Assim como quem vai ao médico, faz uma bateria de exames e espera o resultado, a ata do Copom deve trazer um panorama mais completo do que o Banco Central brasileiro espera da economia. Com menos fritura, faça exercícios, corte a bebida alcoólica, entre outras coisas.
Diferentemente dos Estados Unidos, que está à beira de um over training, com a economia dando sinais de superaquecimento, o Brasil ainda amarga um longo caminho para retomar as atividades com normalidade. A disparada da inflação e o desemprego alto são sinais de alerta, que devem constar na ata do Comitê.
Na última reunião, o Copom decidiu em linha com o esperado pelo mercado e elevou a taxa básica de juros em 0,75 pontos percentuais, mesmo com expectativas de um aumento de até 1,0 ponto porcentual. Na última edição do Boletim Focus semanal, o mercado já projetou que a Selic deve chegar a 6,50% até o final do ano.
Com esse panorama interno e poucos indicadores e eventos no cenário externo, os investidores devem ficar de olho no testemunho de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o BC americano, sobre as medidas contra a pandemia. A instituição começou a dar sinais de que irá antecipar a retirada de estímulos da economia, o que está colocando os mercados em compasso de espera até maiores detalhes sobre o que esperar desse novo cenário.
O Fed já havia informado que iria começar a aumentar os juros antes do esperado, mas a retirada de estímulos da economia acendeu a luz vermelha para os investidores: o BC está preocupado com o momento inflacionário e deve tomar medidas para conter a alta nos preços.
Confira esses e outros destaques para o pregão desta terça-feira (22):
Eletrobras
Por 258 votos contra 136, a Câmara dos Deputados aprovou a medida provisória (MP) que viabiliza a privatização da Eletrobras. O texto já havia passado pela casa e pelo Senado, onde sofreu alterações e foram colocados alguns pontos polêmicos, os chamados “jabutis”. As ações da Eletrobras (ELET3 e ELET6) avançaram cerca de 3% nesta segunda na B3 e o movimento de valorização deve seguir no pregão de hoje, com o otimismo em torno da empresa.
Commodities
Os contratos futuros do petróleo chegaram a acelerar as perdas na manhã desta terça-feira (22) após rumores de que a Opep+ está discutindo um novo aumento gradual da produção a partir de agosto, em meio a uma valorização do dólar. Durante a retomada econômica, é esperado que ocorra um aumento da procura por combustíveis e outras commodities, o que deve elevar os preços nesse cenário.
Por volta das 7h, os futuros do Brent recuou 0,49%, cotados a US$ 74,53.
Bolsas pelo mundo
As bolsas da Ásia fecharam majoritariamente em alta na manhã desta terça-feira (22), em linha com a recuperação de Wall Street. O otimismo se deve à sinalização de que o Fed possa retirar os estímulos monetários antes do esperado.
Já os principais índices europeus reagem com o sinal oposto à retirada de estimulos do Fed e caem no mesmo horário. O aumento de juros deverá vir em 2023, não em 2024, como era esperado, mas o início da retirada de estímulos deve acontecer ainda em 2022. O BC americano afirma estar de olho nos índices inflacionários, apesar de afirmar que a situação é “temporária”.
Por fim, os índices futuros de Nova York operam próximos da estabilidade e com viés negativo. As falas dos dirigentes do Fed de hoje serão acompanhadas de perto pelos investidores de Wall Street.
Agenda do dia
- Banco Central: Divulgação da ata do Copom (8h)
- Estados Unidos: Presidente do Fed, Jerome Powell, testemunha sobre resposta à pandemia na câmara dos representantes (15h)
- Ministério da Economia: Ministro Paulo Guedes participa de cerimônia ao lado de Jair Bolsonaro e ministra da Agricultura, Tereza Cristina (16h30)
- Estados Unidos: Estoques de petróleo e derivados (17h30)