🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

O bull market que não aconteceu

No último trimestre de 1973, o preço do barril subiu de três para 22 dólares, uma alta de mais de 600%. Infelizmente, para os especuladores, naquela época não havia mercado futuro de petróleo e derivados. Fosse esse o caso, teria acontecido um dos maiores bull markets da história

1 de julho de 2019
11:15
Imagem: Shutterstock

“Às 2h da tarde do sábado, 6 de outubro (de 1973), dia do Yom Kippur, o barulho estridente de 200 jatos egípcios se fez ouvir sobre o canal de Suez e a península do Sinai.
   
Em cumprimento de suas missões, os pilotos atacaram as guarnições israelenses na margem oriental do canal. No mesmo momento, a artilharia egípcia abriu fogo contra as posições inimigas. Em sincronia com seus aliados, aviões sírios atacaram Israel pelo norte, seu ataque reforçado por 500 peças de artilharia.
   
Iniciara-se a Guerra do Yom Kippur, a quarta entre árabes e israelenses, cujas consequências o Ocidente amargaria por sete longos anos.”

 Os parágrafos acima são os três últimos da página 208 de meu livro Os mercadores da noite, edição da Inversa, que por sinal está relançando-a agora.

A guerra do Yom Kippur durou apenas 19 dias, entre 6 e 25 de outubro de 1973. No início, quase foi vencida pelos árabes (Egito e Síria). Mais tarde, as forças de Israel, com ajuda bélica dos Estados Unidos, encurralaram os egípcios no Sinai e chegaram até as proximidades de Damasco.

Para pôr fim ao conflito, americanos e soviéticos, nas pessoas de Henry Kissinger e Leonid Brejnev, ordenaram um cessar-fogo. Como manda quem pode, e obedece quem tem juízo, a guerra do Yom Kippur acabou. Mas suas consequências para a economia mundial só estavam começando.

Veio o embargo do petróleo, liderado pela Arábia Saudita. No último trimestre de 1973, o preço do barril subiu de três para 22 dólares, uma alta de mais de 600%.

O impacto sobre a economia mundial foi gigantesco, com tremendo reflexo nos preços de diversas commodities.

Leia Também

Infelizmente, para os especuladores, naquela época não havia mercado futuro de petróleo e derivados. Fosse esse o caso, teria acontecido um dos maiores bull markets da história.

O bull market que não aconteceu

Só para efeito de comparação, imaginemos o índice Ibovespa, num prazo de apenas 90 dias, subindo de 100.000 para 733.000; o ouro, de US$ 1.400 para US$ 10.250 e o dólar contra o real de R$ 3,83 para R$ 28,00.

É por esse motivo que digo que o grande bull market de futuros (que teria sido o do petróleo no final de 1973) não aconteceu.

Só quase dez anos após a guerra do Yom Kippur, mais precisamente em 30 de março de 1983, surgiu o mercado futuro de petróleo na Nymex (New York Mercantile Exchange).

O primeiro preço do óleo cru tipo WTI (Western Texas Intermediate) foi de US$ 76,62, quase 20 dólares acima das cotações de hoje (os valores estão ajustados pela inflação americana no período). Fez uma mínima a US$ 17,53, em novembro de 1998, durante um período de superprodução, e uma máxima a US$ 163,80, em junho de 2008, no auge das compras chinesas.

Por ocasião dos dois choques do petróleo (1973 e 1980), era voz corrente entretraders e analistas que as reservas petrolíferas mundiais iriam se esgotar em meados do século 21.

Aconteceu exatamente o contrário. Além de novas e grandes jazidas terem sido descobertas, as indústrias automotiva e aeronáutica passaram a fabricar carros e aviões mais econômicos.

Como se não bastasse, fontes energéticas alternativas foram desenvolvidas. Entre elas, a eólica (dos ventos), solar e a de combustíveis biodegradáveis.

O petróleo tornou-se uma commodity como outra qualquer, influenciada pela oferta e procura. No momento, o preço do barril está em ligeira alta por causa da forte queda na produção do Irã, da Venezuela (detentora das maiores reservas mundiais provadas) e da Líbia.

Os iranianos sofrem sanções econômicas devido ao desenvolvimento de seu programa nuclear (em compasso de espera). Na Venezuela, o maquinário de prospecção e extração está sucateado. Finalmente, a Líbia vive uma guerra civil.

Estivessem os três produtores acima produzindo a plena capacidade, não me espantaria se o barril fosse cotado a menos de vinte dólares.

Atualmente...

Atualmente, o presidente Donald Trump anda insinuando medidas militares contra os iranianos. Em resposta, estes últimos ameaçam fechar o estreito de Ormuz, que une os golfos Pérsico e de Oman. Por ali, passa um terço do petróleo produzido em todo o mundo.

Se alguma escaramuça ocorrer entre os Estados Unidos e o Irã, o máximo que poderá acontecer nos preços futuros da Nymex é um squeeze (aperto momentâneo).

Nesse caso, o mercado trabalhará em forte backwardation (futuros longos cotados muito abaixo dos curtos). Isso impedirá que empresas como a Petrobras, por exemplo, possam fazer hedges altamente compensadores.

Caso haja um bull market sustentado do petróleo, será por causa de um aumento do consumo na China. Isso se a demanda chinesa não for compensada pela normalização das produções venezuelanas, iranianas e líbias.

No início dos anos 1980, antes de começar a operar em quase todas as bolsas internacionais de futuros, commodities e derivativos em geral, eu iniciei pelo mercado de ouro, tanto na Comex (NY) como na Bolsinha (Bolsa de Mercadorias do Estado de São Paulo).

Naquela época eu era trader de uma fundidora brasileira de ouro (Cioci). Seu dono, Eli Saul Saltoun, tinha um grande sonho: o de que um dia o estreito de Ormuz fosse fechado.

Quase todo o petróleo do mundo passava por lá.

As cotações poderiam ter subido para níveis inimagináveis, puxando a onça do ouro em seu vácuo.

Agora, num horizonte previsível de tempo, esse bull market, que não aconteceu na década de 1970 devido à ausência de mercados futuros, não ocorrerá em razão do excesso de produtores e de fontes energéticas alternativas.

Mas, quem sabe, haverá um longo bear market provocado por guerra de preços.

Para um especulador, tanto faz se o mercado sobe ou desce.

O importante é estar no lado certo.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
FREIO EM PETR4

Dividendos extraordinários estão fora do horizonte da Petrobras (PETR4) com resultados de 2025, diz Bradesco BBI

24 de abril de 2025 - 18:31

Preço-alvo da ação da petroleira foi reduzido nas estimativas do banco, mas recomendação de compra foi mantida

Conteúdo Empiricus

PETR4, PRIO3, BRAV3 ou RECV3? Analista recomenda duas petroleiras que podem ‘se virar bem’ mesmo com o petróleo em baixa

17 de abril de 2025 - 15:00

Apesar da queda do petróleo desde o “tarifaço” de Trump, duas petroleiras ainda se mostram bons investimentos na B3, segundo analista

SOB PRESSÃO

Combustível mais barato: Petrobras (PETR4) vai baixar o preço do diesel para distribuidoras após negar rumores de mudança

17 de abril de 2025 - 13:38

A presidente da estatal afirmou na semana passada que nenhuma alteração seria realizada enquanto o cenário internacional estivesse turbulento em meio à guerra comercial de Trump

DESTAQUES DA BOLSA

Ações da Brava Energia (BRAV3) sobem forte e lideram altas do Ibovespa — desta vez, o petróleo não é o único “culpado”

16 de abril de 2025 - 12:40

O desempenho forte acontece em uma sessão positiva para o setor de petróleo, mas a valorização da commodity no exterior não é o principal catalisador das ações BRAV3 hoje

AOS NÚMEROS

Guerra comercial: 5 gráficos que mostram como Trump virou os mercados de cabeça para baixo

13 de abril de 2025 - 15:50

Veja os gráficos que mostram o que aconteceu com dólar, petróleo, Ibovespa, Treasuries e mais diante da guerra comercial de Trump

DIAS DE LUTA

Vítima da guerra comercial, ações da Braskem (BRKM5) são rebaixadas para venda pelo BB Investimentos

11 de abril de 2025 - 18:08

Nova recomendação reflete o temor de sobreoferta de commodities petroquímicas no cenário de troca de farpas entre Estados Unidos e o restante do mundo

É… DE NOVO MESMO

Petroleiras em pânico mais uma vez: petróleo volta a cair e a arrasta Brava (BRAV3), Petrobras (PETR4) e companhia 

10 de abril de 2025 - 15:11

A euforia da véspera já era. Com tarifas contra China elevadas a 145%, temor de recessão ainda está aqui

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Dia de ressaca na bolsa: Depois do rali com o recuo de Trump, Wall Street e Ibovespa se preparam para a inflação nos EUA

10 de abril de 2025 - 8:12

Passo atrás de Trump na guerra comercial animou os mercados na quarta-feira, mas investidores já começam a colocar os pés no chão

FACA DE DOIS GUMES

Países do Golfo Pérsico têm vantagens para lidar com o tarifaço de Trump — mas cotação do petróleo em queda pode ser uma pedra no caminho

9 de abril de 2025 - 13:07

As relações calorosas com Trump não protegeram os países da região de entrar na mira do tarifaço, mas, em conjunto com o petróleo, fortalecem possíveis negociações

PETRÓLEO NO VERMELHO

Brava Energia (BRAV3) e petroleiras tombam em bloco na B3, mas analistas veem duas ações atraentes para investir agora

9 de abril de 2025 - 12:22

O empurrão nas ações de petroleiras segue o agravamento da guerra comercial mundial, com retaliações da China e Europa às tarifas de Donald Trump

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed

9 de abril de 2025 - 8:45

Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China

PITACO

Não foi só a queda do preço do petróleo que fez a Petrobras (PETR4) tombar ontem na bolsa; saiba o que mais pode ter contribuído

8 de abril de 2025 - 10:39

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, teria pedido à estatal para rever novamente o preço do diesel, segundo notícias que circularam nesta segunda-feira (7)

PETRÓLEO NO RADAR

Petrobras (PETR4) avança em processo para tirar ‘novo pré-sal’ do papel

6 de abril de 2025 - 14:42

Petrobras recebeu permissão para operar a Unidade de Atendimento e Reabilitação de Fauna. O centro é uma exigência do Ibama para liberar a busca de petróleo no litoral do Amapá

BALANÇO DA SEMANA

Ibovespa acumula queda de mais de 3% em meio à guerra comercial de Trump; veja as ações que escaparam da derrocada da bolsa

5 de abril de 2025 - 14:46

A agenda esvaziada abriu espaço para o Ibovespa acompanhar o declínio dos ativos internacionais, mas teve quem conseguiu escapar

QUEDA GENERALIZADA NO IBOVESPA

O pior dia é sempre o próximo? Petroleiras caem em bloco (de novo) — Brava (BRAV3) desaba 12%

4 de abril de 2025 - 13:41

As ações das petroleiras enfrentam mais um dia de queda forte no Ibovespa, com resposta da China às medidas tarifárias de Trump e anúncio da Opep+

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell

4 de abril de 2025 - 8:16

Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem

EM DIA DE SANGRIA

Brava (BRAV3) despenca 10% em meio à guerra comercial de Trump e Goldman Sachs rebaixa as ações — mas não é a única a perder o brilho na visão do bancão

3 de abril de 2025 - 14:46

Ações das petroleiras caem em bloco nesta quinta-feira (3) com impacto do tarifaço de Donald Trump. Goldman Sachs também muda recomendação de outra empresa do segmento e indica que é hora de proteção

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Em busca de proteção: Ibovespa tenta aproveitar melhora das bolsas internacionais na véspera do ‘Dia D’ de Donald Trump

1 de abril de 2025 - 8:13

Depois de terminar março entre os melhores investimentos do mês, Ibovespa se prepara para nova rodada da guerra comercial de Trump

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Drill, deal or die: o novo xadrez do petróleo sob o fogo cruzado das guerras e das tarifas de Trump

1 de abril de 2025 - 6:41

Promessa de Trump de detalhar um tarifaço a partir de amanhã ameaça bagunçar de vez o tabuleiro global

CLASSE MÉDIA NA MIRA

Nova faixa do Minha Casa Minha Vida deve impulsionar construtoras no curto prazo — mas duas ações vão brilhar mais com o programa, diz Itaú BBA

27 de março de 2025 - 16:33

Apesar da faixa 4 trazer benefícios para as construtoras no curto prazo, o Itaú BBA também vê incertezas no horizonte

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar