Crise nos ares: AeroMexico se junta à Latam e Avianca e pede recuperação judicial
O setor aéreo da América Latina sofreu mais um duro golpe: a AeroMexico seguiu o caminho da Latam e da Avianca e entrou com um pedido de recuperação judicial, citando os impactos do coronavírus às operações

O setor aéreo é um dos mais afetados pela pandemia do coronavírus: o fechamento das economias, as restrições para a circulação de pessoas e as inúmeras incertezas que ainda permanecem no radar provocaram uma queda abrupta na demanda por voos. Dentro desse segmento, as empresas da América Latina parecem especialmente fragilizadas — e a AeroMexico é a vítima da vez.
A tradicional companhia aérea mexicana deu entrada no chamado 'Chapter 11' da corte de falências dos Estados Unidos — um mecanismo que equivale a um processo de recuperação judicial. Com isso, ela se junta à Latam e à Avianca, outras duas grandes empresas aéreas latinas que tiveram que recorrer ao mesmo artifício por causa dos impactos da Covid-19 sobre as operações.
Em comunicado, a AeroMexico diz que a recuperação judicial será útil para "fortalecer sua posição financeira e de liquidez, proteger e preservar suas operações e ativos", ao mesmo tempo em que permite a implantação de "mudanças operacionais" para se adequar às mudanças causadas pela pandemia do coronavírus.
Vale ressaltar que um pedido de recuperação judicial não é, nem de longe, uma espécie de sentença de morte: no passado, gigantes com a Delta e a American Airlines já tiveram de recorrer ao processo e conseguiram se reerguer. Mas o fato de três importantes companhias aéreas do continente estarem nessa situação ao mesmo tempo levanta dúvidas quanto ao futuro do setor na região.
Por mais que a AeroMexico ressalte que continuará a operar — inclusive, ela diz ter planos para dobrar o número de voos domésticos e quadruplicar o total de decolagens internacionais em julho em relação a junho —, há uma natural preocupação quanto a um eventual enxugamento de sua malha, diminuindo o número de conexões aéreas no continente.
A Latam, por exemplo, encerrou suas operações na Argentina logo após anunciar seu processo de recuperação judicial e já manifestou a intenção de devolver algumas de suas aeronaves, de modo a cortar custos; a empresa chilena também fechou um acordo de compartilhamento de voos com a Azul, de modo a compensar parte do corte em seus voos.
Leia Também
Frota e malha
Atualmente, a AeroMexico usa 70 aeronaves da Boeing para voos internacionais e de longa distância e 57 aviões Embraer para rotas mais curtas ou regionais. A empresa voa para quase todos os países do continente americano, atendendo também os principais HUBs na Europa e na Ásia. No Brasil, a empresa mexicana possui frequências no aeroporto internacional de Guarulhos.
Até o momento, não há qualquer menção a eventuais cortes na malha ou reduções de frota. No comunicado à imprensa, a AeroMexico diz apenas estar buscando novas fontes de financiamento, conforme estabelecido em seu plano de recuperação judicial.
"Estamos confiantes de que, com essas novas fontes de liquidez, a atual posição de caixa da companhia e a aprovação do pedido pela corte de falências dos EUA, teremos condições para cumprir nossas obrigações financeiras e continuar operando de maneira precisa e eficaz", diz a empresa.
Balanço e ações
No primeiro trimestre de 2020, a AeroMexico reportou um prejuízo líquido de 2,5 bilhões de pesos mexicanos (cerca de US$ 110 milhões, no câmbio atual), quase o dobro das perdas registradas no mesmo período do ano passado. A receita líquida recuou 14% na mesma base de comparação, para 14 bilhões de pesos mexicanos.
Quanto à posição de caixa, a empresa terminou o mês de março com 13,2 bilhões de pesos mexicanos — cerca de US$ 580 milhões
Nesta quarta-feira, as ações da AeroMexico fecharam em forte queda na bolsa mexicana, recuando 28,47%, a 4,17 pesos. Com o desempenho do momento, os papéis amargam perdas de mais de 70% no acumulado do ano.
Gol acerta financiamento de US$ 600 milhões para renovar frota de aviões
Empresa aérea usará o dinheiro para financiar a aquisição de 12 novas aeronaves Boeing 737 MAX 8, a uma taxa de juros menor que o custo atual da frota
Depois da Azul, Latam cancela voos por casos de covid e gripe entre tripulantes
Diante dos problemas, Anac oferece suporte a passageiros afetados e monitora os casos entre profissionais da aviação
Depois da turbulência: Itapemirim firma compromisso com Procon-SP para reembolsar consumidores que reclamarem
Penalidade pode chegar a R$ 5 milhões com descumprimento de termo assinado hoje. Suspensão temporária das operações da ITA, o recém inaugurado braço aéreo do grupo, aconteceu no dia 17 e levou caos aos aeroportos.
