Magazine Luiza e Centauro disputam uma corrida — e quem ganha medalha é o acionista da Netshoes
As ações da Netshoes acumulam ganhos de mais de 80% desde o dia 23, quando a Centauro entrou numa prova de resistência contra o Magazine Luiza para tentar comprar a empresa. E, perto da reta final, a disputa está palmo a palmo

Eu já fui um praticante amador de corridas de longa distância — lesões e falta de tempo fizeram com que eu pendurasse os tênis. Mas já participei de diversas provas de rua e ainda gosto de ler sobre o assunto. E, sempre que possível, assisto alguma transmissão da modalidade na TV.
Como ex-atleta , eu sei que uma corrida de longa distância não se resolve nos primeiros metros. Então, por mais que algum competidor dispare na liderança logo de cara, é melhor continuar atento: alguém pode encostar nele ao longo do trajeto.
A disputa pela Netshoes é uma prova que exige fôlego. O Magazine Luiza saiu na frente e chegou a fechar um acordo para a compra da empresa. Mas, quem desligou a TV e vendeu as ações da Netshoes ao ver a Magalu isolada na liderança, se deu mal.
Como quem não quer nada, a Centauro apertou o passo e encostou na liderança da corrida. A poucos metros da linha de chegada, os dois competidores estão lado a lado, separados por um fio de cabelo — e a audiência na transmissão dessa prova só cresce.
Vamos aos números: em 29 de abril, as ações da Netshoes negociadas na na bolsa de Nova York (NETS) valiam US$ 2,65. Foi neste dia que o Magazine Luiza anunciou o fechamento de um acordo de compra da empresa, por US$ 62 milhões — o equivalente a US$ 2,00 por ação do site de artigos esportivos.
Como resultado, os papéis da Netshoes despencaram para exatos US$ 2,00 na sessão seguinte — e ficaram nessa faixa por um bom tempo —, com o mercado dando a operação como certa. Mas quem apostou que a corrida ainda não estava definida e segurou os papéis da empresa se deu bem.
Leia Também
Isso porque a Centauro respirou fundo e partiu para um sprint. Em 23 de maio, a companhia fez uma oferta hostil para comprar a Netshoes, colocando US$ 87 milhões na mesa — ou US$ 2,80 por papel da rival.
A reação foi imediata: os ativos da Netshoes, que valiam US$ 1,96, saltaram para US$ 2,82. E, a partir daí, a corrida pegou fogo.
O Magazine Luiza reagiu e, em 26 de maio, elevou sua proposta a US$ 93 milhões (US$ 3,00 por ação da Netshoes). A Centauro não deixou barato: aumentou seu lance para US$ 108,7 milhões (US$ 3,50 por papel).
O resultado dessa perseguição foi um salto nas ações da Netshoes: nesta quarta-feira (29), os papéis da empresa fecharam em alta de 21,31%, a US$ 3,70 — desde que a Centauro entrou na briga, os ativos da companhia acumulam ganho de 88,70%.
No entanto, é importante ressaltar que os papéis da Netshoes acumulam forte desvalorização desde a estreia na bolsa de Nova York — as ações da empresa valiam US$ 18,00 quando começaram a ser negociadas, em 12 de abril de 2017.
Reta final
Agora, a corrida se aproxima dos últimos metros, já que a assembleia de acionistas da Netshoes para decidir o destino da empresa está agendada para esta quinta-feira (30).
Logo após o Magazine Luiza elevar sua oferta para US$ 3,00 por papel, a diretoria da Netshoes recomendou aos acionistas que votassem a favor da transação, uma vez que as autoridades reguladoras brasileiras já haviam dado sinal verde à operação — o que facilitaria a conclusão do negócio.
No mesmo documento, a administração da empresa ainda diz que qualquer potencial transação com o Grupo SBF — dono da Centauro —, caso acertada, envolveria a convocação de uma nova assembleia de acionistas e um novo processo de revisão pelas autoridades concorrenciais.
"Essa nova revisão poderia envolver um processo potencialmente longo, o que levaria a maiores atrasos e incertezas", diz a administração da Netshoes, em documento enviado à Securities and Exchange Commission (SEC, órgão americano semelhante à CVM). "É de interesse dos acionistas da Netshoes assegurar uma transação com um cronograma previsível, dadas as pressões no fluxo de caixa operacional e a condição financeira da empresa".
Esse documento, contudo, foi feito antes de a Centauro subir sua oferta para US$ 3,50 por ação da Netshoes. Vale lembrar, ainda, que o Magazine Luiza pode fazer um novo lance antes da assembleia de amanhã — mas, mesmo que o Magalu perca fôlego na reta final, o mercado parece otimista quanto às chances de os acionistas da Netshoes comemorarem a vitória da Centauro na corrida.
Troféu para o vencedor
Atentos à disputa, analistas já ponderaram os prós e contras da aquisição da Netshoes.
Caso o Magazine Luiza suba ao degrau mais alto do pódio, os especialistas destacam que a operação tem potencial para diversificar a plataforma online da Magalu. Por outro lado, os analistas ressaltam que a empresa não possui um histórico relevante de crescimento via fusões e aquisições — assim, a transação pode trazer "distrações" à companhia.
Mas se a medalha de ouro ficar com a Centauro, a percepção é a de que a união com a Netshoes será importante, do ponto de vista estratégico, para aumentar a participação de mercado da empresa no segmento de artigos esportivos.
Em relatório divulgado nesta manhã, o BTG Pactual ressalta que a compra da Netshoes faria o canal online da Centauro dar um salto nas vendas totais da empresa, passando dos atuais 16% para 45% após a aquisição. "Também melhoraria a perspectiva competitiva da Centauro, não só pela integração com seu principal competidor mas também por prevenir crescimento futuro da Netshoes sob uma nova estrutura de administração".
Mas o BTG Pactual também pondera que, em meio aos problemas da Netshoes — cerca de 70% das obrigações financeiras da empresa têm vencimento no curto prazo —, é importante para a companhia que a operação seja concluída num prazo razoável e previsível, o que dá vantagem ao Magazine Luiza.
"A operação, assim, é uma equação que inclui não só o preço a ser pago, mas também o prazo para conclusão", escrevem os analistas Luiz Guanais e Gabriel Savi.
Portanto, continue atento. A corrida pela Netshoes ainda está em aberto.
Banco do Brasil (BBAS3) cai mais de 5% e Ibovespa recua 2,1% em dia de perdas generalizadas; dólar sobe a R$ 5,509
Apenas cinco ações terminaram o pregão desta terça-feira (19) no azul no Ibovespa; lá fora, o Dow Jones renovou recorde intradia com a ajuda de balanços, enquanto o Nasdaq foi pressionado pelas fabricantes de chip
Banco do Brasil (BBAS3) numa ponta e Itaú (ITUB4) na outra: após resultados do 2T25, o investidor de um destes bancos pode se decepcionar
Depois dos resultados dos grandes bancos no último trimestre, chegou a hora de saber o que o mercado prevê para as instituições nos próximos meses
Do fiasco do etanol de segunda geração à esperança de novo aporte: o que explica a turbulenta trajetória da Raízen (RAIZ4)
Como a gigante de energia foi da promessa do IPO e da aposta do combustível ESG para a disparada da dívida e busca por até R$ 30 bilhões em capital
Cade aceita participação da Petrobras (PETR4) em negociações de ações da Braskem (BRKM5), diz jornal
De acordo com jornal Valor Econômico, a estatal justificou sua intervenção ao alegar que não foi notificada da intenção de venda
Petrobras (PETR4) joga balde de água fria em parceria com a Raízen (RAIZ4)
Em documento enviado à CVM, a estatal nega interesse em acordo com a controlada da Cosan, como indicou o jornal O Globo no último sábado (16)
David Vélez, CEO do Nubank (ROXO34), vende US$ 435,6 milhões em ações após resultados do 2T25; entenda o que está por trás do movimento
A liquidação das 33 milhões de ações aconteceu na última sexta-feira (15), segundo documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA
Lucro da XP (XPBR31) sobe a R$ 1,3 bilhão no 2T25, mas captação líquida despenca 70% em um ano
A XP teve um lucro líquido de R$ 1,32 bilhão no segundo trimestre de 2025, um crescimento de 18% na base anual; veja os destaques do resultado
Copel (CPLE6) marca assembleia sobre migração para o Novo Mercado; confira a data
Além da deliberação sobre o processo de mudança para o novo segmento da bolsa brasileira, a companhia também debaterá a unificação das ações
Banco Central aciona alerta de segurança contra possível ataque envolvendo criptoativos
Movimentações suspeitas com USDT no domingo gerou preocupações no BC, que orientou empresas de pagamento a reforçarem a segurança
Credores da Zamp (ZAMP3) dão luz verde para a OPA que vai tirar a dona do Burger King da bolsa
A oferta pública de aquisição de ações ainda precisa da adesão de dois terços dos acionistas minoritários
Raízen (RAIZ4) dispara 10% após notícias de possível retorno da Petrobras (PETR4) ao mercado de etanol
Segundo O Globo, entre as possibilidade estão a separação de ativos, acordos específicos de gestão ou a compra de ativos isolados
Com salto de 46% no lucro do segundo trimestre, JHSF (JHSF3) quer expandir aeroporto executivo; ações sobem na B3
A construtora confirmou que o novo projeto foi motivado pelos bons resultados obtidos entre abril e junho deste ano
Prio (PRIO3) anuncia paralisação de plataforma no campo de Peregrino pela ANP; entenda os impactos para a petroleira
A petroleira informou que os trabalhos para os ajustes solicitados levarão de três a seis semanas para serem cumpridos
Hora de dar tchau: GPA (PCAR3) anuncia saída de membros do conselho fiscal em meio a incertezas na liderança
Saídas de membros do conselho e de diretor de negócios levantam questões sobre a direção estratégica do grupo de varejo
Entre flashes e dívidas, Kodak reaparece na moda analógica mas corre o risco de ser cortada do mercado
Empresa que imortalizou o “momento Kodak” enfrenta nova crise de sobrevivência
Presidente do Banco do Brasil (BBAS3) corre risco de demissão após queda de 60% do lucro no 2T25? Lula tem outro culpado em mente
Queda de 60% no resultado do BB gera debate, mas presidente Tarciana Medeiros tem respaldo de Lula e minimiza pressão por seu cargo
Compra do Banco Master pelo BRB vai sair? Site diz que Banco Central deve liberar a operação nos próximos dias
Acordo de R$ 2 bilhões entre bancos avança no BC, mas denúncias de calote e entraves judiciais ameaçam a negociação
Petrobras (PETR4) avalia investimento na Raízen (RAIZ4) e estuda retorno ao mercado de etanol, diz jornal
Estatal avalia compra de ativos ou parceria com a joint venture da Cosan e Shell; decisão final deve sair ainda este ano
Dividendos e JCP: Vulcabras (VULC3) vai distribuir R$ 400 milhões em proventos; confira os prazos
A empresa de calçados vai distribuir proventos aos acionistas na forma de dividendos, com pagamento programado somente para este ano
Gol (GOLL54) segue de olho em fusão com a Azul (AZUL4), mas há condições para conversa entre as aéreas
A sinalização veio após a Gol divulgar resultados do segundo trimestre — o primeiro após o Chapter 11 — em que registrou um prejuízo líquido de R$ 1,532 bilhão