BC deve cortar Selic em 0,5 ponto com efeito do coronavírus na economia, diz Figueiredo, da Mauá Capital
Para Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de política monetária do BC, o Copom poderia fazer cortes adicionais que fariam a taxa terminar o ano entre 3% e 3,5%
O impacto da epidemia do novo coronavírus na economia brasileira, ainda que tenha tamanho e duração incertos, justifica um corte da taxa básica de juros (Selic) de meio ponto percentual pelo Banco Central já na reunião que acontece na próxima semana.
Essa é a avaliação de Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de política monetária do BC e sócio-fundador da Mauá Capital. Para ele, o Copom poderia continuar com flexibilizações adicionais que fariam a taxa terminar o ano entre 3% e 3,5% ao ano.
Figueiredo afirma que o choque gerado pela pandemia é desinflacionário, já que diminuirá o ritmo de crescimento da economia. “Um corte de juros seria uma maneira de o BC responder ao efeito do coronavírus na atividade”, afirma o economista, que projeta um PIB entre 1,5% e 2% em 2020.
Para o ex-diretor do BC, o ambiente de inflação no Brasil ainda está muito confortável mesmo sem o choque da pandemia — o que, portanto, daria mais argumentos para a autoridade monetária diminuir novamente o juro básico, hoje em 4,25% ao ano.
Mercados irracionais
Figueiredo acredita que os mercados financeiros atualmente se encontram em estado de “irracionalidade”, pois não conseguem mensurar de forma apropriada o risco que estão correndo.
Isto se deve ao cenário ainda nebuloso sobre a escala dos impactos do vírus na economia. Deste modo, o movimento dos ativos é exagerado, diz ele.
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“Na maioria disparada das empresas, o preço das ações caiu muito mais do que a lucratividade delas vai cair” – Luiz Fernando Figueiredo, Mauá Capital
Para ele, há um descompasso entre os fundamentos e o mercado. “A bússola do mercado está quebrada. Os preços estão muito fora da visão de normalidade.”
O ex-diretor do BC vê, por exemplo, que as recentes altas nos juros futuros, cujas taxas hoje apontam para uma alta da Selic nas próximas reuniões do Copom, constituem outro desses movimentos sem fundamento nenhum na realidade econômica.
Isto mesmo em meio a um contexto de deterioração do ambiente político brasileiro, que põe em risco a sustentabilidade fiscal do país. Na quarta-feira, o Congresso derrubou um veto do presidente Jair Bolsonaro que impacta em R$ 20 bilhões por ano o gasto público.
Instrumento utilizado normalmente por países para impedir a depressão da atividade econômica, a política fiscal não poderá ser uma opção no caso brasileiro.
“A saúde fiscal do Brasil ainda é frágil”, diz o economista. O incremento do gasto público para estimular o crescimento, desta forma, é carta fora do baralho. Para ele, a política monetária é o instrumento à mão do governo para enfrentar a crise econômica gerada pela epidemia.
Mas e o câmbio?
Em outra frente, no mercado cambial, o BC já tem atuado com a venda de dólar à vista ou por meios das operações de swap (que equivale à venda de dólar no mercado futuro), disse Figueiredo. Mesmo assim, a moeda norte-americana chegou a superar a marca de R$ 5 na abertura da sessão da quinta-feira.
Embora a alta do dólar provoque alguma pressão inflacionária, a redução no ritmo da atividade econômica, que hoje já se encontra em uma toada gradual, diminui o repasse da variação cambial para os preços, segundo Figueiredo. Por sua vez, a economia, sendo afetada pelo vírus, também impactará a inflação para baixo, abrindo a porta para mais quedas na Selic.
A meta de inflação para este ano é de 4%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Enquanto isso, a inflação medida pelo IPCA no acumulado dos últimos 12 meses é de 4,01%, de acordo com o IBGE.
Figueiredo também discutiu a preferência do mercado por uma atuação ainda mais forte da autoridade monetária no câmbio.
“Em momentos como este, o que o mercado gostaria é que houvesse uma mão mais pesada do BC, faz parte. Hoje [ontem] o BC foi muito mais contundente, é muito difícil de criticar.”
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Segundo Figueiredo, o Banco Central está testando as maneiras de intervenção nesse mercado, já que o mercado reage a um impacto do coronavírus ainda não passível de medição. O ex-BC vê que a taxa de câmbio de equilíbrio se encontra atualmente “muito mais próxima dos R$ 4 do que dos R$ 5”.
E a bolsa?
Em meio ao coronavírus, empresas do setor de saúde são uma escolha apropriada, diz ele, que também recomenda empresas ligadas a consumo domestico e setores de utilities.
Após o esclarecimento dos impactos da doença na economia e apaziguamento do surto, os ativos tendem a voltar ao preço que tinham anteriormente, disse o ex-BC.
"Os mercados sofreram barbaramente. A tendencia é que, quando comece a recuperar, seja um movimento brutal na outra direção", diz Figueiredo.
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