Último capítulo: a novela da venda da Via Varejo termina nesta sexta-feira (14)
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) promove um leilão nesta sexta-feira (14) para se desfazer de sua participação na Via Varejo. E quem está perto de ter um final feliz é o empresário Michael Klein
Uma história que se arrastava há anos no mercado brasileiro chega ao episódio final nesta sexta-feira (14). O Grupo Pão de Açúcar (GPA) promove hoje, às 10h30, um leilão na B3 para se desfazer de sua fatia na Via Varejo. E um velho conhecido dessa trama — o empresário Michael Klein — tem tudo para ter um final feliz.
Essa novela teve início no longínquo novembro de 2016, quando o GPA manifestou pela primeira vez o desejo de vender sua participação na dona das Casas Bahia e do Ponto Frio. A ideia, desde aquela época, era priorizar o desenvolvimento do negócio alimentar da companhia — ou seja, as diversas bandeiras de supermercados, sejam elas varejistas ou "atacarejos", como o Assaí.
Só que os planos do GPA esbarravam num pequeno detalhe: a falta de compradores. A companhia passou os anos de 2017 e 2018 atrás de possíveis interessados numa transação envolvendo a Via Varejo, mas as conversas não evoluíam — e a expectativa do mercado quanto ao fechamento dessa operação só diminuía.
Reta final
Depois de muitas idas e vindas, a história começou a ganhar novos desdobramentos no fim de 2018 — e essas novidades culminaram no clímax desta sexta-feira.
Em primeiro lugar, o GPA admitiu a possibilidade de se desfazer de sua participação na Via Varejo através do mercado de capitais, algo que vinha sendo sugerido por assessores financeiros desde 2017 — a companhia detém 36,27% do capital social da dona das Casas Bahia e do Ponto Frio.
Mas só essa decisão não era suficiente: era preciso mudar o estatuto da Via Varejo.
Leia Também
Santander (SANB11), Raia Drogasil (RADL3), Iguatemi (IGTI11) e outras gigantes distribuem mais de R$ 2,3 bilhões em JCP e dividendos
Eztec (EZTC3) renova gestão e anuncia projeto milionário em São Paulo
Afinal, o regulamento da empresa continha a chamada "poison pill" — um mecanismo que inibe a concentração de fatias grandes do capital social de uma companhia sob um único acionista, seja por meio de uma aquisição ou por operações sucessivas na bolsa.
No caso da Via Varejo, esse dispositivo entraria em funcionamento caso algum novo acionista atingisse uma participação superior a 20%, obrigando-o a promover uma oferta pública de aquisição da totalidade das ações (OPA) — ou seja, estendendo a todos os acionistas uma proposta de compra dos papéis.
Ou seja: a existência dessa pílula acabava elevando os custos de uma eventual compra de participação relevante na companhia — o que representava um entrave aos planos do GPA.
Foi nesse contexto que, em 3 de junho, os acionistas da Via Varejo se reuniram em assembleia com uma pauta bem definida: votar a exclusão da "poison pill" do estatuto da empresa. E a maioria esmagadora dos votantes deu sinal verde para a mudança no regulamento, abrindo caminho para a venda da fatia do GPA.
Quer pagar quanto?
Sem esse entrave estatutário, as notícias referentes a possíveis interessados na Via Varejo começaram a surgir aos montes. E um nome começou a se destacar: o do empresário Michael Klein, ex-dono das Casas Bahia.
Ele foi um dos únicos a confirmar oficialmente que avaliava a aquisição de ações da empresa, contando com assessoria financeira da XP. E, na última quarta-feira (12), deu sua cartada definitiva.
Klein enviou uma correspondência ao conselho de administração do GPA afirmando que, caso a empresa realizasse um leilão na B3 envolvendo toda a sua participação na Via Varejo, ele faria lances para adquirir a fatia inteira pelo valor máximo de R$ 4,75 por ação.
O GPA aceitou os termos: irá leiloar hoje, a partir de 10h30, seus 36,27% detidos na dona das Casas Bahia e Ponto Frio, ao preço mínimo de R$ 4,75 — e, com isso, dirá adeus à Via Varejo.
A realização desse certame não implica que Klein levará para casa a participação completa do GPA. O leilão, afinal, é público, e nada impede que algum outros interessados façam lances superiores aos do empresário. Mas é quase certo que ele irá se tornar o novo controlador da Via Varejo.
Afinal, a família Klein já é dona de 25,43% do capital social da empresa. E, com isso, o empresário retomará o controle das Casas Bahia, rede de lojas fundada por seu pai, Samuel Klein.
Futuro
As ações ON da Via Varejo (VVAR3) têm apresentado comportamento oscilante nas últimas semanas, reagindo ao sabor das notícias envolvendo a venda da participação do GPA. Contudo, os papéis da empresa pareciam encontrar uma barreira importante ao redor dos R$ 5,00.
Essa resistência só foi rompida nesta semana, com a iminência de um anúncio de uma operação envolvendo Klein. E, apesar de o leilão ocorrer a R$ 4,75, as ações da empresa não convergiram a esse preço — um sinal de que o mercado dá um voto de confiança ao empresário.

Operadores e analistas com quem eu conversei nos últimos dias assumiram um tom quase unânime: a Via Varejo possui enormes desafios, principalmente relacionados à estratégia de transformação digital. Mas, por outro lado, Klein é visto como alguém capaz de conduzir a empresa nesse processo.
O GPA, por sua vez, finalmente fica livre para se focar nas atividades alimentares. E ainda vai embolsar um bom dinheiro: afinal, a fatia de 36,27% corresponde a 469.521.085 ações da Via Varejo — montante que, se vendido a R$ 4,75, representa cerca de R$ 2,23 bilhões a mais no cofre da empresa.
A reorganização societária da Suzano (SUZB3) que vai redesenhar o capital e estabelecer novas regras de governança
Companhia aposta em alinhamento de grupos familiares e voto em bloco para consolidar estratégia de longo prazo
Gafisa, Banco Master e mais: entenda a denúncia que levou Nelson Tanure à mira dos reguladores
Uma sequência de investigações e denúncias colocou o empresário sob escrutínio da Justiça. Entenda o que está em jogo
Bilionária brasileira que fez fortuna sem ser herdeira quer trazer empresa polêmica para o Brasil
Semanas após levantar US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos, a fundadora da Kalshi revelou planos para desembarcar no Brasil
Raízen (RAIZ4) precisa de quase uma “Cosan” para voltar a um nível de endividamento “aceitável”, dizem analistas
JP Morgan rebaixou a recomendação das ações de Raízen e manteve a Cosan em Neutra, enquanto aguarda próximos passos das empresas
Direito ao voto: Copel (CPLE3) migra para Novo Mercado da B3 e passa a ter apenas ações ordinárias
De acordo com a companhia, a reestruturação resulta em uma base societária mais simples, transparente e alinhada às melhores práticas do mercado
Então é Natal? Reveja comerciais natalinos que marcaram época na televisão brasileira
Publicidades natalinas se tornaram quase obrigatórias na cultura televisiva brasileira durante décadas, e permanecem na memória de muitos; relembre (ou conheça) algumas das mais marcantes
Com duas renúncias e pressão do BNDESPar, Tupy (TUPY3) pode eleger um novo conselho do zero; entenda
A saída de integrantes de conselhos da Tupy levou o BNDESPar a pedir a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária para indicar novos nomes. Como o atual conselho foi eleito por voto múltiplo, a eventual AGE pode resultar na eleição de todo o colegiado
Natal combina com chocolate? Veja quanto custa ter uma franquia da incensada Cacau Show e o que é preciso para ser um franqueado
A tradicional rede de lojas de chocolates opera atualmente com quatro modelos principais de franquia
Energisa (ENGI3) avança em reorganização societária com incorporações e aumento de capital na Rede Energia
A Energisa anunciou a aprovação de etapas adicionais da reorganização societária do grupo, com foco na simplificação da estrutura e no aumento da eficiência operacional
Sinal verde no conselho: Ambipar (AMBP3) aprova plano de recuperação judicial
Conselho de administração aprovou os termos do plano de recuperação do Grupo Ambipar, que já foi protocolado na Justiça, mas ainda pode sofrer ajustes antes da assembleia de credores
AZUL4 com os dias contados: Azul convoca assembleias para extinguir essas ações; entenda
Medida integra o plano de recuperação judicial nos EUA, prevê a conversão de ações preferenciais em ordinárias e não garante direito de retirada
Totvs (TOTS3) acerta aquisição da empresa de software TBDC, em estratégia para fortalecer presença no agro
Negócio de R$ 80 milhões fortalece atuação da companhia no agronegócio e amplia oferta de soluções especializadas para o setor
Entre dividendos e JCP: Suzano (SUZB3), Isa (ISAE4), Porto Seguro (PSSA3) e Marcopolo (POMO4) anunciam pacote bilionário aos acionistas
Dividendos, JCP e bonificações movimentam quase R$ 4 bilhões em operações aprovadas na última sexta-feira antes do Natal
‘Socorro’ de R$ 10 bilhões à Raízen (RAIZ4) está na mesa da Cosan (CSAN3) e da Shell, segundo agência
Estresse no mercado de crédito pressiona a Raízen, que avalia aporte bilionário, desinvestimentos e uma reestruturação financeira com apoio dos controladores
WEG (WEGE3) abre o cofre e paga R$ 5,2 bilhões em dividendos
Os proventos autorizados nesta sexta-feira (19) serão divididos em três parcelas anuais de R$ 1,732 bilhão cada; confira os detalhes
Embraer (EMBJ3) testa protótipo de “carro voador” elétrico e inicia fase de certificação; ações chegam a subir 3%
Aeronave eVTOL da Eve Air Mobility inicia campanha de certificação com quase 3 mil encomendas; ações da Embraer avançam após voo inaugural
Raízen (RAIZ4) acelera desinvestimentos e vende carteira de comercialização de energia para Tria Energia, da Patria Investimentos
O negócio envolve o portfólio de contratos de trading de energia mantido pela Raízen no mercado livre; entenda
Mais um presente aos acionistas: Axia Energia (AXIA6) vai distribuir R$ 30 bilhões em bonificação com nova classe de ações
A distribuição ocorrerá com a criação de uma nova classe de ações preferenciais, a classe C (PNC). Os papéis serão entregues a todos os acionistas da Axia, na proporção de sua participação no capital social
Do campo de batalha ao chão da sala: a empresa de robôs militares que virou aspirador de pó — e acabou pedindo falência
Criadora dos robôs Roomba entra em recuperação judicial e será comprada por sua principal fabricante após anos de prejuízos
É para esvaziar o carrinho: o que levou o JP Morgan rebaixar o Grupo Mateus (GMAT3); ações caem mais de 2%
Embora haja potencial para melhorias operacionais, o banco alerta que o ruído de governança deve manter a ação da varejista fora do radar de muitos investidores
