Com a Previdência e os BCs, o carrinho do Ibovespa teve altos e baixos em julho
O otimismo em relação à Previdência levou o Ibovespa às máximas históricas. Mas, a partir daí, o índice foi perdendo força, em meio às incertezas quanto ao cenário de corte de juros no mundo. Ao fim do mês, ainda acumulou ganho de 0,84%.

Os mercados brasileiros entraram em julho numa situação confortável: pela primeira vez na história, o principal índice da bolsa brasileira conseguia se manter acima do nível dos 100 mil pontos. E, para comemorar, os agentes financeiros resolveram ir ao parque de diversões nesse mês.
E, logo de cara, o brinquedo escolhido foi a montanha-russa. Lá foram os mercados: entraram no carrinho do Ibovespa, deram risadas nervosas, engoliram o medo e partiram. E, veja só, até que a primeira parte do passeio não foi tão aterrorizante assim.
Pelo contrário: nos primeiros dez dias de julho, o Ibovespa continuou subindo, impulsionado pelo otimismo em relação à tramitação da reforma da Previdência. Tanto é que, no dia 10, o índice atingiu a máxima histórica de fechamento, aos 105.817,06 pontos.
Só que, a partir daí, o passeio ficou mais emocionante. Não é que o carrinho mergulhou numa queda vertiginosa, longe disso. Mas os trilhos da montanha-russa passaram a ter uma certa inclinação para baixo, acompanhando a tendência vista no exterior.
Essa queda suave, mas relativamente constante, se deve à expectativa em relação à possibilidade de início de um processo de queda de juros nas principais economias do mundo — e o Brasil também acompanhou esse movimento. Só que, mais para o fim do passeio, a descida começou a ficar mais turbulenta e, às vezes, mais agressiva.
E qual foi o saldo dessa brincadeira? Ao longo do mês, o Ibovespa oscilou entre os 100.072,77 pontos e os 106.650,12 pontos, em termos intradiários. E, no fechamento do pregão desta quarta-feira (31), estacionou nos 101.812,13 pontos, acumulando ganho de 0,84% em julho.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora

Para entender melhor o que aconteceu, é melhor dividir o trajeto da montanha-russa em partes. Comecemos, então, pela subida do carrinho do Ibovespa.
Buscando o topo
No início do mês, os agentes financeiros locais estavam concentrados em apenas uma pauta: a tramitação da reforma da Previdência pelo Congresso. O otimismo era grande, embora existissem motivos para cautela, já que os deputados e senadores entrariam em recesso no meio do mês.
Assim, o prazo para que o texto fosse votado na Câmara era relativamente curto. Mas, após diversas idas e vindas em Brasília, as principais lideranças políticas começaram a dar sinais de alinhamento em relação ao tema — abrindo espaço para a apreciação da proposta no plenário da Casa, em primeiro turno.
E conforme o noticiário político sinalizava para o avanço da Previdência, o Ibovespa atingia alturas maiores, chegando à máxima de 105 mil pontos no dia 10 — o texto recebeu sinal verde do plenário da Câmara naquela noite. A partir daí, o índice entrou numa onda de ligeiras realizações de lucro.
Afinal, apesar de a proposta ter sido aprovada em primeiro turno, a votação dos destaques — isto é, os pedidos de mudança no texto-base — se arrastou por mais tempo que o previsto. E, dessa maneira, a deliberação em segundo turno pelos deputados ficou para agosto, depois do recesso do Congresso.
Esse atraso trouxe alguma frustração aos mercados, uma vez que, no cenário ideal, toda a fase de tramitação na Câmara teria sido concluída antes do recesso — e, em agosto, o texto já estaria nas mãos do Senado. Mas, de qualquer maneira, o Ibovespa continuava perto das máximas.
Aí, começou a segunda fase do passeio.
Quedas moderadas, mas constantes
Com o Congresso entrando em recesso no último dia 18, o noticiário político brasileiro entrou em hibernação — e a tramitação da reforma da Previdência ficou em stand by. Com isso, os mercados se voltaram para o exterior, buscando novos fatores de influência para direcionar as negociações.
Só que, lá fora, os agentes financeiros estavam num momento de hesitação: havia a expectativa quanto ao início de um ciclo coordenado de corte de juros nas principais economias do mundo, mas os passos definitivos seriam conhecidos somente no fim do mês. Nesse meio tempo, as operações assumiram um tom de cautela moderada.
Isso fez com que o Ibovespa entrasse numa onda de ligeiras baixas e altas, mas com um saldo sempre negativo para o índice. A questão dos juros começou a ganhar contornos mais definitivos apenas na última quinta-feira (25), quando o Banco Central Europeu (BCE) divulgou sua decisão de política monetária.
E o parecer do BCE quebrou a expectativa dos mercados: a instituição manteve os juros da região inalterados e sinalizou que não há urgência para reduzir as taxas no futuro. Como resultado, foi plantada uma semente de dúvida na cabeça dos mercados: será que o Federal Reserve (Fed) e o Banco Central do Brasil (BCB) fariam o mesmo?
Essa hesitação se refletiu numa queda mais acentuada e turbulenta do carrinho do Ibovespa. E a dúvida só começou a ser respondida nesta quarta-feira...
Script pela metade
A primeira parte do roteiro planejado pelos mercados foi cumprida à risca pelo Federal Reserve (Fed): a autoridade monetária cortou a taxa de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, cumprindo as expectativas dos agentes financeiros. Mas, daí em diante, o script foi rasgado — e o Ibovespa e as bolsas americanas mergulharam no campo negativo.
Os índices acionários globais passaram por um momento de instabilidade logo após o anúncio, às 15h — afinal, uma pequena parte do mercado ainda apostava num corte mais intenso, de 0,5 ponto, o que motivou ajustes de posição. No entanto, as bolsas rapidamente absorveram esse movimento e retornaram ao ponto em que estavam no início da tarde.
Só que, quando o presidente do Fed começou sua coletiva de imprensa, esse quadro mudou drasticamente. Jerome Powell classificou o movimento de hoje como um "ajuste", dando a entender que não promoverá novos movimentos negativos nas taxas de juros.
Ao ser questionado se a redução era um"corte de segurança", Powell afirmou que sim — uma postura que quebrou as expectativas do mercado, que vislumbravam o início de um ciclo mais prolongado de baixa de juros nos Estados Unidos.
O presidente do Fed até tentou colocar panos quentes num segundo momento. "Eu disse que não é o começo de uma longa série de cortes. Também não disse que é apenas um corte ou qualquer coisa assim. Eu disse que quando pensamos em ciclos de corte, eles duram muito tempo. O comitê não está vendo isso", disse Powell. Mas o estrago nos mercados já estava feito.
Como resultado, as bolsas americanas intensificaram as perdas: o Dow Jones caiu 1,23%, o S&P 500 recuou 1,09% e o Nasdaq teve baixa de 1,19% nesta quarta-feira — as bolsas americanas passaram boa parte do dia ao redor da estabilidade, com leve viés positivo. E o Ibovespa mergulhou aos 101 mil pontos.
No Brasil, um segundo fator ainda trouxe precaução extra às operações: por volta das 18h, é a vez do Banco Central (BC) bater o martelo a respeito da taxa Selic — e também há a expectativa quanto a um ajuste negativo de, ao menos, 0,25 ponto percentual nos juros brasileiros.
Dólar estressado
Em meio ao clima de cautela que tomou conta dos mercados após a fala de Powell, o dólar ganhou terreno em escala global, num movimento de busca por proteção por parte dos agentes financeiros. O índice DXY, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas fortes, passou a operar em alta firme.
Na comparação com as divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar também deu um salto — as incertezas quanto ao futuro da política monetária americana tiraram força dos ativos de risco ao redor do mundo.
