Tarifaço de Trump é como uma “mini Covid” para o mercado, diz CIO da TAG; veja onde investir e como se proteger neste cenário
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, o sócio e CIO da TAG Investimentos, André Leite, fala sobre o impacto da guerra comercial nas empresas e como os próprios parlamentares do país tentam reverter a situação

O caos se instalou no comércio global e, por consequência, no mercado financeiro mundial devido ao tarifaço promovido pelo presidente norte-americano Donald Trump. No centro desta disputa está o embate Estados Unidos versus China.
Nesta quarta-feira (9), ambos os países já dobraram a aposta tantas vezes que agora os EUA estão tarifando a China em 104%, e a China retrucou com tarifas de 84%. Para André Leite, sócio e CIO da TAG Investimentos, e convidado do podcast Touros e Ursos desta semana, a resolução do conflito entre os dois gigantes globais é a grande questão.
Os demais países estão mais sujeitos a negociações, como o próprio Trump fez questão de anunciar na noite da véspera (8). Em jantar com o comitê nacional republicano, o presidente teria dito, segundo a imprensa local, que os países estão ligando para a Casa Branca implorando por acordos.
- VEJA MAIS: ‘Efeito Trump’ na bolsa pode gerar oportunidades de investimento: conheça as melhores ações internacionais para comprar agora, segundo analista
Essa é a resolução esperada para grande parte das nações sobretaxadas — mas a China não dá sinais de que irá pelo mesmo caminho. Neste caso, a luz que Leite vê no fim do túnel pode vir do Congresso americano, como contou aos apresentadores do podcast Julia Wiltgen e Vinicius Pinheiro.
O diretor de investimentos da TAG acredita que o projeto de lei bipartidário que está em negociação no Senado americano poderá derrubar por terra as tarifas impostas por Trump no “Dia da Libertação”.
A proposta patrocinada por uma senadora democrata e um senador republicano exige que qualquer mudança em tarifas passe pelo Congresso e seja aprovada no Senado e na Câmara dos Deputados. O projeto valeria de forma retroativa, retirando todas as taxas impostas por Trump no início de abril.
Leia Também
“São necessários 60 votos no Senado para passar a matéria. Hoje, há 53 republicanos no Senado e 47 democratas. Mas, sete senadores republicanos já indicaram apoiar o texto, de modo que o placar virou para 54 a favor e 46 contra”, explica o executivo.
Ele vê grandes chances de a matéria passar em meio ao caos que se vê no ambiente internacional.
Aprovado no Senado, o texto iria para a Câmara dos Deputados, onde Leite vê ainda mais chances de aprovação, devido à proximidade dos parlamentares com os eleitores, visto o modelo de deputados distritais dos EUA.
“Os deputados, esses caras conhecem todo mundo, a população do distrito conhece ele, as empresas financiam a campanha dele. Agora, imagina a gritaria, o tanto de eleitores e de empresas ligando para esses caras pedindo para que algo seja feito?”, disse Leite no podcast.
“Então, nossa visão na TAG é de que a própria democracia americana e seu sistema de pesos e contrapesos deve funcionar e impedir [esse tarifaço]”, completa.
Correndo contra o tempo
Uma janela se apresenta para que os parlamentares consigam resolver a situação: três meses.
Esse seria o prazo do estoque que as empresas americanas conseguiram fazer no início deste ano, antes que o tarifaço fosse anunciado.
- CONFIRA: Tarifas de Trump: o dia que o mercado caiu em uma fake news e não sabia que o pior estava por vir
O diretor da TAG conta que o déficit comercial dos Estados Unidos em dezembro e nos primeiros meses do ano foi maior do que a média histórica, devido ao volume de importação das empresas para conseguir estocar matérias-primas e peças antes das mudanças do presidente Trump.
“Eu diria que eles têm aí um período de graça de uns dois, três meses para consumir esse estoque a preço antigo ainda, que é o tempo que a classe política tem para se organizar e resolver esse imbróglio”, afirma Leite.
Confira o episódio #218 completo do Touros e Ursos desta semana:
Uma “mini Covid”
Não faz muito tempo que o mundo viu um filme parecido com esse, na avaliação de André Leite. No Touros e Ursos, o diretor de investimentos falou que, na TAG, eles estão avaliando o cenário como uma “mini Covid”.
Negócios paralisados, choque na cadeia produtiva, incertezas comerciais.
“A diferença é que a gente não tinha a mínima ideia de quando conseguiria ter uma reabertura econômica. Hoje, assumimos que o impacto das tarifas será em uma dose só. Estamos chamando de ‘mini Covid’.”
A tese é que a perda de Produto Interno Bruto (PIB) ocorrerá de uma vez, com um surto inflacionário único também e depois apenas as “ondas secundárias”, de balanceamento dos indicadores econômicos.
O cenário também deve trazer volatilidade ao mercado financeiro. A queda do S&P 500 durante a pandemia foi de 35%. Nesta “mini Covid”, Leite espera algo na ordem dos 20%, mas com altos e baixos constantes.
“Acho que boa parte do movimento já foi. Pode cair mais? Claro que pode. Pode ter volatilidade? Pode também”, diz.
Mas as oportunidades de investimentos se abrem…
A correção das bolsas americanas desde o começo do ano representa uma oportunidade de investimento, para André Leite.
Segundo ele, a relação de preço e lucro (P/L) do S&P 500 estava em 22 vezes antes da correção, um valor acima da média histórica de 18 vezes, porém justificável pela alta concentração do índice em empresas de tecnologia.
Agora, depois da queda de quase 20% no ano, o P/L do índice caiu para de volta para a média de 18 vezes.
“Do ponto de vista histórico, é um valor que começa a ficar atrativo, considerando os números dos Estados Unidos e também no comparativo com o resto do mundo. As bolsas lá fora subiram nos primeiros meses do ano, enquanto as americanas caíram”, diz.
Para ele, a situação se inverteu de tal forma que a avaliação de risco-retorno das ações americanas ficou melhor do que a relação risco-retorno da renda fixa americana.
“A gente está em um evento de liquidação de portfólio, de volatilidade, e muito fluido em termos de notícias. Para quem olha para o médio e longo prazo, está atento aos fundamentos, já começa a fazer algum sentido voltar a alocar em ações americanas”, diz o convidado do Touros e Ursos.
- VEJA TAMBÉM: Empresa brasileira que pode ‘surpreender positivamente’ é uma das 10 melhores ações para comprar agora – confira recomendação
O Brasil não ganha com tarifas de Trump?
André Leite é cético sobre os benefícios que o Brasil e a bolsa brasileira podem tirar de toda essa situação.
Para ele, as ações brasileiras estão, de fato, baratas, mas estão assim há muito tempo, e isso não significa que valha a pena investir. “A renda fixa aqui é simplesmente muito atrativa”, diz.
Para ele, as debêntures de empresas com classificação de risco muito alta, como Vale e Petrobras, que pagam IPCA + 7%, oferecem a possibilidade de dobrar o capital investido em dez anos em termos reais — algo que ele avalia como difícil de competir.
“Você coloca um milhão de unidades monetárias em um IPCA+ 7%, isento de Imposto de Renda, daqui a dez anos você tem dois milhões de unidades monetárias. Líquido e certo”, diz. “Enquanto a gente tiver essa âncora macroeconômica chamada juro alto, é difícil competir.”
E não acaba por aí. André Leite, Julia Wiltgen e Vinicius Pinheiro também escolheram seus Touros e Ursos: petróleo, Nasdaq, Carrefour, Sabesp, e mais.
Confira o episódio #218 completo do Touros e Ursos desta semana:
Trump reage à condenação de Bolsonaro e Marco Rubio promete: “os EUA responderão de forma adequada a essa caça às bruxas”
Tarifas de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros tiveram origem no caso contra Bolsonaro e, mais recentemente, a Casa Branca chegou a mencionar o uso da força militar para defender a liberdade de expressão no mundo
Como um projeto de fim de semana do fundador do Twitter se tornou opção em meio ao corte das redes sociais no Nepal
Sem internet e sem censura: app criado por Jack Dorsey ganha força nos protestos no Nepal ao permitir comunicação direta entre celulares via Bluetooth
11 de setembro: 24 anos do acontecimento que ‘inaugurou’ o século 21; eis o que você precisa saber sobre o atentado
Do impacto humano à transformação geopolítica, os atentados de 11 de setembro completam 24 anos
Bolsa da Argentina despenca, enquanto mercados globais sobem; índice Merval cai 50% em dólar, pior tombo desde 2008
Após um rali de mais de 100% em 2024, a bolsa argentina volta a despencar e revive o histórico de crises passadas
Novo revés para Trump: tribunal dos EUA mantém Lisa Cook como diretora do Fed em meio à disputa com o republicano
Decisão judicial impede tentativa de Trump de destituir a primeira mulher negra a integrar o conselho do Federal Reserve; entenda o confronto
EUA falam em usar poder econômico e militar para defender liberdade de expressão em meio a julgamento de Bolsonaro
Porta-voz da Casa Branca, Caroline Leavitt, afirmou que EUA aplicaram tarifas e sanções contra o Brasil para defender “liberdade de expressão”; mercado teme novas sanções
A cidade que sente na pele os efeitos do tarifaço e da política anti-imigrantes de Donald Trump
Tarifas de Donald Trump e suas políticas imigratórias impactam diretamente a indústria têxtil nos Estados Unidos, contrastando com a promessa de uma economia pujante
Uma mensagem dura para Milei: o que o resultado da eleição regional diz sobre os rumos da Argentina
Apesar de ser um pleito legislativo, a votação serve de termômetro para o que está por vir na corrida eleitoral de 2027
Mark Zuckerberg versus Mark Zuckerberg: um curioso caso judicial chega aos tribunais dos EUA
Advogado de Indiana acusa a Meta de prejuízos por bloqueios recorrentes em sua página profissional no Facebook; detalhe: ele se chama Mark Zuckerberg
Depois de duas duras derrotas em poucas semanas, primeiro-ministro do Japão renuncia para evitar mais uma
Shigeru Ishiba renunciou ao cargo às vésperas de completar um ano na posição de chefe de governo do Japão
Em meio a ‘tempestade perfeita’, uma eleição regional testa a popularidade de Javier Milei entre os argentinos
Eleitores da província de Buenos Aires vão às urnas em momento no qual Milei sofre duras derrotas políticas e atravessa escândalo de corrupção envolvendo diretamente sua própria irmã
Como uma missão ultrassecreta de espionagem dos EUA levou à morte de inocentes desarmados na Coreia do Norte
Ação frustrada de espionagem ocorreu em 2019, em meio ao comentado ‘bromance’ entre Trump e Kim, mas só foi revelado agora pelo New York Times
Ato simbólico ou um aviso ao mundo? O que está por trás do ‘Departamento de Guerra’ de Donald Trump
Donald Trump assinou na sexta-feira uma ordem executiva para mudar o nome do Pentágono para ‘Departamento de Guerra’
US Open 2025: Quanto carrasca de Bia Haddad pode faturar se vencer Sabalenka, atual número 1 do mundo, na final
Amanda Anisimova e Aryna Sabalenka se enfrentam pela décima vez, desta vez valendo o título (e a bolada) do US Open 2025
Warsh, Waller e Hasset: o trio que ganhou o “coração” de Donald Trump
O republicano confirmou nesta sexta-feira (5) que os três são os preferidos dele para assumir uma posição fundamental para a economia norte-americana
Como o novo pacote de remuneração da Tesla coloca Elon Musk no caminho de se tornar o primeiro trilionário da história
Com metas audaciosas e ações avaliadas em trilhões de reais, o CEO da Tesla, Elon Musk, pode ampliar seu império e consolidar liderança em carros elétricos, robótica e inteligência artificial
Quanto vale um jantar com Trump? Para Zuckerberg, Cook e figurões do Vale do Silício pode custar bilhões de dólares
Executivos das big techs estiveram reunidos na noite de quinta-feira (4) com o presidente norte-americano, que fez questão de reforçar o aviso: em breve o governo norte-americano taxará a importação de semicondutores
“O mundo deve escolher entre a paz e a guerra”, diz Xi Jinping em discurso aberto — mas um microfone capta o que ninguém deveria ter ouvido
A quarta-feira (3) foi marcada por um dos maiores desfiles militares que a China já fez e contou com a presença de dezenas de autoridades, entre elas Vladimir Putin e Kim Jong-un; enquanto a parada acontecia em Pequim, Trump usava as redes sociais para falar de conspiração
O quarteto fantástico contra Trump: como Xi, Putin, Modi e Kim articulam o novo eixo que quer tirar os EUA do tabuleiro global
Enquanto o republicano enaltece suas relações próximas com os presidentes de China, Rússia e Índia, eles se juntam ao líder norte-coreano para reforçar os planos de uma nova ordem mundial
US Open 2025: Mesmo eliminados de maneira precoce, Bia Haddad e João Fonseca embolsaram juntos mais de R$ 3 milhões
Enquanto João Fonseca subiu no ranking da ATP, Bia Haddad perderá algumas posições, mas seguirá no Top 30 ao término do US Open 2025