Junto com a avaliação de que o crescimento global se mostra em um processo de estabilização, com a projeção de uma melhora moderada ao no fim deste ano e em 2020, o grupo das 20 economias mais ricas do mundo (G-20) avaliou que houve uma elevação da tensão comercial.
Apesar de praticamente reforçar o consenso que já existe nos mercados de todo o mundo, a sinalização dada na reunião é mais do que simbólica porque o que é descrito no comunicado é um consenso de todos os seus membros — os americanos vinham relutando com a adoção desta linguagem desde o início do encontro em Fukuoka, no Japão.
"Esta recuperação é apoiada pela continuação das condições financeiras acomodatícias, medidas de estímulos que tiveram efeitos em alguns países e a dissipação de fatores pontuais. No entanto, o crescimento permanece baixo e os riscos se mantêm pendendo para baixo. Mais importante, tensões comerciais e geopolíticas se intensificaram", trouxe o primeiro parágrafo do documento.
O texto ainda explica que o grupo continuará a acompanhar esses riscos e a estar preparado para tomar ações necessárias no futuro, se necessário.
Assim, o fechamento de um acordo entre Estados Unidos e México, anunciado na noite de sexta-feira (7) pelo presidente americano, Donald Trump, não foi um fator determinante para diminuir a percepção de risco em relação à guerra comercial — ao menos, não para o G-20.
Pelo acordo firmado entre os vizinhos, o México se comprometeu a adotar medidas para coibir o fluxo de imigrantes ilegais que parte da América Central em direção ao território americano. Em contrapartida, os Estados Unidos suspenderam por tempo indeterminado a adoção de tarifas de importação aos produtos mexicanos.
Apesar da despressurização das tensões no front Estados Unidos e México, as disputas comerciais entre os governos americano e chinês continuam a todo vapor. É esperado um encontro entre os presidentes dos dois países — Donald Trump e Xi Jinping, respectivamente — numa reunião do G-20, no fim deste mês.
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Histórico
A primeira vez que o G-20 falou sobre as tensões comerciais foi na reunião de cúpula de Buenos Aires, no segundo semestre de 2018. No encontro financeiro realizado em março, também na Argentina, o assunto não foi abordado pelos participantes. O comunicado é sempre divulgado ao final da reunião de dois dias dos membros do grupo.
O documento da rodada do Japão reafirma que os membros do grupo usarão todas as ferramentas disponíveis para fomentar um crescimento sustentável e forte, e que intensificarão o diálogo e as ações para melhorar a confiança.
"Política fiscal tem que ser flexível e alinhada ao crescimento, enquanto este estiver sendo reconstruído", salientou o texto. O documento também fala sobre a necessidade de amortecedores e da necessidade de um caminho sustentável quando comenta sobre a relação entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB).
Para os bancos centrais, continuou o recado de que precisam manter a inflação sob controle ou estável, perto da meta. "As decisões dos bancos centrais precisam ser bem comunicadas", reforçou. O G-20 financeiro destacou também que é preciso que países façam suas reformas estruturais para buscar um crescimento potencial.
"Nós reenfatizamos que o comércio internacional e os investimentos são importantes motores do crescimento, produtividade, inovação, criação de empregos e desenvolvimento."
Como adiantou o Broadcast, o grupo repetiu o trecho do documento de Buenos Aires, do ano passado, em que reafirma o compromisso com a taxa cambial, assim como feito em março de 2018. O G-20 financeiro ressaltou a redução dos equilíbrios da conte corrente global vista depois da crise financeira internacional, principalmente em mercados emergentes.
Já mais para o final do comunicado, o grupo enfatizou que um sistema financeiro aberto e resiliente, em linha com padrões internacionais é crucial para apoiar um crescimento sustentável. Em relação a criptoativos, o recado foi o de que continuará a ser um assunto monitorado pelos membros. "Continuaremos vigilantes aos riscos."
* Com Estadão Conteúdo