O dinheiro voltou a entrar — e com força — na XP Investimentos ao longo do terceiro trimestre, um sinal de que a empresa aparentemente não sentiu o acirramento da concorrência entre as plataformas de investimento.
Após uma redução no ritmo nos meses da pandemia, a corretora acelerou as captações de recursos de clientes. O saldo entre o dinheiro que entrou e saiu da custódia da XP ficou positivo em R$ 117 bilhões entre julho e setembro deste ano.
Para efeito de comparação, a captação líquida no segundo trimestre havia sido de "apenas" R$ 27 bilhões e nos primeiros três meses do ano, de R$ 15 bilhões.
Somando os R$ 11 bilhões de aumento no valor de mercado do dinheiro aplicado nos últimos três meses, o total de ativos de clientes na corretora atingiu R$ 563 bilhões, um aumento de 29% no trimestre e de 60% em 12 meses.
A XP atribui o resultado do trimestre a uma captação extraordinária em ações. A empresa não detalha do que se trata essa entrada extraordinária, mas diz que se trata de uma consequência do maior reconhecimento da marca entre clientes de maior renda.
“Isso corrobora nossa estratégia de acelerar o crescimento do segmento, agora sob a liderança de José Berenguer”, informou a corretora, na prévia dos dados operacionais do terceiro trimestre.
A captação média mensal, ajustada pela entrada extraordinária, aumentou 32%, para R$ 12,9 bilhões no terceiro trimestre, segundo a XP.
Mais clientes, porém menos satisfeitos
A XP encerrou o mês passado com 2,645 milhões de clientes ativos, um crescimento de 12% no trimestre e de 72% na comparação com setembro de 2019. O avanço aconteceu em todos os canais, com as marcas Rico e Clear crescendo em um ritmo mais rápido que a XP.
Já o nível de satisfação dos clientes, medido pelo Net Promoter Score (NPS), ficou em 69 em setembro, abaixo do nível de 71 do segundo trimestre.
Se por um lado a maior concorrência ainda não afetou de forma visível a entrada de dinheiro, é provável que a XP sinta algum reflexo nas receitas. Em setembro, anunciou a redução das taxas de corretagem, depois que outras corretoras zeraram suas taxas.
Além da guerra de preços, o segmento passa por uma consolidação. Nos últimos meses, houve uma série de movimentos importantes: o Credit Suisse anunciou a compra da uma participação na modalmais, o Nubank adquiriu a Easynvest e o Santander fechou a compra do controle da Toro Investimentos.
Na semana passada, a empresa de publicações financeiras Empiricus anunciou a fusão com a Vitreo em uma nova holding chamada Universa.