🔴 [EVENTO GRATUITO] MACRO SUMMIT 2024 – FAÇA A SUA INSCRIÇÃO

Cotações por TradingView

US$ 5 milhões pelo ralo e um velho esbanjador arrependido

Cada vez tenho mais convicção de que os cidadãos brasileiros não poderão contar com o governo. A tendência das aposentadorias é convergir para o salário mínimo e o valor deste encolher. Eu mesmo cometi o erro de pensar apenas no presente.

6 de maio de 2019
12:28
O avião Cessna 180 nos ares
O avião Cessna 180 - Imagem: Shutterstock

Nos últimos artigos que escrevi, tenho batido na tecla da necessidade de poupança. E hoje mesmo vou falar um pouco mais sobre o assunto, sem esgotá-lo, tal sua importância. Cada vez tenho mais convicção de que os cidadãos brasileiros não poderão contar com o governo. A tendência das aposentadorias é convergir para o salário mínimo e o valor deste encolher.

Cito como exemplo minha própria pessoa e a propensão que sempre tive em gastar dinheiro em coisas supérfluas toda vez que meu orçamento ficou folgado. Só após abril de 1995, quando larguei a linha de frente do mercado para viver das letras, é que me tornei mais pão-duro, ou menos esbanjador. Mesmo assim, tive várias recaídas.

Se, desde os 17 anos de idade, quando comecei a trabalhar, tivesse pagado um dízimo à minha velhice, e aplicado em um ativo mais do que seguro (letras do Tesouro – Treasury Bills – dos Estados Unidos, por exemplo), teria hoje facilmente uns cinco milhões de dólares guardados, e essa conta continuaria aumentando a cada mês.

Mas comecemos pelo começo:

Quando, aos 18 anos, eu operava câmbio em Belo Horizonte, o dinheiro chovia em minha conta corrente de pós-adolescente. Pois bem, entre 1958 e 1965, eis para onde ia a grana:

Embora morasse em BH, todos os domingos ia e voltava ao Rio, para ver o Fluminense jogar, ora em minha Berlineta Interlagos, ora em meu Renault 1093, ambos carros de corrida.

Se o torneio era o Rio-São Paulo, e o jogo na capital paulista, eu pegava um avião. Decolava do aeroporto da Pampulha, geralmente num turboélice Viscount da Vasp, descia em Congonhas, assistia à partida e regressava no primeiro voo disponível.

Me encantei com um monomotor Cessna 180, prefixo PP-ATD (Alfa Tango Delta), que entrou para a minha frota.

Nesse período em BH, fiz uma viagem a Montevidéu, Buenos Aires e Bariloche, além de ter assistido à Copa do Mundo de 1962, no Chile. Isso numa época em que passagens aéreas internacionais eram caras pra burro (o governo subvencionava os voos domésticos).

Felizmente nunca me interessei por roupas de grife, relógios Rolex, canetas Mont Blanc e outras frescuras (em meu juízo, é claro). Mas se a grana desse para comprar uma Ferrari, pode o caro amigo leitor apostar que eu teria tido uma.

Pois bem, entre 1965 e 1967, recém-casado pela primeira vez, morei nos Estados Unidos, onde estudei na New York University. Lá tive um padrão de vida um pouco melhor do que meus colegas da NYU; trabalhava nos fins de semana buscando e entregando carros na Costa Leste para a Hertz e para a Avis, além de dispor da grana da venda do Cessna.

Mais salário, mais gastos

De volta ao Brasil, já tendo nascido meu primeiro filho, tive um orçamento sem maiores folgas. Isso até ver meu salário decuplicado da noite para o dia, passando de 10 para 100 salários mínimos.

Jamais conseguiria gastar tanto dinheiro. Aprendi em menos de três meses.

Agora eu assistia a todos os jogos do Fluminense. Podia ser uma partida numa quarta-feira à noite, no estádio da Fonte Nova, na Bahia, ou um amistoso em Huelva, na Espanha, num domingo à tarde, saindo do Galeão na sexta-feira (primeira classe da Varig) e regressando em seguida para o Brasil. Sem contar extravagâncias como ir a Sarajevo, na atual Bósnia (antiga Iugoslávia), apenas para ver uma única partida.

No apartamento que comprei em Ipanema, com vista para o mar, certa ocasião aluguei um Fusca (meus dois outros carros e minha moto estavam na oficina) e o esqueci na garagem durante três meses.

Quando fui interpelado pelo síndico (só tinha vaga para dois automóveis) é que me lembrei do Fusquinha e fui devolvê-lo. Foi um sufoco para convencer o dono da locadora a pagar somente a metade, já que rodara nesse tempo menos de quinze quilômetros.

Se estivesse em um aeroporto com a família, e o avião atrasava muito, mais do que depressa eu alugava um jatinho da Líder.

Praticava esporte. Mais precisamente autobol, que é futebol de automóveis. Tinha de comprar um carro por semana (geralmente táxis velhos Gordini e Volks 1300 4 portas).

Certa ocasião, o Castro (dono da oficina que consertava e pintava os carros com as cores dos times) me disse que meu adversário, o América (eu jogava pelo Fluminense), estava devendo um dinheirão (digamos, uns 25 mil reais em valores de hoje) e não podia liberar os carros para o jogo.

Não pensei duas vezes. Quitei a dívida do oponente e a partida pôde ser realizada.

Um dos caras mais ricos do mercado, amigo meu até hoje, que jogava autobol pelo Botafogo, me deu uma bronca.

“Você gasta dinheiro demais, Ivan. Um dia, vai se arrepender.”

Vindo de quem vinha, o conselho era para assustar. Mas não assustou.

Foi nessa ocasião que comecei a acompanhar corridas de Formula 1 ao redor do mundo, sempre me hospedando numa das melhores suítes do melhor hotel (justamente num fim de semana onde os preços subiam vertiginosamente, por causa da competição).

Quando me mudei de armas e bagagens para os mercados futuros de Chicago e Nova York, havia meses no qual as contas fechavam no vermelho (eu especulava adoidado para mim mesmo). Em outros, ganhava uma nota preta, como, por exemplo, quando acertei o bull market da soja em Chicago (1988).

Mesmo nessas ocasiões mais radiantes, eu não economizava um dólar sequer. Reaplicava tudo em calls, puts, futuros, shorts, spreads e seja lá o que fosse que o cardápio do mercado oferecesse.

Só em 1995, quando me tornei escritor, com todas as limitações financeiras da profissão, tomei vergonha na cara. Não só diminuí os gastos pessoais como passei a economizar.

Em 2008, ao vender, por 200 mil dólares, os direitos de filmagem de Os mercadores da noite, economizei três quartos desse dinheiro, sendo o restante gasto no casamento de minha filha, despesa essa da qual não me arrependo nem um pouco.

Recaída do Ivan gastador

Agora, os direitos autorais estão dando uma folga e estou tendo uma recaída.

Não só passei o Carnaval num resort de luxo, como fiz questão da melhor suíte, que dispunha de uma banheira de hidromassagem, na qual não entrei com medo de não ter forças nem jeito de conseguir sair lá de dentro.

No próximo dia 17, irei passar um fim de semana no interior de São Paulo. Meu voo decola às 09:15 da manhã de uma sexta-feira do Santos Dumont.

Poderia sair daqui de casa numa boa. Mas preferi dormir no melhor hotel do aeroporto. Não num quarto qualquer (diária: 299 reais), mas na Suíte Superior Executiva (com terraço e vista para o mar: R$828,45).

Como ninguém é de ferro, minha mulher e eu jantaremos nesse terraço, acompanhados de um bom vinho (ela) e de um excelente Gentleman Jack ou Double Black (eu). Afinal de contas, nessa noite estarei completando 79 anos.

Como disse o Pedro Cerize durante uma palestra num evento de aniversário da Inversa, “shortear” o Ivan é mau negócio. “Ele não morre”, completou. Não percebi se o tom da voz era de regozijo ou de lamento.

Pois bem, enquanto não morro, acho melhor baixar o facho e voltar a poupar com consistência, tal como iniciei em 1995.

Espero que o caro amigo leitor siga minhas dicas quando o aconselho a investir o que sobra, e sempre fazer com que sobre algum, e jamais saia gastando dinheiro por aí.

Seja o Ivan “unha de fome” e abjure o Ivan perdulário.

Compartilhe

Exclusivo Seu Dinheiro

Até 1.000% de alta no longo prazo: saiba qual é a criptomoeda que pode subir exponencialmente com o The Merge de Ethereum

4 de setembro de 2022 - 10:00

Atualização histórica de Ethereum será concluída no próximo dia 15 de setembro, trazendo mais eficiência à rede e crescimento para cripto que está entre as principais do mundo

A XERIFE ESTÁ DE OLHO

Fintwit sob investigação: CVM aumenta fiscalização sobre influenciadores de investimentos nas redes sociais

2 de setembro de 2022 - 10:48

Com um aumento intenso de postagens de dicas relativas a investimentos na bolsa de valores no Twitter, a CVM abriu uma investigação acerca do universo da Fintwit

Balanço do mês

Bolsa e fundos imobiliários passam por virada em agosto e ficam entre os melhores investimentos do mês; bitcoin volta para a lanterna

31 de agosto de 2022 - 19:49

Primeiro lugar, no entanto, ficou com os títulos prefixados, beneficiados pela perspectiva de que a taxa Selic finalmente deve parar de subir

SEXTOU COM O RUY

Você é um pequeno investidor? Descubra as vantagens que você tem sobre o resto do mercado e ainda não sabia

19 de agosto de 2022 - 6:40

Investidores institucionais muitas vezes são obrigados a abrir mão de oportunidades das quais nós, pequenos investidores, podemos obter ganhos vultosos

MATCH POINT

Serena Williams, das quadras para o mundo dos investimentos, traz boas lições para quem quer planejar a transição de carreira

10 de agosto de 2022 - 17:10

A atleta se dividia entre as quadras de tênis e o mundo dos investimentos nos últimos seis anos; ela ainda deve disputar o torneio US Open antes de se dedicar integralmente à atividade de empresária e investidora

FII do mês

Dupla de FIIs de logística domina lista dos fundos imobiliários mais recomendados para agosto; confira os favoritos de 10 corretoras

8 de agosto de 2022 - 11:01

Os analistas buscaram as oportunidades escondidas em todos os segmentos de FIIs e encontraram na logística os candidatos ideais para quem quer um show de desempenho

Expert XP 2022

Clima de eleições embala grande reencontro do mercado financeiro na Expert XP – e traz um dilema sobre o governo Bolsonaro

5 de agosto de 2022 - 13:08

Com ingressos esgotados, a Expert XP 2022 não pôde fugir do debate entre Lula e Bolsonaro, mas esqueceu-se da terceira via

A hora e a vez da renda fixa

Onde os brasileiros investem: CDBs ultrapassam ações no 1º semestre, e valor investido em LCIs e LCAs dispara

2 de agosto de 2022 - 18:40

Volume investido em CDBs pelas pessoas físicas superou o valor alocado em ações no período; puxado pelo varejo, volume aplicado por CPFs cresceu 2,8% no período, totalizando R$ 4,6 trilhões

BALANÇO DO MÊS

Bitcoin e Ibovespa têm as maiores altas do mês e reduzem as perdas no ano; veja o ranking completo dos melhores investimentos de julho

29 de julho de 2022 - 19:10

Neste início de semestre, os humilhados foram exaltados, o dólar deu algum alívio, mas os títulos públicos atrelados à inflação continuaram apanhando

MULTIMERCADOS

Bolsa, juros, dólar ou commodities: o que comprar e o que vender segundo duas das principais gestoras de fundos brasileiras

26 de julho de 2022 - 20:59

Especialistas da Kinea e da Legacy Capital participaram do primeiro painel da Semana da Previdência da Vitreo e contaram suas visões para o cenário macroeconômico e os ativos de risco nos próximos meses

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies