O Banco Central anunciou leilão extra para vender o dólar à vista nesta terça-feira (26), após a moeda americana encostar R$ 4,27. Acompanhe a cobertura de mercados do Seu Dinheiro.
A operação do BC ocorreu das 11h03 às 11h08 e não foram divulgados os montantes ofertados. Conforme o BC, a taxa de corte do leilão foi de R$ 4,2320. A atuação da autoridade monetária atenuou momentaneamente a alta do dólar, para o patamar de R$ 4,24.
Antes, tinha chegado à máxima de R$ 4,2694 no mercado à vista e R$ 4,270 no contrato futuro de dezembro. Por volta das 14h a moeda americana já subia mais de 1%, a R$ 4,26.
Mais cedo, o BC promoveu operação de venda à vista de dólares e de swap cambial reverso, que equivale à venda de dólar no mercado futuro.
O mercado reagiu à fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, que, na segunda-feira, disse não estar preocupado com o dólar acima de R$ 4,20 e que "é bom se acostumar com o câmbio mais alto e juro mais baixo por um bom tempo".
Em entrevista coletiva na embaixada brasileira em Washington, Guedes disse que o Brasil tem uma moeda forte e que flutuações no câmbio não são motivo de preocupação. "Quando você tem um fiscal mais forte e um juro mais baixo, o câmbio de equilíbrio também ele é mais alto."
Na segunda-feira, 25, o dólar comercial fechou em nova máxima histórica, a R$ 4,2145, o maior valor desde o início do Plano Real.
Política monetária
O sinal do ministro reforça a percepção do mercado de que o Banco Central pode fazer o último corte de juros em dezembro.
Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que se o patamar da moeda americana pressionar os preços, o BC poderá atuar via política monetária (ou seja, na taxa de juros), e não via câmbio.
Na manhã desta terça, o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que "há prós e contras" com fato de o dólar ter alcançado novo valor nominal recorde. "Se você for analisar na ponta da linha, tem vantagens, prós e contra no dólar a R$ 4,21 como está agora (sic)", afirmou o presidente, na saída do Palácio da Alvorada.
"Espero que caia (a cotação da moeda), torço, assim como torço para que caia a taxa Selic, torço para que aumente a nossa credibilidade junto ao mundo", acrescentou.
Aéreas
A disparada do dólar pesa também nas ações de companhias aéreas e os papéis da Gol e da Azul perdiam perto de 5%. Essas empresas possuem 70% de seus custos atrelados à moeda americana, como suas dívidas, por exemplo, por isso são muito afetadas pela valorização da divisa
*Com Estadão Conteúdo