Do lado certo do rifle: por que o bitcoin e as criptomoedas são o clássico investimento antifrágil
As criptomoedas têm ganhado cada vez mais a atenção de investidores no mundo todo, principalmente depois do início da pandemia – o Bitcoin subiu mais de 700% nos últimos doze meses.

Minha memória não é lá essas coisas, mas dessa cena eu me lembro bem.
Hugh Glass continua limpando pacientemente o seu rifle, enquanto ouve um monte de insinuações e acusações proferidas por John Fitzgerald.
Fitzgerald, ignorado e já bastante irritado, diz: "Você está esquecendo o seu lugar, garoto", enquanto tenta tomar o rifle de Glass.
Hugh Glass, sem perder a calma e colocando o dedo no gatilho, responde: "Até onde eu sei, neste momento meu lugar é aqui, do lado mais inteligente deste rifle".
Não parece, mas esta cena memorável do filme O Regresso é um enorme ensinamento sobre antifragilidade e como ela ajuda a sua vida de investidor.
Para começo de conversa, se você ainda não ouviu falar sobre o tema, antifragilidade é um termo desenvolvido por Nassim Taleb e que diz respeito à situações nas quais investidores se aproveitam de i) um risco limitado de perdas somado a ii) um enorme potencial de retorno.
Leia Também
John Fitzgerald certamente não leu Taleb, já que se colocou do lado onde tinha muito pouco a ganhar e quase tudo a perder.
Antifragilidade ao seu lado
Ao contrário de John Fitzgerald, eu li (e reli) Taleb o suficiente para ter como grande objetivo em minha vida de analista de investimentos me expor a situações nas quais é possível perder pouco no pior cenário e ganhar muito no melhor.
Acho que é por isso mesmo que eu gosto tanto de opções e acabei responsável pela análise desses ativos na Empiricus.
Opções, se utilizadas com sabedoria, oferecem exatamente esse perfil antifrágil de retorno.
Suponha que você invista R$ 200 em uma opção.
No pior cenário para o seu trade, na situação mais desastrosa de todas, a sua perda será de R$ 200.
No entanto, se o investimento vingar e der muito certo, não há limites para o seu lucro.
Esses R$ 200 podem se transformar em R$ 1.000, R$ 10.000 – e até mais do que isso algumas vezes.
Antes de continuar, eu gostaria de fazer um parênteses: quando eu cito que a antifragilidade deveria estar ao lado, eu não estou falando apenas de mercado financeiro, eu estou falando de todas as situações na vida.
Por que você vai investir em um empreendimento que, na melhor das hipóteses, vai te trazer pouco retorno e, na pior, vai te quebrar?
Por que você vai caminhar vendado no parapeito do quadragésimo andar de um prédio se na melhor das hipóteses você vai ganhar um brisa fresca na cara e na pior… bem, você sabe.
Um outro ativo antifrágil e com muito potencial
Mas opções não são os únicos ativos capazes de oferecer essa enorme assimetria entre pouco risco e muito retorno.
As criptomoedas têm ganhado cada vez mais a atenção de investidores no mundo todo, principalmente depois do início da pandemia – o Bitcoin subiu mais de 700% nos últimos doze meses.
Antes de mais nada, é bom lembrar que essa alta não é mera especulação. Existem algumas características importantes que têm proporcionado esta valorização.
Com a enorme impressão e distribuição de dinheiro para dar suporte às economias abaladas pela pandemia, existem grandes chances de vermos inflação relevante e desvalorização de moedas como o real e o dólar nos próximos anos.
Por outro lado, o Bitcoin e outros criptoativos importantes têm oferta limitada.
Eles não podem ser "produzidos" de acordo com as vontades de um Banco Central e, portanto, têm sido escolhidos por vários investidores como proteção para enfrentar um mundo no qual as moedas tradicionais perdem seu valor de compra.
Uma outra característica interessante é que as criptomoedas estão começando a se aproveitar de uma facilidade de negociação que não é vista em outros ativos com reserva de valor como artes, por exemplo.
Quadros do Van Gogh certamente possuem oferta limitada e são ótimos investimentos para quem pode arcar com eles.
O problema é que, mesmo para quem é podre de rico, negociar esses ativos não é nada fácil.
Se você quiser comprar é preciso esperar anos até aparecer algum vendedor.
Se você quiser vender, é preciso esperar meses para que o leiloeiro consiga encontrar os interessados e, no fim, você ainda vai ter de pagar uma enorme comissão.
As criptomoedas, por outro lado, podem ser "levadas" com você para qualquer lugar, transferidas ou trocadas rapidamente por outros ativos.
Não sei se você já sabe, mas dá até para comprar um Tesla usando Bitcoin.
Investimento antifrágil
Honestamente, eu não tenho a menor ideia se outras companhias vão seguir os passos da Tesla e aceitar criptomoedas como base de troca pelos seus produtos.
Talvez esse seja apenas um delírio.
Mas existe uma possibilidade de que as características mencionadas (reserva de valor, oferta limitada e facilidade transacional) realmente possibilitem a esses ativos cair nas graças dos investidores e empresas e multiplicarem de valor muito mais vezes nos próximos dez anos.
O que eu posso, sim, garantir, é que essa é uma aposta antifrágil. Se você colocar pouco dinheiro nela, tem muito a ganhar e pouco a perder.
Caso invista 1% do seu patrimônio nesses ativos e eles realmente virarem a moeda de troca da próxima década, isso vai bastar para te garantir um excelente retorno.
Mas se der tudo – absolutamente tudo – der errado, você perdeu apenas 1% e vida que segue.
