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Bananas: eu quero o Rio — e também não quero

“Se Deus existe, por que Ele não me dá um sinal de Sua existência? Como, por exemplo, abrir uma bela conta em meu nome num banco suíço?”

6 de maio de 2020
11:07 - atualizado às 12:55

Fielding Mellish não está ligando muito para seu emprego como testador de produtos de uma grande empresa. Ele se apaixona loucamente pela ativista política Nancy. Está disposto a tudo para conquistá-la. Sabe que só poderá fazê-lo se demonstrar alguma aderência às predileções da amada. Então, como forma de mostrar ser merecedor da reciprocidade de Nancy, embarca para San Marcos, uma republiqueta qualquer na América Central com pouca vocação democrática. Acaba se aliando a rebeldes locais e, subitamente, se torna presidente do país. Sendo um líder político, Fielding conquista o amor de Nancy.

É só ficção, claro. Se fosse a realidade, seria muito pior. “Bananas” é dirigido e protagonizado por Woody Allen — ainda é 1971 e Woody não está no ápice de sua forma, mas já mostra sinais do que poderia fazer em “Annie Hall”.

Entre suas frases maravilhosas, existe uma apropriada para o momento — foi escrita para a humanidade em geral, mas talvez fosse melhor empregada ao Brasil: “Mais do que em qualquer outra época, a humanidade está numa encruzilhada. Um caminho leva ao desespero absoluto. O outro, à total extinção. Vamos rezar para que tenhamos a sabedoria de saber escolher”.

Calma, não se preocupe. O Brasil não tem a menor chance de dar certo. 

Ontem, circulou pelos grupos de WhatsApp da tchurminha um belo resumo de Live recente com participação de André Jakurski, da JGP. Sempre que posso — e esta não é uma tarefa propriamente fácil, dada sua discrição — acompanho as raras manifestações dele.

Para mim, seu fundo apresenta a mesma ou quem sabe até maior consistência que o Verde nos últimos dez anos, quando ajustamos retorno por risco, embora desfrute de menos fama. A vantagem é que o JGP Strategy está aberto para você em algumas plataformas. 

Como a Live do Stuhlberger há alguns dias foi narrada em verso e prosa por todos os veículos de imprensa e não houve a mesma atenção à do Jakurski, trago aqui alguns destaques, por entender estarem em nível semelhante de relevância e profundidade.

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Fazendo uma autoanálise, que costuma ser implacável, insuperável, obsessiva e, em alguma medida, perturbadora, confesso que o fascínio da JGP sobre mim possivelmente encontre vieses pessoais — obviamente, isso não é deliberado; as pessoas que se autodefinem como isentas e não enviesadas beiram o ridículo. Você não consegue perceber as próprias inclinações irracionais. É exatamente esse o problema dos desvios cognitivos. Caso contrário, não seriam desvios. Bom, retomo.

A verdade é que uma das memórias mais primárias que carrego comigo sobre o mercado financeiro remete a 1995. Eu já contei essa história aqui. Meu pai acabara de chegar de uma viagem ao Rio, feita pelo Safra. Ele estava revoltado. Não precisou falar nada para que eu pudesse perceber isso.

Em dois tragos, matou o cigarro Galaxy que, ainda sob brasas, serviu para acender seu sucessor. Dois Galaxies, quatro tragos. Trinta e cinco segundos depois, ele desabafou: “Os filhos da mãe do Pactual, aquele Jakurski, está vendendo tudo o que pode e pesando sobre a Bolsa. Estou num prejuízo tremendo por conta deles. Será que eles não entendem os benefícios do Plano Real e como as ações brasileiras vão decolar agora?”. 

Instantaneamente, fui tomado por uma espécie de raiva contra os filhos da mãe (o original veio com o palavrão, claro) do Pactual, o Jakurski (sem que ele possa sequer imaginar da minha pobre existência) e toda aquela malandragem carioca que representava o mercado financeiro da época.

Alguns anos mais tarde e muitos livros depois, fui entender que essa turma aí não estava enganada sobre o rumo da Bolsa, como meu pai queria acreditar. Na verdade, eles estavam antevendo, na frente dos demais, a crise do México.

A vida é tão curiosa que fui acabar fazendo uma dissertação de mestrado sobre prêmio pelo risco cambial, que tem justamente no “peso problem”, em alusão ao Efeito Tequila e à expectativa da desvalorização de sua moeda, uma das principais referências históricas e bibliográficas.

A partir dali, estabeleci grande admiração pelos “filhos da mãe” do Pactual, pelo André Jakurski e pelos cariocas em geral, cujo comportamento no mercado financeira ainda me remete a uma espécie de sabedoria de rua que, por vezes, falta à Faria Lima.

Fora dos multimercados e adentrando o ambiente das ações (se é que podemos mesmo caracterizar, na prática, o Cougar como um FIA long only, mas isso é outro papo), não custa lembrar: a Dynamo ainda está lá.

Foi com essa admiração e esse respeito construído por uma trajetória de 25 anos que me deparei com o tal resumo no WhatsApp ontem.

Divido algumas coisas muito importantes, que permitem inferências de grande valia para o investidor comum — qualquer semelhança com linhas anteriores escritas neste espaço é mera coincidência. Ou não é, sei lá — arre, de novo, a autoanálise insuportável do ceticismo pirrônico e de Sextus Empiricus.

Jakurski não carrega grandes posições no momento. Há muita incerteza no horizonte e isso inibe grandes teses. Acha que, dada a situação de explosão de emissão monetária no mundo, o ouro pode ser parte do portfólio.

Ele lembra da enorme concentração de cinco empresas no S&P 500, o que tem ao menos dois desdobramentos: o índice fica pouco representativo do comportamento geral da economia norte-americana e é muito difícil batê-lo, porque essas cinco empresas apresentam lucros substancialmente crescentes. Isso é uma particularidade dessas poucas companhias, com perfil basicamente monopolista.

Nas demais, os lucros não crescem porque os BCs permitem a sobrevivência de empresas zumbis, que não geram Ebitda (fluxo de caixa) nem para pagar dívida, resultando em baixa produtividade e baixo crescimento no longo prazo. A isso, claro, se soma o fator demográfico.

Sobre a volta das economias das quarentenas, também não há grande otimismo. Cita o exemplo da Suécia, cujo volume de pessoas nos restaurantes caiu 75%, mesmo sem medidas restritivas oficiais. Acha que estamos caminhando para uma democracia socialista, com menos liberdade individual e mais imposto no futuro. Tem uma estimativa de lucro para o S&P de 150 em 2021. Aplicando um múltiplo de 19x, chegamos a 2.850 pontos — acima da pontuação atual. Sendo mais claro, não há upside para a Bolsa americana.

Diz-se surpreendido com o quanto brasileiros não têm dólares no portfólio — não é uma visão necessariamente pessimista sobre o Brasil, é uma diversificação saudável. 

E, para arrematar: “Os informados estão cheios de dúvidas, os desinformados cheios de certezas”.

Vendo a sabedoria financeira que emana do Leblon, eu penso: eu quero o Rio. Depois, vem a contra-argumentação cética imediata, a antítese à tese inicial. Não, eu não quero o Rio. Por que, por qual motivo, qual a razão de tamanha necessidade de controlar a Superintendência da PF do Estado? Como lidaremos com a crise sanitária, diante de tantas comunidades e um sistema de saúde já em colapso? Vamos para o lockdown? Se sim, como vai funcionar na prática? A ideia de revigorar o estado a partir do pré-sal ainda está de pé com a crise do setor de petróleo? Como poderão Estados e municípios se recuperarem se os gastos perdulários são premiados com mais ajuda e socorro quase sem contrapartidas? Ora, ora, eu até poderia imaginar as dificuldades na relação entre Paulo Guedes e o Centrão, que me parecem criaturas imiscíveis, mas os mísseis são disparados pelo próprio líder do governo, jura? Há solução estrutural para o Rio que eu tanto admiro? E lá se vai a tese de BR Properties… ou será que se inicia a tese short?

Depois de um processo dialético interno sem fim, acho melhor mandar logo uma banana para tudo isso. Desisto. Recorro a Woody Allen mais uma vez ou talvez a Alguém acima dele: “Se Deus existe, por que Ele não me dá um sinal de Sua existência? Como, por exemplo, abrir uma bela conta em meu nome num banco suíço?”.

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