Um dia de cada vez. Esta tem sido a rotina nos mercados financeiros locais desde o início de agosto. Apesar da liquidez em abundância, volatilidade é a palavra de ordem.
Uma forte alta pra cá, uma queda acentuada pra lá e o Ibovespa não decide se vai ou se fica enquanto muitos investidores oscilam entre a euforia e o pânico ao sabor das ondas de curtíssimo prazo.
Se na semana passada a suspensão dos testes clínicos com a vacina da AstraZeneca contra o novo coronavírus pesou negativamente sobre as ações, hoje a retomada dos mesmos testes desencadeou uma alta consistente em Wall Street.
Por aqui, o Ibovespa surfou a vibe positiva vinda de fora, firmou-se em alta já nos primeiros momentos da sessão e subiu até recuperar a marca dos 100 mil pontos às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BCB).
“O fato é que ainda não dá pra saber se a bolsa vai buscar os 120 mil pontos ou voltar para os 80 mil”, adverte Enrico Cozzolino, analista de ações do Banco Daycoval. “A definição de um rumo ainda depende de fatores de bastante incerteza”, prossegue ele.
Em Nova York, todos os principais índices chegaram ao fim do dia com altas consistentes (Dow Jones, +1,18%; S&P-500, +1,27%; Nasdaq, +1,87%), ganhando uma folga antes da reunião de política monetária do Federal Reserve Bank (Fed, o banco central norte-americano) depois de duas semanas turbulentas. Numa toada bem parecida, a bolsa brasileira fechou em alta de 1,94%, aos 100.274,52 pontos.
Além da notícia sobre os testes com a vacina, o mercado brasileiro de ações dispôs de poucos drivers específicos que justificassem uma alta tão forte. Com exceção do setor de educação, que contou com uma disputa entre a Ser Educacional e a Yduqs pela Laureate, a maioria das ações cotadas na B3 subiu acompanhando o otimismo externo.
O setor de aviação subiu na esteira de uma proposta feita pelo BNDES e por um consórcio de bancos para conceder à Azul pelo menos R$ 2 bilhões de financiamento.
O varejo foi outro setor de destaque diante da percepção entre os investidores de que os papéis de varejistas e de redes de shopping centers ficaram 'baratos' em meio à volatilidade das últimas semanas.
Já os papéis do setor bancário começaram o dia patinando diante dos sinais mistos da economia brasileira, mas passaram a seguir o fluxo observado no Ibovespa diante da percepção de que seus preços estão descontados.
Até mesmo as ações de frigoríficos, que tendem a ser pressionadas pela taxa de câmbio em dias de fortes oscilações, registraram altas consistentes.
Não fosse a queda observada nas ações da Petrobras devido às novas projeções de queda na demanda pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e o Ibovespa provavelmente teria experimentado uma alta ainda mais forte.
Indicadores mistos em segundo plano
A notícia sobre a retomada dos testes da vacina colocou em segundo plano a leitura mista do IBC-Br, o índice de atividade econômica medido pelo Banco Central do Brasil (BCB) considerado como prévia do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Os investidores também observam o aumento das projeções dos participantes do mercado para a inflação deste ano na pesquisa Focus às vésperas da reunião do Copom.
Confira a seguir as maiores altas e maiores baixas do dia entre os componentes do Ibovespa.
MAIORES ALTAS
Yduqs ON (YDUQ3) +7,96%
Gol PN (GOLL4) +7,29%
Cielo ON (CIEL3) +6,98%
Azul PN (AZUL4) +6,28%
BR Malls ON (BRML3) +5,91%
MAIORES BAIXAS
PetroRio ON (PRIO3) -1,54%
Petrobras ON (PETR3) -1,00%
Petrobras PN (PETR4) -0,91%
Bradespar PN (BRAP4) -0,78%
Eletrobras PN (ELET6) -0,48%
Dólar e juro
Os mercados de câmbio e juros futuros também repercutiram a notícia sobre a retomada dos testes clínicos de uma vacina para a covid-19, com destaque para o desempenho do real.
O dólar iniciou a segunda-feira em queda com os investidores mais dispostos a assumirem riscos nos mercados financeiros em um dia no qual as divisas de países emergentes ganharam terreno.
Com isso, a moeda norte-americana encerrou o dia em queda de 1,09%, cotada a R$ 5,2755.
Já os contratos de juros futuros acompanharam a dinâmica do mercado de câmbio e fecharam em queda.
Confira as taxas negociadas de alguns dos principais contratos negociados na B3:
- Janeiro/2022: de 2,830% para 2,810%;
- Janeiro/2023: de 4,120% para 4,060%;
- Janeiro/2025: de 5,980% para 5,930%;
- Janeiro/2027: de 6,960% para 6,920%.