🔴 ESTA FERRAMENTA PODE MULTIPLICAR SEU INVESTIMENTO EM ATÉ 285% – SAIBA MAIS

Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
Mercados

Com dólar a R$ 3,70 o que fará o Banco Central?

Por ora, BC segue com leilões diários para a rolagem de contratos de swap cambial

Eduardo Campos
Eduardo Campos
18 de outubro de 2018
12:34
Presidente Ilan Goldfjan comenta mercados e atuação do BC em junho. - Imagem: Beto Nociti/BCB

O forte ajuste de baixa na cotação do dólar levanta questionamentos sobre qual será a postura do Banco Central (BC) com relação às operações de swap cambial. A perda da linha de R$ 3,70 e previsões de dólar a R$ 3,5 acentuam as dúvidas.

Desde a máxima a R$ 4,2, em 13 de setembro, o dólar já caiu mais de 12%, testando mínimas na linha de R$ 3,68. Nem na puxada de alta e nem agora, na queda, a postura do BC com relação a intervenções cambiais mudou.

A autoridade monetária segue com os leilões de rolagem dos contratos de swaps, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. Quando o BC faz rolagens integrais ele se mantém neutro no mercado, mantendo inalterado o estoque de contratos que soma US$ 68,864 bilhões.

O que alguns operadores questionam é a necessidade de continuidade da rolagem em um momento em que há sobra de dólares. Se o BC deixar de rolar os contratos ou fazer apenas rolagens parciais, o efeito líquido no mercado é de compra de moeda americana.

O que faz o BC entrar em cena?

Vale lembrar que o BC não atua para defender uma linha de preço, mas sim quando identifica dinâmicas perversas no mercado. Em alguns momentos, por fatores domésticos ou externos, compradores e vendedores deixam de se entender e o mercado fica disfuncional. É a velha história da “porta pequena” quando alguém grita “fogo” no cinema.

Quando identifica esse tipo de dinâmica, o BC entra para dar parâmetro de preços ou oferecer proteção (hedge) à oscilação cambial, suavizando a volatilidade na cotação. Tal estratégia é conhecida como “leaning against the wind” ou “inclinar-se contra o vento” em tradução literal. O Tesouro Nacional faz o mesmo no mercado de títulos públicos.

Um retorno a junho

A última vez que o mercado mostrou tal dinâmica pouco construtiva foi no fim de maio e começo de junho. Naquele momento a greve dos caminhoneiros colocou o governo em corner e também houve um primeiro susto com a alta dos juros americanos. O mercado chegou a discutir a chance de alta da Selic para conter o dólar, algo prontamente rechaçado pelo BC com a seguinte frase: "Não há relação mecânica entre o cenário externo e a política monetária" e demais variações.

Naquele momento, o BC entrou com a oferta de novos swaps, chegando a fazer mais de uma operação surpresa por dia. Antes disso apenas o fatídico “Joesley Day” tinha chamado o BC ao mercado. Ao todo foram 12 dias de atuação que somaram mais de US$ 30 bilhões no mercado. Além disso, foram colocadas linhas com compromisso de recompra no câmbio à vista.

De volta aos dias atuais

Superada a instabilidade, o BC voltou a fazer apenas as rolagens integrais e manteve essa postura mesmo no momento de escalada da moeda até R$ 4,20 em meio a temores eleitorais. Isso comprova que intervenções não ocorrem em função de preço, mas sim por dinâmica de mercado. A subida para cima dos R$ 4 aconteceu de forma relativamente gradual e ordenada. Nos bastidores se comentou que postura do BC foi mesmo de deixar o câmbio andar até se acomodar.

E agora, o que acontece?

No mercado há quem acredite que faz sentido uma redução no volume de atuação. Para o economista e diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, o BC realmente tem de reduzir a rolagem dos contratos de swap cambial.

Mas Nehme tem uma tese que vem sustentando desde as intervenções de junho. Para o especialista, o BC ofertou swaps além na necessidade naquele período, abrindo espaço para que agentes tomassem “posição comprada não hedge”.

Assim, parte dos swaps foi adquirida não como uma forma de proteger exposição cambial (seja dívida ou comércio exterior, por exemplo), mas sim para “ganhar na alta”, especular, tendo em vista que a dinâmica eleitoral nem tinha começado a se desenrolar plenamente.

Para Nehme, há um excedente de swaps não casados com passivos cambiais. Agora, com a moeda revertendo para queda, esses investidores não precisariam mais renovar a proteção (hedge).

“Seria essa parcela que teria de reduzir. Os contratos não hedge. Quem tem passivo vai continuar demandando proteção. Assim, o quanto o BC deixar de rolar é o quanto o mercado tinha de estoque especulativo”, explica.

Nehme diz, ainda, não ser um partidário de câmbio abaixo de R$ 3,70. Qualquer coisa entre R$ 3,70 a R$ 3,80 seria uma “taxa justa” tendo em vista que a política monetária global vai ter um aperto e os projetos de Paulo Guedes na área econômica, como possíveis privatizações, são de médio prazo. “Até janeiro ou fevereiro não caberia euforia”, diz, lembrando que esse deve ser o prazo para que se tenha uma definição mais clara sobre o rumo do governo e da força de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional.

“Essa taxa abaixo de R$ 3,70 não seria sustentável, há muita dúvida do que o novo governo vai fazer e ele terá de fazer mudanças rápido”, conclui.

O que diz o BC?

Procurado, o BC respondeu, via assessoria, que "não comentamos". A resposta não surpreende e nem poderia ser diferente, até porque intervenção cambial se faz. Não é algo que se anuncia. Assim, atenção ao anúncio de rolagem que sai sempre por volta das 18 horas.

Compartilhe

SOBE MAIS UM POUQUINHO?

Campos Neto estragou a festa do mercado e mexeu com as apostas para a próxima reunião do Copom. Veja o que os investidores esperam para a Selic agora

15 de setembro de 2022 - 12:41

Os investidores já se preparavam para celebrar o fim do ciclo de ajuste de alta da Selic, mas o presidente do Banco Central parece ter trazido o mercado de volta à realidade

PREVISÕES PARA O COPOM

Um dos maiores especialistas em inflação do país diz que não há motivos para o Banco Central elevar a taxa Selic em setembro; entenda

10 de setembro de 2022 - 16:42

Heron do Carmo, economista e professor da FEA-USP, prevê que o IPCA registrará a terceira deflação consecutiva em setembro

OUTRA FACE

O que acontece com as notas de libras com a imagem de Elizabeth II após a morte da rainha?

9 de setembro de 2022 - 10:51

De acordo com o Banco da Inglaterra (BoE), as cédulas atuais de libras com a imagem de Elizabeth II seguirão tendo valor legal

GREVE ATRASOU PLANEJAMENTO

Banco Central inicia trabalhos de laboratório do real digital; veja quando a criptomoeda brasileira deve estar disponível para uso

8 de setembro de 2022 - 16:28

Essa etapa do processo visa identificar características fundamentais de uma infraestrutura para a moeda digital e deve durar quatro meses

FAZ O PIX GRINGO

Copia mas não faz igual: Por que o BC dos Estados Unidos quer lançar um “Pix americano” e atrelar sistema a uma criptomoeda

30 de agosto de 2022 - 12:08

Apesar do rali do dia, o otimismo com as criptomoedas não deve se estender muito: o cenário macroeconômico continua ruim para o mercado

AMIGO DE CRIPTO

Com real digital do Banco Central, bancos poderão emitir criptomoeda para evitar “corrosão” de balanços, diz Campos Neto

12 de agosto de 2022 - 12:43

O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, ainda afirmou que a comissão será rigorosa com crimes no setor: “ fraude não se regula, se pune”

AGORA VAI!

O real digital vem aí: saiba quando os testes vão começar e quanto tempo vai durar

10 de agosto de 2022 - 19:57

Originalmente, o laboratório do real digital estava previsto para começar no fim de março e acabar no final de julho, mas o BC decidiu suspender o cronograma devido à greve dos servidores

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O ciclo de alta da Selic está perto do fim – e existe um título com o qual é difícil perder dinheiro mesmo se o juro começar a cair

2 de agosto de 2022 - 5:58

Quando o juro cair, o investidor ganha porque a curva arrefeceu; se não, a inflação vai ser alta o bastante para mais do que compensar novas altas

PRATA E CUPRONÍQUEL

Banco Central lança moedas em comemoração ao do bicentenário da independência; valores podem chegar a R$ 420

26 de julho de 2022 - 16:10

As moedas possuem valor de face de 2 e 5 reais, mas como são itens colecionáveis não têm equivalência com o dinheiro do dia a dia

AGRADANDO A CLIENTELA

Nubank (NUBR33) supera ‘bancões’ e tem um dos menores números de reclamações do ranking do Banco Central; C6 Bank lidera índice de queixas

21 de julho de 2022 - 16:43

O banco digital só perde para a Midway, conta digital da Riachuelo, no índice calculado pelo BC

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar