Gasto de US$ 2,5 bilhões tira Trump do sério e coloca Powell na berlinda (de novo)
A atualização da sede do banco central norte-americano é a mais nova fonte de tensão com o governo norte-americano; entenda essa história

Quem já fez uma reforma, sabe que dá muita dor de cabeça e que o orçamento sempre estoura. O problema piora muito quando se trata de obras na sede do Federal Reserve (Fed) em um momento no qual o banco central norte-americano e seu chefe, Jerome Powell, estão sob pressão do presidente dos EUA, Donald Trump.
Tudo começou no mês passado, quando Powell foi prestar os depoimentos semestrais no Congresso norte-americano e foi questionado por legisladores do Senado sobre o que descreveram como atualizações luxuosas na sede do Fed.
A reforma estaria orçada em US$ 2,5 bilhões. Na ocasião, Powell disse que algumas das melhorias, como as colmeias italianas, não fariam parte da reforma — mas de pouco adiantou. Desde então, o chefe do Fed tem sido criticado por membros do alto escalão do governo de Trump, com alguns acusando-o de mentir sob juramento.
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“O inspetor-geral do Federal Reserve está considerando a possibilidade de abrir uma investigação sobre os enormes custos excedentes do projeto de renovação da sede, que está avaliado em mais de US$ 2,5 bilhões”, escreveu James Blair, vice-chefe de gabinete da Casa Branca, na segunda-feira no X.
Blair é um dos três leais a Trump nomeados na semana passada para a National Capital Planning Commission, a agência de planejamento central do governo federal, que tem um papel de supervisão no projeto de renovação do Fed.
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Pressão Trump e de todos os lados
As pressões sobre Powell não vêm só do Congresso. Dois dos principais candidatos à substituí-lo no comando do Fed —- o diretor do Conselho Econômico Nacional (NEC), Kevin Hassett, e o ex-governador do Fed, Kevin Warsh — criticaram duramente a reforma bilionária.
Um deles disse que Trump está analisando se tem autoridade para demitir Powell, e o outro afirmou que o projeto é um exemplo de como o Fed "perdeu o rumo".
Já o diretor de orçamento da Casa Branca, Russ Vought, juntou-se à campanha para levantar questões sobre a reforma do Edifício Marriner S. Eccles e de uma propriedade vizinha na Avenida Constitution, afirmando que Powell havia "administrado o Fed de forma grosseiramente ruim" como resultado do projeto.
Tudo isso acontece em meio à inúmeras críticas à condução da política monetária. Powell tem se mantido firme na defesa dos juros na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano diante dos possíveis desdobramentos das tarifas comerciais para a economia dos EUA.
Do outro lado, Trump e seus secretários são defensores ferrenhos de juros mais baixos — os mais recentes comentários da Casa Branca sobre o assunto argumento em favor de uma taxa um ponto percentual menor do que a atual.
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Powell recua para sobreviver
Consciente de que o projeto de reforma de US$ 2,5 bilhões da sede do Fed se tornou um dos principais alvos de ataques do governo de Trump, Powell começou a se movimentar e não foi em direção à porta de saída do banco central norte-americano — o mandato dele expira em maio de 2026.
Powell pediu ao inspetor-geral do Fed, Michael Horowitz, que revise os custos da obra e quaisquer outros aspectos relacionados que possam ser considerados inapropriados.
O escritório do inspetor-geral já havia analisado anteriormente o projeto, que está em planejamento há anos, mas essa nova revisão tem como objetivo oferecer um olhar renovado em um momento de maior escrutínio.
O Fed também divulgou novas informações sobre o projeto de construção na sexta-feira (11) à noite, observando que o escritório do inspetor-geral "teve acesso total às informações do projeto sobre custos, contratos, cronogramas e despesas e recebe relatórios mensais sobre o programa de construção".
Os estouros de orçamento, afirmou o Fed no site, são resultado de alterações nos projetos originais; diferenças ao longo do tempo no custo de materiais, equipamentos e mão de obra; e algumas condições imprevistas, como amianto e contaminação tóxica no solo.
Vough citou na semana passada estouros de orçamento de mais de US$ 700 milhões, planos para jardins em terraços, salas de jantar privativas e elevadores, fontes de água e mármore.
O Fed informou em seu site que não há salas de jantar privativas sendo construídas, não há elevador vip e que as novas fontes de água que haviam sido planejadas foram eliminadas.
O banco central acrescentou ainda que o terraço com jardim, conforme descrito em um plano de 2021 para a Comissão Nacional de Planejamento da Capital (NCPC), refere-se ao gramado frontal térreo do edifício da Constitution Avenue, que serve como cobertura para o estacionamento abaixo.
Essas declarações estão alinhadas com o que Powell disse aos senadores em 25 de junho, quando questionado sobre reportagens sobre o projeto.
*Com informações da CNN, da Axios e do Yahoo Finance
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