Após uma queda vertiginosa de 87% desde as máximas alcançadas em janeiro de 2020, as ações da empresa de resseguros IRB Brasil (IRBR3) podem cair ainda mais? Para a gestora de fundos carioca Squadra Investimentos, sim.
A posição vendida (short, no jargão de mercado) nos papéis da companhia voltou a trazer resultados para a gestora, que também lucrou com as apostas na queda da Cogna (COGN3) e da Vasta, subsidiária da empresa de educação que abriu o capital no ano passado na Nasdaq.
É sempre bom lembrar que a Squadra tem autoridade para falar sobre IRB. Afinal, foi uma carta publicada pela gestora em fevereiro do ano passado que abriu caminho para a descoberta de fraudes contábeis bilionárias na resseguradora.
Em uma nova carta, a gestora voltou a defender as razões para manter a posição vendida nas ações do IRB. Essa já chegou a ser a principal aposta do fundo, mas com a queda das ações a exposição relativa também diminuiu.
Desde que a Squadra apontou os problemas nos números do IRB, a empresa republicou balanços e registrou um prejuízo contábil acumulado de R$ 1,7 bilhão. Junto com as perdas, o grupo fez baixas contábeis que reduziram o valor do patrimônio líquido.
Desta forma, mesmo após o tombo, as ações ainda são negociadas por um valor equivalente a 1,52 vez o patrimônio, pelos cálculos da gestora. Ou seja, não muito distante do nível de 1,8 vez de 12 meses atrás.
A Squadra destaca ainda que um total de R$ 1,1 bilhão do patrimônio líquido do IRB se refere a créditos tributários que provavelmente a companhia não conseguirá aproveitar totalmente.
“O quadro acima acaba por contribuir para uma percepção de prêmio efetivo para o book value [patrimônio líquido] ainda maior do que o comentado anteriormente, melhorando, por consequência, a equação risco x retorno para nossa posição short [vendida] em IRB, que continuamos a deter em nossa estratégia Long-Biased.”
No pregão desta segunda-feira, as ações do IRB (IRBR3) eram negociadas em queda de 0,39% por volta das 11h20, cotadas a R$ 5,14. Leia também nossa cobertura completa de mercados.
Lucro da Squadra com Cogna e Vasta
Outro grande ganho da Squadra nos últimos 12 meses foi com as posições vendidas em ações da Cogna (COGN3) e da Vasta (VSTA), subsidiária do grupo que fornece sistemas de ensino para escolas da educação básica.
A gestora já apostava na queda dos papéis da rede de educação privada, e aproveitou o alvoroço com o IPO da Vasta, que aconteceu em junho do ano passado na bolsa norte-americana Nasdaq.
“Aproveitamos o que julgávamos ser uma distorção entre preço e valor para os dois ativos, aumentando nossa posição short em Cogna e abrindo posição short em Vasta.”
A queda de mais de 50% de ambas as ações até o fechamento do primeiro semestre ajudou a turbinar o retorno do fundo Squadra Long Biased, que registrou rentabilidade de 8,3% de janeiro a junho, contra 6,5% do Ibovespa.
Em 2020, o fundo da gestora que pode manter posições vendidas teve retorno de 12,2%, contra 2,9% do principal índice da B3. Leia a íntegra da carta da Squadra.
A gestora não deixa claro na carta aos investidores se mantém o short nas ações da Cogna e da Vasta. No pregão de hoje COGN3 era negociada em alta de 0,30% e as da Vasta subiam 1,99%.
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