O caso GameStop — ou como pagar R$ 200 mil por um Fusca 1986
O que eu sei com toda a convicção é que empresas não valem 20 vezes mais do dia para a noite apenas porque alguns acionistas se convenceram disso
Você já pensou na possibilidade de pagar R$ 200 mil reais em um Fusca comum?
Talvez isso nunca tenha passado pela sua cabeça. Talvez isso pareça até mesmo insano, já que de acordo com a Tabela Fipe, este modelo está sendo vendido no mercado por preços próximos a R$ 10 mil.
No entanto, esses preços não parecem tão fora da realidade para João e Maria, que são muito fãs da série. Afinal de contas, como resistir a todo esse charme?
Todos os finais de semana, os dois saem pelas ruas da cidade desfilando cada um com o seu "Fusquinha" 1986, felizes da vida.
Quer dizer, quase felizes da vida.
Grupo dos donos de Fusca 1986
No fundo, os dois ainda sentem uma dose de insatisfação: para a Fipe, os seus amados carrinhos valem míseros R$ 10 mil.
Leia Também
João e Maria não conseguem se conformar com isso.
Como essa "joia automobilística" poderia valer menos do que um modelo popular 0 KM?
Inconformados com a avaliação de mercado, João e Maria criam um grupo no Whatsapp, reunindo todos os donos de Fusca 1986 que conheciam com um único objetivo: tentar elevar o preço do carro o máximo que conseguirem.
Para isso eles pegam todo o dinheiro que tinham guardado nos bancos, debaixo do colchão, pegam empréstimos nos bancos e pedem ainda mais dinheiro emprestado para seus pais.
Depois de juntar a grana, eles saem dispostos a comprar todos os Fuscas disponíveis no mercado – até de quem não estava disposto a vender.
Muito dinheiro para pouco Fusca
Com tanta gente querendo comprar um monte de Fuscas, não preciso nem dizer que o preço começou a subir alucinadamente.
Aqueles que antes estavam pensando em vender, mudaram de ideia ao ver a valorização.
Aqueles que nem gostavam tanto do carro assim, enxergaram na alta dos preços uma oportunidade de conseguir um bom lucro com a euforia.
Se dez dias antes você conseguia encontrar Fuscas 1986 por R$ 10 mil – e até ganhar um desconto se fosse bom de negociação –, poucos dias depois já era praticamente impossível comprar o modelo por menos de R$ 50 mil. No fim, os dois únicos exemplares disponíveis estavam custando nada menos que R$ 200 mil reais cada um.
Isso mesmo R$ 200 mil por um Fusquinha.
Eu até concordo com João e Maria que o carro tem o seu valor. E talvez esse valor seja até maior do que os R$ 10 mil propostos pela média de pesquisa de preços da Fipe.
Mas um Fusca jamais deveria valer vinte vezes mais do que isso.
O Ruy ficou biruta de vez
Nesta altura, você deve estar imaginando que eu fiquei louco de vez com essa história de Fuscas por R$ 200 mil.
Já deve até estar pensando em mandar um email para a Marina Gazzoni ou para o Vinícius Pinheiro, pedindo que eles troquem urgente de colunista.
Mas saiba que algo muito parecido está acontecendo no mercado de ações neste momento. Dá uma olhada nos papéis da GameStop (GME).
A companhia que tem lojas físicas voltadas para a venda de games e acessórios já estava mal das pernas com a competição do e-commerce antes da pandemia.
Depois do Covid-19 a situação piorou muito, gerando uma onda de avaliações negativas dos analistas de Wall Street, que não só baixaram o preço-alvo dos papéis como ainda sugeriram vender GME a descoberto (apostar na queda das ações).
Insatisfeitos com as recomendações e os preços do mercado, traders que participavam de um fórum no Reddit se juntaram para comprar a maior quantidade possível de ações, fazendo os papéis se multiplicarem mais de 20 vezes do início de 2021 até ontem.
O fenômeno se alastrou pelo mundo inteiro e chegou até no Brasil.
Caso não tenha visto, ontem ações queridinhas dos fóruns nacionais também dispararam: COGN3, CVCB3 e, principalmente, IRBR3 subiram loucamente, não só com a onda de compradores de fóruns tentando elevar os preços, mas com outros investidores tentando aproveitar a onda e a desistência de pessoas que estavam apostando contra as ações.
E eu que sou louco?
Fuscas não valem R$ 200 mil
Até quando essa insanidade vai durar eu não consigo te dizer. Mas ela pode demorar bastante, como fez questão de lembrar um dos usuários do tal fórum no Reddit.
O que eu sei com toda a convicção é que, da mesma forma que o Fusca não vale R$ 200 mil só porque João e Maria querem, empresas não valem 20 vezes mais do dia para a noite apenas porque alguns acionistas se convenceram disso.
Pode demorar, mas quando o mercado voltar a comparar o que está pagando com o que está levando, essas ações vão cair – e muito.
O jeito certo
Você pode não entender muito de ações, mas é fácil entender que forçar o preço das ações a ir para um patamar que elas não pertencem tem tudo para dar errado no final. Eu estou fora dessa!
O jeito certo de investir é identificar ações que estejam negociando por menos do que realmente valem e esperar que boa parte do mercado chegue à essa mesma conclusão.
Quando isso acontece, mais gente começa a gostar e comprar os papéis, que se valorizam de acordo com o real valor da companhia. Essa é a receita que os maiores investidores de todos os tempos, inclusive Warren Buffett, sempre utilizaram para ganhar (muito) dinheiro na bolsa.
É essa a receita que o Max Bohm também utiliza em sua série As Melhores Ações da Bolsa. Ele, inclusive, encontrou aquelas que considera as 5 melhores ações para investir neste momento.
Se quiser conferir a lista, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a próxima!
Leia também:
- OPORTUNIDADE: Confira as ações e FIIs favoritos das carteiras recomendadas das corretoras
- Fim de jogo? Ações da GameStop chegam a cair mais de 60% na Nyse e corretoras restringem negociação
- Como a GameStop virou a ação mais quente (e perigosa) de Wall Street?
- Ação do IRB sobe 13% de “carona” com movimento especulativo em NY
Nem o ‘Pacman de FIIs’, nem o faminto TRXF11, o fundo imobiliário que mais cresceu em 2025 foi outro gigante do mercado; confira o ranking
Na pesquisa, que foi realizada com base em dados patrimoniais divulgados pelos FIIs, o fundo vencedor é um dos maiores nomes do segmento de papel
De olho na alavancagem, FIIs da TRX negociam venda de nove imóveis por R$ 672 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo comunicado divulgado ao mercado, os ativos estão locados para grandes redes do varejo alimentar
“Candidatura de Tarcísio não é projeto enterrado”: Ibovespa sobe e dólar fecha estável em R$ 5,5237
Declaração do presidente nacional do PP, e um dos líderes do Centrão, senador Ciro Nogueira (PI), ajuda a impulsionar os ganhos da bolsa brasileira nesta quinta-feira (18)
‘Se eleição for à direita, é bolsa a 200 mil pontos para mais’, diz Felipe Miranda, CEO da Empiricus
CEO da Empiricus Research fala em podcast sobre suas perspectivas para a bolsa de valores e potenciais candidatos à presidência para eleições do próximo ano.
Onde estão as melhores oportunidades no mercado de FIIs em 2026? Gestores respondem
Segundo um levantamento do BTG Pactual com 41 gestoras de FIIs, a expectativa é que o próximo ano seja ainda melhor para o mercado imobiliário
Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025
Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira
Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall
A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
BTG escala time de ações da América Latina para fechar o ano: esquema 4-3-3 tem Brasil, Peru e México
O banco fez algumas alterações em sua estratégia para empresas da América Latina, abrindo espaço para Chile e Argentina, mas com ações ainda “no banco”
As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%
Bancos, seguradoras e elétricas lideram e uma empresa de shoppings será a grande revelação do próximo ano
A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação
2025 caminha para ser ano recorde em matéria de proventos; em 2026 setores arroz com feijão ganham destaque
Bancos sobem na bolsa com o fim das sanções contra Alexandre de Moraes — Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque
Quando a sanção foi anunciada, em agosto deste ano, os papéis dos bancos desabaram devido as incertezas em relação à aplicação da punição
TRXF11 volta a encher o carrinho de compras e avança nos setores de saúde, educação e varejo; confira como fica o portfólio do FII agora
Com as três novas operações, o TRXF11 soma sete transações só em dezembro. Na véspera, o FII já tinha anunciado a aquisição de três galpões