O dólar terminou em alta ante o peso mexicano, o rublo russo, o peso colombiano, o rand sul-africano, o peso chileno e o dólar neozelandês, entre outras. E o real foi fortemente afetado por esse contexto: por aqui, o dólar à vista saiu do nível de R$ 3,76 para fechar no patamar de R$ 3,8199, em alta de 0,75% — no mês, a divisa ainda teve queda de 0,53%.
Cautela nos juros
Com a quebra de expectativa em relação à postura do Fed, os mercados locais ajustaram suas posições na curva de juros, temendo que o Banco Central adote um posicionamento semelhante logo mais, ao definir o futuro da taxa Selic. Assim, os DIs passararam a subir, tanto na ponta curta quanto na longa.
As curvas com vencimento em janeiro de 2021 fecharam em alta de 5,41% para 5,50%; no vértice longo, os DIs para janeiro de 2023 avançaram de 6,30% para 6,35%, e os para janeiro de 2025 foram de 6,84% para 6,90%.
Blue chips pressionadas
O clima de cautela e incerteza afetou principalmente as chamadas blue chips, ações de maior liquidez e grande peso individual na composição do Ibovespa. É o caso dos papéis dos bancos, da Petrobras e da Vale.
O setor bancário é o destaque negativo: as ações PN do Itaú Unibanco (ITUB4) caíram 2,66%, os ativos ON do Bradesco (BBDC3) recuaram 3,39% e os papéis PN do Bradesco (BBDC4) tiveramm perda de 2,54%. Já Banco do Brasil ON (BBAS3) e as units do Santander Brasil (SANB11) tiveram baixas menores, de 1,44% e 2,06%, respectivamente.
As ações ON da Vale (VALE3), por sua vez, fecharam em queda de 0,4% no momento, pressionadas pelas perdas de 2,06% do minério de ferro no porto chinês de Qingdao — cotação que serve como referência para o mercado. Além disso, a empresa divulga hoje, após o fechamento, seus resultados trimestrais.
Por fim, Petrobras PN (PETR4) caiu 0,61%, enquanto Petrobras ON (PETR3) teve alta de 0,31%.
Mais balanços
Ainda no Ibovespa, o mercado repercutiu os mais recentes balanços trimestrais reportados aqui no Brasil, com destaque para quatro empresas: Lojas Renner, CSN, Tim e Smiles. Você pode conferir um resumo dos números dessas companhias nesta matéria especial.
O mercado reagiu positivamente aos resultados de três empresas, com destaque para Smiles ON (SMLS3), que subiu 4,31% — Tim ON (TIMP3) e CSN ON (CSNA3) avançaram 1,75% e 0,79%, respectivamente.
Já Lojas Renner ON (LREN3) caiu 2,27% e desponta entre os piores desempenho do Ibovespa. A varejista reportou lucro líquido de R$ 235,1 milhões, uma queda de 14,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Em relatório, o BTG Pactual afirmou que os resultados da Renner no trimestre foram fracos, mas ressaltou que, apesar disso, a empresa segue como a principal escolha no universo das companhias de varejo.
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) anunciam R$ 322 milhões em dividendos
Distribuição contempla ações ordinárias e ADRs; confira os detalhes
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)
O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária
Lojas Renner (LREN3): XP eleva recomendação para compra e elenca quatro motivos para isso; confira
XP também aumenta preço-alvo de R$ 14 para R$ 17, destacando melhora macroeconômica e expansão de margens da varejista de moda
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
Ibovespa: Dois gatilhos podem impulsionar alta da bolsa brasileira no segundo semestre; veja quais são
Se nos primeiros quatro meses do ano o Ibovespa tem atravessado a turbulência dos mercados globais em alta, o segundo semestre pode ser ainda melhor, na visão estrategista-chefe da Empiricus
Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações
A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Cade admite Petlove como terceira interessada, e fusão entre Petz e Cobasi pode atrasar
Petlove alega risco de monopólio regional e distorção competitiva no setor pet com criação de gigante de R$ 7 bilhões
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)