Com o noticiário corporativo em foco, Ibovespa fecha em alta e retoma os 115 mil pontos
Focado nos balanços trimestrais e nas sinalizações positivas vindas da China, o Ibovespa passou o dia em alta e se recuperou das perdas recentes. O dólar à vista, por outro lado, teve uma sessão mais pressionada e voltou ao patamar de R$ 4,32

Esta segunda-feira (17) tinha toda a pinta de um dia lento para o Ibovespa. Lá fora, as bolsas americanas ficaram fechadas em comemoração ao dia do Presidente e, aqui dentro, a agenda econômica não trazia nenhum dado relevante — uma combinação que costuma resultar em marasmo no mercado acionário.
Só que, em meio à calmaria estrutural, um fator trouxe agitação ao índice: o intenso noticiário corporativo, com balanços e novidades no front das fusões e aquisições — elementos que, somados às movimentações vistas na China, animaram as negociações na bolsa brasileira.
E o saldo desse mix inusitado acabou sendo positivo: o Ibovespa passou o dia em alta, fechando o pregão com ganhos de 0,81%, aos 115.309,08 pontos. Com isso, o índice recupera parte das perdas recentes, com baixas nas duas últimas sessões.
O noticiário corporativo agitou três papéis em específico: Magazine Luiza ON (MGLU3) e Cosan ON (CSAN3) reagiram aos balanços trimestrais, enquanto Carrefour Brasil ON (CRFB3) passou por ajustes após anunciar a compra de unidades da rede atacadista Makro.
Mas, mesmo com o empurrão dessas novidades, a sessão ainda foi marcada por um giro financeiro baixo: ao todo, a carteira do Ibovespa movimentou R$ 16,6 bilhões em negociações — é o menor volume para um único pregão desde o início de 2020.
O mercado de câmbio também teve um dia de poucas emoções. Mas, ao contrário do Ibovespa, o dólar à vista teve de lidar com uma pressão mais intensa por parte dos investidores, fechando em alta de 0,67%, a R$ 4,3292.
Leia Também
Dois balanços, duas reações
Um dos destaques positivos do Ibovespa foi Magazine Luiza ON, que terminou o pregão em alta de 4,47%, a R$ 58,85. A varejista reportou seus números trimestrais nesta manhã — e o balanço, novamente, agradou o mercado.
Apesar de o lucro líquido do Magalu ter recuado 11% na base anual, totalizando R$ 168 milhões no quarto trimestre de 2019, o resultado consolidado do ano passado foi forte: os ganhos chegaram a R$ 921,8 milhões, alta de 54% em relação a 2018.
Em relatório, os analistas Luiz Guanais e Gabriel Savi, do BTG Pactual, elogiaram os resultados do Magazine Luiza, afirmando que os indicadores qualitativos do balanço reforçam a confiança no modelo multicanal de negócios desenvolvido pela empresa.
"Os números trimestrais surpreenderam positivamente", escreveram os analistas, destacando que, mesmo com a forte valorização dos últimos anos, as ações ON do Magazine Luiza continuam como 'top pick' no universo de cobertura do BTG no setor de varejo.
O BTG Pactual possui recomendação de compra para as ações do Magalu, com preço-alvo em 12 meses de R$ 44,00 — a cotação atual dos papéis, assim, já está muito acima das projeções do banco.
Na outra ponta do Ibovespa, destaque para Cosan ON, em baixa de 1,98%, a R$ 81,06, também em meio à divulgação de seus resultados trimestrais. O problema, aqui, foram as projeções da companhia para 2020, que decepcionaram o mercado.
A companhia terminou o quarto trimestre com um lucro líquido de R$ 792,5 milhões, queda de 40,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado de 2019, os ganhos totalizaram R$ 2,4 bilhões, alta de 46,8% na base anual.
Segundo Regis Cardoso, analista do Credit Suisse, a divisão de combustíveis da Cosan apresentou um bom desempenho no trimestre, enquanto o setor de Energia ficou aquém das expectativas — assim, considerando o todo, o balanço da companhia ficou em linha com o esperado.
No entanto, o banco ponderou que o guidance da Cosan para 2020 foi decepcionante, com uma projeção de Ebitda pró-forma entre R$ 5,9 bilhões e R$ 6,4 bilhões.
O Credit Suisse mostrou-se particularmente incomodado com a estimativa para a Raízen Combustíveis, com previsão de Ebitda entre R$ 2,8 bilhões e R$ 3 bilhões — Em 2019, a linha totalizou R$ 3,9 bilhões.
O banco possui recomendação neutra para as ações da Cosan, com preço-alvo em 12 meses de R$ 80,00 — a cotação atual, assim, já está muito próxima à estimativa do Credit Suisse.
Movimento estratégico
Outro destaque da sessão desta segunda-feira foi Carrefour Brasil ON, com ganhos de 3,46%, a R$ 22,40. Neste fim de semana, a companhia anunciou a compra de 30 unidades do Makro, por R$ 1,95 bilhão — um movimento que fortalece sua divisão de "atacarejo".
As lojas adquiridas serão convertidas para a bandeira Atacadão, elevando a presença da marca em dois mercados estratégicos para o Carrefour Brasil: o Rio de Janeiro e o Nordeste.
Para Victor Saragiotto e Pedro Pinto, analistas do Credit Suisse, a operação tem um viés neutro: por um lado, há a importância estratégica para o Carrefour Brasil, mas, por outro, o valor pago pelas unidades do Makro inspira alguma cautela.
Já a equipe de análise do Itaú BBA, liderada pelo analista Thiago Macruz, tem uma percepção mais positiva a respeito da novidade, citando o baixo risco de competição interna — as lojas Makro adquiridas ficam fora do estado de São Paulo, onde o Atacadão é mais forte — e os ganhos financeiros decorrentes da transação.
Segundo o banco, a operação irá adicionar pouco mais de R$ 1 bilhão ao valor de mercado do Carrefour Brasil. "Recebemos bem o anúncio, mas ele reforça nossa percepção de que as oportunidades de crescimento orgânico estão ficando menos atraentes, e que fusões e aquisições podem aumentar".
O Credit Suisse possui recomendação neutra para as ações do Carrefour Brasil, com preço-alvo em 12 meses de R$ 22,50; o Itaú BBA tem recomendação 'outperform' (acima da média do mercado), com preço-alvo ao fim de 2020 de R$ 26,00.
Ajuda da China
No exterior, as principais praças da Europa fecharam em alta e, na Ásia, o dia foi marcado por ganhos fortes nas bolsas da China, que avançaram mais de 2%.
Tudo isso porque o governo de Pequim adotou algumas medidas para estimular a economia local e neutralizar eventuais efeitos negativos gerados pelo surto de coronavírus. O banco central chinês cortou os juros em sua linha de crédito de médio prazo e injetou cerca de US$ 43 bilhões no sistema bancário.
Tais medidas, somadas à percepção de que a doença tem se disseminado num ritmo mais lento, deram amplo impulso aos mercados do gigante asiático e melhoraram o humor dos investidores globais. As novidades acabaram neutralizando o mau resultado do PIB do Japão no quarto trimestre — uma baixa de 6,3% em termos anualizados.
Todo esse contexto mexeu com o mercado de commodities: o minério de ferro negociado no porto de Qingdao — cotação que serve como referência para os investidores — subiu 2,04% hoje, a US$ 90,48 a tonelada.
Assim, Vale ON (VALE3) e CSN ON (CSNA3) terminaram o dia com ganhos de 4,73% e 3,40%, respectivamente — a China, afinal, é um importante importador de minério de ferro. Confira aqui os demais destaques do Ibovespa nesta segunda-feira.
Dólar pressionado
No mercado de câmbio, o dólar à vista fechou em alta e devolveu parte do alívio dos últimos dias — a moeda americana encerrou as duas últimas sessões em baixa.
Essas quedas recentes ocorreram resposta às atuações do Banco Central (BC) no mercado de câmbio — a autoridade monetária fez leilões extraordinários de swap na quinta (13) e sexta (14), injetando recursos novos no sistema e aliviando a pressão sobre o dólar.
Hoje, no entanto, o BC não promoveu operações do tipo, o que facilitou o processo de correção do dólar à vista e retomada da valorização da moeda frente o real.
Juros curtos em baixa
As curvas de juros de vencimento mais curto fecharam em queda nesta segunda-feira, em meio à percepção de que a economia doméstica continua patinando — e que, consequentemente, o BC terá de cortar novamente a Selic, de modo a fornecer estímulo extra à atividade.
Veja como ficaram os principais DIs nesta segunda-feira:
- Janeiro/2021: de 4,23% para 4,22%;
- Janeiro/2022: de 4,73% para 4,71%;
- Janeiro/2023: de 5,27% para 5,26%;
- Janeiro/2025: de 5,96% para 5,97%;
- Janeiro/2027: de 6,33% para 6,37%.
