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Ainda vale comprar ações de empresa dona de termelétricas em tempos de ESG e pressões ambientais?

Um leitor me questionou recentemente: ‘com as mudanças impostas pelas práticas ESG, será que a Eneva não seria um case ultrapassado?’. A resposta é um dilema entre o que defendemos e o melhor que podemos fazer.

18 de dezembro de 2020
5:50 - atualizado às 11:59
Fabrica Chaminé Fumaça
Imagem: Shutterstock

Você já pensou como seria entrar no seu carro à gasolina, virar a chave e receber uma pedrada no para-brisa, jogada pelo dono de um Tesla, com a justificativa de que você está utilizando um motor cuja combustão mata focas inocentes na Antártida?

Nada contra o tema ESG – aliás, eu vejo com bons olhos essa mudança na cabeça das pessoas – mas às vezes eu tenho um pouco de receio sobre um certo extremismo com esse assunto.

Recentemente, recebi um email de um assinante da Empiricus que me perguntou o seguinte: "Com as mudanças impostas pelas práticas ESG, será que a Eneva não seria um case ultrapassado?"

Em outras palavras, "a Eneva está destruindo o Planeta, tirem esse negócio agora das recomendações da casa". 

Se você não sabe, a Eneva (ENEV3) é uma companhia de geração termelétrica, com um modelo único no Brasil no qual ela mesma extrai o gás utilizado como combustível em suas usinas. 

O problema é que, com a pauta ESG dominando o mercado, muita gente começa a se perguntar se ela não estaria com os dias contados por gerar energia através de combustíveis fósseis e danosos ao meio ambiente. 

Alguém tem que fazer o trabalho sujo...

Antes de mais nada, ninguém é – ou pelo menos, não deveria ser – imbecil a ponto de negar que termelétricas poluem o ambiente. Em qualquer processo de queima de combustível fóssil, haverá liberação de CO2 e outros gases poluentes na atmosfera. 

O problema é que, dadas as configurações atuais dos parques elétricos ao redor do mundo, a presença de termelétricas não é apenas necessária, mas crucial para que se mantenha o funcionamento adequado e previsível do sistema. 

O Brasil é um ótimo exemplo disso. 

Dono de algumas das maiores bacias hídricas do planeta, o nosso país se escorou por décadas na geração hidrelétrica para resolver todo o seu suprimento de energia. 

Mas com o aumento da população, da urbanização e da industrialização do país, a oferta de energia foi ficando cada vez mais justa. E quando faltou chuva em 2001, fomos forçados a enfrentar a crise do apagão – que parou o país e nos custou cerca de R$ 45 bilhões de reais, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU).

O governo aprendeu a lição e, nos anos seguintes, passou a incentivar a implantação de usinas termelétricas no sistema.

Ainda bem que isso aconteceu! Porque se não fossem as termelétricas construídas naquela época, uma nova seca teria nos levado a um outro apagão severo em 2014, com indústrias fechando, empregos sendo perdidos e, provavelmente, uma crise econômica ainda pior do que aquela que se instalaria no biênio 2015 e 2016. 

As usinas térmicas são as únicas capazes de gerar energia sempre que for necessário – independente do nível de chuvas, de sol, de ventos, etc. 

Essa capacidade de funcionar a qualquer momento faz com que elas sejam consideradas a "bateria do sistema": nem sempre são utilizadas, mas estão lá para salvar sempre que for necessário. 

Papel crucial na transição

Se as termelétricas cumpriram um papel importante na seca de 2014, elas serão ainda mais importantes daqui para frente. Isso porque a expectativa é de um aumento significativo das fontes renováveis na matriz energética até 2029, principalmente eólica e solar. E como não temos nem sol, nem vento o tempo todo, precisaremos cada vez mais de usinas térmicas para garantir a continuidade do suprimento. 

Ou seja, a única forma de se aumentar a geração de energia de fontes limpas sem correr riscos de desabastecimento é colocando junto no sistema as "baterias" termelétricas, capazes de gerar energia sempre que faltar chuva, sol e vento, para garantir que a economia continue girando.

Já que a presença de termelétricas será necessária e indispensável nos anos que estão por vir, como fazer isso da melhor maneira possível?

O combustível da transição

Apesar de parecer tudo a mesma coisa, os combustíveis utilizados nas usinas térmicas são muito diferentes em termos de poluição. 

Como mostra o gráfico abaixo, o diesel, o óleo combustível e o carvão são muito mais poluentes que o gás natural – emitem 35%, 40% e 70% mais CO2 respectivamente. 

Elaboração: Seu Dinheiro. Fonte: Volker-Quaschning

É por esse motivo que o gás natural tem sido chamado de "o combustível da transição". Ele consegue substituir praticamente todos os combustíveis fósseis, mas com um nível de emissões muito menor. 

Não é à toa que o próprio Ministério de Minas e Energia planeja substituir termelétricas a diesel e óleo combustível por novas usinas a gás nos próximos anos. 

Elaboração: Seu Dinheiro. Fonte: Plano Decenal de Expansão de Energia.

Já que não podemos abrir mão de termelétricas para garantir a segurança do sistema — pelo menos nos próximos dez anos —, então que essas usinas funcionem com um combustível barato e o menos poluente possível. 

É nesse contexto que eu enxergo a Eneva. Um modelo de geração elétrica que, além de indispensável para o crescimento de fontes limpas no país, está baseado em um combustível que agride menos o ambiente. 

Podemos não ser perfeitos, mas isso não nos impede de tentar ser o melhor que podemos.

Nem todas as empresas tiveram o privilégio de nascer em um business que se encaixa nas diretrizes perfeitinhas do ESG. Mas isso não quer dizer que elas não podem almejar ser empresas melhores para o meio-ambiente e para a sua sociedade. 

Por isso, entendemos que a Eneva (ENEV3) tem lugar mesmo no portfólio daqueles investidores mais preocupados com o tema ESG.

E é por isso também que as ações continuam com recomendação de compra na série Oportunidades de Uma Vida, mesmo depois de mais de 300% de valorização.

Falando em Oportunidades de Uma Vida, nesta semana teve recomendação de uma companhia que fez IPO há pouco tempo e que conta com potencial de valorização ainda maior, segundo o Felipe Miranda. 

Se quiser conferir essa nova oportunidade, fica aqui o convite. 

E lembre-se que você não precisa de um Tesla para fazer do mundo um lugar melhor. Como dizem, são as pequenas coisas que realmente fazem a diferença: reciclar seu lixo, não desperdiçar recursos naturais e respeitar o próximo impactam muito mais positivamente o Planeta do que comprar um carro elétrico. 

Um grande abraço e até a próxima!

Ruy

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