CDB do Banco Master a 185% do CDI ou IPCA + 30%: vale a pena investir agora? Entenda os riscos e até onde vai a garantia do FGC
Os títulos de renda fixa seguem com desconto nas plataformas de corretoras enquanto a situação do banco Master continua indefinida
De um lado, uma série de investidores com Certificados de Depósito Bancários (CDB) do Banco Master querem se livrar dos papéis. Do outro, investidores olhando para taxas como 35,5% ao ano e IPCA + 30% se perguntando “será que não vale a pena investir?”.
O mercado secundário de grandes plataformas, como BTG e XP, está cheio de CDBs do Master vendidos por investidores que aceitaram grandes descontos para se livrar dos papéis. Agora, eles são oferecidos para outros investidores porventura interessados nos seus grandes retornos.
Tem para todos os gostos em termos de prazo e rentabilidade. Tem título com vencimento daqui a um mês oferecendo 185% do CDI, o equivalente a algo em torno de 2,3% de retorno em 30 dias.
Essa rentabilidade também aparece em CDBs com vencimento em dezembro deste ano. No caso de prazos tão curtos, o risco é tão grande assim? Afinal, os papéis contam com garantia do fundo garantidor de créditos (FGC) até R$ 250 mil.
- LEIA TAMBÉM: Os leitores do Seu Dinheiro recebem todos os dias as notícias mais quentes do mercado. Quer receber também? Cadastre-se aqui
Especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro afirmam que sim. Isso porque o maior problema do banco Master é justamente a sua falta de liquidez para honrar compromissos. Com a negativa da venda para o Banco de Brasília (BRB), há muita incerteza em relação à capacidade do banco de pagar suas dívidas nos próximos meses.
“Basicamente, em um cenário de compra do título hoje, o investidor pagaria um preço menor porque o mercado está precificando o risco de você não receber tudo de volta”, diz Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos.
Leia Também
A relação risco-retorno do CDB do Master
As taxas altas dos CDBs do Master neste momento não são sem motivo. Um título que paga 185% do CDI não oferece esse retorno “de graça”.
As taxas do banco Master estão elevadas porque o mercado está exigindo um prêmio maior para financiar um banco classificado como arriscado pelo Banco Central numa operação de venda. Antes havia a expectativa de que o BRB assumisse parte do risco ao absorver as dívidas do Master, agora, essa rede de proteção sumiu.
Os títulos oferecidos nas plataformas são aqueles que foram readquiridos pelas corretoras com desconto, agora oferecidos a preços bem menores — e consequentemente, retornos maiores — que no passado. É a lei de oferta e demanda aplicada ao mercado de crédito: quando o risco sobe, a taxa de retorno sobe para compensar, e o preço cai.
Teoricamente, um título com vencimento em dezembro é menos arriscado que um título com vencimento em 2027. Mas nem isso se aplica no caso do banco Master. A instituição tem problemas de liquidez mesmo no curto prazo. Em maio, precisou de um empréstimo de R$ 4 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para honrar seus compromissos.
“O detalhe está na situação da instituição que está sem liquidez para honrar os compromissos. Se o investidor compra o CDB agora e se vê na situação de vender o ativo antes do vencimento, provavelmente enfrentará dificuldade ou terá que aceitar um desconto significativo, revertendo eventuais ganhos esperados”, diz Igor Leite, planejador e consultor financeiro.
Nesta situação, a perda está associada à venda antecipada dos papéis. Mas existe uma segunda possibilidade que também pode resultar em perda para quem comprar CDBs do Master agora: uma intervenção do Banco Central.
A garantia do FGC
Agentes do mercado financeiro vislumbram a possibilidade de uma intervenção a qualquer momento. Isso significa decretar a falência da instituição financeira e liquidar suas dívidas.
- Este cenário é apenas uma possibilidade e não há informações concretas até o fechamento da matéria que indiquem que isso acontecerá.
Caso aconteça, o FGC cobre os pagamentos dos CDBs do Master. Nenhuma fonte ouvida pelo Seu Dinheiro vê risco de o fundo não ter condições de honrar os títulos, desde que enquadrados no limite de R$ 250 mil por pessoa física, somando o valor aportado e os rendimentos.
Entretanto, a garantia se aplica mais ao valor aportado e menos ao rendimento da aplicação, principalmente no caso dos investidores que consideram comprar CDBs do Master agora. Isso por causa do mecanismo de pagamento do fundo.
- SAIBA MAIS: Sem BRB, fundos de pensão e banco público correm risco de calote de até R$ 3 bi com investimentos do Master
Como funciona o resgate do FGC
O passo a passo começa com o Banco Central decretando a liquidação do banco com problemas — que seria o Master, no caso. O banco liquidado envia ao FGC uma lista com os credores (dentre eles, os investidores de CDBs) e valores devidos.
Segundo o próprio FGC, só esse processo inicial leva, em média, 30 dias. Depois disso, o investidor pessoa física ainda precisa solicitar o pagamento, indicar seus dados bancários e assinar um termo de autorização do resgate via aplicativo do FGC.
Na prática, não existe um prazo definido para o resgate acontecer. Segundo os agentes financeiros, pode levar até três meses.
O problema é que a data que consta para o cálculo de rendimento da aplicação financeira é a data de decretação da falência. Os possíveis três meses até o pagamento não têm correção de juros. Ou seja, sem rentabilidade alguma.
Se você investir hoje no CDB do Master com a perspectiva de receber 185% do CDI, por exemplo, e o BC decretar intervenção no banco no mês que vem, você só vai reaver a aplicação — praticamente sem rendimento — possivelmente em três meses.
Não importa se o vencimento é em 30 dias ou em 2027, os investidores recebem o valor investido inicialmente mais os juros relativos até o dia de liquidação do banco. O cálculo do FGC usa este dia como fato gerador, considerando a taxa de retorno definida no título.
“O investidor que respeitou o limite do FGC deve recuperar o dinheiro, embora com atraso e sem os juros contratados até o vencimento. Quem investiu acima disso pode ter perdas relevantes e quem investir agora pode não ter quase nada. Em ambos os casos, o ganho prometido pela taxa alta vira dor de cabeça”, diz Enrico Gazola, economista e sócio-fundador da Nero Consultoria.
O cenário em que tudo dá certo para o Master
Existe um cenário otimista. Ele é menos provável segundo as fontes ouvidas pelo Seu Dinheiro, mas existe. É o cenário em que o BRB refaz a sua proposta pelo Master e obtém sucesso, ou outro banco interessado aparece.
“Se surgir um comprador estratégico, os títulos tendem a se valorizar, as taxas caem e quem entrou antes do anúncio pode ter lucro. Mas, por enquanto, esse é o cenário mais incerto, já que o Banco Central rejeitou a primeira tentativa de venda”, diz Gazola.
Neste caso, o FGC não seria acionado, o investidor conseguiria levar o título até o vencimento e conseguir o retorno previsto — inclusive os exorbitantes, como os casos de IPCA + 30%, por exemplo.
As taxas são, de fato, muito altas. E estão tão altas porque o preço está baixo. A questão é o apetite por risco do investidor. “Se o investidor entender o risco pode ser uma boa oportunidade”, diz Patzlaff.
Entretanto, é necessário que o investidor tenha isso muito claro. Investir nos CDBs do Master agora é extremamente arriscado, mesmo com a garantia do FGC. Existe uma chance alta de o BC intervir no banco e não há clareza em relação a continuidade do processo de compra pelo BRB depois da primeira negativa.
Os especialistas afirmam que pode valer a pena apenas para quem entende que está correndo um grande risco adicional em troca de retorno. E recomendam: o dinheiro aplicado deve ser um valor que pode ficar travado até o vencimento do papel — ou o resgate do FGC.
Com renda fixa em alta, B3 lança índice que acompanha desempenho do Tesouro Selic
Indicador mede o desempenho das LFTs e reforça a consolidação da renda fixa entre investidores; Nubank estreia primeiro produto atrelado ao índice
Fim da ‘corrida aos isentos’: gestores de crédito ficam mais pessimistas com as debêntures incentivadas com isenção de IR garantida
Nova pesquisa da Empiricus mostra que os gestores estão pessimistas em relação aos retornos e às emissões nos próximos meses
Renda fixa recomendada para outubro paga IPCA + 8,5% e 101% do CDI — confira as opções de debêntures isentas, CDB e LCA
BTG Pactual, BB Investimentos, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade agora e levar títulos até o vencimento diante da possibilidade de corte dos juros à frente
LCI, LCA, FII e fiagro mantêm isenção de imposto de renda; veja as novas mudanças na MP 1.303/25, que deve ser votada até amanhã (8)
Tributação de LCIs e LCAs em 7,5% chegou a ser aventada, mantendo-se isentos os demais investimentos incentivados. Agora, todas as isenções foram mantidas
Problemas de Ambipar (AMBP3) e Braskem (BRKM5) podem contaminar títulos de dívida de outras empresas, indica Fitch
Eventos de crédito envolvendo essas duas empresas, que podem estar em vias de entrar em recuperação judicial, podem aumentar a aversão a risco de investidores de renda fixa corporativa, avalia agência de rating
Tesouro Direto: retorno do Tesouro IPCA+ supera 8% mais inflação nesta quinta (2); o que empurrou a taxa para cima?
Trata-se de um retorno recorde para o título de 2029, que sugere uma reação negativa do mercado a uma nova proposta de gratuidade do transporte público pelo governo Lula
Brasil captou no exterior com menor prêmio da história este ano: “há um apetite externo muito grande”, diz secretário do Tesouro
Em evento do BNDES, Rogério Ceron afirmou que as taxas dos títulos soberanos de cinco anos fecharam com a menor diferença da história em relação aos Treasurys dos EUA
Isentas de imposto de renda ou não, debêntures incentivadas continuarão em alta; entenda por quê
A “corrida pelos isentos” para garantir o IR zero é menos responsável pelas taxas atuais dos títulos do que se pode imaginar. O fator determinante é outro e não vai mudar tão cedo
Renda fixa: Tesouro IPCA+ pode render 60% em um ano e é a grande oportunidade do momento, diz Marília Fontes, da Nord
Especialista aponta que as taxas atuais são raras e que o fechamento dos juros pode gerar ganhos de até 60% em um ano
Quanto rendem R$ 10 mil na renda fixa conservadora com a Selic estacionada em 15% — e quais são os ativos mais atrativos agora
Analistas de renda fixa da XP Investimentos simulam retorno em aplicações como poupança, Tesouro Selic, CDB e LCI e recomendam ativos preferidos na classe
Tesouro Selic deve ser primeiro título do Tesouro Direto a ter negociação de 24 horas, diz CEO da B3
Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, também falou sobre o que esperar do próximo produto da plataforma: o Tesouro Reserva de Emergência
Nada de 120% do CDI: CDB e LCA estão pagando menos, com queda de juros à vista e sem o banco Master na jogada; veja a remuneração máxima
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado e mostra que os valores diminuíram em relação a julho
Chamada final para retornos de 15% ou IPCA + 7%? Analistas indicam o melhor da renda fixa para setembro, antes de a Selic começar a cair
BTG Pactual, BB Investimentos, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade agora e levar títulos até o vencimento diante da possibilidade de corte dos juros à frente
Liquidação no mercado secundário dispara retorno de CDBs do Banco Master: de IPCA + 30% a 175% do CDI
Sem a venda para o BRB, mercado exige prêmio maior para o risco aumentado das dívidas do banco e investidores aceitam vender com descontos de até 40% no preço
Como ficam os CDBs do banco Master e do Will Bank após venda ao BRB ser barrada? Retornos chegam a 25% ao ano ou IPCA + 19%
A percepção de risco aumentou e investidores correm para vender seus títulos novamente, absorvendo prejuízos com preços até 40% menores
SPX diminui aposta no Banco do Brasil e vê oportunidade rara no crédito soberano da Argentina
Com spreads comprimidos travando o mercado local de títulos de dívida, a SPX afina a estratégia para preservar relação risco-retorno em fundos de crédito
Braskem, Vale, Mercado Livre… onde estão os riscos e oportunidades no crédito para quem investe em debêntures, na visão da Moody’s
Relatório da agência de risco projeta estabilidade na qualidade do crédito até o próximo ano, mas desaceleração da atividade em meio a juros altos e incertezas políticas exigem cautela
Prêmio das debêntures de infraestrutura é o menor em cinco anos — quem está comprando esse risco e por quê?
Diferença nas taxas em relação aos retornos dos títulos públicos está cada vez menor, diante da corrida aos isentos impulsionada por uma possível cobrança de imposto
A nova jogada dos gestores de crédito para debêntures incentivadas em meio à incerteza da isenção do IR
Com spreads cada vez mais apertados e dúvidas sobre a isenção do imposto de renda, gestores recorrem ao risco intermediário e reforçam posições em FIDCs para buscar retorno
Tesouro Direto vai operar 24 horas por dia a partir de 2026
Novidades incluem título para reserva de emergência sem marcação a mercado e plataforma mais acessível para novos investidores
