Mercados atentos à queda de braço entre Congresso e Planalto
Governo sofre derrota na Câmara, que manda recado claro ao aprovar PEC que tira poder do Executivo sobre o Orçamento

O governo sofreu uma dura derrota na noite de ontem, horas depois da desistência do ministro Paulo Guedes (Economia) de comparecer à sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Com ampla maioria, a Câmara aprovou, em dois turnos, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que obriga o governo a executar todos os investimentos previstos no Orçamento, retirando do Executivo poder de remanejar despesas.
A aprovação - por 448 votos a 3 em primeiro turno e 453 votos a 6 na segunda rodada - foi um recado claro. A votação da PEC - tal qual a da reforma da Previdência - é uma vitória do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e foi articulada no auge da crise entre ele e o presidente Jair Bolsonaro. Nessa queda de braço, Maia mostrou que controla a Casa e jogou no colo de Bolsonaro uma pauta-bomba que era contra a ex-presidente Dilma Rousseff, desenterrando um projeto de 2015.
Por mais que o PSL tenha orientado voto a favor da medida, sugerindo que o Palácio do Planalto apoiava a PEC, o governo não conseguiria evitar uma derrota. Maia negou que a aprovação tenha sido uma retaliação e disse se tratar de “um momento histórico, com apoio do governo”. Agora, a matéria vai ao Senado, onde o governo ainda não foi testado. Será a vez do novato presidente Davi Alcolumbre mostrar sua capacidade de articulação.
O problema é que o projeto de orçamento impositivo aprovado na Câmara é contrário ao defendido por Guedes, que quer uma desvinculação completa das receitas e despesas da União. O ministro já teria preparado a chamada “PEC do pacto federativo”, que poderia salvar a trágica situação financeira de Estados e municípios. Na prática, agora, o governo fica obrigado a executar todas as emendas parlamentares a partir de 2020.
Novo revés deve pesar
Trata-se, portanto, de um revés à proposta do governo e que expõe a falta de articulação política do Palácio do Planalto. Após os ruídos entre Maia e Bolsonaro no fim de semana, houve pouco avanço na coordenação, com ninguém assumindo a responsabilidade pela composição da base aliada. Afinal, onde está o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil)?
Com isso, o mercado financeiro não consegue contar nem com o núcleo político do governo nem com a equipe econômica comandada por Guedes para orquestrar a favor da reforma da Previdência. Os ativos locais tendem sofrer uma renovada pressão hoje, ficando ao sabor do noticiário político.
Leia Também
Felipe Miranda: Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve
O principal temor do investidor é em relação ao tempo que levará até a aprovação das novas regras para aposentadoria, lá no Senado, e a desidratação das medidas, o que pode reduzir o alívio nos cofres públicos. A desistência de Guedes de comparecer à sessão da CCJ ontem pegou mal nos negócios locais.
Por um lado, a decisão foi uma estratégia de defesa. Guedes foi alertado por aliados de Maia que a oposição iria dominar a rodada de perguntas. Esse recuo, por outro lado, mostra que a base aliada do governo segue desalinhada, o que poderia levar a uma exposição desnecessária do ministro.
Havia grande expectativa pela fala de Guedes sobre a reforma da Previdência. As apostas eram de que o conhecimento técnico dele seria capaz de melhorar o ambiente político, pavimentando um caminho para o andamento da proposta. Agora, ficou a sensação de que a reforma é indefensável e pode cair por terra diante do mínimo de argumentos contrários.
Após uma sessão acalorada na CCJ, ficou definido que será feito um novo convite a Guedes, que deve comparecer à comissão na semana que vem. Uma nova audiência está marcada para 3 de abril, sem convocação e sem condicionar presença à escolha do relator. Trata-se, portanto, de mais uma semana de adiamento da discussão sobre a Previdência.
Com isso, crescem as chances de a aprovação da Nova Previdência acontecer apenas no segundo semestre. Isso porque o mercado financeiro segue convicto ainda de que a reforma passa neste ano - e sem grandes alterações. Até porque, se não for em 2019, a percepção é de que não passa mais...
Exterior pode aliviar
Enquanto o ambiente doméstico segue pesado e avesso ao risco, o cenário externo pode aliviar parte da pressão local. O sinal positivo prevalece entre os índices futuros das bolsas de Nova York, sinalizando mais uma sessão positiva em Wall Street hoje, após um pregão misto na Ásia. Tóquio caiu (-0,2%), mas Xangai (+0,9%) e Hong Kong (+0,6%) subiram.
Os investidores estão atentos à chegada da delegação norte-americana em Pequim, para tratar da questão comercial entre Estados Unidos e China. A expectativa do presidente Donald Trump é por um acordo “excelente”, dando fim a disputa tarifária entre as duas maiores economias do mundo.
As negociações entre funcionários do alto escalão de ambos os governos começam amanhã e continuam na sexta-feira. Na sequência, o vice-primeiro-ministro, Liu He, deve viajar a Washington, na semana que vem. As tratativas sugerem que os dois lados estão determinadas em alcançar um acordo, dando o primeiro passo no caminho para a paz.
Ainda assim, o movimento nas bolsas também é reflexo do fenômeno que acontece entre os ativos de risco na esteira da inversão da curva de juros. Embora visto como um indicador de recessão, tradicionalmente, os rendimentos (yields) mais altos dos títulos curtos em relação aos longos também sinalizam períodos de fortes retomadas dos negócios com ações.
Nesta manhã, o yield do papel norte-americano de 10 anos (T-note) segue abaixo de 2,40%, ao passo que o dólar mede forças em relação às moedas rivais. O destaque fica com a libra, que é pressionada antes de uma votação no Parlamento britânico em busca de propostas alternativas à saída do Reino Unido da União Europeia (UE). O petróleo cai.
Pausa na agenda; olho na Vale
A agenda econômica desta quarta-feira está repleta de divulgações, porém, menos relevantes. O destaque por aqui fica com os dados do Banco Central sobre as operações de crédito em fevereiro, às 10h30. Depois, às 12h30, o BC volta a cena para informar os dados parciais sobre a entrada e saída de dólares do país.
Antes, sai (10h) o relatório do Tesouro sobre a dívida pública no mês passado. Logo cedo, às 8h, serão conhecidos os índices de confiança da construção civil e do consumidor neste mês. Na safra de balanços, após o fechamento local, sai o resultado da Vale referente ao quarto trimestre de 2018 - portanto, antes, da tragédia em Brumadinho (MG).
No exterior, destaque para o resultado da balança comercial dos Estados Unidos em janeiro (9h30), que pode servir de ingrediente para a disputa tarifária com a China. Também serão conhecidos os estoques semanais norte-americanos de petróleo bruto e derivados (11h30) e o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, discursa, logo cedo.
Fora da região da moeda única, o Parlamento britânico vota hoje uma série de propostas e irão decidir se apoiam o acordo da primeira-ministra Theresa May ou mesmo se convocam um novo referendo sobre o Brexit. Os parlamentares poderão votar em quantas emendas quiserem e, ao final, serão apontadas quais tiveram maior adesão.
Por que o Banco do Brasil Investimentos abandonou a cobertura das ações de Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4)
A partir desta sexta-feira (6), as recomendações, os preços-alvo e as projeções do braço de investimentos do BB tanto para a Gol como para a Azul ficam invalidadas
Ações da JBS (JBSS3) dão adeus à B3 em grande estilo, enquanto investidores se preparam para nova era com BDRs
A gigante do setor de proteínas liderou os ganhos do Ibovespa no último dia de negociação das ações JBSS3. Veja os próximos passos da dupla listagem da JBS
Bolsa de Nova York a todo vapor: S&P 500 salta para 6 mil pontos, mas Ibovespa não acompanha
Dado de emprego nos EUA, que mostrou uma abertura de vagas maior do que o esperado pelo mercado em maio, impulsionou os índices lá fora — Tesla engatou recuperação e avançou mais de 6% depois do tombo da sessão anterior; por aqui, as coisas seguiram mornas
Zamp à la carte: Mubadala quer fechar a conta e tirar a dona do Burger King do menu da B3; ações ZAMP3 caem
Com alta de 47% no ano, ZAMP3 deve sair do cardápio da bolsa após OPA pelo fundo árabe. Veja os detalhes da oferta
A seleção com Ancelotti, e uma empresa em baixa para ficar de olho na bolsa; veja também o que esperar para os mercados hoje
Assim como a seleção brasileira, a Gerdau não passa pela sua melhor fase, mas sua ação pode trazer um bom retorno, destaca o colunista Ruy Hungria
A ação que disparou e deixa claro que mesmo empresas em mau momento podem ser ótimos investimentos
Às vezes o valuation fica tão barato que vale a pena comprar a ação mesmo que a empresa não esteja em seus melhores dias — mas é preciso critério
A nova tacada de Milei para os argentinos tirarem o dólar debaixo do colchão
A grana guardada não é pouca: o Instituto Nacional de Estatística e Censo estima que US$ 246 bilhões estão fora do sistema bancário do país
Sem OPA no Banco Pan (BPAN4)? Pelo menos por enquanto. BTG Pactual responde a rumores sobre fechamento de capital
O BTG confirmou que está intensificando a integração com o Banco Pan — mas desiludiu os sonhos dos minoritários de uma OPA no curto prazo
Bolsonaro permanece como favorito no 2º turno contra Lula, mas Tarcísio ganha espaço; 66% acham que petista não deveria concorrer
Principais candidatos da oposição crescem e já aparecem empatados com Lula num eventual segundo turno; 65% dos brasileiros acham que Bolsonaro também não deveria concorrer
Apesar da Selic, Tenda celebra MCMV, e FII do mês é de tijolo. E mais: mercado aguarda juros na Europa e comentários do Fed nos EUA
Nas reportagens desta quinta, mostramos que, apesar dos juros nas alturas, construtoras disparam na bolsa, e tem fundo imobiliário de galpões como sugestão para junho
Rodolfo Amstalden: Aprofundando os casos de anomalia polimórfica
Na janela de cinco anos podemos dizer que existe uma proporcionalidade razoável entre o IFIX e o Ibovespa. Para todas as outras, o retorno ajustado ao risco oferecido pelo IFIX se mostra vantajoso
Deu para a B3: Citi deixa de recomendar a compra das ações B3SA3, eleva preço-alvo e escolhe a queridinha do setor
Nem mesmo o pagamento de dividendos compensa a compra dos papéis da operadora da bolsa brasileira agora; saiba o que colocar na carteira
Pix colocou em xeque receita dos bancos com tarifas e cartões de crédito — mas Moody’s aponta novas rotas de crescimento
Agência de classificação de risco destaca o potencial do pagamento digital para impulsionar os serviços bancários, apesar da pressão sobre as receitas tradicionais
O Google vai naufragar: Barclays diz que ação da Alphabet pode despencar 25% — e tudo depende de uma decisão
Mesmo assim, analista do banco britânico manteve a recomendação de compra para a ação; entenda toda essa história
Hora de pular fora de Braskem (BRKM5)? BTG corta preço-alvo das ações — e nem potencial troca de controle é suficiente para empolgar
A tese de investimento do banco para Braskem é que os spreads petroquímicos estão ruins e há poucos catalisadores no horizonte para as ações BRKM5 hoje
Por que o Itaú BBA diz que ainda não é hora de comprar Weg (WEGE3)
A ação está negociando abaixo da média histórica e a companhia continua sendo considerada uma boa tese de investimentos, mas, segundo analistas do banco, vale a pena esperar os gatilhos
Desaprovação ao governo Lula segue em alta: Fraudes no INSS e aumento do IOF pesam na avaliação do presidente, mostra pesquisa Genial/Quaest
Os ruídos na imagem do presidente ocorrem apesar de uma percepção de melhora da economia
BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) ganham aval do Cade para fusão — dividendos bilionários e o que mais vem pela frente?
A Superintendência-Geral do Cade aprovou, sem restrições, a combinação de negócios entre os dois players do mercado de proteínas
Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje
Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira
Nvidia faz Microsoft comer poeira e assume posto de maior empresa dos EUA em valor de mercado
A terceira posição nesse pódio é da Apple: a fabricante de iPhones terminou a sessão desta terça-feira (3) avaliada em US$ 3,04 bilhões