O rugido do leão: Aaai, meus dividendos…
Possível taxação sobre proventos possui pontos positivos e negativos: veja agora como ela te impacta
A tributação sobre os dividendos voltou a estampar as manchetes de jornais e redes sociais.
Apreensivos para interpretar os potenciais impactos dessa decisão sobre os preços das ações e dos fundos imobiliários, tenho recebido milhares de perguntas sobre “o que fazer agora?”.
Por isso, vou trazer este debate agora para você e mostrar como a discussão já tem feito preço no mercado.
Isso mesmo.
Na minha opinião, a possível aplicação de 15% de IR (Imposto de Renda) sobre os dividendos distribuídos por fundos e empresas já parece influenciar a cotação de diversos ativos, especialmente os FII’s.
Mas vamos por partes.
Leia Também
Felipe Miranda: 10 surpresas para 2026
Primeiro, aproveito para pontuar que a volta da discussão da reforma tributária em junho e julho de 2020, em plena pandemia, é um ótimo sinal.
Mostra que o governo tem suporte para trazer pautas polêmicas à discussão e que a sociedade parece estar pronta para “comprar” essa briga.
Pois bem, nesse contexto, tem amadurecido o debate – e a equipe econômica do governo tem vocalizado essa vontade – da tributação dos dividendos.
E isso ainda sem uma proposta concreta, com todos os penduricalhos que podem alterar completamente a percepção do que vale ou não a pena fazer agora, antes da decisão sair.
De antemão, conseguimos agora refletir sobre os potenciais pontos negativos e positivos dessa decisão.
Principais Pontos Negativos
Impacto direto no fluxo de caixa dos investidores. Consequentemente, no preço dos ativos.
Esse é o ponto mais claro para todos os investidores.
Se for aprovada a tributação sobre ações e fundos imobiliários, em linha com o que acontece em outros países do mundo, o investidor terá um retorno imediato inferior, o que pode gerar um fluxo de venda no curto prazo.
Isso, claro, no caso de não aprovação de uma diminuição do imposto de renda corporativo.
Neste sentido, as ações levam vantagem, já que os FIIs não teriam nenhuma contrapartida, pois os fundos já contam com isenção de imposto dentro de sua estrutura.
Mas é importante dizer: não temos garantia de que essa “compensação” acontecerá.
Impacto na estrutura de custos e despesas dos fundos e empresas.
Hoje, muitos funcionários de gestoras de recursos (de ações e FIIs) e empresas listadas possuem planos de remuneração com maior peso na parte variável.
Caso aprovada, entendo que a medida pode gerar um incentivo para que muitos funcionários voltem ao regime CLT, ou ainda pressionem aumento da retirada mensal, gerando alguma pressão nos demonstrativos de resultado e, consequentemente, impactando o lucro líquido a ser distribuído aos cotistas/acionistas.
No caso dos fundos imobiliários, poderia paralisar a trajetória benéfica que tem acontecido nos últimos anos de redução da taxa de administração – inclusive tornando-as regressivas em função do aumento do patrimônio do fundo – e performance.
Principais Pontos Positivos
Tributação sobre FIIs listados gera impacto fiscal pequeno para o governo.
Fazendo um exercício bem simples com base nos dados fechados de 2019, quando o IFIX – principal índice de referência dos fundos imobiliários – batia suas máximas, é possível perceber que o impacto fiscal da tributação sobre os rendimentos distribuídos seria muito pequeno. Aproximadamente 0,04% da arrecadação do governo federal no ano passado.
Para você ter uma noção, o montante não seria nem o suficiente para a compra do edifício Diamond Tower, recém-adquirido pelo BRCR11 da operadora de shopping center Multiplan por R$ 810 milhões.
Regressividade tornaria menor o impacto da tributação sobre dividendos e no preço dos ativos.
Logo, tendo em vista o ponto anterior, os incentivos para onerar a atratividade dessa classe que está crescendo apenas agora são muito pequenos, o que pode levar o governo a elaborar uma proposta de isenção ou diminuição da carga tributária sobre dividendos a depender do volume financeiro dos proventos (regressivo).
Se isso acontecer, o impacto da tributação seria muito menor, tendo em vista que os investidores que têm entrado na Bolsa de Valores do Brasil possuem um patrimônio investido menor, de acordo com os relatórios mensais da B3.
Benefício econômico de longo prazo pode ser maior do que o impacto de curto prazo.
Por fim, muito se discute que a potencial contraproposta do governo de diminuir os impostos incididos sobre as empresas poderia atrair o investidor estrangeiro – isso porque a carga tributária aqui, de 34%, é muito maior do que a média dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de 23,5%.
Segundo declarações recentes de Bernardo Appy, diretor do CCiF (Centro de Cidadania Fiscal) e um dos formuladores da proposta que tramita na Câmara dos Deputados, estudos recentes do economista Bráulio Borges estimam um impacto positivo da reforma tributária de 20% em 15 anos.
Se essa tendência positiva se confirmar, apesar dos reveses de curto prazo, os investidores de longo prazo devem ser beneficiados.
E como essa discussão tem impactado o mercado agora?
Como disse, o mais provável é que a tributação gere um impacto mais forte nos fundos imobiliários.
E o curioso é que parte desses impactos já me parecem estar fazendo preço na indústria de FIIs.

Como você pode ver no gráfico anterior, a melhora na expectativa de recuperação das economias e queda nas projeções da taxa de juros no Brasil não têm sido suficientes para fazer os fundos se valorizarem, como tem acontecido com as ações (Ibovespa), que subiram mais de 8% só em julho.
Veja que, desde junho, quando o governo voltou a trazer à tona as propostas da reforma tributária, a expectativa para a taxa de juros (CDI) nos próximos 10 anos caiu de 7,4% ao ano para 6,9%, enquanto o IFIX caiu 3,3% no mesmo período.
Vale ressaltar que, historicamente, movimentos de queda da taxa de juros geram impacto positivo para o preço dos empreendimentos imobiliários, pois criam incentivos ao consumo e ao crédito.
Em minhas simulações, essa queda recente do IFIX parece ter já colocado no preço quase 6 pontos percentuais dos 15% que parece ser a alíquota provável para tributar os rendimentos distribuídos.
Ou seja, quase metade do seu impacto já aparentemente está incorporado ao preço dos ativos, o que me dá uma margem de segurança maior para continuar sugerindo que você compre os fundos imobiliários.
O que fazer agora?
Como disse, há muitas coisas em jogo que ainda não são claras para que eu seja categórico, mas minha percepção é que seus impactos já têm se feito presentes, diminuindo as consequências negativas para novos investimentos.
Mesmo assim, minhas sugestão é: fracione os seus investimentos, evitando fazer aportes grandes e únicos.
Escolha uma data fixa em todos os meses para que faça um novo investimento em ações ou em FIIs.
Assim, você diminui sua exposição ao fluxo de notícias e à aleatoriedade das cotações no curto prazo.
No mais, vou estar ao seu lado!
Gostou dessa newsletter? Então me escreva no e-mail ideias@inversa.com.br.
Um abraço e até a próxima!
Tony Volpon: Uma economia global de opostos
De Trump ao dólar em queda, passando pela bolha da IA: veja como o ano de 2025 mexeu com os mercados e o que esperar de 2026
Esquenta dos mercados: Investidores ajustam posições antes do Natal; saiba o que esperar da semana na bolsa
A movimentação das bolsas na semana do Natal, uma reportagem especial sobre como pagar menos imposto com a previdência privada e mais
O dado que pode fazer a Vale (VALE3) brilhar nos próximos dez anos, eleições no Brasil e o que mais move seu bolso hoje
O mercado não está olhando para a exaustão das minas de minério de ferro — esse dado pode impulsionar o preço da commodity e os ganhos da mineradora
A Vale brilhou em 2025, mas se o alerta dessas mineradoras estiver certo, VALE3 pode ser um dos destaques da década
Se as projeções da Rio Tinto estiverem corretas, a virada da década pode começar a mostrar uma mudança estrutural no balanço entre oferta e demanda, e os preços do minério já parecem ter começado a precificar isso
As vantagens da holding familiar para organizar a herança, a inflação nos EUA e o que mais afeta os mercados hoje
Pagar menos impostos e dividir os bens ainda em vida são algumas vantagens de organizar o patrimônio em uma holding. E não é só para os ricaços: veja os custos, as diferenças e se faz sentido para você
Rodolfo Amstalden: De Flávio Day a Flávio Daily…
Mesmo com a rejeição elevada, muito maior que a dos pares eventuais, a candidatura de Flávio Bolsonaro tem chance concreta de seguir em frente; nem todas as candidaturas são feitas para ganhar as eleições
Veja quanto o seu banco paga de imposto, que indicadores vão mexer com a bolsa e o que mais você precisa saber hoje
Assim como as pessoas físicas, os grandes bancos também têm mecanismos para diminuir a mordida do Leão. Confira na matéria
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade