Sim, você já sabe, a bolsa está em ‘bear market’. Mas o que a crise do coronavírus tem de diferente?
Eu preparei um histórico das crises que fizeram a bolsa sofrer e falei com especialistas para saber quanto tempo pode levar para as ações se recuperarem do tombo

Como você sabe, menos de dois meses depois de alcançar as máximas históricas de fechamento, a bolsa brasileira entrou no chamado "bear market" (mercado do urso) diante do choque nos mercados provocado pela disseminação do coronavírus.
A expressão inglesa, muito empregada em cenários turbulentos, refere-se ao chamado mercado de baixa e reflete o pessimismo de investidores sobre o estado dos negócios — na mão contrária do "bull market", o mercado dos compradores (touros).
Um índice ou ativo entra em bear market se a sua cotação apresenta queda de 20% em relação ao seu pico. Desde o início de 2020, o Ibovespa (principal índice de ações da B3) despencou 36,86%.
Por ora, o tombo dá poucos sinais de trégua: e o ano, que era para ser de renovação de máximas históricas na bolsa, trouxe consideráveis cautelas sobre o futuro no médio e longo prazo. Instituições como Itaú BBA e XP Investimentos já cortaram suas projeções para o Ibovespa em 2020.
Mas — como você também deve saber — a bolsa brasileira já passou por poucas e boas ao longo do tempo, com crises estrangeiras e locais que chacoalharam as ações das companhias brasileiras.
O Seu Dinheiro preparou um histórico para relembrar algumas dessas crises que fizeram o Ibovespa cair forte e trouxeram os nervos dos investidores à flor da pele. Além disso, esclarecemos uma questão: qual é a diferença entre esta crise e as outras que o mercado já viveu?
Leia Também
Pré-impeachment de Dilma
- Quando foi: maio de 2015 a janeiro de 2016
- Quanto caiu o Ibovespa: 34,5%
- Quantos dias do pico ao vale: 266 dias
- Quanto tempo o Ibovespa levou para recuperar o patamar pré-crise: 6 meses
De 2014 a 2016, o Ibovespa amargou grandes perdas em meio à piora do cenário econômico e político. A reeleição de Dilma Rousseff e a crise política que a sucedeu provocaram tombos de mais de 20% e 30% na bolsa em dois períodos distintos.
Durante o governo da petista, a economia do Brasil se contraiu em 2015 e 2016, em meio à queda do preços das commodities e a desaceleração do crescimento da China.
Entretanto, fatores locais também pesaram: a má condução da política fiscal elevou o risco-país, diminuiu a confiança de investidores e desgastou a credibilidade dos formuladores da política econômica.
"Não há muito espaço para medida anticíclica do governo hoje, como foi em 2008, porque o governo Dilma deteriorou as condições da política fiscal", disse Frederico Sampaio, diretor de investimentos em renda variável da Franklin Templeton.
De setembro de 2014 a janeiro de 2016, a bolsa brasileira tinha passado de quase 62 mil para 37 mil pontos. A situação começou a melhorar nos meses que antecederam o impeachment de Dilma, que foi aprovado na Câmara dos Deputados em abril de 2016.
Crise financeira (subprime)
- Quando foi: 19 de maio de 2008 a 27 de outubro de 2008
- Quanto caiu o Ibovespa: 60%
- Quantos dias do pico ao vale: 161 dias
- Quanto tempo o Ibovespa levou para recuperar o patamar pré-crise: 6 meses
Normalmente equiparada à crise de 1929 em intensidade e em relevância, a crise financeira de 2008 também responde pelo nome de "crise do subprime".
O subprime é um crédito hipotecário de alto risco concedido por bancos a emprestadores com baixas garantias, que, naquela época, já havia se disseminado em proporções perigosas.
No que é provavelmente o evento mais marcante, levou à quebra do Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimento dos Estados Unidos.
A crise financeira teve enorme pressão sobre os índices globais em geral, e com o Ibovespa não foi diferente: a bolsa tombou 60% do pico ao vale em 5 meses.
A diferença entre a crise de 2008 e a atual é o foco estrutural: a crise do subprime afetou os balanços de múltiplos bancos e empresas, com consequências de médio e longo prazo na economia, e levou a uma maior regulação do sistema financeiro.
Um fator crítico na crise era a posição operacional das empresas na época. O economista-chefe do Itaú e ex-diretor do Banco Central, Mario Mesquita, já disse que, em 2008, as companhias brasileiras se encontravam muito mais alavancadas do que atualmente, além de manterem exposição a derivativos cambiais, o que as levou para o olho do furacão daquela crise.
A bolha da internet e o 11 de setembro
- Quando foi: janeiro de 2001 a setembro de 2001
- Quanto caiu o Ibovespa: 44%
- Quantos dias do pico ao vale: 240 dias
- Quanto tempo o Ibovespa levou para recuperar o patamar pré-crise: 983 dias
Todos se recordam de 2001 como um ano trágico: o do atentado às Torres Gêmeas, em Nova York.
Ali, o fator geopolítico, como hoje — em particular as relações entre Arábia Saudita e Rússia para estabelecer os preços do petróleo —, produziu consequências para os mercados.
Naquele mesmo ano, os índices acionários já haviam sido pressionados pelo estouro da bolha das primeiras empresas de internet — sem falar, de quebra, na crise da dívida externa da Argentina e no apagão elétrico do Brasil.
Uma consequência dessa crise foi a recessão global, dada a aversão ao risco no mundo financeiro. O Ibovespa tombou de 18 mil para 10 mil pontos. O índice só voltaria a alcançar os níveis de antes da crise em outubro de 2003.
E onde estamos nós?
E, enfim, voltamos a 2020.
A crise provocada pela disseminação do coronavírus implicará inevitavelmente em uma profunda recessão global, segundo as projeções de instituições e economistas.
Mas, diferentemente das últimas contrações na atividade global, esta tem sua razão de ser na quebra da cadeia de produção em larga escala.
“Enquanto 2008 nasceu diretamente no sistema financeiro, esta é uma crise de atividade, de produção, que afetou tanto a oferta como a procura”, disse Roberto Dumas, professor de Economia do Ibmec São Paulo.
Enquanto há uma acentuada depressão do nível da atividade econômica em um período concentrado, a projeção é que uma recuperação econômica se reinicie logo após a chamada "dissipação dos impactos".
"O choque que acontece é similar ao que houve com a greve dos caminhoneiros, pela paralisação da atividade", disse Mauricio Oreng, chefe de pesquisa macroeconômica do Santander Brasil.
Segundo Oreng, o surto possui impacto significativo agora nos índices de atividade, mas se dissipa ao longo do tempo, como o exemplo da China.
Na mesma toada, a tendência é que as ações das empresas reajam em linha com essa retomada da economia. Reproduzindo essa ideia, há duas semanas o ex-diretor do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, me disse que, como os mercados já tinham sofrido demais, era provável que a recuperação fosse "brutal".
Mas faltam muitos passos para chegarmos até lá. A princípio, serão necessários muito mais dados de atividade para verificar os impactos e dar uma ideia mais clara do tamanho do buraco — que deve ser grande.
Na última edição da pesquisa Focus, as instituições financeiras consultadas pelo Banco Central projetaram uma contração de 0,48% do Produto Interno Bruno (PIB) em 2020.
Para o gestor Rogério Xavier, sócio da SPX Capital, a retração da economia deve ser ainda maior e pode chegar a 5%.
Dentro da linha de que as empresas devem sofrer com o choque do coronavírus, a XP Investimentos cortou a projeção para o Ibovespa neste ano para 94 mil pontos. Mas para Fernando Ferreira, estrategista-chefe da corretora, o mundo deve voltar ao normal a partir de 2021.
Quer ter um Porsche novinho? Pois então aperte os cintos: a Volkswagen quer fazer o IPO da montadora de carros esportivos
Abertura de capital da Porsche deve acontecer entre o fim de setembro e início de outubro; alguns investidores já demonstraram interesse no ativo
BTG Pactual tem a melhor carteira recomendada de ações em agosto e foi a única entre as grandes corretoras a bater o Ibovespa no mês
Indicações da corretora do banco tiveram alta de 7,20%, superando o avanço de 6,16% do Ibovespa; todas as demais carteiras do ranking tiveram retorno positivo, porém abaixo do índice
Small caps: 3R (RRRP), Locaweb (LWSA3), Vamos (VAMO3) e Burger King (BKBR3) — as opções de investimento do BTG para setembro
Banco fez três alterações em sua carteira de small caps em relação ao portfólio de agosto; veja quais são as 10 escolhidas para o mês
Passando o chapéu: IRB (IRBR3) acerta a venda da própria sede em meio a medidas para se reenquadrar
Às vésperas de conhecer o resultado de uma oferta primária por meio da qual pretende levantar R$ 1,2 bilhão, IRB se desfaz de prédio histórico
Chega de ‘só Petrobras’ (PETR4): fim do monopólio do gás natural beneficia ação que pode subir mais de 50% com a compra de ativos da estatal
Conheça a ação que, segundo analista e colunista do Seu Dinheiro, representa uma empresa com histórico de eficiência e futuro promissor; foram 1200% de alta na bolsa em quase 20 anos – e tudo indica que esse é só o começo de um futuro triunfal
Mais um banco se rende à Cielo (CIEL3) e passa a recomendar a compra da ação, mesmo após alta de quase 200% neste ano
Com potencial de alta de quase 30% estimado para os papéis, os analistas do Credit Suisse acreditam que você deveria incluir as ações da empresa de maquininhas no seu portfólio
IRB lança oferta primária restrita, mas limita operação a R$ 1,2 bilhão e antecipa possibilidade de um descontão; IRBR3 é a maior alta do Ibovespa hoje
Resseguradora busca reenquadramento da cobertura de provisões técnicas e de liquidez regulatória para continuar operando
Dividendos: Porto Seguro (PSSA3) anuncia quase R$ 400 milhões em JCP; Kepler Weber (KEPL3) também distribuirá proventos
Data de corte é a mesma em ambos os casos; veja quem tem direito a receber os proventos das empresas
Oi (OIBR3) confirma venda de operação fixa para subsidiária da Highline; transação pode alcançar R$ 1,7 bilhão
Proposta da NK 108, afiliada da Highline, foi a única válida no leilão realizado ontem; negócio envolve cerca de 8 mil torres da Oi
Depois de bons resultados nos setores de gás e energia, gigante de infraestrutura está conquistando espaço, também, na mineração – e promete assustar a Vale (VALE3)
Um crescimento mínimo de 50%: é isso que time de analistas espera para uma ação que custa, hoje, 20% a menos do que sua média histórica; saiba como aproveitar
Ibovespa interrompe sequência de 4 semanas em alta; veja as ações que mais caíram – e um setor que subiu em bloco
Ibovespa foi prejudicado por agenda fraca na semana, mas houve um setor que subiu em bloco; confira as maiores altas e baixas do período
Dá pra personalizar mais? Americanas (AMER3) fecha parceria com o Google em busca de mais eficiência e melhor experiência para clientes
Acordo entre a Americanas e o Google prevê hiperpersonalização da experiência do cliente e otimização de custos operacionais
Bed Bath & Beyond desaba mais de 40% em Wall Street — e o ‘culpado’ é um dos bilionários da GameStop; entenda
Ryan Cohen, presidente do conselho da GameStop, vendeu todas as suas ações na varejista de itens domésticos e embolsou US$ 60 milhões com o negócio
Unindo os jalecos: acionistas do Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3) aprovam a fusão entre as companhias
Os acionistas de Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3) deram aval para a junção dos negócios das companhias; veja os detalhes
JBS (JBSS3) é a ação de alimentos favorita do BofA, mas banco vê menor potencial de alta para o papel; ainda vale a pena comprar?
Analistas revisaram para baixo o preço-alvo do papel, para R$ 55, devido à expectativa de queda nas margens da carne bovina dos EUA, correspondente a 40% das vendas da empresa
Irani anuncia recompra de até 9,8 milhões de ações na B3; o que isso significa para o acionista de RANI3?
A empresa disse que quer maximizar a geração de valor para os seus investidores por meio da melhor administração da estrutura de capital
Vale (VALE3) perdeu o encanto? Itaú BBA corta recomendação de compra para neutro e reduz preço-alvo do papel
Queridinha dos analistas, Vale deve ser impactada por menor demanda da China, e retorno aos acionistas deve ficar mais limitado, acredita o banco
Soberania da (VALE3) ‘ameaçada’? Melhor ação de infraestrutura da Bolsa pode subir 50%, está entrando na mineração e sai ganhando com o fim do monopólio da Petrobras (PETR4) no setor de gás; entenda
Líder na América Latina, papel está barato, está com fortes investimentos na mineração e é um dos principais nomes do mercado de gás e do agronegócio no Brasil
Nubank (NU; NUBR33) chega a subir 20% após balanço, mas visão dos analistas é mista e inadimplência preocupa
Investidores gostaram de resultados operacionais, mas analistas seguem atentos ao crescimento da inadimplência; Itaú BBA acha que banco digital pode ter subestimado o risco do crédito pessoal
Briga do varejo: Qual é a melhor ação de atacadista para ter na carteira? A XP escolheu a dedo os papéis; confira
O forte resultado do Grupo Mateus (GMAT3) no 2T22 garantiu ao atacadista um convite para juntar-se ao Assaí (ASAI3) na lista de varejistas de alimentos favoritas dos analistas