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Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

"Cash is king"

O risco “oculto” que deixa até famílias ricas sem dinheiro para pagar as contas

Já pensou ter milhões em imóveis, mas nem um tostão para o dia a dia? A falta de liquidez é um vilão até para os mais ricos. Saiba como fugir dessa armadilha

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
15 de junho de 2019
5:19 - atualizado às 11:24
Bolsos vazios
Imagem: Denis Belyaevskiy/Shutterstock

Imagine uma família abastada, com um patrimônio de dezenas de milhões de reais e que, mais ou menos de uma hora para a outra, fica sem dinheiro para pagar as contas do dia a dia. O mais curioso é que essa família não perdeu tudo. Seu patrimônio milionário continua intacto. Parece surreal, não?

Pois saiba que isso não é tão incomum. A responsável por isso é a falta de liquidez dos investimentos. Você pensa nisso quando investe? Se não, deveria.

Eu conversei sobre este assunto com a Sigrid Guimarães, sócia da Alocc, uma empresa especializada em cuidar de fortunas com R$ 5,5 bilhões sob gestão.

A Alocc atende aproximadamente 200 famílias com patrimônio a partir de R$ 1 milhão. Seu método é baseado em três pilares: liquidez, diversificação e eficiência.

E a liquidez não é a primeira da lista à toa. Sigrid me garantiu que o risco de liquidez costuma pegar até os mais ricos pelo pé.

“No Brasil, vemos muito famílias que investem em imóveis e têm poucos recursos no banco. Tem gente que quebra por falta de liquidez. Sua fonte de renda básica é o aluguel, a vacância sobe, e aí a renda baixa brutalmente, deixando a pessoa sem ter como cobrir seu custo de vida”, conta.

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Sigrid já teve cliente com R$ 30 milhões em imóveis e que vivia dos aluguéis, mas acabou perdendo metade dos inquilinos em uma crise no mercado imobiliário. “No fim das contas, ele teve que vender um imóvel para conseguir pagar as contas do dia a dia”, disse.

O que é liquidez

Liquidez é a capacidade de um ativo ser transformado em dinheiro. Quanto mais fácil, rápida e indolor for essa transformação, maior a liquidez.

Os ativos mais líquidos são aqueles que podem ser transformados em dinheiro rapidamente - imediatamente ou em questão de dias.

Por exemplo, caderneta de poupança, títulos públicos, títulos de renda fixa muito negociados ou que permitam resgates diários, fundos que paguem o cotista poucos dias após a solicitação do resgate, além das ações e dos fundos imobiliários mais negociados.

Existem também ativos de liquidez intermediária, como as ações, os fundos imobiliários e os títulos de renda fixa pouco negociados, bem como os fundos que demoram semanas ou até meses para pagar seus cotistas após o pedido de resgate.

Finalmente, existem os ativos de baixa liquidez, como os imóveis, e sem liquidez, como aqueles títulos que não permitem resgate ou negociação antes da data de vencimento.

O caso dos imóveis é emblemático pois, embora seja possível vender um imóvel a qualquer momento, o processo pode demorar semanas, meses ou até anos. O vendedor precisa achar um comprador interessado, negociar preço e passar por um processo altamente burocrático. Tudo isso leva tempo e dá trabalho.

Mas ainda tem um porém: mesmo no caso dos ativos muito líquidos, a venda ou o resgate às pressas pode obrigar o investidor a sacrificar parte da rentabilidade ou até mesmo do principal.

Isso é bem óbvio no mercado imobiliário, pois para apressar a venda de um imóvel, o vendedor normalmente precisa baixar o preço.

Mas o fenômeno também acontece com ativos que têm alto risco de mercado, como ações, fundos imobiliários e títulos públicos prefixados ou atrelados à inflação, bem como os fundos que investem nesses ativos. Como seus preços oscilam muito no dia a dia, vendê-los a toque de caixa, num momento inoportuno, pode fazer você perder dinheiro.

Em função disso, especialistas não consideram esses investimentos como ativos de alta liquidez na hora de montar a carteira dos clientes. Para eles, um ativo só pode ser considerado de alta liquidez se for possível vendê-lo ou resgatá-lo a qualquer momento de forma indolor.

Sigrid Guimarães, por exemplo, considera que, do ponto de vista da liquidez, é tão arriscado ter a maior parte do patrimônio em imóveis quanto em ações.

“Em caso de emergência, você precisa vender as ações ao preço que for. No caso dos imóveis, tem que ir abaixando o preço para vender o mais rápido possível”, observa.

Risco de liquidez é o mais ignorado

Na hora de construir o patrimônio, as pessoas físicas costumam se preocupar muito com o risco de mercado ou o risco de crédito. Mas o risco de liquidez, que é meio “oculto”, acaba sendo um pouco deixado de lado.

No caso do risco de mercado, bem... todo mundo vê os preços das ações, dos títulos públicos e mesmo dos imóveis subindo e descendo no dia a dia (às vezes, violentamente).

Risco de crédito, então, deve ser o que mais preocupa o brasileiro, que tem terror de tomar calote. Mesmo os menos educados financeiramente sabem que precisam se importar com a solidez financeira do seu banco ou corretora. E na hora de aplicar num título de renda fixa, sempre desejam saber quais são as garantias e se o emissor tem condições de pagá-los de volta.

O problema é que o risco de liquidez é um pouco mais escondido, digamos. É que ele só costuma aparecer na hora do aperto.

É verdade que os investidores brasileiros amam liquidez, mas também é verdade que as pessoas físicas às vezes erram a mão e acabam ficando com o dinheiro “preso” em investimentos pouco líquidos, notadamente os imóveis, outra paixão nacional.

Como evitar o risco de liquidez

A ferramenta para evitar o risco de liquidez é a nossa já velha conhecida reserva de emergência, aquele colchão financeiro usado para amortecer os sacodes que a vida dá: crises, desemprego, doenças na família, emergências domésticas e todo tipo de baque financeiro que possa nos acometer sem avisar.

Os recursos da reserva de emergência devem permanecer aplicados em investimentos conservadores, com uma boa rentabilidade e que possam ser transformados em dinheiro imediatamente, sem perdas.

Em outras palavras, investimentos de baixo risco de liquidez, mercado ou calote e que tenham uma rentabilidade superior à inflação, a fim de preservar o valor do seu patrimônio no tempo.

O objetivo da reserva de emergência não é tanto fazer o seu patrimônio crescer, mas sim preservar seu poder de compra e garantir que os recursos estejam disponíveis quando você precisar.

O investimento em títulos públicos é o que mais se encaixa neste perfil, seja pela via direta, seja por meio de fundos com baixa taxa de administração (ou taxa zero).

CDB que pagam 100% do CDI com liquidez diária também podem ser utilizados para este fim, desde que respeitados os limites do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Ainda assim, lembre-se de que o risco do FGC é um pouco maior que o dos títulos públicos, que têm garantia do governo federal.

Mas quanto deixar na reserva de emergência?

A dúvida mais comum em relação ao colchão de liquidez é quanto ao valor. Afinal, qual deve ser o tamanho da reserva de emergência? É aí que muita gente, incluindo as famílias mais ricas, acaba se dando mal.

Dificilmente um poupador, alguém que construiu um certo patrimônio, tem zero liquidez. Mas ele pode ter menos liquidez que o necessário.

A recomendação mais comum é que o valor da reserva de emergência corresponda ao suficiente para cobrir os gastos corriqueiros do investidor por um período de três meses a um ano, dependendo de quão difícil for, para ele, se recolocar no mercado de trabalho em caso de desemprego.

Mas, para Sigrid, da Alocc, esses prazos são pequenos. “Recomendamos algo entre três e cinco anos do custo de vida da família”, diz.

Pode parecer muito, mas no método da Alocc, que é focado na preservação de patrimônio, esses prazos são fundamentais, pois cada ciclo econômico ou crise dura uma média de cinco anos, segundo Sigrid. E nos momentos difíceis, “cash is king”, diz o jargão do mercado. Ou seja, o dinheiro vivo é que manda.

Idealmente, apenas após garantir esses cinco anos de custo de vida em ativos de baixo risco e alta liquidez é que o investidor deveria começar a investir em outras classes de ativos, com maior risco de liquidez ou de mercado, a fim de ganhar um “extra”.

Assim, o investidor não deveria, por exemplo, aplicar em fundos multimercados ou no mercado de ações antes de ter assegurada a reserva de emergência.

“Para quem ainda está construindo patrimônio, o colchão de liquidez pode ficar mais próximo do equivalente a três anos de custo de vida. Antes disso, o investidor pode até diversificar um pouco, mas com um percentual muito pequeno do patrimônio, e continuar construindo o colchão”, recomenda Sigrid.

A sócia da Alocc destaca ainda que um dos pontos principais do método da casa é justamente a disciplina, para que o investidor não se deixe levar pelos movimentos de curto prazo e foque na construção do patrimônio de forma segura.

“Vejo muito no mercado as pessoas seguindo os movimentos de curto prazo. Agora é esse investimento que é bom; depois é aquele outro. Quando você tira a emoção da jogada, forma um colchão de liquidez, para depois diversificar em fundos de bons gestores, você atravessa as crises e preserva seu patrimônio”, conclui.

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