A bolsa brasileira vive momentos de estresse nos últimos meses. A deterioração das perspectivas para economia, a piora da situação fiscal e a crise política formam o ambiente perfeito para incertezas, o que afasta o investidor de ativos de risco, como o Ibovespa.
No pregão de ontem (22), o pessimismo com a situação fiscal do país levou o principal índice da bolsa brasileira a fechar nas mínimas, em queda de 0,89%, aos 102.122 pontos. Após a alta recente, o dólar à vista caiu 0,27%, aos R$ 5,5936, mas chegou a avançar pontualmente.
O cenário local não mudou, mas ainda hoje existe um fator que pode piorar o sentimento do investidor. O presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, deve participar de uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) sobre a política de preços da estatal.
Esta não é a primeira vez que Silva e Luna precisa prestar esclarecimentos à Casa, mas a visita aos congressistas sempre gera certa apreensão no mercado por se tratar de uma gigante da bolsa brasileira.
No exterior, os investidores permanecem sem direção definida, com a Ásia fechada sem sinal único e Europa e Estados Unidos digerindo seus próprios cenários locais. Confira o que deve movimentar os negócios nesta terça-feira (23):
Auxílio Brasil
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), pretende avançar com a negociação da PEC dos precatórios ainda hoje e concluir o parecer para iniciar a votação ainda nesta quarta-feira (24). A proposta é essencial para abrir espaço para a criação do Auxílio Brasil, antigo Bolsa Família.
Em outra frente, o relator da Medida Provisória (MP) que cria o Auxílio Brasil, o deputado Marcelo Aro (PP-MG), pretende incluir a correção anual do benefício pela inflação. Existe ainda uma ideia de tornar o programa social um benefício permanente, mas, para que a proposta seja aprovada, será preciso uma fonte de renda permanente que, em tese, viria da reforma do Imposto de Renda.
O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, afirmou que o governo ainda pode decretar estado de calamidade para fornecer o Auxílio Brasil em 2022, o que colocaria o programa social fora do teto de gastos, mas a medida é considerada arriscada.
Paulo Guedes e o presidente da Petrobras
Duas figuras públicas devem ficar em destaque hoje. Em primeiro lugar, Paulo Guedes, o ministro da Economia, deve prestar esclarecimentos ao Congresso sobre movimentações financeiras no exterior. Guedes é acusado de manter empresas fora do país de maneira irregular, de acordo com o código de ética do alto escalão público.
Além dele, o presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, também deve participar de sessão no Congresso para esclarecer pontos sobre a política de preços da estatal.
Petróleo no mercado
O presidente americano, Joe Biden, pode anunciar a qualquer momento desta terça-feira a liberação dos estoques de petróleo para venda no mercado internacional. Essa é uma medida que visa baixar o preço da commodity e reduzir o avanço da inflação no mundo durante a retomada das atividades.
Japão, Coreia do Sul e Índia também devem participar dessa injeção de petróleo no mercado e ajudar a fazer pressão sobre a Opep para o aumento da produção. Por volta das 7h, o barril de petróleo Brent, utilizado como referência para a Petrobras, operava em queda de 1,10%, aos US$ 78,82. No mesmo horário, o barril de WTI caía 1,22%, aos US$ 75,81.
Um Powell para chamar de seu
O anúncio de ontem de que Jerome Powell deve permanecer no cargo de presidente do Banco Central americano reforçou as apostas do mercado de que uma alta na taxa de juros deve acontecer ainda no primeiro semestre de 2022 ou mesmo antes.
O dado mais esperado da semana, o índice de preços ao consumidor (PCE, em inglês), deve ser divulgado amanhã e reforçar as apostas de um aperto monetário no curto prazo. Além disso, o tapering já deve ser anunciado na próxima reunião do Federal Reserve, com um plano mais bem detalhado de retirada dos estímulos da economia norte-americana.
Bolsas pelo mundo
A bolsa japonesa não abriu hoje em virtude do feriado local e os demais índices da região fecharam o pregão de hoje sem sinal único.
De maneira semelhante, as principais praças da Europa reagem à divulgação dos índices de gerente de compras (PMIs, em inglês) divulgados mais cedo. Os indicadores vieram melhores do que o esperado, o que fez os índices locais reduzirem as perdas da abertura, mas a preocupação com a alta da inflação ainda gera cautela.
Por fim, os futuros de Nova York operam com viés de baixa nesta manhã, de olho na divulgação do PMI de serviços e à espera da inflação dos EUA, divulgada amanhã.
Agenda do dia
- FGV: IPC-S de novembro (8h)
- Petrobras: Presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) sobre a política de preços da estatal (9h)
- Ministério da Economia: Ministro da Economia, Paulo Guedes, vai à Comissão de Trabalho da Câmara para prestar esclarecimentos sobre as movimentações financeiras no exterior (9h30)
- Estados Unidos: PMI de serviços e industrial (11h45)
- Senado deve votar projeto de Lei Cambial