Como os economistas viram a decisão do BC sobre o aumento da Selic acima do esperado?
Carta da Goldman Sachs e do Rabobank aos clientes traz perspectivas das instituições financeiras para a alta da Selic
A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu o mercado com uma alta da Selic acima do esperado. Enquanto a maioria dos analistas esperava um aumento de 0,50 pontos porcentuais (pp), o Comitê elevou a taxa básica de juros em 0,75 pp, o que influencia diretamente na inflação, dólar e juros.
"No geral, o Copom viu valor em entregar um movimento hawkish em direção às expectativas de mercado e, acompanhado ainda por uma orientação hawkish a fim de impedir uma deterioração significativa nas expectativas de inflação ou no balanço de riscos, o Copom também antevê outra elevação de 0,75 pp no encontro de maio. Isso tudo dentro de um plano de jogo maior que prevê a retirada de boa parte do atual nível de acomodação monetária, mas ficando aquém de chegar à taxa neutra", escreveu o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, em relatório aos clientes.
Na visão da instituição financeira, a autoridade monetária não deve subir a taxa de juros rapidamente em direção a uma postura monetária neutra, mas a decisão demonstrou, sim, a intenção de retirar boa parte do atual nível extraordinário de estímulo monetário.
De olho na inflação
O ajuste mais acelerado foi justificado pelo Copom pelo benefício de "reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos".
Já o Rabobank elevou sua projeção para a taxa Selic após a decisão do Copom. Agora, a instituição estima que o juro termine este ano em 4,5%, e não mais em 4,0%, como o esperado antes, apesar do processo lento de vacinas no Brasil contra a covid-19, mas dadas as pressões de riscos inflacionários recentes. No entanto, o Rabobank mantém a expectativa de 5,50% na Selic ao fim de 2022.
Pandemia pesando
"Por um lado, as autoridades temem que o agravamento da pandemia possa atrasar a recuperação, levando a trajetória da inflação para níveis abaixo do esperado. Por outro lado, a pressão dos riscos fiscais (como a recente renovação do coronavoucher) e/ou a frustração com o ritmo das reformas estruturais conduzem a trajetória da inflação para níveis acima do esperado", avalia a nota.
A instituição afirma que além da decisão do Banco Central (BC) de iniciar um processo de normalização parcial por unanimidade, mais do que o esperado pelo Rabobank e o consenso de mercado, também previu para a próxima reunião outro aumento de 0,75 ponto porcentual.
Conforme o Rabobank, a ata, que será divulgada na próxima terça-feira, e o primeiro Relatório Trimestral de Inflação (RTI) 2021, na quinta, devem trazer mais detalhes sobre as perspectivas do BC para a inflação.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Campos Neto estragou a festa do mercado e mexeu com as apostas para a próxima reunião do Copom. Veja o que os investidores esperam para a Selic agora
Os investidores já se preparavam para celebrar o fim do ciclo de ajuste de alta da Selic, mas o presidente do Banco Central parece ter trazido o mercado de volta à realidade
Um dos maiores especialistas em inflação do país diz que não há motivos para o Banco Central elevar a taxa Selic em setembro; entenda
Heron do Carmo, economista e professor da FEA-USP, prevê que o IPCA registrará a terceira deflação consecutiva em setembro
O que acontece com as notas de libras com a imagem de Elizabeth II após a morte da rainha?
De acordo com o Banco da Inglaterra (BoE), as cédulas atuais de libras com a imagem de Elizabeth II seguirão tendo valor legal
Banco Central inicia trabalhos de laboratório do real digital; veja quando a criptomoeda brasileira deve estar disponível para uso
Essa etapa do processo visa identificar características fundamentais de uma infraestrutura para a moeda digital e deve durar quatro meses
Copia mas não faz igual: Por que o BC dos Estados Unidos quer lançar um “Pix americano” e atrelar sistema a uma criptomoeda
Apesar do rali do dia, o otimismo com as criptomoedas não deve se estender muito: o cenário macroeconômico continua ruim para o mercado
Com real digital do Banco Central, bancos poderão emitir criptomoeda para evitar “corrosão” de balanços, diz Campos Neto
O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, ainda afirmou que a comissão será rigorosa com crimes no setor: “ fraude não se regula, se pune”
O real digital vem aí: saiba quando os testes vão começar e quanto tempo vai durar
Originalmente, o laboratório do real digital estava previsto para começar no fim de março e acabar no final de julho, mas o BC decidiu suspender o cronograma devido à greve dos servidores
O ciclo de alta da Selic está perto do fim – e existe um título com o qual é difícil perder dinheiro mesmo se o juro começar a cair
Quando o juro cair, o investidor ganha porque a curva arrefeceu; se não, a inflação vai ser alta o bastante para mais do que compensar novas altas
Banco Central lança moedas em comemoração ao do bicentenário da independência; valores podem chegar a R$ 420
As moedas possuem valor de face de 2 e 5 reais, mas como são itens colecionáveis não têm equivalência com o dinheiro do dia a dia
Nubank (NUBR33) supera ‘bancões’ e tem um dos menores números de reclamações do ranking do Banco Central; C6 Bank lidera índice de queixas
O banco digital só perde para a Midway, conta digital da Riachuelo, no índice calculado pelo BC
Leia Também
-
A bolsa está valendo menos? Por que esse bancão cortou o preço-alvo das ações da B3 (B3SA3) — e você deveria estar de olho nisso
-
Bolsa hoje: Nova York e Petrobras (PETR4) contaminam Ibovespa, que fecha próximo da estabilidade; dólar tem leve alta a R$ 5,25
-
Qual o futuro dos juros no Brasil? Campos Neto dá pistas sobre a trajetória da taxa Selic daqui para frente