos que avaliar nos próximos ciclos. Mudou muito o cenário de commodities de dezembro para cá e teve uma mudança no câmbio também", disse durante videoconferência promovida pela XP Investimentos.
Serra avaliou que o resultado de 2020 foi "espetacularmente" melhor do que uma inflação de 2,1%, como previsto pelo Banco em setembro do ano passado. A meta projetada era de inflação de 4%.
O diretor lembrou que a alta foi puxada pelo câmbio e pelo preço de commodities que subiram mais do que o esperado. Dinheiro do auxílio emergencial, questões climáticas que impactaram colheitas no sul do país e a restrição na produção de petróleo da Arábia Saudita também teriam influenciado o movimento, disse Serra.
Selic
Serra disse ainda que o BC deve rever em breve a taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 2% ao ano, mas ressaltou que a alteração vai depender do rumo que tomar a política fiscal do país.
"A taxa de juros estrutural da economia brasileira não é 2%. Não é a taxa em que o Brasil vai conviver em situações normais. É o nível que o Banco Central precisou colocar para perseguir a meta de inflação em um ambiente bastante atípico", disse.
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) realiza a primeira reunião de 2021, mas, de acordo com Serra, ainda não deve haver mudanças na taxa da Selic. As alterações devem ocorrer após a votação do Orçamento de 2021, após o início do ano legislativo, em fevereiro.
"É um debate que vai acontecer no devido tempo, ao longo dos próximos trimestres. O debate já está ocorrendo no mercado e é natural que ocorra do nosso lado também", afirmou.
*Com Agência Brasil