Como a classe política reagiu à proposta de reforma da Previdência entregue por Bolsonaro
Enquanto a oposição fez barulho e emplacou uma hashtag no Twitter contra a reforma, líderes do Congresso já citam pequenas mudanças no projeto

Logo após a digestão inicial sobre os detalhes da reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro, lideranças iniciaram a chuva de opiniões em relação ao projeto.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), celebrou a presença do presidente no Congresso para apresentar o projeto. Pelo Twitter, o deputado se disse honrado pela visita presidencial.
Hoje, recebemos na Câmara dos Deputados, com muita honra, o Presidente da República, @jairbolsonaro, que apresentou o projeto da reforma da Previdência. Nosso principal desafio será mostrar a milhões de brasileiros que muitos têm sido instrumentos de poucas pessoas privilegiadas. pic.twitter.com/flfz8oJmRN
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) February 20, 2019
Maia ainda destacou que o "principal desafio" do governo será convencer a população de que a reforma é necessária para combater privilégios. Segundo ele, a visita de Bolsonaro é uma "sinalização do governo de estar disposto ao diálogo".
Leia Também
O deputado disse que "o Congresso está pronto para debater a Previdência e precisa muito da proximidade e do diálogo com o Executivo".
A postagem do presidente da Câmara foi acompanhada de uma foto em que ele aparece ao lado de Bolsonaro e com o projeto da reforma em mãos.
Para Maia, a aproximação entre Legislativo e Executivo é necessária. "Para construirmos, com base neste texto, as mudanças que vão mudar a história do nosso país", escreveu.
Alcolumbre já cita mudanças
Enquanto Maia era só elogios à reforma, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse que o Congresso Nacional terá tempo para "aperfeiçoar" a proposta de reforma da Previdência apresentada nesta quarta-feira pelo governo federal. A afirmação foi feita depois de ser questionado sobre a reforma prever pagamento de R$ 400 para idosos como aposentadoria.
"Isso vai ser discutido no Congresso. A proposta será debatida em comissão especial, teremos tempo para aperfeiçoá-la. A Câmara terá no Senado um diálogo permanente sobre a proposta", afirmou o senador.
Sobre o possível impacto do vazamento de áudios de uma conversa do presidente Jair Bolsonaro, ele disse que "a reforma não pode ser contaminada por disputa política".
E por falar em mudanças...
Depois de almoçar com Bolsonaro no Palácio do Planalto, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), voltou a dizer que sentiu disposição da parte dos governadores para apoiar a reforma, entregue formalmente hoje ao Congresso, mas que alterações "pontuais" serão feitas, sem especificar quais os pontos mais sensíveis.
"A gente tem certeza que o Congresso vai aperfeiçoar a proposta", declarou o líder. Ele evitou fazer estimativas sobre a base de apoio do governo no Congresso e disse que as conversas para costurar apoio começam nesta quarta-feira.
Oposição faz chuva de críticas e emplaca hashtag
A oposição foi rápida em fazer críticas ao projeto de Bolsonaro para a Previdência. Uma campanha empreendida por parlamentares e líderes fez com que a hashtag #ReajaOuSuaPrevidênciaAcaba se tornasse o assunto mais comentado do Twitter no Brasil.
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse que a "reforma da Previdência apresentada é uma afronta" e que ela "impõe pesadas perdas aos mais pobres".
Relembrando o projeto de reforma do ex-presidente Michel Temer (MDB), que sucedeu Dilma no Planalto após o impeachment da petista, a ex-presidente escreveu que "a PEC da reforma da Previdência de Bolsonaro é pior que a de Temer".
Em sintonia com Dilma, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) publicou que o projeto apresentado por Bolsonaro é na verdade uma proposta de "destruição da previdência pública".
"A situação de quem entrar no mercado de trabalho no futuro pode ser pior ainda se o governo implantar o sistema de capitalização previdenciária. A medida só agrada o mercado financeiro", tuitou a deputada gaúcha e presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Em uma série de tuítes, Gleisi atacou o projeto e disse que a reforma prejudica os mais pobres, que o período de transição de 12 anos é demasiado curto e que classificou como mentiroso o discurso de que a reforma é necessária.
PEC da reforma da Previdência de Bolsonaro é pior do que a de Temer #ReajaOuSuaPrevidênciaAcaba pic.twitter.com/t0Q7Gc1QQL
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) February 20, 2019
Estreante no Congresso, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) atrelou a reforma trabalhista, que, segundo ela "tornou muito difícil encontrar empregos com carteira assinada", à reforma da Previdência. "Quem terá condições de contribuir 40 anos para o INSS?", escreveu.
Seu correligionário, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) tratou de adjetivar duramente a proposta da reforma previdenciária: "Vergonhosa, indecente e maléfica aos trabalhadores brasileiros."
Entre governadores, incômodo e pitacos
Peças-chave para a articulação na Câmara, os governadores também não se mostraram satisfeitos com a reforma proposta. Líderes estaduais tiveram uma reunião com Guedes na manhã desta quarta-feira para que os detalhes do projeto fossem apresentados.
Após sair do encontro, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse que "a grande maioria dos governadores não topa a reforma como está aí". Segundo ele, o tema da Previdência é uma pauta comum de todos os entes da Federação, mas, do ponto de vista dos Estados, a reforma proposta por Jair Bolsonaro pode ser melhorada.
"Essa proposta não passa hoje. O governo não tem 50 votos", disse o governador, referindo-se ao esforço de convencimento que o Planalto terá de empreender para conseguir os apoios necessários no Legislativo. Vale lembrar que, para ser aprovada na Câmara, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) precisa receber o aval de 308 deputados, em cada um dos dois turnos de votação.
Ibaneis também criticou o fato de o governo não ter entregue também o texto que mudará a previdência dos militares. "O governo deveria ter esperado para tratar também da questão dos militares". Pelo cronograma divulgado, a proposta voltada para os militares só será encaminhada pelo governo daqui a 30 dias.
Além disso, o governador do Distrito Federal enfatizou que Estados pequenos não têm condições de fazer um fundo de capitalização, mecanismo previsto na PEC para dar sustentação ao novo regime de capitalização que bancará aposentadorias futuras.
Na mesma postura que Ibaneis, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), criticou enfaticamente a proposta. Para ele, o texto cria insegurança jurídica e impõe um sistema de aposentadoria contra os mais pobres. "Parece pegadinha", criticou Dino, referindo-se ao regime de capitalização.
Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que confia no aprimoramento a ser feito pelo Congresso no projeto. "Não é em duas horas que resolveremos a reforma", disse após a reunião com Guedes.
Leite admitiu que há uma distorção no sistema previdenciário brasileiro que precisa ser resolvida. A proposta encaminhada pelo governo prevê que Estados e municípios que registrarem déficit terão que elevar a alíquota de contribuição à previdência dos seus servidores para 14%. "A contribuição extraordinária pode aliviar o déficit, mas não resolvê-lo. A alíquota de 14% é insuficiente para o déficit na previdência do Rio Grande do Sul", afirmou o governador.
Com relação ao fato de a proposta do governo querer desvincular o salário mínimo dos Benefícios de Prestação Continuada (BPC), Leite disse que a mudança tem que ser avaliada no Congresso. "É (mudança) sensível e deve ser discutida".
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), também disse que a mudança no BPC precisa ser repensada para não prejudicar os trabalhadores mais pobres. "Esse é o pior dos mundos. A pior reforma é aquela que a gente não consegue aprovar. É melhor ter algo em que a gente consiga mais consenso para aprovar alguma coisa", disse.
Ainda sobre o BPC, o governador de Alagoas, Renan Filho, afirmou que Guedes sinalizou durante a reunião com os governadores que tais mudanças podem ser retiradas da reforma caso não haja consenso. Segundo Renan, há preocupação, principalmente entre os governadores do Norte e Nordeste, com os impactos que as medidas possam ter para a população e para a economia de seus Estados. As alterações para a concessão da aposentadoria rural também foram muito citadas pelos governadores da região.
"A idade para que o cidadão tenha o benefício integral de um salário mínimo é elevada. Acho que isso precisa ser melhor discutido e talvez retirado da reforma. E também a questão da aposentadoria dos trabalhadores rurais, sobretudo para quem é do Nordeste, que começa a trabalhar muito cedo e tem uma condição de vida mais difícil. Tem que ter um tratamento diferenciado", disse Renan Filho.
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), também participou do encontro com Guedes e disse que o déficit da previdência dos Estados precisa ser incluído na proposta. Santana afirmou que há unanimidade entre os governadores sobre a necessidade da reforma, mas disse que a discussão não pode ficar centrada apenas no déficit da União.
O líder cearense disse ainda que as questões regionais devem ser consideradas na proposta de reforma da Previdência. "A economia do Norte e do Nordeste gira em torno dos pagamentos do INSS", disse ele.
Já o governador do Amazonas, Wilson Miranda Lima (PSC), disse que alguns temas da reforma da Previdência precisam ser mais discutidos com governadores e categorias de trabalhadores, como policiais e professores. Lima disse ainda que um grupo de governadores vai levantar uma série de ações emergenciais que a União possa fazer para ajudar os Estados mais deficitários.
O governador do Amapá, Waldez Goés (PDT), disse que o governo deveria ter apresentado a proposta de reforma da Previdência antes. Segundo ele, houve duas reuniões de governadores antes da apresentação. Se eles já conhecessem o texto final, poderiam apresentar sugestões de mudanças, disse o governador.
Apesar do descontentamento manifestado por vários governadores a respeito de alguns temas da reforma da Previdência, o governador de São Paulo, João Doria, disse que os Estados não devem se opor à proposta. "O sentimento é bom, positivo, e algumas recomendações serão oferecidas à equipe econômica", afirmou. "A posição de São Paulo e da bancada do PSDB na Câmara e no Senado será favorável à reforma."
*Com Estadão Conteúdo.
Com Lula ou Bolsonaro na Presidência, o próximo Congresso será de centro-direita e reformista, diz Arthur Lira
Em evento em Nova York, presidente da Câmara volta a defender a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro e as reformas no país
Alívio no bolso vem aí? Conheça a PEC que pode zerar impostos sobre combustíveis e gás
A matéria dispensa o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que exige que o governo compense a perda de arrecadação ao cortar impostos com a elevação de outros
Fundo eleitoral, emendas do relator e reajuste dos servidores: 3 pontos do Orçamento para 2022 que mexem com a bolsa esta semana
Entre emendas parlamentares superavitárias e reajuste dos policiais federais, o Orçamento deve ser publicado no Diário Oficial na segunda-feira (24)
Tesouro pode perder até R$ 240 bilhões com PEC dos Combustíveis e inflação pode ir para 1% — mas gasolina ficará só R$ 0,20 mais barata; confira análise
Se todos os estados aderirem à desoneração, a perda seria de cifras bilionárias aos cofres públicos, de acordo com a XP Investimentos
Além do furo no teto: como a PEC dos precatórios afeta os credores, mas abre uma grande oportunidade de investimento
Com a regra fiscal ameaçada, o motivo inicial para a criação da emenda acabou sendo relegado a segundo plano, mas seus desdobramentos podem beneficiar os investimentos alternativos
Por precaução, presidente da Câmara adia votação em 2º turno da PEC dos Precatórios
Depois da aprovação em 1º turno, ontem à noite, governistas temiam falta de quorum; Lira deixou votação para hoje
Câmara resiste a mudanças propostas pelo Senado na PEC dos precatórios; entenda o impasse
Parte da PEC já foi promulgada na semana passada, incluindo a alteração no cálculo da regra que atrela o crescimento das despesas à inflação
Projeto de lei pode conter alta dos combustíveis, mas precisa ser aprovado ainda este ano, defende relator
A medida, que cria um programa de estabilização do valor do petróleo e derivados, foi a forma encontrada para amenizar a alta dos preços sem interferir na política da Petrobras
Se Arthur Lira quiser, PEC dos Precatórios será aprovada ainda este ano, diz líder do Novo
Deputado Paulo Ganime defende que PEC tramite como novo texto, mas presidente da Câmara sinalizou que vai fatiar proposta
Reforma administrativa não sai antes das eleições, admite relator da proposta na Câmara
O deputado Arthur Maia afirmou que faltou empenho do executivo para garantir que o texto fosse aprovado no Congresso
4 fatos que mexem com o Ibovespa na próxima semana — incluindo Copom e IPO do Nubank
O principal índice acionário brasileiro terá um calendário cheio de eventos e dados econômicos para digerir ao longo dos próximos dias
Governo quer esperar, mas presidente do Senado estuda votar PEC dos precatórios ainda hoje
O governo acredita já ter os votos necessários para aprovar a proposta, mas esperava garantir uma margem maior antes da votação
Ano novo, impostos velhos! Reforma do IR fica para 2022, confirma presidente do Senado
O governo Bolsonaro pressionava pela aprovação da proposta para financiar o Auxílio Brasil, mas não conseguiu apoio na Casa
PEC dos precatórios tornará Auxílio Brasil permanente; Bolsonaro espera que o Senado aprove o texto na próxima semana
O governo ainda busca votos para aprovar o texto sem mexer em dois pontos centrais: o limite para pagamento de precatórios e a mudança no cálculo do teto de gastos
Bolsonaro prometeu, mas Lira diz que não há espaço para reajuste a servidores com PEC dos Precatórios
A PEC abre um espaço de R$ 90 bilhões no Orçamento, mas cálculos da Economia apontam outras despesas como destinatárias da folga
Projeções para a economia são revisadas para pior e falas de Jair Bolsonaro desagradam senadores que negociam PEC dos Precatórios: veja o que movimenta Brasília hoje
A PEC dos precatórios pode abrir espaço no Orçamento de 2022, mas o risco fiscal gerado pelos debates em torno da proposta fizeram o governo reajustar as projeções
Com remanejamento no Orçamento, Congresso garante verba R$ 9,36 bilhões para Auxílio Brasil
O montante, originalmente previsto para o finado Bolsa Família, garantirá um reajuste de quase de 18% no novo programa social
PDT pula do barco, mas PEC dos Precatórios passa em 2º turno na Câmara mesmo assim
Apesar da mudança de posição pedetista, governo conseguiu 11 votos a mais do que no primeiro turno para passar a PEC com a qual pretende viabilizar o Auxílio Brasil
Plenário mantém mudança no teto de gastos, mas derruba alteração na regra de ouro; confira outros destaques da PEC dos precatórios
O próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, que tem a prerrogativa do cargo de não ser obrigado a votar, pressionou o ‘sim’ para ajudar o governo na mudança
Privatização dos Correios estacionou? Relator altera parecer, mas votação em comissão do Senado é adiada
A versão mais recente do texto aumenta a garantia contra o fechamento de agências em áreas remotas da Amazônia Legal