🔴 [EVENTO GRATUITO] COMPRAR OU VENDER VALE3? INSCREVA-SE AQUI

Por que não acredito em ‘guerra’ dos EUA contra o Irã ou contra a China

Penso que agora, o momento é de grande calmaria, apesar das crises entre EUA x China e EUA x Irã. Mas se ambas precedem alguma tempestade, só o tempo dirá

22 de julho de 2019
14:59 - atualizado às 16:09
shutterstock_40854562
Imagem: Shutterstock

Para aqueles que acham que as Bolsas e mercados futuros internacionais estão atravessando um período de grande risco, gostaria de lembrar que crise e mercado financeiro são quase sinônimos. Mas não sempre. Há ocasiões em que a calmaria prevalece.

Atualmente, no cenário externo, temos a guerra comercial China/Estados Unidos, além de um rosnar de dentes entre americanos e iranianos. Este segundo evento acaba de se agravar devido à apreensão, por parte da marinha persa, de um petroleiro britânico.

Faltando um ano para as eleições presidenciais americanas, e com os chineses precisando reaquecer seu PIB, que anda vacilando com um crescimento de “apenas” (que inveja) 6,2% ao ano, as duas grandes potências dependem demais uma da outra.

Os Estados Unidos compram produtos industriais chineses. Estes possuem mais de 1 trilhão de dólares em treasuries do rival.

Inevitavelmente, as duas maiores potências mundiais chegarão a algum tipo de acordo que contemple, ao menos parcialmente, os anseios de ambas as partes.

Já uma eventual guerra aberta e declarada entre Estados Unidos e Irã, ela simplesmente não irá acontecer.

Eis o texto de um WhatsApp que recebi de minha filha caçula, que mora há muitos anos em Londres e é cidadã britânica, e a resposta que dei:

“Guerra com o Irã?”, perguntou ela, que é meio econômica nas palavras.

“Se houver”, respondi, “não haverá bombardeio nuclear nem invasão por terra como no caso do Iraque e do Afeganistão. Pode haver ataques de uma coalizão anglo-americana contra alvos militares iranianos. As instalações nucleares (ainda sem condições de produzir uma ogiva atômica) são difíceis de serem atingidas pois se encontram incrustadas dentro de montanhas. Esses ataques do Ocidente seriam feitos por aviões e mísseis. Mas acho que haverá uma solução diplomática intermediada pela Rússia e pela China.”

“O Trump e o Boris Johnson (se ganhar) me preocupam”, ela prosseguiu, sempre indo direto ao ponto.

“O território iraniano”, finalizei, “é enorme e o exército do país também. Guerra convencional não vai haver. O Congresso americano e o Parlamento britânico não permitiriam. Além disso, o Trump e o Boris sabem que invadir, vencer e ocupar o Irã levaria anos, com centenas de milhares de mortos.”   

Crise sempre tem

Ao longo das mais de seis décadas nas quais lidei com o mercado, assisti a inúmeras crises vindas de fora que afetaram tanto as Bolsas de lá como as daqui.

Na década de 1960 houve, em 22 de novembro de 1963, o assassinato do presidente John Kennedy. Só que, para efeito de mercado financeiro, com mil perdões pela constatação empedernida, foi um non-event. Lyndon Johnson assumiu a presidência e as políticas da Casa Branca (implantação dos direitos civis) mantiveram-se inalteradas.

O mesmo não se pode dizer de 1967, quando estourou a Guerra dos Seis Dias entre Israel e seus vizinhos árabes, afetando todos os mercados. Mas quem acreditou num desfecho breve (e o próprio nome que o conflito acabou recebendo reflete isso) pôde ganhar uma nota preta.

Entre eles, meu personagem de ficção, Julius Clarence, protagonista do livro Os mercadores da noite.

Em meio às dezenas de episódios relevantes da década seguinte, um deles se sobressaiu: a Guerra do Yom Kippur, iniciada no sábado de 6 de outubro de 1973, quando o Egito e a Síria atacaram Israel.

Embora as escaramuças tenham durado não mais do que 19 dias, os reflexos dessa guerra, vencida por Israel − após quase ter sido derrotado nos primeiros dias −, duram até hoje. Foi um divisor de águas. É só ver a cotação do barril de petróleo antes e depois do embargo que se seguiu à guerra.

Os anos de 1980 foram de esplendor em Wall Street, apesar do crash da Bolsa de Valores de Nova York em 19 de outubro de 1987. Me refiro à Segunda-feira Negra, data em que o índice industrial Dow Jones perdeu um quarto de seu valor. No auge do pânico, surgiu uma das melhores oportunidades de compra de ações de todos os tempos na Bolsa de Nova York.

Logo no início da década seguinte, a de 1990, houve a Guerra do Golfo, provocada pela invasão, em 2 de agosto de 1990, do Kuwait pelas tropas iraquianas de Saddam Hussein.

A alta do preço do barril de petróleo que se seguiu foi tão violenta quanto a baixa ocasionada pela vitória rápida e estrondosa da coalizão liderada pelos Estados Unidos.

O segundo milênio começou com uma crise tão descomunal que só pode ser comparada à provocada pelo crash de 1929 e pelo advento da Segunda Guerra Mundial. Claro que estou me referindo aos ataques de 11 de Setembro.

Se uma pessoa disser apenas 29 de outubro (dia do colapso da Bolsa em 1929) ou 7 de dezembro (ataque dos japoneses a Pearl Harbor), o interlocutor não saberá do que se está falando. Mas basta dizer 11 de setembro (ou September 11), que qualquer um perceberá que se trata da derrubada das Torres Gêmeas.

Não me lembro de nenhum outro episódio que tenha afetado, em questão de minutos, quase todos os mercados internacionais.

Eu escrevi “quase” pois as bolsas americanas foram imediatamente fechadas, assim como diversas congêneres espalhadas pelo mundo.

A crise do subprime foi o último acontecimento de grande relevância, e impacto negativo, nos mercados financeiros internacionais.

Feitas essas considerações, acho que, apesar das crises EUA x China e EUA x Irã, o momento é de grande calmaria.

Se ela precede alguma tempestade, só o tempo dirá.

Compartilhe

MAKE IT RAIN

Xi Jinping preocupado? China inicia novas medidas para tentar salvar a economia e a colheita; entenda

22 de agosto de 2022 - 9:10

O país asiático não só tenta apagar as chamas do dragão da desaceleração econômica, como também salvar a colheita do verão mais quente e seco de Pequim em 61 anos

EM FORTE QUEDA

China derruba preços do petróleo internacional e pode ajudar na redução da gasolina no Brasil; entenda

15 de agosto de 2022 - 11:06

Desde as máximas em março deste ano, o barril de petróleo Brent já recuou cerca de 26% com a perspectiva de desaceleração — e, possivelmente, recessão — global

COM PASSAGENS DE SAÍDA

Cinco empresas chinesas vão retirar seus ADRs da Bolsa de Nova York — saiba por quê

12 de agosto de 2022 - 17:02

As estatais anunciaram planos de retirada voluntária de seus ADRs ainda neste mês; a decisão acontece em meio à desacordo entre os órgãos reguladores da China e dos EUA

BOMBOU NAS REDES

A catástrofe na Rússia que Putin não quer que o Ocidente descubra: Estados Unidos e aliados estão causando um verdadeiro estrago na economia do país; veja os maiores impactos

11 de agosto de 2022 - 8:37

Enquanto algumas matérias derrotistas apontam a Rússia ‘à prova’ de sanções, um estudo de Yale afirma que os efeitos são catastróficos; entenda detalhes

ALERTA LARANJA

China contra-ataca: entenda o recado que Xi Jinping mandou ao lançar mísseis que caíram no Japão

4 de agosto de 2022 - 14:29

Governo japonês diz que cinco mísseis balísticos lançados por Pequim durante exercícios militares em torno de Taiwan caíram na zona econômica exclusiva do Japão pela primeira vez

TENSÃO NO AR

Tambores de uma nova guerra? Entenda por que Taiwan coloca China e Estados Unidos em pé de guerra

2 de agosto de 2022 - 14:56

Visita de Nancy Pelosi a Taiwan acirra tensões entre Estados Unidos e China em meio a disputa por hegemonia global

Tensão no ar

Após alertar Pelosi para não visitar Taiwan, China realiza exercícios militares na costa em frente à ilha

30 de julho de 2022 - 12:37

O Ministério da Defesa chinês alertou Washington, na última semana, para não permitir que a presidente da Câmara dos Deputados americana visite Taiwan

QUEDA DE BILHÕES

Como a crise imobiliária na China pulverizou metade da fortuna da mulher mais rica da Ásia

29 de julho de 2022 - 11:35

Yang Huiyan viu sua fortuna de US$ 23,7 bilhões cair pela metade nos últimos 12 meses; a bilionária controla a incorporadora Country Graden

BOM PARA OS DOIS

Enquanto Rússia corta gás para a Europa, gasoduto que leva a commodity à China está perto da conclusão

27 de julho de 2022 - 17:12

O canal de transporte do gás natural está em fase final de construção e interliga a Sibéria a Xangai; a China aumentou o fornecimento da commodity russa em 63,4% no primeiro semestre deste ano

TREASURIES NA BERLINDA

Por que a China e o Japão estão se desfazendo – em grande escala – de títulos do Tesouro do Estados Unidos

20 de julho de 2022 - 14:30

Volume de Treasuries em poder da China e do Japão estão nos níveis mais baixos em anos com alta da inflação e aumento dos juros nos EUA

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar