“As bolsas estão navegando as condições financeiras mais frouxas da história”, diz André Jakurski, da JGP
Fundador e gestor da JGP Asset Management, André Jakurski falou sobre sua visão para os mercados globais e mostrou preocupação com o Brasil

Um dos mais respeitados gestores do mercado brasileiro, André Jakurski vê uma sombra de incerteza pairando sobre os ativos internacionais. Por mais que o momento seja positivo para as bolsas em grande parte do mundo, a normalização das políticas de juros e o fim dos estímulos fornecidos por governos e bancos centrais tende a embaralhar as cartas — o que exige uma boa dose de cautela.
"Estamos vivendo um mundo novo, é difícil prever como [as variáveis] vão se desenrolar", disse Jakurski ao podcast RadioCash; o fundador da JGP Asset Management foi entrevistado por Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, e Jojo Wachsmann, CIO da Vitreo. O programa especial foi parte do Investidor 3.0, evento promovido pela Empiricus para comemorar os 12 anos de fundação da casa de análise.
Para o gestor, a pandemia e a injeção de recursos nas economias globais desencadearam uma série de fenômenos bastante únicos. A demanda por bens no mundo explodiu, impulsionada ainda mais pela renda extra disponibilizada pelos governos e pela indisponibilidade de muitos serviços — o que, naturalmente, tem elevado as pressões inflacionárias.
Esse pano de fundo, no entanto, também é permeado pelos esforços mais intensos de transição energética e pelos problemas de ordem logística, com incapacidade de fornecimento de bens e matérias-primas para atender à demanda aquecida no mundo. Uma combinação inédita e que tende a mexer com os mercados de maneira imprevisível.
Estamos no início de uma recuperação cíclica por padrões históricos, mas já temos efeitos como se fosse final de ciclo.
André Jakurski, fundador e gestor da JGP Asset Management
Jakurski e a visão dos mercados
Apesar dessas incertezas, o gestor ressalta que, lá fora, ainda há fatores bastante positivos para os mercados, sobretudo as bolsas globais. O BC americano tem se mostrado mais tolerante à inflação e o processo de alta de juros por lá deve ser feito de maneira gradual e lenta; além disso, o plano fiscal do presidente Joe Biden deve continuar injetando recursos na economia ao longo dos próximos anos.
Leia Também
Tanto é que, em termos reais, os juros longos dos EUA estão negativos — condição que, por si só, aumenta a atratividade dos investimentos em bolsa no país. "As bolsas estão navegando as condições financeiras mais frouxas da história", avaliou Jakurski.
Veja os principais índices acionários americanos: S&P 500, Dow Jones e Nasdaq estão novamente nas máximas históricas. No entanto, o fundador da JGP destaca que essa bonança é superficial: por mais que esses índices estejam tranquilos, há uma intensa turbulência nos setores e empresas em específico.
O exemplo clássico é a rotação entre empresas de crescimento (growth) e de valor (value). Ações de companhias cujas teses de investimento foram beneficiadas com a pandemia e o lockdown, que dispararam num primeiro momento, acumulam perdas significativas nos últimos meses; por outro lado, papéis ligados à reabertura da economia e de setores específicos, como o de cibersegurança, têm avançado intensamente.
É um mercado de escolha de ações, e se as escolhas forem erradas, os prejuízos são enormes.
André Jakurski, fundador e gestor da JGP Asset Management
Dentro dessa lógica, o gestor se diz particularmente animado com o setor de energia nos EUA: com a reabertura da economia e o aumento no nível de consumo, Jakurski acredita que haverá uma escassez de energia fácil no mundo — e empresas mais avançadas na transição e em compensação de carbono, como a Shell e a Occidental Petroleum, estão entre suas preferências.
E o Brasil?
Em relação ao mercado brasileiro, Jakurski se mostra receoso, apontando o menor nível de poupança e de investimento, além da alta tributação, como fatores que colocam o país numa condição menos favorável em relação ao exterior. A decisão do BC de baixar a Selic até 2% ao ano foi criticada pelo gestor à época — e, agora, a forte alta nos juros tem um efeito destrutivo para as empresas.
"O que tem de negativo nos países centrais está agravado aqui", disse ele. "A inflação alta vai continuar, acho que o crescimento brasileiro potencial é medíocre".
No lado fiscal, ele se diz preocupado com as perspectivas de médio prazo: por mais que o furo do teto de gastos em si não envolva cifras tão volumosas, o ato de se viabilizar esse estouro pode representar um precedente bastante maléfico para a dinâmica das contas públicas — afinal, quem dribla o teto uma vez, pode fazê-lo novamente no futuro.
Mas, apesar das dificuldades, ele também ressalta que há alguns papéis e setores da bolsa que caíram muito. Entre as oportunidades, ele aponta o setor financeiro e os grandes bancos, que tradicionalmente conseguem entregar resultados sólidos, independente do ambiente econômico. "Itaú ou Bradesco me parecem bons lugares para estar estacionado".
Veja abaixo a íntegra da participação de André Jakurski no Investidor 3.0
Ibovespa em 150 mil: os gatilhos para o principal índice da bolsa brasileira chegar a essa marca, segundo a XP
A corretora começa o segundo semestre com novos nomes em carteira; confira quem entrou e as maiores exposições
Ibovespa fecha primeiro semestre de 2025 com extremos: ações de educação e consumo sobem, saúde e energia caem
Entre os destaques positivos estão a Cogna (COGN3), o Assaí (ASAI3) e a Yduqs (YDUQ3); Já na outra ponta estão RaiaDrogasil (RADL3), PetroRecôncavo (BRAV3) e São Martinho (SMTO3)
XP Log (XPLG11) vai às compras e adiciona oito ativos logísticos na carteira por até R$ 1,54 bilhão; FIIs envolvidos disparam na B3
Após a operação, o XPLG11 passará a ter R$ 8 bilhões em ativos logísticos e industriais no Brasil
É hoje! Onde Investir no Segundo Semestre traz a visão de grandes nomes do mercado para a bolsa, dólar, dividendos e bitcoin; veja como participar
Organizado pelo Seu Dinheiro, o evento totalmente online e gratuito, traz grandes nomes do mercado para falar de ações, criptomoedas, FIIs, renda fixa, investimentos no exterior e outros temas que mexem com o seu bolso
“Não é liderança só pela liderança”: Rodrigo Abbud, sócio do Patria Investimentos, conta como a gestora atingiu R$ 28 bilhões em FIIs — e o que está no radar a partir de agora
Com uma estratégia de expansão traçada ainda em 2021, a gestora voltou a chamar a atenção do mercado ao adicionar a Genial Investimentos e a Vectis Gestão no portfólio
Nada de ouro ou renda fixa: Ibovespa foi o melhor investimento do primeiro semestre; confira os outros que completam o pódio
Os primeiros seis meses do ano foram marcados pelo retorno dos estrangeiros à bolsa brasileira — movimento que levou o Ibovespa a se valorizar 15,44% no período
Bolsas nas máximas e dólar na mínima: Ibovespa consegue romper os 139 mil pontos e S&P 500 renova recorde
A esperança de que novos acordos comerciais com os EUA sejam fechados nos próximos dias ajudou a impulsionar os ganhos na última sessão do mês de junho e do semestre
É possível investir nas ações do Banco do Brasil (BBAS3) sem correr tanto risco de perdas estrondosas, diz CIO da Empiricus
Apesar das recomendações de cautela, muitos investidores se veem tentados a investir nas ações BBAS3 — e o especialista explica uma forma de capturar o potencial de alta das ações com menos riscos
Reviravolta na bolsa? S&P 500 e Nasdaq batem recorde patrocinado pela China, mas Ibovespa não pega carona; dólar cai a R$ 5,4829
O governo dos EUA indicou que fechou acordos com a China e outros países — um sinal de que a guerra comercial de Trump pode estar chegando ao fim. Por aqui, as preocupações fiscais ditaram o ritmo das negociações.
Nubank (ROXO34) reconquista o otimismo do BTG Pactual, mas analistas alertam: não há almoço grátis
Após um período de incertezas, BTG Pactual vê sinais de recuperação no Nubank. O que isso significa para as ações do banco digital?
FII Guardian Real Estate (GARE11) negocia venda de 10 lojas por mais de R$ 460 milhões; veja quanto os cotistas ganham se a operação sair do papel
Todos os imóveis estão ocupados atualmente e são locados por grandes varejistas: o Grupo Mateus e o Grupo Pão de Açúcar
ETFs ganham força com a busca por diversificação em mercados desafiadores como a China
A avaliação foi feita por Brendan Ahern, CIO da Krane Funds Advisors, durante o Global Managers Conference 2025, promovido pelo BTG Pactual Asset Management
Pátria Escritórios (HGRE11) na carteira: BTG Pactual vê ainda mais dividendos no radar do FII
Não são apenas os dividendos do fundo imobiliários que vêm chamando a atenção do banco; entenda a tese positiva
Fim da era do “dinheiro livre”: em quais ações os grandes gestores estão colocando as fichas agora?
Com a virada da economia global e juros nas alturas, a diversificação de investimentos ganha destaque. Saiba onde os grandes investidores estão alocando recursos atualmente
Excepcionalismo da bolsa brasileira? Não é o que pensa André Esteves. Por que o Brasil entrou no radar dos gringos e o que esperar agora
Para o sócio do BTG Pactual, a chave do sucesso do mercado brasileiro está no crescente apetite dos investidores estrangeiros por mercados além dos EUA
Bolsa em alta: investidor renova apetite por risco, S&P 500 beira recorde e Ibovespa acompanha
Aposta em cortes de juros, avanço das ações de tecnologia e otimismo global impulsionaram Wall Street; no Brasil, Vale, Brasília e IPCA-15 ajudaram a B3
Ibovespa calibrado: BlackRock lançará dois ETFs para investir em ações brasileiras de um jeito novo
Fundos EWBZ11 e CAPE11 serão listados no dia 30 de junho e fazem parte da estratégia da gestora global para conquistar mais espaço nas carteiras domésticas
Todo mundo quer comprar Bradesco: Safra eleva recomendação para ações BBDC4 e elege novos favoritos entre os bancões
Segundo o Safra, a mudança de preferência no setor bancário reflete a busca por “jogadores” com potencial para surpreender de forma positiva
Apetite do TRXF11 não tem fim: FII compra imóvel ocupado pelo Assaí após adicionar 13 novos ativos na carteira
Segundo a gestora, o ativo está alinhado à estratégia do fundo de investir em imóveis bem localizados e que beneficia os cotistas
Até os gringos estão com medo de investir no Banco do Brasil (BBAS3) agora. Quais as novas apostas dos EUA entre os bancos brasileiros?
Com o Banco do Brasil em baixa entre os investidores estrangeiros, saiba em quais ações de bancos brasileiros os investidores dos EUA estão apostando agora