Agenda vazia é oficina de volatilidade para os ativos
Mercado financeiro mostra ausência de direção firme, em meio à falta de clareza no cenário à frente e expectativa em relação à ação coordenada dos BCs

Se a ausência de notícias relevantes e a falta de rumo único marcou este início de semana no mercado financeiro, essa indefinição nos negócios tende a ser potencializada hoje, véspera de decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE). Afinal, os investidores esperam por mais estímulos monetários, acreditando que a postura suave (“dovish”) dos bancos centrais será capaz de frear a desaceleração da atividade econômica global.
Mais que isso, os investidores querem acreditar que uma nova ação coordenada entre os principais BCs irá ajudar na recuperação da economia, resgatando o crescimento nos países mais desenvolvidos. Porém, ainda não se sabe se essa expectativa será frustrada nem se essa perspectiva é sustentável, o que amplia a cautela nos mercados. Ou seja, a volatilidade deve continuar deixando os negócios sem uma direção firme hoje.
Esse movimento reflete, em verdade, a falta de clareza do mercado em relação ao horizonte à frente, turvado pelas incertezas na negociação comercial entre Estados Unidos e China e sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), além da demora na votação das novas regras para aposentadoria no Brasil. A esperança é de que esses três fatores tenham um desfecho em outubro. Mas, por ora, há menos confiança no cenário de curto prazo.
Por isso, o mercado financeiro se volta para os BCs. Após os renovados sinais de fraqueza da atividade econômica pelo mundo, com a recessão batendo à porta dos EUA, os investidores passaram a bola para os bancos centrais, com o claro recado de que esperam por estímulos adicionais neste mês. E a nova rodada pode ter início amanhã, com o BCE, em meio às apostas de taxas de juros mais negativas na zona do euro.
Exterior espera em alta
À espera do anúncio da decisão de juros e da entrevista coletiva do presidente da autoridade monetária na zona do euro, Mario Draghi, as principais bolsas europeias iniciaram a sessão em alta firme, diante da expectativa de um grande pacote de estímulo na região. Já o euro recua, com rumores de que o BCE irá introduzir um sistema de depósitos em camadas, sujeitos a taxas negativas.
O dólar, aliás, mede forças entre as moedas rivais, mas perde terreno para algumas divisas emergentes, abrindo espaço para uma valorização do petróleo, antes de importantes divulgações sobre a commodity hoje. Na Ásia, as principais bolsas da região encerraram a sessão no campo positivo.
Leia Também
Os investidores também foram incentivados pela falta de más notícias na frente comercial, diante da crescente percepção de que as duas maiores economias do mundo devem caminhar em direção à neutralidade. Aliás, a China divulgou uma lista com 16 produtos que devem ser isentos da tarifa extra de 25% sobre a importação dos EUA, a partir do próximo dia 17, com vigência de um ano.
Entre os produtos isentos, estão frutos do mar e medicamentos para combater o câncer, mas a taxação sobre produtos agrícolas, como soja e carne de porco permanece, o que mantém a pressão sobre os fazendeiros norte-americanos. Em relação ao encontro sino-americano em Washington no mês que vem, a imprensa chinesa notícia que Pequim irá introduzir “medidas importantes para aliviar o impacto negativo da guerra comercial”, beneficiando algumas empresas da China e dos EUA.
Em reação, a Bolsa de Tóquio quase 1%, enquanto Hong Kong avançou mais que isso (+1,7%). Na China continental, os principais índices acionários em Xangai e em Shenzhen caíram 0,4% e -0,9%. Ainda na região Ásia-Pacífico, Seul ganhou 0,8%, após a Coreia do Sul decidir acionar a OMC contra o Japão, enquanto Sidney teve alta de 0,4%.
Em Nova York, o sinal positivo também prevalece nos índices futuros das bolsas, com os investidores confiantes em alguma resolução para a guerra comercial. Ao mesmo tempo, Wall Street tenta obter uma imagem mais clara sobre a saúde da economia dos EUA.
Os dados econômicos do país sobre inflação ao consumidor (CPI) e vendas no varejo, amanhã e sexta-feira, podem clarear o cenário. Ainda assim, o mercado financeiro espera que o Federal Reserve corte a taxa de juros norte-americana na reunião da semana que vem, de modo a manter o crescimento econômico dos EUA.
Varejo brasileiro em destaque
As vendas no varejo brasileiro (9h) estão em destaque hoje. Os dados referem-se ao mês de julho e podem dar pistas sobre o ritmo da atividade doméstica na virada do primeiro para o segundo semestre deste ano. E a previsão é de ligeira alta na comparação mensal (+0,10%). Ainda assim, o comércio varejista vem perdendo ritmo desde fevereiro.
À tarde (14h30), o Banco Central divulga os números sobre a entrada e saída de dólares do país (fluxo cambial) até o início deste mês, oriundos das contas comercial e financeira. Os dados devem ser acompanhados de perto, agora que a operadora da bolsa, B3, resolveu divulgar o fluxo de capital estrangeiro na renda variável associando a movimentação diária no mercado secundário aos aportes em operações primárias, tipo IPO e follow on.
Já no exterior, os EUA informam o índice de preços ao produtor em agosto (9h30) e os estoques no atacado em julho (11h), além dos estoques semanais de petróleo bruto e derivados no país (11h30). Também merece atenção o relatório mensal da Opep (8h).
S&P 500 sacode a poeira deixada pela disparada da inflação; veja o que impulsionou retomada da bolsa nos EUA
Mercados europeus seguiram uma tendência diferente e terminam o dia sem uma direção comum, esperando pela decisão do Banco Central Europeu (BCE) prevista para quinta-feira (14)
Ainda não! Juros não devem subir na zona do euro até o fim de 2022, diz presidente do Banco Central Europeu (BCE)
Christine Lagarde, afirmou que, apesar da forte alta recente, a perspectiva de médio prazo para a inflação da zona do euro permanece moderada
Dias contados para o excesso de liquidez? Dirigentes do Fed falam em tapering; diretores do BCE preferem manter estímulos
Enquanto na Europa a manutenção dos estímulos dá sinais de continuará por mais algum tempo, nos EUA os estímulos devem começar a sair de cena nos próximos meses
Torneira vai fechar: Banco Central Europeu mantém taxa de juros mas anuncia retirada de estímulos
Um dos maiores Bancos Centrais do mundo sinalizou que passará a comprar ativos em ritmo “moderadamente menor”
Esquenta dos mercados: bolsa deve encarar PEC dos precatórios e inflação hoje, enquanto exterior segue negativo antes da decisão do BCE
Com a crise entre os poderes ainda pior, a PEC dos Precatórios pode estar com os dias contados. Sem exterior para sustentar, Ibovespa pode recuar mais um dia
O evento da semana: Simpósio do Fed deve discutir quanto a variante Delta atrapalha retomada nos EUA e no mundo
Nova cepa do coronavírus pode ser um obstáculo aos planos do banco central norte-americano de retirar os estímulos, o que afeta até o Brasil
De olho em Guedes e melhora em NY, Ibovespa vira e opera em alta; dólar avança a R$ 5,20
O otimismo das bolsas foi fortemente afetado por esses indicadores, e o cenário interno não ajuda
O homem que “salvou o euro” é convocado para salvar a Itália
Presidente italiano incumbe Mario Draghi a tarefa de formar novo governo, em meio a crise de saúde e econômica do país
BCE mantém instrumentos de política monetária, incluindo juros e nível do QE
As compras de ativos emergenciais foram mantidas em 1,85 bilhão de euros e o BCE informou que manterá o PEPP até pelo menos o final de março de 2022.
BCE recomenda a bancos limitar distribuição de dividendos e recompra de ações
Para a entidade, bancos que pretendem pagar dividendos ou recomprar ações “devem ser lucrativos e ter trajetórias de capital robustas”.
Para BCE, retomada na economia foi encorajadora, mas pandemia segue como desafio
Segundo Lagarde, a nova onda de covid-19 e as medidas para limitá-la devem conter o crescimento econômico.
BCE mantém juros, mas recalibra instrumentos de política monetária
O Conselho aumentou o volume do Programa de Compras de Emergência na Pandemia (PEPP, na sigla em inglês) em 500 bilhões de euros, para 1,85 trilhão de euros
BCE mantém política monetária, mas promete ‘recalibrar instrumentos’
As principais taxas de juros do BCE, a de refinanciamento e a de depósitos, permaneceram em 0% e -0,50%, respectivamente.
Recuperação econômica da zona do euro perde força com novos casos de covid-19, diz BCE
Vice-presidente da instituição afirmou que BCE está monitorando os riscos de uma segunda onda
Por crescimento, políticas fiscal e monetária devem operar juntas, diz dirigente do BCE
Para Isabel Schnabel, BCs possuem controle limitado sobre tendências de longo prazo que influenciam o comportamento dos juros
‘Estamos seriamente estudando a emissão de moeda digital’, diz Lagarde
A presidente do BCE assegurou que o objetivo de um euro digital não seria substituir a divisa física. Na visão dela, o instrumento implicaria em uma série de benefícios, entre eles maior agilidade e segurança
BCE: Lagarde relembra que recuperação será incompleta, incerta e desigual
Lagarde evitou comentar tecer muitos comentários sobre a saída do Reino Unido da União Europeia
Lane, do BCE, se diz preocupado com euro: ‘Não há espaço para complacência’
O BCE divulgou nesta quinta-feira projeções econômicas que demonstram um pouco mais de confiança na recuperação da zona do euro, ajudando a impulsionar a cotação da moeda única em relação ao dólar
BCE prevê queda menor do PIB da zona do euro em 2020 e inflação maior em 2021
A meta de inflação do BCE, que mais cedo deixou sua política monetária inalterada, é de taxa ligeiramente inferior a 2%.
Aquecimento global traz riscos graves à estabilidade de preços, diz BCE
Dirigente da instituição defende que a crise do coronavírus é uma “oportunidade única” para o investimento em politicas voltadas à sustentabilidade