Por que tabelar os juros dos bancos é uma má ideia
Uma das minhas memórias econômicas mais antigas remete ao Plano Cruzado. Na flor dos meus oito anos, eu nada entendia sobre aquela nova moeda, muito menos do congelamento de preços imposto pelo governo para combater a inflação galopante.
Tudo o que eu sabia era que minha mãe havia se tornado uma das “fiscais do Sarney”, como ficaram conhecidas as pessoas que passaram a frequentar os supermercados para conferir se algum comerciante mal intencionado havia feito reajustes indevidos.
Com a ajuda ou não da fiscalização informal, os preços inicialmente não aumentaram. Mas com o tempo os produtos começaram a desaparecer das prateleiras. Foi o prenúncio do colapso do plano, que levou a uma nova onda de hiperinflação que só foi debelada com o Plano Real.
Apesar da experiência desastrosa do Cruzado, vira e mexe a economia brasileira é assombrada com novas tentativas de tabelamento de preços. No governo Dilma, a política de controle dos reajustes dos combustíveis — ao lado da corrupção revelada pela Lava Jato — quase quebrou a Petrobras.
Com a crise do coronavírus, o Congresso voltou a falar em tabelamento, mas desta vez o alvo são os bancos. O Senado deve votar nesta quinta-feira o projeto que limita os juros do cheque especial e do cartão de crédito em 30% ao ano até dezembro.
A intenção pode ser nobre, mas a medida pode ter o mesmo efeito do congelamento de preços dos anos 1980. Se os bancos entenderem que a taxa tabelada não compensa o risco de crédito simplesmente vão parar de emprestar, o que poderia ter um efeito ainda mais desastroso que os juros altos.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
O avanço do projeto, que foi pautado para votação nesta semana, derrubou as ações dos bancos e também o Ibovespa, em um dia que já não era favorável graças à reação negativa ao balanço do Itaú. Confira os destaques do mercado na cobertura do Ricardo Gozzi.
EMPRESAS
• Em um megaleilão relâmpago realizado na manhã de hoje na bolsa, o BNDES vendeu parte de suas ações da Vale. A operação movimentou pouco mais de R$ 8 bilhões.
• Após a briga com a XP Investimentos, o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, recebeu a decisão da corretora de mudar a forma de cobrança dos clientes com um gostinho de satisfação. Confira o que disse o executivo do bancão.
• A incorporadora You Inc recuou da ideia de um IPO citando a conjuntura do mercado como o motivo. Segundo a empresa, os pedidos de reserva da oferta de ações haviam superado o valor de R$ 489 milhões.
ECONOMIA
• Melhorou, mas ainda está ruim. A produção industrial cresceu 8,9% em junho, puxada pela alta na produção de veículos. No acumulado no ano, porém, o tombo da indústria ainda supera os 10%.
• Paulo Guedes apresentou ao presidente Jair Bolsonaro um plano para diminuir as resistências no Congresso à criação de novo imposto sobre transações digitais. Saiba qual é a ideia do ministro.
• O PIB do Brasil registrou uma contração de 11,2% no segundo trimestre de 2020, apontou prévia da FGV. Segundo o levantamento, o tombo de abril foi o responsável pelo desempenho negativo no período.
MERCADOS
• O ouro continua a todo vapor no mercado internacional. Os preços do metal dourado romperam uma importante barreira psicológica pela primeira vez na história. Confira a quanto fechou a commodity hoje.
• O Copom define amanhã o futuro da Selic, que já está nas mínimas. Será a morte da renda fixa? Calma lá! O nosso colunista Felipe Miranda espera, ao contrário, o nascimento de uma nova renda fixa com a consolidação dos juros baixos.
Este artigo foi publicado primeiramente no "Seu Dinheiro na sua noite", a newsletter diária do Seu Dinheiro. Para receber esse conteúdo no seu e-mail, cadastre-se gratuitamente neste link.
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
