A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,246 bilhões em setembro, de acordo com os dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Economia. As expectativas dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast iam de US$ 2 bilhões a US$ 4,136 bilhões, com mediana em US$ 3,2 bilhões.
O valor é 55,7% menor do que o registrado em setembro do ano passado e é o menor registrado para meses de setembro desde 2014.
No mês passado, as exportações somaram US$ 18,740 bilhões, uma queda de 11,6% ante setembro de 2018. Já as importações chegaram a US$ 16,494 bilhões, uma alta de 5,7% na mesma comparação.
De janeiro a setembro, o superávit comercial soma US$ 33,790 bilhões, saldo 19% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Na quinta semana de setembro, que teve apenas um dia (30), o saldo comercial foi de um superávit de US$ 91 milhões.
No mês, houve uma queda nas vendas de produtos semimanufaturados (-32,1%) e básicos (-14,5%), enquanto os manufaturados subiram (4,4%).
Entre os semimanufaturados, houve queda principalmente nas exportações de ferro/aço (-59,3%), madeira serrada ou fendida (-44,9%) e açúcar em bruto (-36,8%). Nos básicos, caíram as vendas de petróleo em bruto (-37,7%), café em grãos (-25,7%) e farelo de soja (-20,5%).
Pelo lado das importações, houve alta nas compras de bens de capital (95,1%), com importação de plataforma de petróleo. Por outro lado, caíram os desembarques de bens de consumo (-8,5%), combustíveis e lubrificantes (-6,7%) e bens intermediários (-3,9%).
Guerra comercial
O subsecretário de Inteligência e Estatística de Comércio Exterior, Herlon Brandão, afirmou que a queda de 55,7% no saldo comercial de setembro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, reflete o desaquecimento do comércio mundial e a base aumentada em 2018 com as fortes exportações de soja. No mês passado, o superávit foi de US$ 2,246 bilhões.
"Havia um senso comum de que o Brasil poderia ser beneficiado com o desvio de comércio da guerra comercial, principalmente com a soja. Mas nossa análise sempre foi que, no agregado, havia prejuízo para a economia como um todo com a redução da demanda mundial", afirmou.
Em setembro, houve uma operação contábil de exportação e importação de uma plataforma de petróleo, cujo valor foi de US$ 1,5 bilhão na venda e US$ 1,7 bilhão na compra. Sem essas operações, as exportações cairiam ainda mais, 18,7%, ante o recuo de 11,6%, enquanto as importações cairiam 5,2% - houve alta de 4,7%.
Entre os fatores que influenciaram no resultado de setembro, Brandão destacou o recuo nas vendas para a Argentina, que, com a crise, caíram 39,3% no acumulado do ano. Também houve queda nas exportações de produtos como soja, principalmente pela queda na demanda da China, petróleo e açúcar.
Por outro lado, houve alta nas exportações de produtos como milho, minério de ferro, algodão, carnes e café, o que compensou, em parte, o desempenho dos outros produtos.
Redução de expectativas
A Secretaria de Comércio Exterior também reduziu a previsão para o superávit comercial neste ano. O valor esperado é de US$ 41,8 bilhões, ante US$ 56,7 bilhões previstos em julho deste ano.
Se confirmado, o resultado representará uma queda de 28% em relação ao registrado em 2018, quando o superávit alcançou US$ 58 bilhões.
A Secex espera uma queda de 7,1% nas exportações deste ano, ante previsão anterior de -2%. Para as importações, no entanto, as previsões foram melhoradas para um recuo de 0,4%, ante - 1,9% em julho.
De acordo com Brandão, a redução se deve principalmente ao cenário externo com a demanda desaquecida por conta da guerra comercial. "Os preços internacionais estão caindo, é muito provável que o comércio mundial se retraia neste ano", afirmou.
*Com Estadão Conteúdo.