Manifestações de domingo: Várias versões para o mesmo fato
Tivemos uma demonstração de que parcela significativa da população está disposta a sair de casa para cobrar a classe política. Resposta virá na semana, pela postura do Congresso

Mais importante que o fato são as versões do fato. O fato é que tivemos massivas manifestações favoráveis ao presidente, à reforma da Previdência e contrárias ao que podemos chamar de “velha política”. Agora, veremos um desfile de versões e possíveis consequências práticas geradas por esse fato.
Começando pelo mercado, não me parece relevante se a manifestação de ontem foi maior ou menor que os protestos do dia 15. O que está em jogo não é nem mais a aprovação da reforma da Previdência, mas sim qual será a potência da reforma.
Alguma pista pode vir nesta semana, já que acaba o período de emendas ao texto da Comissão Especial e o relator, Samuel Moreira (PSDB-SP) deve ter algum desenho sobre seu relatório a ser apresentado até o dia 15 de junho.
No lado da política, no entanto, o quadro é mais complexo e não dá para “cravar” o que pode acontecer. Temos a demonstração de que parcela significativa da população está disposta a sair de casa para cobrar a classe política.
Quem capitaliza é o próprio presidente Jair Bolsonaro, que apesar de ser político de carreira, foi o candidato que melhor soube captar esse “barulho” das ruas contra a própria política, que foi completamente e corretamente estigmatizada pelo “toma lá, dá cá” e pela busca do poder em benefício próprio, totalmente divorciada do que seriam os anseios populares.
Acredito que o Brasil caminha cada vez mais para o amadurecimento de sua democracia, com representantes sensíveis aos anseios da sociedade. O caráter pacífico dos atos de hoje traduz a esperança e a confiança do povo no compromisso que nós políticos temos com o futuro do país.
Leia Também
MUDANÇA NA CORTEBarroso anuncia aposentadoria e vai deixar cargo de ministro do STF
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 26, 2019
O risco aqui é esse movimento popular levar a algum novo episódio de tensionamento na relação do Executivo com o Congresso, já que Bolsonaro representa essa “não política” no imaginário popular.
Já vimos diversos episódios desses ao longo do ano, sendo o mais recente deles há duas semanas. Nesses episódios temos Bolsonaro em posição antagônica à de Rodrigo Maia, que aliás foi alvo da insatisfação popular.
Nesses momentos de tensionamento, assistimos a trocas de caneladas, com repercussão nos mercados. Mas depois o presidente e Maia fazem gestos de aproximação e a temperatura abaixa, embora nas franjas sigamos vendo reclamações de deputados e de membros do governo.
Podemos continuar vendo esses eventos como um natural choque de acomodação até que se chegue a um bom termo entre uma relação construtiva entre Executivo e Legislativo que contemple a lógica da política, que é o poder, sem necessariamente desaguar em negociações espúrias, “toma lá, dá cá” e outros vetores pouco republicanos.
No Congresso
Algum aceno sobre esse risco de tensionamento nas relações pode vir ao longo da semana, já que teremos pautas relevantes em discussão no Congresso.
No Senado, tem de ser apreciada a medida provisória 870, que faz a reorganização administrativa e tirou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) de Sergio Moro. Bolsonaro já pediu para os senadores, notadamente os do seu partido, respeitarem as alterações e aprovar o texto como está.
Festa da democracia. Povo manifestando-se em apoio ao Pr Bolsonaro, Nova Previdência e ao Pacote anticrime. Sem pautas autoritárias. Povo na rua é democracia. Com povo e Congresso, avançaremos. Gratidão. #Brasil.
— Sergio Moro (@SF_Moro) May 26, 2019
Também devemos ter a discussão sobre a MP que trata do saneamento básico e de outra medida que busca coibir fraudes no sistema previdenciário.
Tudo isso pode virar cavalo de batalha política a depender de qual versão do fato vier a ganhar mais força dentro do Congresso.
Os parlamentares podem ficar melindrados por serem alvo de manifestações ou tentar manter ou reafirmar a postura pragmática de ter um Congresso cada vez mais independe do Executivo.
Um amigo com vivência na Câmara, me falou que o Congresso deve "tocar a bola de lado" ao longo da semana, até para não passar a mensagem de que pressão das ruas fazem a Casa "tremer". Por outro lado, se a ideia é mostrar independência e foco em pautas importantes para o país, nada deveria mudar, mas seria esperar demais da política.
Max Weber afirma que aquele que procura a salvação das almas, sua e do próximo, não deve procurá-la nas avenidas da política. Por aqui, parece não haver alternativa.
Imposto de renda sobre CDB, Tesouro Direto, JCP e fundos ficará em 18% após avaliação por comissão do Congresso Nacional
Medida provisória 1.303/25 é aprovada por comissão mista do Congresso e agora segue para ser votada nos plenários da Câmara e do Senado
Lula e Trump finalmente se falam: troca de afagos, pedidos e a promessa de um encontro; entenda o que está em jogo
Telefonema de 30 minutos nesta segunda-feira (6) é o primeiro contato direto entre os líderes depois do tarifaço e aumenta expectativa sobre negociações
Lula e Trump: a “química excelente” que pode mudar a relação entre o Brasil e os EUA
Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia do Ibmec, analisa os efeitos políticos e econômicos de um possível encontro entre os dois presidentes
Com Tarcísio de Freitas cotado para a corrida presidencial, uma outra figura surge na disputa pelo governo de SP
Cenário nacional dificulta a nomeação de candidatos para as eleições de 2026, com impasse de Bolsonaro ainda no radar
Comissão do Senado se antecipa e aprova projeto de isenção de IR até R$ 5 mil; texto agora depende dos deputados
Proposta de isenção de IR aprovada não é a do governo Lula, mas também cria imposto mínimo para altas rendas, programa de renegociação de dívidas e prevê compensação a estados e municípios
Senado vota regulamentação dos novos impostos sobre consumo, IBS e CBS, nesta quarta-feira (24)
Proposta define regras para o novo comitê gestor do IBS e da CBS, tributos que vão substituir impostos atuais a partir de 2027
O que Lula vai dizer na ONU? Soberania e um recado sutil a Trump estão no radar
A expectativa é que o discurso seja calibrado para o público global, evitando foco excessivo em disputas políticas internas
Câncer de Bolsonaro: o que é o carcinoma de pele encontrado em duas lesões removidas
Ex-presidente recebeu alta após internação por queda de pressão, vômitos e tontura; quadro exige acompanhamento médico periódico
LCI e LCA correm o risco de terem rendimentos tributados, mas debêntures incentivadas sairão ilesas após negociações no Congresso
Relator da MP que muda a tributação dos investimentos diz que ainda está em fase de negociação com líderes partidários
“Careca do INSS”: quem é o empresário preso pela PF por esquema que desviou bilhões
Empresário é apontado como “epicentro” de fraudes que desviaram bilhões de aposentadorias
STF condena Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão; saiba quais opções restam ao ex-presidente
Placar final foi 4 a 1 para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado
Aprovação de Lula sobe para 33% e chega ao maior nível desde dezembro de 2024, diz Datafolha
O índice de reprovação do petista ainda é um dos maiores entre presidentes desde a redemocratização a esta altura do mandato, mas, na comparação direta, Bolsonaro sai perdendo
Debêntures incentivadas devem continuar isentas de IR, mas LCI e LCA seguem na mira da MP que muda a tributação dos investimentos, diz jornal
Texto deve manter mudanças na alíquota única de IR para ativos tributáveis e na compensação de créditos tributários, pontos que despertam preocupação no mercado
Governo Trump sobe o tom contra o Brasil, e Itamaraty condena ameaças dos EUA de usar “poder militar”
O documento do Itamaraty foi publicado após a porta-voz da Casa Branca ser questionada sobre a possibilidade de novas sanções ao Brasil por conta do julgamento de Jair Bolsonaro
Bolsonaro era líder de organização criminosa que tentou golpe de Estado, diz Moraes — Dino acompanha o relator e vota por condenação
Ministros destacaram provas de uma trama articulada desde 2021 e pediram condenação dos sete réus. Dino, entretanto, vê diferentes níveis de culpa
O julgamento de Bolsonaro e o xadrez eleitoral com Lula e Tarcísio: qual é o futuro do Brasil?
O cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, analisa o impacto da condenação de Jair Bolsonaro, a estratégia de Tarcísio de Freitas e as dificuldades de Lula em chegar com força para as eleições de 2026
Pedimos para a inteligência artificial da Meta produzir imagens de Lula, Trump, Bolsonaro, Alexandre de Moraes e outros — e o resultado vai te surpreender (ou não)
A inteligência artificial da Meta entregou resultados corretos em apenas duas das seis consultas feitas pela redação do Seu Dinheiro
STF encerra primeira semana do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados; confira os principais pontos do segundo dia
A sessão será retomada na próxima terça-feira (9), às 9 horas, com o voto do relator e ministro do STF, Alexandre de Moraes
A suspeita de rombo nos cofres que levou ao afastamento do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, pelo STJ
Investigado na Operação Fames-19, Barbosa é suspeito de participar de um esquema de R$ 73 milhões em contratos emergenciais durante a pandemia
Filho de ourives e clientes como Neymar, Vini Jr e Ludmilla: quem é TH Joias, deputado preso por suspeita de negociar armas com o Comando Vermelho
Investigado por suposta ligação com o Comando Vermelho, o parlamentar conhecido como TH Joias já havia sido preso em 2017 por acusações semelhantes