O primeiro trimestre foi desafiador para a Raia Drogasil, com queda no lucro e aumento das despesas, mas o crescimento das vendas sinalizou uma retomada em relação aos trimestres anteriores. A companhia registrou lucro líquido ajustado de R$ 105,4 milhões, queda de 13% ante o mesmo período do ano passado.
Comparando os dois trimestres pela regra contábil IFRS 16, o lucro também encolheu, passando de R$ 109,5 milhões para R$ 93,9 milhões. Segundo a empresa, o padrão de reconhecimento de despesas com arrendamento no IFRS 16 penaliza o lucro líquido no curto prazo, mas este efeito diminuirá com o passar do tempo, conforme os contratos se aproximarem da sua maturação.
O resultado ficou abaixo da projeção média dos analistas, que previam lucro líquido ajustado de R$ 118,5 milhões, segundo a Bloomberg. A receita líquida de vendas e serviços ficou em R$ 3,95 bilhões, alta de 15% ante o ano anterior. A receita bruta consolidada foi de R$ 4,15 bilhões, alta de 15,3% sobre o mesmo período do ano anterior.
O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado recuou, passando de R$ 272,2 milhões para R$ 270,1 milhões, pressionado por lojas abertas e em processo de abertura no trimestre. Já pela regra IFRS 16, o Ebitda Ajustado foi de R$ 415,5 milhões, ante Ebitda de R$ 391,9 milhões um ano antes.
A margem bruta foi de 28%, abaixo da margem de 28,5% apurada um ano antes. Segundo o balanço, a pressão de margem no varejo reflete a estratégia agressiva de precificação e de mix em genéricos, que foi implementada em 2018 para acelerar ganhos de participação de mercado.
Despesas foram vilão
As despesas tiveram um efeito negativo sobre os resultados. As despesas com vendas somaram R$ 795,1 milhões, enquanto no ano anterior somaram R$ 674,8 milhões no primeiro trimestre. Entre os motivos, a empresa citou despesas pré-operacionais de um centro de distribuição que será aberto em Guarulhos na segunda metade do ano e despesas maiores de frete na operação do Pará. Já as despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 96,5 milhões, ante R$ 79,7 milhões um ano antes.
Dívida também aumentou
A dívida líquida da companhia no final de março era de R$ 937,9 milhões, ante R$ 528,8 milhões no mesmo período do ano passado. A relação entre dívida líquida e Ebitda (alavancagem) aumentou, passando de 0,5 vez para 0,8 vez na mesma comparação. Segundo a empresa, isso ocorreu devido aos elevados investimentos realizados nos últimos doze meses.
Vendas mais aceleradas
Apesar dos desafios, a Raia Drogasil também trouxe dados positivos. O crescimento da venda consolidada subiu, passando de 12,2% no início de 2018 para 15,3% no primeiro trimestre deste ano, o que mostra uma retomada em relação aos trimestres anteriores. O fundo do poço ocorreu no terceiro trimestre, quando este indicador cresceu 10,2%
No critério mesmas lojas, o crescimento passou de 2,7% para 5,6% no primeiro trimestre. Já nas lojas maduras, o primeiro trimestre de 2018 havia sido de queda de 1% nas vendas, enquanto neste ano houve crescimento de 1,9%.
Sobre os preços, a companhia disse que a erosão dos preços dos genéricos no mercado brasileiro está começando a se estabilizar.
A participação de mercado no país foi de 12,7% no primeiro trimestre, avanço de 1,1 ponto porcentual ante o mesmo período do ano anterior. Houve crescimento de participação em todas as regiões, com destaque para São Paulo, onde a companhia passou de 23,4% para 24,4% de market share.
A Raia Drogasil fechou o trimestre com 1.873 lojas em operação, depois da abertura de 62 unidades e o fechamento de 14. A companhia reiterou a previsão de encerrar 2019 com 240 aberturas.