Top 5
Confira os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta segunda-feira:
- Totvs ON (TOTS3): +7,75%
- Marfrig ON (MRFG3): +7,64%
- IRB ON (IRBR3): +5,63%
- Vale ON (VALE3): +4,73%
- Magazine Luiza ON (MGLU3): +4,47%
Saiba também quais foram as maiores baixas do índice:
- BB Seguridade ON (BBSE3): -2,18%
- Cosan ON (CSAN3): -1,98%
- Klabin units (KLBN11): -1,78%
- BR Malls ON (BRML3): -1,77%
- Usiminas PNA (USIM5): -1,72%
Renda passiva com mais dividendos: PagBank (PAGS34) entra no radar de bancão americano e dos investidores
A instituição financeira brasileira foi além: prometeu mais três pagamentos de proventos, o que animou o mercado
Embraer (EMBR3): dois gatilhos estão por trás do salto de 6% das ações nesta segunda-feira (16)
Os papéis atingiram a máxima de R$ 71,47 hoje, mas acabaram fechando o dia um pouco abaixo desse valor, cotados a R$ 69,99
LWSA (LWSA3) cai no radar do Itaú BBA e pode subir até dois dígitos em 2025 — mas você não deveria comprar as ações agora
O banco iniciou a cobertura das ações da empresa com recomendação market perform, equivalente a neutro. Entenda o que está por trás da tese mais conservadora
Cessar-fogo no radar dos investidores: Ibovespa se aproxima dos 140 mil pontos, enquanto dólar e petróleo perdem fôlego
O Irã sinaliza que busca um fim para as hostilidades e a retomada das negociações sobre seu programa nuclear
17 OPA X 0 IPO: Em meio à seca de estreias na bolsa, vimos uma enxurrada de OPAs — e novas regras podem aumentar ainda mais essa tendência
Mudança nas regras para Ofertas Públicas de Aquisição (OPA) que entram em vigor em 1º de julho devem tornar mais simples, ágil e barato o processo de aquisição de controle e cancelamento de registro das companhias listadas
Dividendos bilionários: JBS (JBSS32) anuncia data de pagamento de R$ 2,2 bilhões em proventos; veja quem tem direito a receber
Após o pagamento dos dividendos, há ainda uma previsão de leilão das frações de ações do frigorífico
Quatro fundos imobiliários estão em vias de dizer adeus à B3, mas envolvem emissões bilionárias de outros FIIs; entenda o imbróglio
A votação para dar fim aos fundos imobiliários faz parte de fusões entre FIIs do Patria Investimentos e da Genial Investimentos
É hora de comprar Suzano? Bancão eleva recomendação para ações e revela se vale a pena colocar SUZB3 na carteira agora
O Goldman Sachs aponta quatro razões principais para apostar nas ações da Suzano neste momento; veja os pilares da tese otimista
Méliuz (CASH3) levanta R$ 180,1 milhões com oferta de ações; confira o valor do papel e entenda o que acontece agora
O anúncio de nova oferta de ações não foi uma surpresa, já que a plataforma de cashback analisava formas de levantar capital para adquirir mais bitcoin
Compensação de prejuízos para todos: o que muda no mecanismo que antes valia só para ações e outros ativos de renda variável
Compensação de prejuízos pode passar a ser permitida para ativos de renda fixa e fundos não incentivados, além de criptoativos; veja as regras propostas pelo governo
Com o pé na pista e o olho no céu: Itaú BBA acredita que esses dois gatilhos vão impulsionar ainda mais a Embraer (EMBR3)
Após correção nas ações desde as máximas de março, a fabricante brasileira de aviões está oferecendo uma relação risco/retorno mais equilibrada, segundo o banco
Ações, ETFs e derivativos devem ficar sujeitos a alíquota única de IR de 17,5%, e pagamento será trimestral; veja todas as mudanças
Mudanças fazem parte da MP que altera a tributação de investimentos financeiros, publicada ontem pelo governo; veja como ficam as regras
Banco do Brasil (BBAS3) supera o Itaú (ITUB4) na B3 pela primeira vez em 2025 — mas não do jeito que o investidor gostaria
Em uma movimentação inédita neste ano, o BB ultrapassou o Itaú e a Vale em volume negociado na B3
Adeus, dividendos isentos? Fundos imobiliários e fiagros devem passar a ser tributados; veja novas regras
O governo divulgou Medida Provisória que tira a isenção dos dividendos de FIIs e Fiagros, e o investidor vai precisar ficar atento às regras e aos impactos no bolso
Fim da tabela regressiva: CDBs, Tesouro Direto e fundos devem passar a ser tributados por alíquota única de 17,5%; veja regras do novo imposto
Governo publicou Medida Provisória que visa a compensar a perda de arrecadação com o recuo do aumento do IOF. Texto muda premissas importantes dos impostos de investimentos e terá impacto no bolso dos investidores
Gol troca dívida por ação e muda até os tickers na B3 — entenda o plano da companhia aérea depois do Chapter 11
Mudança da companhia aérea vem na esteira da campanha de aumento de capital, aprovado no plano de saída da recuperação judicial
Petrobras (PETR4) não é a única na berlinda: BofA também corta recomendação para a bolsa brasileira — mas revela oportunidade em uma ação da B3
O BofA reduziu a recomendação para a bolsa brasileira, de “overweight” para “market weight” (neutra). E agora, o que fazer com a carteira de investimentos?
Cemig (CMIG4), Rumo (RAIL3), Allos (ALOS3) e Rede D’Or (RDOR3) pagam quase R$ 4 bilhões em dividendos e JCP; veja quem tem direito a receber
A maior fatia é da Cemig, cujos proventos são referentes ao exercício de 2024; confira o calendário de todos os pagamentos
Fundo Verde: Stuhlberger segue zerado em ações do Brasil e não captura ganhos com bolsa dos EUA por “subestimar governo Trump”
Em carta mensal, gestora criticou movimentação do governo sobre o IOF e afirmou ter se surpreendido com recuo rápido do governo norte-americano em relação às tarifas de importação
Santander Renda de Aluguéis (SARE11) está de saída da B3: cotistas aprovam a venda do portfólio, e cotas sobem na bolsa hoje
Os investidores aceitaram a proposta do BTG Pactual Logística (BTLG11) e, com a venda dos ativos, também aprovaram a liquidação do FII