Crescimento e inflação criam oportunidade de investimento em REITs, os ‘fundos imobiliários’ dos EUA
Saiba como utilizar essa classe de aplicações para se expor ao mercado imobiliário norte-americano de uma forma inteligente
Na última terça-feira (27), o presidente Joe Biden anunciou que as pessoas plenamente vacinadas poderão fazer atividades a céu aberto nos Estados Unidos sem usar máscaras.
Aliado ao bom resultado do programa de vacinação, a economia do país vem surpreendendo os analistas do mercado de forma consecutiva, evidenciando uma retomada acelerada após a aprovação do pacote fiscal de “apenas” US$ 1,9 trilhão.
Um dos indicadores mais utilizados para exemplificar esse desempenho é a redução do número de pedidos de auxílio-desemprego dos EUA. Na última semana, as solicitações contabilizadas foram de 576 mil, a menor quantidade desde o início da pandemia.
Adicionalmente, há quem estime um crescimento do PIB americano na casa de 8% para este ano, o que seria um valor histórico.
Como consequência, ao longo dos últimos meses, vimos a curva de juros americana empinando justamente por conta dos prognósticos mais positivos da economia, que, por sua vez, poderia levar a inflação americana para patamares bem mais elevados do que o atual.
Em relação à inflação, vale mencionar que a postura do Federal Reserve (Banco Central americano) segue favorável a uma taxa de juros em nível mínimo para o médio prazo. Contudo, a leitura do mercado indica que não haverá hesitação por parte do BC americano em tornar sua política mais restritiva assim que houver sinais inflacionários.
Leia Também
Sob esse contexto, no qual enxergamos um potencial de crescimento econômico americano, atrelado a um possível risco inflacionário, o nosso velho ativo real surge como uma opção interessante para o cenário americano em 2021 – é claro que os imóveis se encaixam perfeitamente neste contexto: além da proteção dos contratos contra o aumento dos preços, as lajes tendem a se valorizar cada vez mais com o aquecimento da economia e com o avanço do pacote de infraestrutura de Joe Biden.
Mas, como se expor ao mercado imobiliário dos EUA de forma inteligente?
REIT: Real Estate Investment Trust
Antes de entrarmos nos detalhes da tese, vale a pena explicar brevemente o que são os REITs (Real Estate Investment Trust), também conhecidos como “fundos imobiliários americanos”.
Eles foram criados na década de 1960 para fomentar os investimentos em um dos setores mais importantes da economia, o imobiliário. Para se enquadrar como um REIT, uma empresa deve ter a maior parte de seus investimentos ligada ao setor imobiliário e distribuir pelo menos 90% de seu lucro tributável aos seus cotistas — no Brasil, o percentual que os FIIs são obrigados a distribuir é um pouco maior (95%).
Além disso, os REITs devem ser administrados por um conselho de diretores ou administradores; ter um mínimo de 100 investidores; não ter mais de 50% de suas cotas detidas por cinco ou menos cotistas; e investir ao menos 75% de seus ativos em produtos imobiliários, que devem ser responsáveis por pelo menos 75% da receita bruta do REIT.
Existem três tipos de REITs: os equity REITs, equivalentes aos fundos imobiliários de tijolo; os mortgage REITs, equivalentes aos nossos fundos de papel; e os hybrid REITs, que seriam uma combinação dos dois tipos anteriores.
Grande parte é negociada publicamente nas principais bolsas de valores americanas, e os investidores podem comprá-los e vendê-los como ações durante o pregão. Diferentemente do padrão do mercado brasileiro, os REITs normalmente são negociados em volumes substanciais e considerados instrumentos muito líquidos.
Para termos uma noção do tamanho desse mercado nos EUA, o FTSE Nareit All REITs Index, principal índice dos REITs, tem valor de mercado de aproximadamente US$ 1,37 trilhão, contra modestos R$ 90,85 bilhões do IFIX — um abismo de diferença, e também um gostinho de quanto o mercado interno pode evoluir.
Vale destacar que o índice americano citado engloba todos os REITs listados, o que não acontece com o IFIX; porém, mesmo se considerássemos todos os FIIs do mercado brasileiro, a diferença ainda seria gritante.
O primeiro REIT da sua carteira
Dando sequência a nossa linha de raciocínio, vejo um motivo adicional para nossa exposição aos REITs: em função da crise sanitária, muitos segmentos ainda estão sendo negociados por preços muito inferiores àqueles observados no período pré-pandemia, especialmente aqueles ligados a hospedagem e varejo físico.
Neste sentido, entendo que o Vanguard Real Estate ETF (NYSE: VNQ) seria uma alternativa interessante para exposição neste mercado. Trata-se de um ETF composto por mais de 170 REITs listados no mercado de capitais americano.
Por ser extremamente diversificado, trata-se de um ativo ideal para iniciar uma carteira de REITs no mercado internacional. Além de minimizar o risco de concentração, o fundo acessa diferentes setores da economia americana, capturando diversas vertentes da recuperação econômica.
Além do clima de retomada, é importante mencionar que os REITs são grandes vencedores quando tratamos de retorno histórico na indústria. Nos últimos dez anos, o VNQ apresentou um retorno anual médio de aproximadamente 9% ao ano, mesmo com o impacto da grande crise que atingiu os mercados no ano passado.

Por fim, além do potencial de ganho de capital, estamos falando de um ativo gerador de caixa, que distribui proventos trimestralmente. Nos últimos dois meses, aliado a uma valorização superior a 30%, o Vanguard Real Estate entregou um dividend yield de 3,3%.
Ou seja, é um case muito interessante do ponto de vista macroeconômico, que une a resiliência do setor imobiliário americano e o potencial de recuperação de alguns setores muito descontados. Inclusive, não seria uma surpresa se esta fosse a classe vencedora no mercado de capitais em 2021...
Como ter um REIT no Brasil
Conforme ilustrado acima, o VNQ é apenas negociado na bolsa americana e, portanto, é necessária uma conta em corretora internacional para comprá-lo.
Para aqueles que desejam uma exposição neste mercado via veículos brasileiros, os fundos de investimento RBR Real Estate Global e RBR Reits US Dólar, comandados pela excelente gestão da RBR Asset, são as estratégias mais alinhadas com a nossa tese. Ambos estão disponíveis na plataforma da Vitreo e, no caso do RBR Reits US Dólar, também na XP.
Até a próxima!
[the_ad_placement id="disclameir-1"]
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell