🔴 NO AR: ONDE INVESTIR EM JUNHO – CONFIRA +30 RECOMENDAÇÕES PARA ESTE MÊS – ASSISTA AGORA

Victor Aguiar

Victor Aguiar

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.

Impacto limitado

Usiminas, CSN e Gerdau são afetadas pelas tarifas de Trump? Sim, mas bem pouco

As ações das siderúrgicas CSN, Gerdau e Usiminas fecharam em alta, desprezando o impacto das tarifas de importação ao aço anunciadas pelos Estados Unidos

Victor Aguiar
Victor Aguiar
2 de dezembro de 2019
16:18 - atualizado às 18:51
Imagem mostra trabalhador de indústria siderúrgica, como CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) ou Gerdau (GGBR4)
Indústria siderúrgica - Imagem: Shutterstock

Donald Trump amanheceu disposto a reescrever o roteiro da guerra comercial. De caneta em mãos — ou melhor, de celular em punho —, ele foi ao Twitter para resgatar um personagem esquecido da trama: as sobretaxas ao aço do Brasil. E, como consequência, CSN, Usiminas e Gerdau foram alçadas a protagonistas dos mercados.

A dúvida dos agentes financeiros que estavam na plateia era bem simples: como esses três atores reagiriam a uma mudança súbita no desenrolar do enredo? Sua atuação seria prejudicada por essa reviravolta, ou elas se adaptariam às alterações do texto e continuariam sem se abalar?

Pois quem apostou que as siderúrgicas sentiriam a pressão dos holofotes, se deu mal: as ações das companhias fecharam em alta firme nesta segunda-feira (2). CSN ON (CSNA3), por exemplo, avançou 5,73%e teve o melhor desempenho do Ibovespa; Gerdau PN (GGBR4) e Usiminas PNA (USIM5) subiram 2,65% e 2,00%, respectivamente.

A atuação segura das protagonistas do pregão fez o Ibovespa receber aplausos calorosos: o principal índice da bolsa brasileira teve ganho de 0,64%, aos 108.927,83 pontos — confira aqui a cobertura completa dos mercados.

Eu conversei com alguns analistas do setor sobre as novas tarifas de Trump. Assumindo a posição de críticos teatrais, eles me explicaram as nuances dos papéis de CSN, Usiminas e Gerdau na peça do setor siderúrgico global. O veredito foi quase unânime: a mudança no roteiro exige poucas adaptações por parte das empresas brasileiras.

Velhos clichês

Em primeiro lugar, há o fato de essa reviravolta não ser exatamente nova: em março do ano passado, Trump já havia determinado a aplicação de sobretaxas de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as compras de alumínio de diversos países, entre eles, o Brasil.

Leia Também

Mas, depois de muitas idas e vindas diversas na guerra comercial, diversos parceiros comerciais dos Estados Unidos acabaram recebendo uma isenção dessas tarifas — e o Brasil, novamente, foi incluído na lista. Assim, por mais que a notícia obviamente não seja positiva, também não há um elemento surpresa tão expressivo, como ocorreu em 2018.

https://twitter.com/realDonaldTrump/status/1201455859731238912

"Brasil e Argentina estão promovendo uma desvalorização massiva em suas moedas, o que não é bom para os nossos fazendeiros. Assim, com efeito imediato, eu vou reinstaurar as tarifas sobre todas as importações de aço e alumínio vindos desses países", escreveu o presidente americano.

Um segundo ponto relevante é o de que o anúncio em si faz muito barulho, mas, em termos práticos, pouco afeta o desenvolvimento dos personagens — no caso, CSN, Usiminas e Gerdau. As exportações de aço aos Estados Unidos não são tão relevantes assim, o que diminui o potencial negativo da sobretaxação.

O caso mais gritante é o da Gerdau. A companhia possui um braço bastante relevante nos EUA — as operações de negócios na América do Norte responderam por 37,1% da receita líquida e 29% do Ebitda da empresa nos últimos 12 meses.

Naturalmente, todo o aço produzido pela Gerdau em território americano não está sujeito às tarifas, já que ele não está sendo importado. E qual o tamanho das exportações da empresa brasileira aos EUA? Bem, esse dado não é aberto pela companhia, mas é possível obter alguma dimensão numérica.

Veja só: as exportações da Gerdau — para os EUA e todos os outros mercados — chegaram a R$ 752 milhões no terceiro trimestre deste ano. Considerando a receita líquida total da empresa no período, de R$ 9,931 bilhões, chega-se à conclusão de que as vedas externas responderam por apenas 7,5% da receita da companhia.

E, considerando que os Estados Unidos não são o principal comprador internacional de aço da Gerdau, é razoável concluir que essa elevação das tarifas não representa uma grande preocupação para a empresa.

Participação por operação de negócio (ON) da Gerdau na receita da companhia
Participação por operação de negócio (ON) da Gerdau na receita da companhia - Imagem: Gerdau

Sem drama

Ok, a Gerdau possui operações nos Estados Unidos e consegue passar sem arranhões pelo aumento das tarifas. Mas e CSN e Usiminas, como ficam?

Bem, elas também passam praticamente inabaladas. A Usiminas exporta uma quantia relativamente pequena de sua produção siderúrgica: do 1,033 milhão de toneladas de aço vendidos no terceiro trimestre deste ano, apenas 88 mil toneladas — ou 8,5% — foram destinadas ao mercado internacional.

A empresa ainda revela que, entre julho e setembro, apenas 16% das exportações foram destinadas aos EUA. Fazendo uma conta rápida, chegamos ao total de 14 mil toneladas vendidas aos americanos — ou 1,3% das vendas totais ao exterior.

Vendas da Usiminas ao exterior
Vendas da Usiminas ao exterior - Imagem: Usiminas

 

A CSN também tem motivos de sobra para não se deixar abalar pelo novo roteiro da guerra comercial. Em primeiro lugar, porque possui um braço relevante de mineração, que ajuda a compensar eventuais instabilidades no mercado de aço; em segundo, porque o mercado americano também não tem um grande apelo para a companhia.

Vamos nos focar apenas nas operações de siderurgia: ao todo, a CSN vendeu 1,072 milhão de toneladas de aço no terceiro trimestre deste ano, dos quais apenas 15 mil toneladas foram exportados — o equivalente a 1,4% do total.

Vendas da CSN no terceiro trimestre de 2019
Vendas da CSN no terceiro trimestre de 2019 - Imagem: CSN

 

Estímulo externo

Há mais um fator que ajuda a dar segurança às ações das três empresas: a China. O gigante asiático é o principal consumidor mundial de aço e produtos para as indústrias de base — assim, sinais de que a economia chinesa vai bem acabam dando ânimo as siderúrgicas brasileiras.

E foi exatamente isso o que aconteceu nesta manhã: mais cedo, foram divulgados dados animadores do setor industrial da China, mostrando o quarto mês seguido de expansão na atividade — o que afasta os temores de desaceleração no país e abre espaço para um aumento na demanda por produtos siderúrgicos.

Assim, considerando o volume relativamente pequeno de exportações de CSN, Gerdau e Usiminas, há a notícia negativa dos EUA, mas também há um fator positivo da China. E, levando em conta que os chineses são clientes mais importantes que os americanos para as siderúrgicas, o saldo é azul.

Reação da plateia

Por mais que o mercado tenha ignorado a sobretaxação anunciada por Trump, associações ligadas ao setor siderúrgico e o próprio governo brasileiro mostraram-se descontentes com a movimentação dos Estados Unidos.

Em nota, o Instituto Aço Brasil — entidade que reúne as principais empresas brasileiras produtoras de aço — diz ter recebido a notícia com "perplexidade" e afirma que não há qualquer iniciativa por parte do governo para desvalorizar artificialmente o real.

"A decisão de taxar o aço brasileiro como forma de 'compensar' o agricultor americano é uma retaliação ao Brasil, que não condiz com as relações de parceria entre os dois países", diz o Instituto. "tal decisão acaba por prejudicar a própria indústria produtora de aço americana, que necessita dos semiacabados exportados pelo Brasil".

Em nota conjunta, os ministérios das Relações Exteriores, da Economia e da Agricultura diz já estar em contato com interlocutores em Washington sobre as taxações ao aço.

"O governo trabalhará para defender o interesse comercial brasileiro e assegurar a fluidez do comércio com os EUA, com vistas a ampliar o intercâmbio comercial e aprofundar o relacionamento bilateral, em benefício de ambos os países".

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ESPAÇO PARA CRESCER

Automob (AMOB3): BTG inicia cobertura com recomendação de compra e vê potencial de valorização de 45%

4 de junho de 2025 - 12:32

Empresa é líder em concessionárias, mas ainda tem baixa participação de mercado devido à alta fragmentação do setor. Para o BTG, é grande o espaço para crescer

SINAL VERDE

BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) ganham aval do Cade para fusão — dividendos bilionários e o que mais vem pela frente?

4 de junho de 2025 - 10:09

A Superintendência-Geral do Cade aprovou, sem restrições, a combinação de negócios entre os dois players do mercado de proteínas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje

4 de junho de 2025 - 8:13

Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira

ONDE INVESTIR

Onde Investir em junho: Cosan (CSAN3), SBF (SBFG3), SLC Agrícola (SLCE3) e mais opções em ações, dividendos, FIIs e criptomoedas

3 de junho de 2025 - 19:28

Em novo episódio da série, analistas da Empiricus Research compartilham recomendações após os resultados da temporada de balanços

DE VOLTA AO TOPO

Nvidia faz Microsoft comer poeira e assume posto de maior empresa dos EUA em valor de mercado

3 de junho de 2025 - 18:33

A terceira posição nesse pódio é da Apple: a fabricante de iPhones terminou a sessão desta terça-feira (3) avaliada em US$ 3,04 bilhões

DIVÓRCIO NA CASA BRANCA

‘Abominação repugnante’ — Elon Musk e Donald Trump, do ‘match’ político à lavação pública de roupa suja

3 de junho de 2025 - 16:33

Elon Musk detona projeto de Donald Trump menos de uma semana após deixar governo dos Estados Unidos

CRIPTO HOJE

Bitcoin (BTC) volta aos US$ 106 mil com dados de emprego nos EUA e ‘TACO Trade’, mas saques em ETFs acendem alerta

3 de junho de 2025 - 14:37

Criptomoedas sobem com dados positivos do mercado de trabalho dos EUA, mas saques em ETFs revelam fragilidade do rali em meio às tensões comerciais

O QUE FAZER COM OS PAPÉIS?

Rede D’Or (RDOR3) tem uma das maiores quedas do Ibovespa nesta terça (3): o que está acontecendo com as ações?

3 de junho de 2025 - 12:43

As ações reagiram à atualização do plano de expansão da companhia, que revisou para baixo a projeção de criação de leitos até 2028

SEU MENTOR DE INVESTIMENTOS

Lula e Trump contra o mercado: quando o melhor a fazer é vestir a carapuça

3 de junho de 2025 - 12:39

Lula tem se irritado com o mercado desde a eleição; Trump, em apenas cinco meses, já deixou os investidores totalmente desnorteados

DEPOIS DA TEMPESTADE

O tempo virou para o Bradesco — e agora é para melhor: Mais um banco eleva a recomendação para as ações. É hora de comprar BBDC4?

3 de junho de 2025 - 12:14

Lucro maior, ROE em alta e melhora na divisão de seguros embasam a recomendação de compra

VALUATION ESTICOU DEMAIS?

É hora de sair da bolsa dos EUA? S&P 500 está caro, alertam BofA e XP — e há riscos (ainda) fora do preço

3 de junho de 2025 - 11:53

Os patamares de múltiplos atuais do S&P 500, o índice de ações mais amplo da bolsa norte-americana, fizeram o Bank of America (BofA) e a XP acenderem a luz de alerta

DESEMPENHO PESOU

Queda da ação do Banco do Brasil (BBAS3) prejudica desempenho das carteiras recomendadas de maio; veja ranking

3 de junho de 2025 - 11:18

Ações do banco derreteram quase 20% no período, arrastadas por um balanço muito abaixo das expectativas do mercado

BOM PRA CACHORRO

Fusão Petz e Cobasi: Cade aprova negócio sem restrições; veja quais os próximos passos e o que acontece com os acionistas

3 de junho de 2025 - 8:33

A Superintendência-Geral do Cade emitiu parecer favorável à combinação de negócios das gigantes do mercado pet. O que esperar agora?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O Brasil precisa seguir as ‘recomendações médicas’: o diagnóstico da Moody’s e o que esperar dos mercados hoje

3 de junho de 2025 - 8:15

Tarifas de Trump seguem no radar internacional; no cenário local, mercado aguarda negociações de Haddad com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado

2 de junho de 2025 - 20:00

A percepção, de que a reação de Trump a qualquer mexida no mercado o leva a recuar, é uma das principais razões pelas quais estamos basicamente no zero a zero no S&P 500 neste ano, com uma pequena alta no Nasdaq

ALÔ ACIONISTA

TIM (TIMS3) anuncia grupamento de ações para aumentar a liquidez do papel; confira os detalhes da operação

2 de junho de 2025 - 19:57

A partir desta terça-feira (3), acionistas terão 30 dias para ajustar suas posições para evitar a formação de frações ao fim do processo

AINDA É EXCEPCIONAL?

Por que o mercado erra ao apostar que Trump vai “amarelar”, segundo a Gavekal

2 de junho de 2025 - 16:55

Economista-chefe da consultoria avalia se o excepcionalismo norte-americano chegou ao fim e dá um conselho para os investidores neste momento

FÔLEGO RENOVADO

Após o rali de quase 50% no ano, ação do Bradesco (BBDC4) ainda tem espaço para subir? UBS BB acredita que sim

2 de junho de 2025 - 15:53

Banco mantém recomendação de compra para BBDC4 e eleva preço-alvo para R$ 21. Saiba o que sustenta a visão otimista

ECOR3 AGORA É BUY

De “venda” à compra: Ecorodovias (ECOR3) recebe duplo upgrade de recomendação pelo BofA. O que está por trás do otimismo?

2 de junho de 2025 - 14:27

Com a mudança, os papéis ECOR3 saem de uma recomendação underperform (equivalente à venda) e aceleram para classificação de compra

DESTAQUES DA BOLSA

Nem só de aço vive a B3: Gerdau brilha, mas alta do petróleo puxa ações de petroleiras no Ibovespa

2 de junho de 2025 - 11:28

O petróleo ganhou força no exterior nesta manhã depois que a Opep+ manteve os aumentos de produção em julho no mesmo nível dos dois meses anteriores

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar