Como reduzir o risco da carteira num cenário cheio de incertezas? Três experientes gestores respondem
Os gestores Paolo Di Sora (RPS Capital), Duda Rocha (Occam Brasil) e Pedro Andrade (IP Capital) participaram do Investidor 3.0, da Empiricus

A economia global vive um momento de contrastes: por um lado, o nível de atividade tem avançado; por outro, há a perspectiva de aumento nos juros — e, no Brasil, não é preciso dizer que há muita incerteza no radar. Num cenário como esse, como gerenciar a carteira de investimentos e diminuir a exposição ao risco? Bem, nada melhor que ouvir a opinião de três dos gestores mais experientes do mercado brasileiro.
Paolo Di Sora, da RPS Capital; Duda Rocha, da Occam Brasil; e Pedro Cezar de Andrade, da IP Capital, participaram há pouco do Investidor 3.0, evento promovido pela Empiricus — o painel foi mediado pelo analista Bruno Mérola. E cada um deles deu as suas visões sobre os riscos e oportunidades, além de revelar algumas de suas preferências no mercado doméstico.
"O jogo é simples: num cenário complexo, o legal é simplificar a carteira", disse Di Sora, destacando que o momento é particularmente desafiador no Brasil: a eleição presidencial em 2022, a inflação em alta e os desafios no lado fiscal são apenas alguns dos obstáculos para quem analisa ativos domésticos — e ele se mostra avesso às empresas e setores ligados às classes C e D no país, que enfrentaram uma forte compressão de renda desde o começo do ano.
Ainda assim, há um segmento que, em sua avaliação, escapa a esse racional: o de construção civil de baixa renda, composto por companhias como MRV (MRVE3), Tenda (TEND3) e Direcional (DIRR3). Os subsídios ao financiamento habitacional com juros menores que os praticados no mercado, somados à alta no aluguel e à queda firme das ações dessas empresas podem abrir oportunidades interessantes.
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Paolo Di Sora, gestor da RPS Capital
O ciclo de altas na Selic — a taxa estava em 2% no começo de 2021 e deve fechar o ano acima dos 9%, indo além em 2022 — é outro fator de risco apontado pelos gestores. Para Rocha, da Occam, a forte abertura da curva longa de juros afetou drasticamente algumas empresas da bolsa, especialmente as com prognósticos de crescimento mais intenso no médio e longo prazo.
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Dito isso, ele destaca o setor financeiro como uma boa alternativa defensiva: grandes bancos não se prejudicam com o cenário de alta de juros, a não ser que esse contexto desencadeie uma recessão mais intensa, elevando os níveis de inadimplência — tanto é que, nas últimas semanas, essas ações têm mostrado uma resiliência maior.
Mas, dentro do segmento financeiro, Rocha diz preferir empresas como o BTG Pactual ou a XP, que têm capturado as mudanças de hábitos dos consumidores e se beneficiado com o interesse maior da população pelos investimentos. "Perseguimos temas de fintechs e empresas mais estruturadas", diz ele.
Ainda no lado positivo, Rocha destaca o setor de e-commerce e o de óleo e gás, especialmente Petro Rio (PRIO3), como boas alternativas no momento; no vértice oposto, temas ligados aos segmentos de educação, shoppings e varejo físico são apontados pelo gestor da Occam como pouco recomendados para o momento.
Andrade, da IP Capital, também diz ver valor no setor de e-commerce do Brasil, posicionando-se nele via Mercado Livre (MELI34) — por mais que ela não seja brasileira, ela entra na fatia local das carteiras da gestora. "É uma empresa com uma capacidade incrível de inovação, com uma cultura moderna de desenvolvimento e uma plataforma gigantesca e muito eficaz. Eles só ganham cada vez mais massa crítica".
O gestor, no entanto, destaca que o valuation atual do Mercado Livre é mais esticado, demandando uma visão de longo prazo por parte do investidor. Para além do e-commerce, Andrade também se diz otimista com o setor de utilities e com algumas oportunidades em saúde, com destaque para Hapvida (HAPV3) — uma empresa que, segundo ele, tem um modelo eficiente e com muito a crescer.
Os gestores e os riscos externos
Ao passarmos para o lado internacional, os três especialistas concordam que, no momento, os mercados externos estão bastante favoráveis: as bolsas dos EUA e da Europa têm renovado recordes, sustentadas pelos estímulos fiscais e monetários vistos no mundo — e que têm garantido a retomada do nível de atividade global no pós-pandemia.
No entanto, esse cenário tranquilo possui dois grandes riscos em potencial: em primeiro plano, há a alta da inflação no mundo e os consequentes desdobramentos para a trajetória de juros nos EUA; e, em segundo, há a possível desaceleração da economia chinesa.
Considerando esses dois fatores, Andrade, da IP Capital, destaca que o processo de escolha de ações e empresas para alocação de capital segue disciplinado: a gestora procura sempre companhias que cresçam por conta própria, que tenham barreiras contra a competição e que mostrem capacidade de reinvenção; a maior parte dessas oportunidades, segundo ele, está nos EUA.
"A gente acha interessante a evolução tecnológica na China, mas há uma dificuldade institucional", diz ele, fazendo menção à visibilidade reduzida no ambiente corporativo chinês e às interferências do governo de Pequim no comando das empresas, minando o poder econômico e político de empresários.
Sobre as incertezas na China, Rocha, da Occam, destaca que zerou recentemente as posições em empresas do país — a gestora possuía posições em Alibaba (BABA34). Para ele, é preferível ficar de fora de um eventual rali a estar exposto à possibilidade de perdas com a instabilidade regulatória do mercado chinês.
Investir dinheiro de terceiros é uma relação de retorno ajustado ao risco.
Duda Rocha, gestor da Occam Brasil
Veja abaixo a íntegra do painel com os três gestores:
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