Nova dinâmica dos juros no Brasil: balanceando a carteira para o final de 2021
Com a Selic avançando rumo à casa dos 10% ao ano, é preciso se adaptar ao novo cenário e promover alguns ajustes na carteira de investimentos
Em alguns meses, nos encontraremos novamente com uma Selic na casa dos dois dígitos. Como antecipamos corretamente na coluna da semana passada, o Banco Central (BC) optou por um caminho mais agressivo na condução de sua política monetária, colocando a taxa básica de juros da economia brasileira em 7,75% ao ano — e contratando adicionalmente mais uma elevação de 150 pontos-base para a próxima reunião de dezembro.
Isto é: encerraremos o ano com nossos juros de curto prazo em 9,25%.
Para quem já acompanhava o comportamento da curva de juros desde o aparente abandono da responsabilidade fiscal por parte do governo com o rompimento da regra do teto de gastos, não foi nenhuma surpresa.
Aliás, já havia gente apostando em uma alta de 1,75 p.p. na última quarta-feira. Bem, apesar de não ter sido tanto, se trata de mais um pequeno cavalo de pau em nosso Banco Central, o segundo desde o começo do ano.
Curiosamente, estamos tentando não controlar a inflação corrente, já acima de 10% nos últimos 12 meses, mas, sim, ancorar as expectativas de inflação para os anos seguintes, em especial 2022 e 2023.
O movimento se dá em um momento no qual, por mais contraditório que possa parecer, os governos regionais (sobretudo estados) acumularam mais de R$ 90 bilhões em superávits primários este ano, com a combinação de ajuda do governo federal para enfrentar a pandemia, arrecadação maior (ICMS) e menos gastos.
Leia Também
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Abaixo, podemos ver o gráfico abaixo do BC sobre esta última ponderação:
A arrecadação não tem sido ruim em 2021, o que nos levou, inclusive, a conquistar um patamar de dívida sobre PIB da ordem de 80%, versus mais de 100% inicialmente projetado para este ano ao final de 2020. Conseguimos perder esta oportunidade de acertar o barco, infelizmente.
Claro, podemos colocar isso na conta da pandemia e da falta de sensibilidade com que medimos os impactos da reabertura no poder de compra da população.
Ainda assim, como muito bem colocou Ilan Goldfajn, presidente do conselho do Credit Suisse no Brasil e ex-presidente do Banco Central, "responsabilidade social não significa irresponsabilidade fiscal".
O teto de gastos e a sua carteira de investimentos
De fato, em um país no qual o panorama fiscal tem se provado o calcanhar de Aquiles há alguns anos, não pensar em como endereçar as questões otimizando o problema da alocação de recursos parece uma questão em si mesma.
O teto de gastos, na verdade, foi criado como uma regra rígida, porém, simples, que visava proporcionar esse instinto de alocação de capital por parte dos agentes políticos. Infelizmente, ele não sobreviveu à crise sanitária da pandemia da Covid-19.
Agora, devemos prosseguir para encerrar o ciclo de aperto monetário no primeiro trimestre do ano que vem em algo como 11,5% de Selic ao ano, ou ao redor disso.
A consequência disso é, como já temos visto, uma rotação de recursos da renda variável, que ganhou novos amantes nos últimos anos de queda dos juros, para a renda fixa. O mundo voltou a ser dos rentistas.
Naturalmente, já voltamos a ver oportunidades muito interessantes em renda fixa, nos valendo ainda da posição incoerente na qual a curva de juros está neste momento.
Ainda há, definitivamente, espaço para renda variável, até mesmo porque, como podemos ver abaixo, estamos absolutamente baratos contra os lucros das empresas projetados para os próximos 12 meses. Nesse sentido, faz sentido ainda a exposição ao prêmio de risco da Bolsa brasileira:
Contudo, ainda que seja válida a manutenção em bolsa, duas novas provocações são válidas:
- O contexto local ainda não aliviou a percepção de risco: ainda nesta semana teremos definição da PEC dos Precatórios, que não necessariamente poderá ter um desfecho positivo para o panorama fiscal, sem falar no ano eleitoral de 2022, que deverá pressionar ainda mais ativos de risco, gerando uma volatilidade quase que insuportável; e
- Lá fora estamos flertando com aperto monetário igualmente, com reunião de política monetária do Fed e do BC da Inglaterra (BoE) nesta quarta (3) e quinta-feira (4), respectivamente: um tom mais "hawkish" (contracionista de liquidez) por lá deverá atrair capital para países desenvolvidos, em um ambiente no qual emergentes são atrativos apenas pela retomada pós-pandêmica cíclica, ameaçada pela desaceleração chinesa, inflação e o consequente aperto monetário.
Selic mais alta: como ajustar a carteira?
Ou seja, qual a solução para o dilema atual?
Entendo que haja espaço para manutenção do prêmio da Bolsa de risco em nossas carteiras em até 30% do total, a depender do perfil do investidor. Paralelamente, permaneço com meus votos de manter uma posição estrutural no exterior, em moeda estrangeira e em posição internacional, em algo como 30% do total, igualmente.
Nesse sentido, faz sentido montar uma carteira com algo como 10% de caixa (Tesouro Selic, que vai render mais de 10% antes da metade do ano que vem) e outros 30% em renda fixa, em risco soberano e privado.
Nesses últimos 30%, uma combinação de títulos do tesouro indexados à inflação (IPCA+) longos (2055) e curtos (2026) com alguns títulos privados pré-fixados incentivados pagando mais de 10% ao ano para os próximos 2 ou 3 anos (não mais que 2024) me parece uma boa pedida.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
A realidade mudou e precisamos seguir nos adaptando à ela.
Na série "Palavra do Estrategista" da Empiricus, Felipe Miranda e eu passamos nossas melhores ideias de investimentos para solidificar carteiras como esta que desenhei brevemente acima para os mais variados tipos de investidores.
Para quem se interessou, vale conferir!
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje