A operadora logística Rumo obteve lucro líquido de R$ 27 milhões no primeiro trimestre de 2019, revertendo prejuízo de R$ 59 milhões registrado no mesmo período do ano passado. A melhora se explica pelo aumento nos volumes transportados e pelo melhor resultado financeiro, após iniciativas para reduzir o custo da dívida, enquanto a má notícia ficou por conta da alta nos custos.
O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) foi de R$ 802 milhões, alta de 12,7% ante o mesmo trimestre de 2018. A receita líquida somou R$ 1,63 bilhão, alta de 17%. Os dados do primeiro trimestre de 2018 foram informados como pró-forma pela empresa pois tiveram impacto da implementação da norma contábil IFRS 16.
O resultado traz algum otimismo para o acionista a respeito deste ano, depois de a Rumo ter conseguido em 2018 obter lucro líquido pela primeira vez desde 2015.
Resultado financeiro entrando nos trilhos
O resultado financeiro da empresa foi uma despesa de R$ 325 milhões, 14,3% inferior ao primeiro trimestre de 2018. A Rumo destacou que o custo da dívida caiu devido ao pré-pagamento de algumas operações, substituição de dívidas mais caras por outras mais baratas e pela queda do CDI entre os trimestres.
Ladeira acima
O volume de cargas transportado pela Rumo atingiu 13,3 bilhões de TKU (toneladas por quilômetro útil), alta de 12,5%. De acordo com a empresa, o aumento refletiu a maior capacidade viabilizada pelo plano de investimentos, com destaque para o volume de soja de janeiro e pelos volumes de fertilizantes na operação norte, que seguem crescendo.
O volume de produtos agrícolas transportados pela empresa subiu 12,7% para 10,8 bilhões de TKU, enquanto o transporte de produtos industriais avançou 11,5% no trimestre para 2,48 bilhões de TKU. No setor agrícola, o destaque foi o avanço de 17,8% da soja, enquanto no ramo industrial o maior crescimento veio dos itens madeira, papel e celulose, com avanço de 22,5%.
A tarifa média de transporte subiu 2% no trimestre ante o mesmo intervalo do ano passado.
Custos indigestos
Os custos consolidados da Rumo no primeiro trimestre cresceram 18,6%, impactados principalmente pelos custos variáveis, que subiram 31,1%. De acordo com a empresa, este aumento ocorreu em função do custo logístico com o transporte de açúcar por caminhões, devido aos altos volumes de soja em janeiro e à queda de barreiras na Serra de Santos (SP) em fevereiro.
A empresa citou ainda o reconhecimento de obrigações decorrentes de contratos de take or pay em fevereiro, em função da não performance dos volumes, além de menores créditos fiscais. Já os custos fixos avançaram 8%.
Resultados por operação
A operação que engloba Malha Norte (que passa pelo Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), Malha Paulista e Operação Portuária em Santos teve aumento de 14,2% no volume transportado, para 9,43 bilhões de TKU.
Segundo a empresa, houve crescimento de 46% nos volumes transportados em janeiro, devido à safra antecipada de soja. Em fevereiro devido à queda de barreiras, os volumes recuaram 4%. Já em março, a Operação teve crescimento de 10% nos volumes transportados.
A receita líquida desta operação somou R$ 1,24 bilhão, alta de 17,9%, enquanto o Ebitda subiu 8,5% para R$ 700 milhões.
Enquanto isso, no Sul
A operação Sul viu o volume transportado subir 6,1% para 3,27 bilhões de TKU, ajudada pela antecipação da safra de soja, que impulsionou o volume de grãos transportados no período. Esta operação é representada pela Malha Oeste (concentrada em Mato Grosso do Sul e São Paulo) e Malha Sul (passa pelos três estados do Sul).
O Ebitda desta área foi de R$ 103 milhões, alta de 45,2%, enquanto a receita líquida subiu 13,9% para R$ 328 milhões, refletindo ganhos de volume e tarifa.
Negócio de contêineres
O volume total em contêineres foi de 591 milhões de TKU no trimestre, alta de 23,7%. Nesta operação, a empresa tem adotado a estratégia de aproveitar os fretes de retorno, aumentando volumes de transporte no mercado interno e também de cargas para importação.
A receita líquida subiu 20,5% para R$ 67 milhões, enquanto o Ebitda ficou negativo em R$ 1 milhão, ante um Ebitda negativo de R$ 4 milhões um ano antes.
Dívida cresceu
A dívida líquida da companhia foi de R$ 7,5 bilhões, alta de 3,8%. A alavancagem, que mede a relação entre dívida líquida e Ebitda, foi de 2,1 vezes e ficou estável na comparação como final de março de 2018.
A Rumo investiu R$ 535 milhões no primeiro trimestre, 10,6% a mais do que no primeiro trimestre do ano anterior. Segundo a empresa, os principais investimentos para aumento de capacidade ocorreram em substituição de trilhos e dormentes, compra de vagões, locomotivas e equipamentos de mecanização de via, melhorias em infraestrutura, e reformas em pátios e terminais.
Desafios pela frente
Sobre 2019, a empresa afirmou que o cenário está desafiador para a soja, mas tem perspectivas positivas para o milho. Com relação às exportações, o cenário deve ficar mais desafiador diante da expectativa da menor demanda chinesa. Mesmo assim, a Rumo afirmou que os impactos sobre os seus negócios devem ser limitados porque boa parte dos volumes de soja estão travados por contratos.
A companhia reiterou as projeções já divulgadas de que o Ebitda em 2019 deve ficar entre R$ 3,85 bilhões e R$ 4,15 bilhões. O investimento (Capex) ficará entre R$ 2 bilhões e R$ 2,2 bilhões, enquanto o volume deve ficar entre 62 bilhões e 64 bilhões de TKU.