“O que você faria para o futuro da Maria com até R$ 10 mil?”
Eu pensei em várias formas criativas de responder à sua pergunta. Concluí que, acima da criatividade, deveria vir a honestidade pura e simples.
Eu tinha outros planos para começar a coluna de hoje. Trato deles na próxima semana. Antes, quero falar de uma coisa.
Ontem, meu amigo Marcio Panno escreveu assim no meu Instagram:
“Felipe, a Vitreo podia fazer a promoção de dia dos pais baixando o valor de entrada nos planos de previdência, assim como fez no dia das mães. O que acha? Aproveito para sugerir um post ou um Day One contando o que você faria para o futuro da Maria com até 10k.”
Como este é meu último Day One antes do Dia dos Pais (amanhã fica a cargo do Rodolfo e, na sexta, da turma dos Melhores Fundos, Ana e Bruno se revezam), resolvi tratar do assunto. Inclusive, respondi ao Marcio que assim o faria, recebendo como tréplica:
“Que honra! Beatriz, que completa 1 mês amanhã, agradece o presente.”
Como pai fresco de menina, confesso ter me emocionado.
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Eu não conheço o Marcio pessoalmente, mas o trato como amigo porque é assim mesmo que vejo as coisas. A Empiricus e seu entorno é uma espécie de família, com suas adjacências. Imagino haver poucas empresas que se relacionem de forma tão próxima, íntima e, às vezes, apaixonada com seus clientes, numa relação de reciprocidade. NPS alto é bacana, conversa para livro de autoajuda, mas vendido como “empreendedorismo”, daquele já envelhecido “corporate talking”; ver seu assinante considerando um texto como presente para sua filha pertence a uma outra dimensão. Muitas vezes, considero que é isto — e nada mais — que explica a Empiricus.
Então, meu querido Marcio, aqui vai a minha singela lembrancinha para a linda Beatriz:
Eu pensei em várias formas criativas de responder à sua pergunta. Concluí que, acima da criatividade, deveria vir a honestidade pura e simples. Decidi expor publicamente não o que eu faria com R$ 10 mil para a Maria, mas o que efetiva e imediatamente farei pensando no seu futuro financeiro. Como diz Taleb, numa adaptação minha para o caso familiar, “não me diga o que fazer para o futuro dos meus filhos, me fale o que você está fazendo para o futuro dos seus”.
Antes, alguns esclarecimentos.
Com o que vou falar aqui, não quero parecer exemplo de pai ou ser humano para ninguém. Por favor, não tome isso como um conselho ou coisa parecida, como se eu estivesse numa posição de superioridade intelectual para o tema paternidade. Passa longe de ser o caso. Não me sinto na condição de opinar sobre o tema. Sou apenas um financista e gostaria de ser percebido assim.
O segundo ponto é que farei para a Maria a rigorosa mesma coisa (e cifra) que fiz para o João Pedro lá atrás, ainda que minha condição financeira seja hoje muito diferente do que fora há oito anos — entre as minhas noias persecutórias, está o fato de perseguir obstinadamente um tratamento igual aos dois.
A terceira questão se refere ao fato de que eu não tenho uma opinião muito bem demarcada sobre “quanto devemos deixar para nossos filhos quando eles tiverem 18 anos?”. Não sou daqueles que acham que minha prole deve passar pelas mesmas dificuldades que eu passei — se a vida deles puder ser mais confortável, menos dura e mais relaxada do que a minha, e eu puder contribuir minimamente com isso, ótimo.
Contudo, há um outro lado da história. Acho que correr atrás das coisas, enfrentar certas adversidades, construir um próprio caminho formam caráter e pessoas melhores, mais preparadas para lidar com situações do dia a dia, incluindo aqui os momentos em que eu mesmo estarei ausente.
Há alguns poucos anos, ouvi de um grande gestor de ações brasileiro, um dos que mais respeito e acabou se tornando um amigo: “Felipe, cuidado com herdeiros. Eu capto dinheiro com as famílias mais ricas do Brasil, você sabe. Só tenho dinheiro institucional e das famílias que você conhece. Conversar com as gerações mais velhas, que fizeram algo, é uma delícia, inspirador, construtivo, uma verdadeira aula. Agora, com os filhos, é uma tragédia. Não há disposição a nada novo, falta criatividade, falta proatividade, falta humildade”. Confesso não ter dado a devida atenção à época, mas, conforme o tempo foi passando e comecei a me relacionar com mais proximidade dessa turma, pude constatar uma grande verdade ali. Obviamente, há exceções capazes de confirmar a regra.
Resumo: acharia ruim se o João Pedro e a Maria se tornassem “filhos do Felipe Miranda”. Acho importante que encontrem seu caminho, com seus méritos e deméritos, sucessos e fracassos, suas próprias forças dionisíacas e apolíneas. O objetivo, que acho difícil à beça de ser alcançado, é encontrar um equilíbrio entre dar-lhes conforto, liberdade (porque, me desculpe, mas não me venha falar que é livre se suas contas não estão em dia) e tranquilidade, sem que assumam a profissão oficial de “herdeiros”.
Feitas as ressalvas, vamos lá. Eu comprei duas coisas apenas para o João Pedro, as mesmas para a Maria: um bocado de Tesouro IPCA+ 2050 e a SuperPrevidência da Vitreo.
Talvez aqueles com um pouco de treino em finanças e em alocação patrimonial argumentem contrariamente à minha decisão. Como seriam jovens com muito tempo pela frente, eu deveria focar mais fortemente numa posição em ações para eles. Respeito o ponto e, em condições normais de temperatura e pressão, seria verdade.
Tenho alguns contra-argumentos.
Ainda que, num ambiente teórico, as ações paguem mais do que a renda fixa no longo prazo, o fato objetivo é que o grande vencedor em uma perspectiva histórica, para várias e várias janelas, para o caso brasileiro é o juro real, e não a Bolsa. Sim, é contraintuitivo, contraria a maior parte da experiência internacional e fere o princípio elementar de finanças de que a Bolsa precisa pagar mais do que a renda fixa. Mas não é uma opinião, é um fato objetivo: por vários momentos, o prêmio de risco de mercado no Brasil foi negativo. Ou seja, a renda fixa, além de menos arriscada, pagou mais do que a Bolsa.
Concordo também que essa é uma análise histórica, que contempla um período de juros muito altos no Brasil, de uma certa anormalidade local que não deve existir mais no futuro. É verdade. Mas, sinceramente, também é verdade que ainda passamos longe de ser um país normal. Se as coisas mudarem, eu mudo, sem problema.
Por fim, cada pessoa e família deve considerar as suas particularidades na decisão de seus investimentos. Nesse ponto, é preciso considerar que a família Miranda já está duplamente alavancada em ações. O patriarca (nossa, que palavra pesada! Coração até bate mais forte; parece importante, mas quem manda aqui em casa é a Gabi e o João Pedro, não necessariamente nessa ordem) já tem uma posição pessoal grande em ações por meio dos fundos da Vitreo e uma empresa cujo resultado se correlaciona positivamente com a Bolsa. Assim, considerando o patrimônio familiar como um todo, como já temos muita renda variável, o benefício marginal de um acréscimo em Bolsa é menor.
Cumpre também dizer que, neste caso, a preservação patrimonial, acima da multiplicação, parece importante. Então, preferi uma alocação mais pesada em indexados, que conferem uma boa taxa de juro acima da inflação, garantindo-lhes poder de compra lá na frente, combinada a uma carteira muito bem diversificada e balanceada, que tem, sim, uma grande exposição a ações, mas que também dispõe de moedas fortes e metais preciosos (reservas de valor clássicas).
Então, meu amigo Marcio, essa é a história das minhas escolhas para a dupla João e Maria. Talvez para a pequena Beatriz valha a pena pesar um pouquinho mais numa carteira de previdência mais focada em ações — a Vitreo também oferece uma bem bacana. De todo modo, respeitadas nossas individualidades, acho que a combinação B50 com a SuperPrevidência já seria bem legal, apenas um pouco menos arrojada.
Embora este texto seja escrito diretamente para o Marcio, ele é obviamente mais geral e amplo. Acredito, sinceramente, que todos os pais e avôs deveriam considerar carteiras previdenciárias para as gerações mais novas. Acima de tudo, porém, acredito que o maior presente que podemos ter é um bom almoço em família no domingo, mesmo que seja via Zoom. O dinheiro serve à família — nunca pode ser o contrário.
Um beijo no coração de cada um dos pais.
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