O que eu não acho inteligente é não ter absolutamente nada desses ativos na carteira. Eu mesmo tenho um pouquinho, como você pode verificar no raio-X dos meus investimentos na Vitreo:
Se você não está muito afim de se aprofundar no tema, eu apenas sugiro que compre um pouquinho do famoso Bitcoin e espere para ver o que acontece.
No entanto, se você tem interesse nesta e em outras criptomoedas menos conhecidas mas com ainda mais potencial de valorização, vale a pena conhecer a série Crypto Legacy – que ainda está oferecendo um presente de até R$ 100 para quem estiver interessado.
Se quiser conferir, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a próxima!
Investir em estatal vale a pena? Uma reflexão sobre como o Banco do Brasil (BBAS3) subverteu as máximas dos manuais de investimentos
Banco do Brasil (BBAS3) negocia com múltiplos baixos demais para a qualidade dos resultados que tem apresentado e ainda guarda um bom potencial de valorização
Com a Selic em 13,75%, ainda vale a pena investir em ações?
Com essa renda enorme de mais de 1% ao mês, sem riscos e sem sustos, será que ainda vale ter ações na carteira?
A armadilha dos dividendos: cuidado para não cometer o maior erro dos investidores que buscam ‘vacas leiteiras’ na bolsa
Quem não gosta de ver um dinheirinho pingando na conta? O problema é que muitas vezes os dividendos prometidos são insustentáveis; entenda
Bolsonaro venceu? Petrobras enfim reduz o preço da gasolina, mas até que ponto vai a influência do presidente?
Se a Petrobras tivesse baixado os preços por mera pressão do governo, as ações teriam desabado; entenda o que está por trás da redução
A Vivo (VIVT3) e sua estabilidade à prova de crise nos mostram: negócios chatos não são maus negócios
A Vivo (VIVT3) manteve suas receitas praticamente estáveis nos últimos anos. Ainda assim, esse ‘negócio chato’ gera muito valor ao acionista
Presidente novo, política nova? Por que as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) continuam atraentes mesmo com tantas trocas de comando
O que realmente preocupa na Petrobras é o risco de o novo CEO ceder e obrigá-la a vender combustíveis por preços bem abaixo da paridade internacional
É oficial: estamos em bear market — saiba como ajustar a carteira em momentos difíceis
No chamado mercado de baixa não é hora para desespero, vender tudo e comprar Tesouro Selic; existem formas de tentar incrementar os retornos
Quando crescer via aquisições pode ser uma boa para empresas na bolsa — e quando pode ser um desastre
Assim como o investimento em ações, normalmente o que define se as fusões e aquisições serão bem-sucedidas é o preço do negócio
Ações? Dividendos? Afinal, ainda vale a pena investir na bolsa com a Selic em 13,25%?
Com a Selic no maior patamar desde 2017, faz sentido correr os riscos da bolsa atrás de uma ação pagadora de dividendos? A resposta é sim
Lucro e dividendos: O que comprar na bolsa quando as ações param de subir e o humor começa a piorar
Agora é uma boa hora para vender ações que carecem de lucros e colocar na carteira mais ações pagadoras de dividendos
Livre das investigações, a Hypera está pronta para voar; entenda por que HYPE3 ainda vale a pena
Acordo de leniência após investigação sobre suspeita de pagamento de propina livra a Hypera (HYPE3) do risco de uma multa bilionária
Mesmo com toda a confusão causada pelo governo, ainda vale a pena investir na Petrobras (PETR4); entenda por quê
Petrobras negocia atualmente por 3 vezes lucros e paga mais de 20% de dividendos; é preciso muito mais do que uma troca injustificada de CEO para PETR4 desabar
Vale a pena comprar Petrobras (PETR4) por causa da possível privatização? A resposta é não — e eu te conto por quê
Se você está pensando em comprar PETR4 apenas por causa da possibilidade de privatização no curto prazo, um alerta: você vai acabar se decepcionando
A vitória dos ‘loucos’: entenda como o fim do dinheiro barato recoloca as ações de valor na mira dos investidores
Quando a situação aperta, seja por conta de juros, recessão, guerra ou qualquer outro tipo de estresse, são os lucros e dividendos que sustentam o preço das ações
Um McPicanha na bolsa: entenda os cuidados que você precisa tomar ao investir em ações pagadoras de dividendos
Assim como o McPicanha sem picanha, é preciso ter cuidado para não comprar gato por lebre na hora de ir atrás de dividendos na bolsa
Maior fatia do bolo: programa de recompra da Vale (VALE3) vai além do aumento nos dividendos
O programa de recompra abrange cerca 10% do capital da companhia — isso significa que os lucros passarão a ser divididos por um número 10% menor de ações
Entenda o estranho caso do setor em declínio que representa uma boa oportunidade de investimento
Assim como aconteceu com o tabaco, mesmo com todas as restrições, o vício da sociedade em petróleo sinaliza que o setor de óleo e gás deve manter a rentabilidade ainda por muitos anos
Por que a Petrobras (PETR4) está do lado certo do muro para aproveitar a alta das commodities
Ajuda do petróleo em alta, combinada com a melhora de eficiência, significa mais lucro e maior geração de caixa para a Petrobras
Meu fundo de previdência está com retorno negativo. Devo resgatar o dinheiro?
Se você quiser aumentar as chances de uma aposentadoria tranquila, é preciso aguentar as crises de curto prazo e ater-se a seu plano de previdência
Não espere uma mudança de cenário para mexer suas peças: o mercado sempre se antecipa ao noticiário
Por mais que o ciclo de alta de juros não tenha acabado, o mercado já se mexeu para surfar a estabilização na Selic. Saiba como se posicionar