O Ibovespa estava correndo, mas escorregou numa casca de banana atirada por Trump
O Ibovespa chegou a subir mais de 2% no melhor momento do dia, impulsionado pelo corte de 0,5 ponto na Selic. Mas o índice devolveu quase todos os ganhos quando Donald Trump anunciou novas tarifas de importação aos produtos chineses
O Ibovespa e as bolsas americanas começaram a quinta-feira (1) cheios de energia e com vontade de correr. Os índices acionários passaram os últimos dias de molho, sem se exercitar muito, aguardando que a neblina que tomava conta do ambiente se dissipasse. E, neste início de mês, o clima estava bem melhor.
Vendo que os céus estavam limpos e a temperatura estava agradável, as bolsas vestiram seus tênis de corrida e foram para a rua. O Ibovespa já começou em alta velocidade, enquanto os índices dos EUA iniciaram a sessão num ritmo mais leve, acelerando aos poucos.
Mas, apesar das diferenças, estava claro que o dia estava propício para ganhar quilometragem. E tudo ia conforme os planos até o meio da tarde, quando um observador atirou uma casca de banana na pista de corrida — e os mercados acionários escorregaram.
Não foi um simples desequilíbrio: foi um tombo daqueles. O Ibovespa, que subiu 2,20% na máxima, aos 104.055,69 pontos, fechou com ganhos de apenas 0,31%, aos 102.125,94 pontos; nos EUA, o Dow Jones (-1,17%), o S&P 500 (-0,90%) e o Nasdaq (-0,79%) tiveram quedas firmes — os três índices chegaram a avançar mais de 1% durante a manhã.
E quem foi o culpado por causar esse acidente? Bom, estamos falando do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: por volta de 14h30, ele foi ao Twitter para falar sobre as recentes negociações comerciais com a China — e soltou uma informação que pegou os mercados de surpresa.
O republicano disse que irá impor, a partir de 1º de setembro, tarifas de 10% sobre US$ 300 bilhões em produtos importados do país asiático — esse montante não inclui os US$ 250 bilhões que já foram sobretaxados e 25% pelas autoridades americanas.
Leia Também
Com isso, foram reacendidos os temores dos agentes financeiros em relação à possibilidade de uma guerra comercial mais ampla entre Washington e Pequim — e essa apreensão foi traduzida num forte movimento de aversão ao risco que atingiu em cheio os ativos globais.
"O Trump já vinha sinalizando há alguns dias que estava perdendo a paciência com os chineses", diz um economista, afirmando que, com a medida, o Federal Reserve (Fed) poderá se ver forçado a promover mais cortes de juros nos Estados Unidos — ontem, a autoridade reduziu em 0,25 ponto a taxa do país, mas deu a entender que o movimento não significava que um ciclo de cortes seria iniciado.
Mas, enquanto a reação de Pequim ao anúncio não é conhecida, os agentes financeiros buscaram proteção, desfazendo-se de ativos mais arriscados — caso das ações, commodities ou de moedas de países emergentes.
No mercado de commodities, o petróleo WTI teve forte baixa de 7,90%, enquanto o Brent recuou 6,40%. Nesse cenário, as ações da Petrobras acabaram sendo negativamente impactadas: os ativos PN da estatal (PETR4) caíram 1,84%, e os ONs (PETR3) tiveram queda de 1,53%.
Dólar pressionado
O dólar à vista também foi fortemente afetado por esse movimento: a moeda americana vinha oscilando perto da estabilidade, mas, a partir do anúncio de Trump, firmou-se no campo positivo. Ao fim do dia, o dólar teve alta de 0,71%, a R$ 3,8472, o maior nível de fechamento desde 2 de julho.
No exterior, houve um movimento generalizado de fortalecimento do dólar em relação às divisas emergentes e de países exportadores de commodities, caso do peso mexicano, rublo russo, peso colombiano, rand sul-africano, peso chileno e dólar neozelandês. O real, assim, foi contaminado por esse movimento.
BC x Fed
Antes do turbilhão causado por Trump, o Ibovespa operava em alta firme, influenciado pela diferença na postura dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos.
Ontem, o Fed cumpriu o script traçado pelos mercados pela metade: a autoridade monetária dos EUA baixou os juros do país em 0,25 ponto, conforme esperado pelos agentes financeiros, mas deu a entender que o movimento não implica no início de um ciclo de cortes mais prolongado, o que jogou um balde de água fria nas expectativas.
Esse movimento provocou uma reação imediata nos ativos globais já na sessão passada: por aqui, o Ibovespa caiu aos 101 mil pontos e o dólar avançou ao nível de R$ 3,80. Só que, mais tarde — com os mercados já fechados — foi a vez de o Copom divulgar sua decisão de política monetária: e, ao contrário do Fed, surpreendeu pela firmeza.
O BC reduziu a Selic em 0,5 ponto, para 6% ao ano — parte dos agentes financeiros apostava num movimento menos intenso, de 0,25 ponto —, e deixou a porta aberta para promover mais ajustes negativos nas próximas reuniões. E, com os juros mais baixos, o Ibovespa tem caminho aberto para ganhar terreno.
Juros mais baixos diminuem a rentabilidade dos investimentos em renda fixa e, consequentemente, reduzem sua atratividade. Com isso, os mercados acabam recorrendo a alternativas mais arriscadas para obterem retornos maiores — caso das ações e da renda variável.
"O mercado está reagindo de maneira natural [à postura do BC], há um movimento de maior tomada de risco", diz Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos. Ele destaca que, num cenário de juros mais baixos, as ações dos setores de construção e varejo tendem a se beneficiar com maior intensidade.
E, ao menos nesta quinta-feira, esse comportamento pode ser notado no Ibovespa, com os papéis desses dois segmentos apresentando desempenhos positivos. Entre as varejistas, destaque para Magazine Luiza ON (MGLU3) e Via Varejo ON (VVAR 3), com ganhos de 4,85% e 6,22%, respectivamente.
Mas os outros ativos de empresas desse setor também tiveram altas firmes: foi o caso de Lojas Americanas PN (LAME4) e Lojas Renner ON (LREN3), com valorizações de 3,91% e 2,87%, nesta ordem. Entre as construtoras, Cyrela ON (CYRE3) subiu 4,55% e MRV ON (MRVE3) avançou 3,30%.
Mais balanços
Ainda no Ibovespa, um terceiro fator que influencia o comportamento do índice é a temporada de balanços corporativos no Brasil, uma vez que a Vale, a BR Distribuidora e a Gol reportaram seus números trimestrais recentemente.
Nesse grupo, destaque para a Vale, que teve prejuízo líquido de US$ 133 milhões entre abril e junho deste ano, revertendo o lucro de US$ 76 milhões contabilizado no mesmo período do ano passado. A mineradora continua sendo afetada pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG) e precisou fazer um provisionamento extra de US$ 1,37 bilhão no trimestre. Como resultado, as ações ON da empresa (VALE3) caíram 2,83%.
Já Gol PN (GOLL4) fechou em alta de 6,68% após reportar uma redução de 93,6% no prejuízo líquido na mesma base de comparação, para R$ 120,8 milhões. Para o BTG Pactual, os números da companhia aérea ficaram acima do esperado, especialmente a receita líquida, de R$ 3,14 bilhões. Com isso, a instituição elevou o preço-alvo para as ações, de R$ 35 para R$ 60, mantendo a recomendação de compra.
Por fim, BR Distribuidora ON (BRDT3) avançou 1,88% — a companhia teve lucro líquido e R$ 302 milhões no trimestre, alta de 14,8% na base anual.
Juros em queda
O movimento do BC também provocou um ajuste nas curvas de juros, especialmente as mais curtas. Os DIs com vencimento em janeiro de 2020, por exemplo, caíram de 5,61% para 5,50% — essas são os ativos que melhor refletem as apostas do mercado em relação ao nível da Selic ao fim do ano.
Ainda no vértice curto, os DIs para janeiro de 2021 recuaram de 5,49% para 5,40%. Na longa, as curvas com vencimento em janeiro de 2023 ficaram estáveis em 6,35, e as para janeiro de 2025 foram de 6,90% para 6,89%.
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
Por que o mercado ficou tão feliz com a prévia da Vamos (VAMO3) — ação chegou a subir 10%
Após divulgar resultados operacionais fortes e reforçar o guidance para 2025, os papéis disparam na B3 com investidores embalados pelo ritmo de crescimento da locadora de caminhões e máquinas
Brava Energia (BRAV3) enxuga diretoria em meio a reestruturação interna e ações têm a maior queda do Ibovespa
Companhia simplifica estrutura, une áreas estratégicas e passa por mudanças no alto escalão enquanto lida com interdição da ANP
Inspirada pela corrida pelo ouro, B3 lança Índice Futuro de Ouro (IFGOLD B3), 12° novo indicador do ano
Novo indicador reflete a crescente demanda pelo ouro, com cálculos diários baseados no valor de fechamento do contrato futuro negociado na B3
FII RCRB11 zera vacância do portfólio — e cotistas vão sair ganhando com isso
O contrato foi feito no modelo plug-and-play, em que o imóvel é entregue pronto para uso imediato
Recorde de vendas e retorno ao Minha Casa Minha Vida: é hora de comprar Eztec (EZTC3)? Os destaques da prévia do 3T25
BTG destaca solidez nos números e vê potencial de valorização nas ações, negociadas a 0,7 vez o valor patrimonial, após a Eztec registrar o maior volume de vendas brutas da sua história e retomar lançamentos voltados ao Minha Casa Minha Vida
Usiminas (USIM5) lidera os ganhos do Ibovespa e GPA (PCAR3) é a ação com pior desempenho; veja as maiores altas e quedas da semana
Bolsa se recuperou e retornou aos 143 mil pontos com melhora da expectativa para negociações entre Brasil e EUA
Como o IFIX sobe 15% no ano e captações de fundos imobiliários continuam fortes mesmo com os juros altos
Captações totalizam R$ 31,5 bilhões até o fim de setembro, 71% do valor captado em 2024 e mais do que em 2023 inteiro; gestores usam estratégias para ampliar portfólio de fundos
De operário a milionário: Vencedor da Copa BTG Trader operava “virado”
Agora milionário, trader operava sem dormir, após chegar do turno da madrugada em seu trabalho em uma fábrica
Apesar de queda com alívio nas tensões entre EUA e China, ouro tem maior sequência de ganhos semanais desde 2008
O ouro, considerado um dos ativos mais seguros do mundo, acumulou valorização de 5,32% na semana, com maior sequência de ganhos semanais desde setembro de 2008.
Roberto Sallouti, CEO do BTG, gosta do fundamento, mas não ignora análise técnica: “o mercado te deixa humilde”
No evento Copa BTG Trader, o CEO do BTG Pactual relembrou o início da carreira como operador, defendeu a combinação entre fundamentos e análise técnica e alertou para um período prolongado de volatilidade nos mercados
Há razão para pânico com os bancos nos EUA? Saiba se o país está diante de uma crise de crédito e o que fazer com o seu dinheiro
Mesmo com alertas de bancos regionais dos EUA sobre o aumento do risco de inadimplência de suas carteiras de crédito, o risco não parece ser sistêmico, apontam especialistas
Citi vê mais instabilidade nos mercados com eleições de 2026 e tarifas e reduz risco em carteira de ações brasileiras
Futuro do Brasil está mais incerto e analistas do Citi decidiram reduzir o risco em sua carteira recomendada de ações MVP para o Brasil
Kafka em Wall Street: Por que você deveria se preocupar com uma potencial crise nos bancos dos EUA
O temor de uma infestação no setor financeiro e no mercado de crédito norte-americano faz pressão sobre as bolsas hoje
B3 se prepara para entrada de pequenas e médias empresas na Bolsa em 2026 — via ações ou renda fixa
Regime Fácil prevê simplificação de processos e diminuição de custos para que companhias de menor porte abram capital e melhorem governança
