Os ativos financeiros globais iniciam a semana sob o inesperado peso da volatilidade depois dos ataques perpetrados no fim de semana por rebeldes iemenitas contra instalações sauditas de petróleo.
Bombardeios aparentemente realizados com mísseis e a ajuda de drones resultaram na paralisação de metade da produção de petróleo da Arábia Saudita, retirando de circulação mais de 5% da produção mundial da commodity. Como resultado, os contratos futuros de petróleo iniciaram a semana com altas superiores a 10%.
Rebeldes iemenitas reivindicaram a autoria dos ataques de sábado e funcionários do governo dos Estados Unidos, aliados dos sauditas, apressaram-se em responsabilizar o Irã em vista do alinhamento da insurgência houthi com Teerã.
Os norte-americanos, no entanto, não apresentaram até o momento provas para sustentar suas alegações. Já o governo iraniano nega qualquer vínculo com as explosões, apesar de sua conhecida proximidade com os rebeldes.
Mudanças no tabuleiro do Oriente Médio?
As reivindicações, acusações e negativas parecem seguir um roteiro pré-definido enquanto a volatilidade no Oriente Médio só faz crescer. Com o apoio dos Estados Unidos, a Arábia Saudita vinha bombardeando há anos alvos rebeldes no Iêmen sem sofrer reações dignas de nota.
O ataque rebelde do fim de semana, além de demonstrar capacidade de resposta estratégica e a vulnerabilidade das instalações sauditas de petróleo, tem o potencial de resultar em uma virada de jogo no tabuleiro do Oriente Médio no caso de ir além de uma reação pontual, elevando temores em relação a uma escalada no conflito.
O governo saudita afirma que “em breve” um terço da produção afetada estará normalizada. Por sua vez, especialistas advertem que o restabelecimento da produção saudita deve ocorrer somente dentro de algumas semanas.
Ainda assim, os bombardeios trazem à tona uma volatilidade inesperada em uma semana que tenderia a avançar em compasso de espera até a tarde de quarta-feira, quando o Federal Reserve Bank dos Estados Unidos anunciará sua decisão de política monetária.
Analistas advertem que a alta do petróleo provocada pelos ataques tem o potencial de sinalizar aumento das pressões inflacionárias e disseminar aversão generalizada ao risco, contendo o momento de juros baixos nos Estados Unidos, estabelecendo um limite aos mercados de ações e fortalecendo o dólar contra as demais moedas.
Não bastasse a tensão geopolítica, os dados chineses de produção industrial e vendas no varejo referentes a agosto registraram desaceleração e vieram abaixo da expectativa dos analistas. Como resultado, as principais bolsas de valores asiáticas fecharam hoje em baixa. Já os mercados de ações europeus abriram em queda generalizada.
Com isso, os ativos financeiros locais devem abrir a semana sob intensa pressão dos eventos externos, com os investidores de olho nos sinais da pesquisa Focus sobre as expectativas econômicas dos agentes do mercado financeiro e do IGP-10 da Fundação Getúlio Vargas.