🔴 EVENTO GRATUITO: COMPRAR OU VENDER VALE3? INSCREVA-SE

Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
Política Monetária

Selic fica em 6,5% enquanto expectativas ficarem ancoradas nas metas

Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) tem tom bastante neutro e reafirma possibilidade de retirada de estímulo

Eduardo Campos
Eduardo Campos
6 de novembro de 2018
9:29
Imagem: Vanessa Eyer

Mesmo com uma melhora no balanço de riscos para a inflação, o Banco Central (BC) prefere manter a flexibilidade para a condução da política monetária e prefere se abster de fornecer indicações sobre o futuro da taxa básica de juros, a Selic.

Em sua última reunião, na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por manter a Selic em 6,5% ao ano e o que se depreende da leitura da ata é que taxa fica neste patamar enquanto as expectativas de inflação permitirem.

Por ora, o quadro segue favorável aos ativos de risco, como bolsa de valores, e outros setores relacionados à retomada da atividade, com o segmento imobiliário, e os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs). Perdem atratividade os ativos “selicados”, como as LFTs.

No documento, o Copom afirma que a diminuição de incertezas no âmbito doméstico, que produziu redução dos prêmios de risco embutidos nos preços de ativos brasileiros, contribuiu para a redução da assimetria no balanço de riscos para a inflação. Isso pode ser visto como uma referência à queda na cotação do dólar e dos juros futuros com a definição do quadro eleitoral.

“Não obstante essa melhora, os membros do Copom concluíram que os riscos altistas para a inflação seguem com maior peso em seu balanço de riscos.”

Os riscos de alta decorrem de uma possível frustração com as expectativas de continuidade de ajustes e reformas. Risco que se intensifica em caso de deterioração do cenário externo para emergentes.

Faz anos que o BC enfatiza a importância de ajustes e reformas como forma de garantir inflação e juros baixos e uma retomada do crescimento. Agora é aguardar para ver como será feita a implementação das reformas pelo governo eleito.

Segundo o BC, expectativas ancoradas, núcleos de inflação compatíveis com as metas e elevada ociosidade ainda prescrevem política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. A taxa estrutural ou neutra é aquela que permite o máximo crescimento com inflação dentro das metas.

Essa é uma variável não observável, mas segundo o Copom as atuais taxas de juros reais (taxa nominal descontada da inflação esperada) “têm efeito estimulativo” sobre a economia. Essa taxa real está rodando na casa dos 3% enquanto que algumas projeções para a taxa neutra ficam entre 4% a 4,5%.

O BC também fala sobre as condicionalidades que prescreveriam política monetária estimulativa.

“Em especial, a provisão de estímulo monetário requer ambiente com expectativas de inflação ancoradas. O Comitê avaliou que esse estímulo deve ser removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora”, diz a ata.

Vale notar que retirar estímulo é diferente de deixar a política monetária restritiva. Então, o que o BC está dizendo é que se as expectativas descolarem das metas para 2019 e 2020 ele vai reduzir o grau de estímulo, deixando a taxa real mais próxima da taxa neutra.

Inflação e projeções

Os membros do Copom também analisaram a trajetória da inflação nos próximos meses. Essa trajetória deverá produzir elevação da inflação acumulada em doze meses, até atingir um pico por volta do segundo trimestre de 2019. A partir de então, a inflação deverá recuar ao longo do resto do ano, em direção à meta de 4,25%.

As projeções apresentadas mostram Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,4% para 2018, 4,2% para 2019 e de 4,1% para 2020, considerando Selic em 6,5% e dólar constante a R$ 3,70.

Com Selic de 8%, que é projetada pelo mercado, e dólar a R$ 3,8 em 2019 e R$ 3,75 em 2020, a inflação fecha 2019 em 4,2% e recua a 3,7% em 2020, quando a meta é de 3,75%.

Sobre o núcleo da inflação, que capta a tendência dos preços, o BC mantém a avaliação de que eles estão, de modo geral, consistentes com as metas de inflação. Vale lembrar que o comportamento dos núcleos foi essencial para o BC acelerar o ritmo de cortes de juros no começo do ciclo e também para o ajuste fino que levou a taxa aos atuais 6,5%.

“Ajustes de preços relativos parecem ter contribuído para elevar a inflação para níveis compatíveis com as metas em contexto com expectativas ancoradas, o que não deveria constituir risco para a manutenção da inflação nesses níveis após concluídos os referidos ajustes”, diz o BC.

Ainda assim, o Copom reforçou a importância de acompanhar a evolução da trajetória prospectiva da inflação no médio e longo prazos, além da ancoragem das expectativas de inflação, visando avaliar o possível impacto mais perene de choques recentes sobre a inflação.

O BC também segue avaliando o repasse dos movimentos da taxa de câmbio para o restante da inflação e enfatiza que tal fenômeno depende do nível de ociosidade da economia e da ancoragem das expectativas de inflação.

Cenário externo

Para o Copom a conjuntura internacional segue desafiadora para as economias emergentes. O apetite a risco se manteve estável, depois de um período de piora, mas a avaliação consensual foi de que que essa estabilização se deu em níveis aquém dos vigentes no início do ano, o que implica prêmios de risco mais elevados.

Além disso, desde a reunião anterior do Copom, os preços de ativos de risco nas economias avançadas apresentaram maior volatilidade.

O cenário base é de normalização gradual da política monetária americana. O Copom também fala dos riscos associados à continuidade da expansão do comércio internacional, “com possíveis impactos sobre o crescimento global e sobre a economia chinesa em particular”.

 

Compartilhe

SOBE MAIS UM POUQUINHO?

Campos Neto estragou a festa do mercado e mexeu com as apostas para a próxima reunião do Copom. Veja o que os investidores esperam para a Selic agora

15 de setembro de 2022 - 12:41

Os investidores já se preparavam para celebrar o fim do ciclo de ajuste de alta da Selic, mas o presidente do Banco Central parece ter trazido o mercado de volta à realidade

PREVISÕES PARA O COPOM

Um dos maiores especialistas em inflação do país diz que não há motivos para o Banco Central elevar a taxa Selic em setembro; entenda

10 de setembro de 2022 - 16:42

Heron do Carmo, economista e professor da FEA-USP, prevê que o IPCA registrará a terceira deflação consecutiva em setembro

OUTRA FACE

O que acontece com as notas de libras com a imagem de Elizabeth II após a morte da rainha?

9 de setembro de 2022 - 10:51

De acordo com o Banco da Inglaterra (BoE), as cédulas atuais de libras com a imagem de Elizabeth II seguirão tendo valor legal

GREVE ATRASOU PLANEJAMENTO

Banco Central inicia trabalhos de laboratório do real digital; veja quando a criptomoeda brasileira deve estar disponível para uso

8 de setembro de 2022 - 16:28

Essa etapa do processo visa identificar características fundamentais de uma infraestrutura para a moeda digital e deve durar quatro meses

FAZ O PIX GRINGO

Copia mas não faz igual: Por que o BC dos Estados Unidos quer lançar um “Pix americano” e atrelar sistema a uma criptomoeda

30 de agosto de 2022 - 12:08

Apesar do rali do dia, o otimismo com as criptomoedas não deve se estender muito: o cenário macroeconômico continua ruim para o mercado

AMIGO DE CRIPTO

Com real digital do Banco Central, bancos poderão emitir criptomoeda para evitar “corrosão” de balanços, diz Campos Neto

12 de agosto de 2022 - 12:43

O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, ainda afirmou que a comissão será rigorosa com crimes no setor: “ fraude não se regula, se pune”

AGORA VAI!

O real digital vem aí: saiba quando os testes vão começar e quanto tempo vai durar

10 de agosto de 2022 - 19:57

Originalmente, o laboratório do real digital estava previsto para começar no fim de março e acabar no final de julho, mas o BC decidiu suspender o cronograma devido à greve dos servidores

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O ciclo de alta da Selic está perto do fim – e existe um título com o qual é difícil perder dinheiro mesmo se o juro começar a cair

2 de agosto de 2022 - 5:58

Quando o juro cair, o investidor ganha porque a curva arrefeceu; se não, a inflação vai ser alta o bastante para mais do que compensar novas altas

PRATA E CUPRONÍQUEL

Banco Central lança moedas em comemoração ao do bicentenário da independência; valores podem chegar a R$ 420

26 de julho de 2022 - 16:10

As moedas possuem valor de face de 2 e 5 reais, mas como são itens colecionáveis não têm equivalência com o dinheiro do dia a dia

AGRADANDO A CLIENTELA

Nubank (NUBR33) supera ‘bancões’ e tem um dos menores números de reclamações do ranking do Banco Central; C6 Bank lidera índice de queixas

21 de julho de 2022 - 16:43

O banco digital só perde para a Midway, conta digital da Riachuelo, no índice calculado pelo BC

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar