Selic fica em 6,5% enquanto expectativas ficarem ancoradas nas metas
Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) tem tom bastante neutro e reafirma possibilidade de retirada de estímulo

Mesmo com uma melhora no balanço de riscos para a inflação, o Banco Central (BC) prefere manter a flexibilidade para a condução da política monetária e prefere se abster de fornecer indicações sobre o futuro da taxa básica de juros, a Selic.
Em sua última reunião, na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por manter a Selic em 6,5% ao ano e o que se depreende da leitura da ata é que taxa fica neste patamar enquanto as expectativas de inflação permitirem.
Por ora, o quadro segue favorável aos ativos de risco, como bolsa de valores, e outros setores relacionados à retomada da atividade, com o segmento imobiliário, e os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs). Perdem atratividade os ativos “selicados”, como as LFTs.
No documento, o Copom afirma que a diminuição de incertezas no âmbito doméstico, que produziu redução dos prêmios de risco embutidos nos preços de ativos brasileiros, contribuiu para a redução da assimetria no balanço de riscos para a inflação. Isso pode ser visto como uma referência à queda na cotação do dólar e dos juros futuros com a definição do quadro eleitoral.
“Não obstante essa melhora, os membros do Copom concluíram que os riscos altistas para a inflação seguem com maior peso em seu balanço de riscos.”
Os riscos de alta decorrem de uma possível frustração com as expectativas de continuidade de ajustes e reformas. Risco que se intensifica em caso de deterioração do cenário externo para emergentes.
Leia Também
Faz anos que o BC enfatiza a importância de ajustes e reformas como forma de garantir inflação e juros baixos e uma retomada do crescimento. Agora é aguardar para ver como será feita a implementação das reformas pelo governo eleito.
Segundo o BC, expectativas ancoradas, núcleos de inflação compatíveis com as metas e elevada ociosidade ainda prescrevem política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. A taxa estrutural ou neutra é aquela que permite o máximo crescimento com inflação dentro das metas.
Essa é uma variável não observável, mas segundo o Copom as atuais taxas de juros reais (taxa nominal descontada da inflação esperada) “têm efeito estimulativo” sobre a economia. Essa taxa real está rodando na casa dos 3% enquanto que algumas projeções para a taxa neutra ficam entre 4% a 4,5%.
O BC também fala sobre as condicionalidades que prescreveriam política monetária estimulativa.
“Em especial, a provisão de estímulo monetário requer ambiente com expectativas de inflação ancoradas. O Comitê avaliou que esse estímulo deve ser removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora”, diz a ata.
Vale notar que retirar estímulo é diferente de deixar a política monetária restritiva. Então, o que o BC está dizendo é que se as expectativas descolarem das metas para 2019 e 2020 ele vai reduzir o grau de estímulo, deixando a taxa real mais próxima da taxa neutra.
Inflação e projeções
Os membros do Copom também analisaram a trajetória da inflação nos próximos meses. Essa trajetória deverá produzir elevação da inflação acumulada em doze meses, até atingir um pico por volta do segundo trimestre de 2019. A partir de então, a inflação deverá recuar ao longo do resto do ano, em direção à meta de 4,25%.
As projeções apresentadas mostram Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,4% para 2018, 4,2% para 2019 e de 4,1% para 2020, considerando Selic em 6,5% e dólar constante a R$ 3,70.
Com Selic de 8%, que é projetada pelo mercado, e dólar a R$ 3,8 em 2019 e R$ 3,75 em 2020, a inflação fecha 2019 em 4,2% e recua a 3,7% em 2020, quando a meta é de 3,75%.
Sobre o núcleo da inflação, que capta a tendência dos preços, o BC mantém a avaliação de que eles estão, de modo geral, consistentes com as metas de inflação. Vale lembrar que o comportamento dos núcleos foi essencial para o BC acelerar o ritmo de cortes de juros no começo do ciclo e também para o ajuste fino que levou a taxa aos atuais 6,5%.
“Ajustes de preços relativos parecem ter contribuído para elevar a inflação para níveis compatíveis com as metas em contexto com expectativas ancoradas, o que não deveria constituir risco para a manutenção da inflação nesses níveis após concluídos os referidos ajustes”, diz o BC.
Ainda assim, o Copom reforçou a importância de acompanhar a evolução da trajetória prospectiva da inflação no médio e longo prazos, além da ancoragem das expectativas de inflação, visando avaliar o possível impacto mais perene de choques recentes sobre a inflação.
O BC também segue avaliando o repasse dos movimentos da taxa de câmbio para o restante da inflação e enfatiza que tal fenômeno depende do nível de ociosidade da economia e da ancoragem das expectativas de inflação.
Cenário externo
Para o Copom a conjuntura internacional segue desafiadora para as economias emergentes. O apetite a risco se manteve estável, depois de um período de piora, mas a avaliação consensual foi de que que essa estabilização se deu em níveis aquém dos vigentes no início do ano, o que implica prêmios de risco mais elevados.
Além disso, desde a reunião anterior do Copom, os preços de ativos de risco nas economias avançadas apresentaram maior volatilidade.
O cenário base é de normalização gradual da política monetária americana. O Copom também fala dos riscos associados à continuidade da expansão do comércio internacional, “com possíveis impactos sobre o crescimento global e sobre a economia chinesa em particular”.
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
JP Morgan rebaixa Caixa Seguridade (CXSE3) para neutra após alta de 20% em 2025
Mesmo com modelo de negócios considerado “premium”, banco vê potencial de valorização limitado, e tem uma nova preferida no setor
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco
Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas
O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca
Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284
Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados