O mercado financeiro e a cidade de São Paulo foram surpreendidos, no início desta semana, pela inauguração da escultura de um touro dourado em frente à B3, a bolsa de valores brasileira, localizada no centro da capital paulista.
Em apenas quatro dias, o que começou como uma ação de marketing da dona da bolsa em parceria com o economista e apresentador Pablo Spyer, conhecido pelo bordão “vai, tourinho!”, tomou uma proporção que provavelmente nem mesmo seus idealizadores poderiam imaginar.
A primeira reação foi das redes sociais, com uma chuva de piadas e memes com o que muitos consideraram uma obra de arte de gosto duvidoso; ou talvez uma vira-latice, posto que o “Touro de Ouro”, como foi chamada a escultura, parecia uma tentativa de imitar o Charging Bull, famoso touro de Wall Street, em Nova York.
Em tempo: a bolsa de Nova York não era a única no mundo a ostentar a escultura de um touro. Como você talvez já saiba, o touro é o símbolo do mercado de alta (bull market). E esculturas desse tipo podem ser encontradas, por exemplo, na Euronext, em Amsterdã, na bolsa de Frankfurt (acompanhada de um urso, o símbolo do mercado de baixa), na bolsa de Mumbai e nas bolsas chinesas de Xangai e Shenzhen.
Também pipocaram nas redes comentários sobre como o touro dourado não permaneceria imune a pichações por muito tempo — e, de fato, não levou nem 24 horas para que o bovino fosse “batizado”, além de ter sido palco de protestos.
Vou ser bem sincera aqui, eu também não achei a escultura lá muito bonita e me diverti com os memes. Mas achei que teve gente que levou o Touro de Ouro a sério demais, quase como ofensa pessoal, e destilou um bocado de raiva despropositada em relação a seus idealizadores e ao mercado financeiro em geral.
Afinal, é bom não esquecer que na bolsa são negociadas justamente as ações das empresas do país, ou seja, estamos falando de economia real aqui; e os preços desses ativos refletem justamente as perspectivas para os resultados dessas empresas, que são bastante conectados com o desempenho da economia em geral
Além disso, um pouco mais de educação financeira, informação sobre investimentos e a popularização do mercado de capitais só têm a acrescentar ao país. Então para além da crítica de arte, vilanizar o mercado financeiro não contribui muito para o debate.
De qualquer maneira, não dá para negar que o timing para se instalar a escultura de um touro em frente à B3 não foi dos melhores. Nossa bolsa não vive um bom momento e não passa, nem de longe, por um bull market.
Pelo contrário, na última semana, mais uma vez foi o urso que se destacou, com o Ibovespa renovando as mínimas do ano e tornando a se aproximar dos 100 mil pontos. O principal índice da bolsa fechou a semana com uma queda acumulada de 3,10%, aos 103.035 pontos, enquanto o dólar à vista subiu 2,79% no período, retornando aos R$ 5,61.
A temporada de balanços do terceiro trimestre chegou ao fim até com bons resultados para as companhias, mas é o que vem pela frente que traz incertezas: risco fiscal elevado, inflação no Brasil e no mundo, novas ondas de covid-19, e o risco de que o Federal Reserve comece, afinal, a subir os juros antes do esperado.
A Jasmine Olga conta nesta matéria tudo que afetou os mercados na última semana, transformando o Touro de Ouro num saco de pancadas para além da opinião pública.
Não foi só o Ibovespa que apanhou…
E não foram só o Ibovespa e o Touro de Ouro que apanharam. O bitcoin também não levou a melhor nesta semana, amargando uma desvalorização da ordem dos 10% que ofuscou o brilho da sua atualização, o Taproot. E a economia americana também tem a ver com esse tombo. Nesta matéria, o Renan Sousa explica por que a principal criptomoeda do mercado despencou.
É uma cilada, Bino?
Para o experiente trader, escritor e roteirista da série global Carga Pesada, Ivan Sant’Anna, o IPO mais aguardado do ano pode ser “uma cilada, Bino”. Naquela que foi a matéria mais lida do Seu Dinheiro na semana, o Ivan explica por que acredita que a oferta inicial de ações do Nubank pode ser uma armadilha para os iniciantes na bolsa de valores.
Para fugir do Leão e não trabalhar até morrer
É aquela época do ano novamente! Tempo de falar de planejamento financeiro para a aposentadoria. Nesta semana, começamos a publicar uma série sobre previdência privada, produto financeiro que ganha os holofotes no fim do ano, e com um bom motivo. Na primeira reportagem da série, apresentamos as vantagens da previdência privada e mostramos exatamente como utilizá-la para pagar menos imposto de renda e alcançar a tão sonhada independência financeira.
Resposta do mundo cripto à B3
Em recente entrevista ao Seu Dinheiro, o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, criticou os custos elevados de se investir em criptoativos no Brasil e disse que a proteção para o investidor, nesse mercado, é muito menor que no ambiente de bolsa. Na última semana, o CEO da exchange Mercado Bitcoin, Reinaldo Rabelo, pediu a palavra e respondeu às críticas nas páginas do Seu Dinheiro. Confira a entrevista exclusiva que ele deu para o Renan Sousa.
A ação da vovó pode estar em promoção
A Itaúsa (ITSA4) é uma das ações mais papai-e-mamãe da bolsa brasileira. A holding de investimentos do Itaú é detentora de uma fatia de quase 40% do banco e tem fama de boa pagadora de dividendos. Tanto que é considerada uma ação de viúvas e vovós - analogia talvez um pouco sexista, mas que deixa bem claro seu papel de “ativo tranquilinho e gerador de renda”.
A compra dessa ação também é considerada uma forma mais barata de se investir em Itaú, por conta do famigerado “desconto de holding”. Mas nem só de Itaú vive a Itaúsa, que tem fartas participações em uma série de outras empresas bem-sucedidas. Além disso, pode ser que o tal desconto de holding esteja um tantinho alto, o que pode indicar um bom momento de entrada no papel. É o que mostra a análise — em texto e vídeo — que o Victor Aguiar publicou na última semana.