Companhias aéreas cancelam mais de 2 mil voos às vésperas do Natal em todo o mundo, a maioria deles por causa da pandemia
Voos de e para EUA e China figuram entre os mais afetados, representando mais de metade das viagens canceladas
Golpe duro: CVC (CVCB3) despenca 7% após o fiasco da Itapemirim (ITA) e da Anac
As ações da CVC (CVCB3) se aproximam das mínimas após o caos gerado pelo fim das operações da Itapemirim (ITA), autorizadas pela Anac em maio
Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) disparam mais de 10% com alívio do noticiário sobre a covid-19; confira destaques
A demanda doméstica impulsiona o setor em novembro, com o desempenho das empresas melhor do que o esperado
Presidente da Latam, Roberto Alvo diz que recusou oferta ‘incompleta’ e ‘insuficiente’ da Azul
O conteúdo dela é confidencial”, afirmou, em entrevista coletiva. Procurada, a Azul não quis comentar
Covid-19 pressiona aéreas, turismo, Ibovespa e bitcoin, mas inflação avança no mundo: entenda a última semana com estes gráficos
As companhias aéreas sofreram perdas significativas na bolsa esta semana e nem o bitcoin (BTC) conseguiu se salvar
Mesmo com prejuízo maior, balanço da Azul (AZUL4) anima os investidores, e ações avançam quase 10% hoje
Os analistas do Itaú mantêm a recomendação neutra para os papéis AZUL4, mesmo com o preço-alvo em R$ 41, o que representa uma alta de 40,60% ante o fechamento de ontem
Embraer assina acordos do Programa Pool com a TAP express e a Air Montenegro
Programa proporciona às companhias aéreas economia considerável em custos de reparo e manutenção de estoque; valores dos contratos não foram informados
Latam faz novo pedido de extensão de exclusividade de negociação com credores
Companhia aérea busca nova prorrogação; pedidos similares foram acatados pela justiça norte-americana em junho e setembro
Ícone italiano, Alitalia se despede dos céus
Depois de 74 anos e vários resgates financeiros, a Alitalia será substituída por uma nova empresa estatal; limites de gastos serão bem menores
Alívio nos ares: Gol (GOLL4) refinancia R$ 1,2 bi em dívidas de curto prazo
Com isso, o endividamento de curto prazo da companhia aérea ficará ao redor de R$ 500 milhões — o que representa o menor nível desde 2014
American Airlines compra 5,2% da Gol por US$ 200 milhões; empresas ampliam acordo de “codeshare”
O dinheiro do acordo com a American Airlines deve ajudar a Gol a atravessar a pandemia. A empresa levantou um total de R$ 3,7 bilhões nos últimos seis meses
Apertem os cintos: Bank of America rebaixa Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) para venda
Para o Bank of America, o valuation de Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) mostra pouco espaço para alta; além disso, os passivos geram preocupação
Latam pede prorrogação de prazo para negociação exclusiva com credores
Companhia aérea enfrenta processo de recuperação judicial nos EUA
CVC mergulha e lidera a queda do Ibovespa com resultado ruim e pressão da covid-19 no radar; aéreas acompanham
O principal destaque negativo do Ibovespa fica com os papéis da CVC (CVCB3), após números ruins do balanço e um aumento no número de casos de covid-19 no exterior.
Motores esquentando novamente? Embraer (EMBR3) volta a ter lucro e segundo semestre deve ser ainda melhor
Além dos números de abril a junho, fabricante de aviões voltou a divulgar suas projeções para 2021, com expectativas para entregas e receitas
Análise: a Azul (AZUL4) demorou mais a decolar, mas já voa mais alto que a Gol (GOLL4)
A AZUL (AZUL4) mostra mais resiliência no lado da receita líquida e do controle de custos, colocando-se numa posição melhor que a GOL (GOLL4)
Azul (AZUL4) fecha o trimestre com lucro de R$ 1 bi, mas operações continuam no vermelho
Ganhos com a variação cambial turbinaram o balanço da Azul (AZUL4); embora a demanda esteja se recuperando, os custos seguem trazendo pressão