Hilbert ou Santoro… ou melhor, BTG ou XP? O que as campanhas publicitárias com os Rodrigos revelam sobre a estratégia das plataformas de investimento
Instituições financeiras lançam campanhas de marketing na mesma época, usando garotos-propagandas já consagrados aos olhos do público brasileiro
Desde a época de auge das novelas da Rede Globo, não se viam tantos Rodrigos na televisão. Rodrigo Hilbert vai do aeroporto a um destino de neve com o cartão do BTG Pactual, enquanto Rodrigo Santoro usa o cenário do set de gravação para fazer um convite: “Vem ser XP”.
Para o espectador comum, parece só mais um anúncio publicitário usando celebridades. O que não é exatamente novidade, já que o público já se habituou a ver as “Fernandas” no Itaú e a Gisele Bündchen no C6.
Já para quem sabe que as duas plataformas de investimentos vivem um contexto de concorrência acirrada, as duas campanhas, lançadas em um timing tão semelhante, sinalizam o valor dos clientes de alta renda para o setor financeiro.
Foi coincidência? Por que a escolha de dois galãs com perfil tão parecido? O que está por trás da “batalha de Rodrigos”?
- VEJA MAIS: Programa “Onde Investir em Fevereiro”, do Seu Dinheiro, está no ar – assista aqui às recomendações de ações, FIIs, BDRs e criptomoedas
As semelhanças não param por aí…
Sofisticação, elegância, exclusividade, luxo: essas palavras poderiam descrever qualquer uma das campanhas lançadas pelas duas instituições financeiras. E isso não é por acaso.
Para um bom entendedor, meia palavra basta: tanto a XP quanto o BTG estão buscando um público premium para as respectivas bases de clientes.
Leia Também
Casas Bahia aprova aumento de capital próprio de cerca de R$ 1 bilhão após reestruturar dívida
Oi (OIBR3) não morreu, mas foi quase: a cronologia de um dos maiores desastres da bolsa em 2025
Um investidor que, sim, quer ter boas opções de investimento na plataforma e um assessor de excelência.
Mas que também se importa com outros luxos que o dinheiro pode proporcionar. Salas ou mesmo terminais VIP no aeroporto e cartões de crédito (no mínimo) black são alguns dos artifícios que ambas as companhias têm usado para atrair esse tipo de cliente.
É justamente esse perfil de consumidor que tanto Hilbert quanto Santoro representam no imaginário popular, na visão do professor de branding da ESPM, Marcos Bedendo.
E é também por isso que, por mais que o timing seja uma coincidência, não é exatamente improvável que duas plataformas concorrentes usem garotos-propaganda similares.
“Você está pegando pessoas que são bem-sucedidas, com carreiras estabelecidas, e que provavelmente têm um patrimônio do qual elas precisam cuidar. Esse é um pouco básico da publicidade: trazer pessoas que refletem o meu público alvo”, complementa Bedendo.
Esta hipótese é confirmada por Caroline Namora, diretora de marketing da XP Inc.
“Há uma relação direta entre os valores que o Santoro representa e aspectos institucionais que são fundamentais para a XP. Ele é uma personalidade extremamente bem-sucedida em sua área de atuação, que com muito foco, resiliência e, claro, talento, ultrapassou barreiras. Esse alinhamento de valores faz com que criemos pontos de conexão com diversos clientes.”
Outro fator bem importante considerado pela empresa foi o fato de que Santoro já era cliente da plataforma, algo que é constantemente reforçado nos textos publicitários que já estão circulando tanto nas mídias digitais quanto físicas (a chamada mídia Out-Of-Home).
Namora também relatou que foi feita uma pesquisa de mercado, em que clientes e não clientes associaram a persona pública de Santoro com a essência da campanha “Vem Ser XP”.
“Acreditamos que a identificação com uma celebridade é um fator importante para atrair, fortalecer o vínculo e reter clientes. O Rodrigo traz características que estão alinhadas ao perfil de muitos de nossos clientes”, concluiu Namora.
Procurado pelo Seu Dinheiro, o BTG Pactual não concedeu entrevista.
No entanto, a empresa afirmou que o objetivo dos materiais publicitários com Hilbert é reafirmar a posição do BTG como um banco completo.
"É uma campanha que conecta os benefícios do banco com as necessidades dos nossos clientes, reforçando atributos que proporcionam experiências de excelência", afirmou André Kliousoff, CMO do banco, em comunicado à imprensa. Vale lembrar que o Seu Dinheiro faz parte do mesmo grupo econômico do BTG e segue princípios de autonomia editorial para a produção de reportagens.
Tão diferentes assim?
As publicidades com os Rodrigos são mais um reforço nessa estratégia de marketing que busca, sobretudo, diferenciação no segmento bancário.
O professor de branding da ESPM afirma que ambas as empresas foram bem-sucedidas em se diferenciar do resto dos concorrentes, mas acabaram esbarrando em um problema de se aproximarem demais entre si.
“Eles se diferenciam do resto do bolo. Então, você tem uma divisão de segmento que é importante, mas, sinceramente, [as campanhas] estão mostrando muito mais semelhanças do que diferenças”, comenta.
O timing de cada uma das publicidades também não contribuiu muito para o distanciamento entre as duas marcas.
Na visão do professor, o fato de que os anúncios publicitários começaram a ser veiculados na mesma época foi mais uma coincidência do que qualquer outra coisa, já que não há nenhuma sazonalidade muito explícita nessa época do ano para o setor financeiro.
A ‘nova cara’ do BTG e da XP
Vale notar que tanto Santoro quanto Hilbert não são apenas garotos-propaganda pontuais das instituições.
Ambos foram colocados como embaixadores dos respectivos bancos, o que presume um compromisso de mais longo prazo e uma associação cada vez mais forte com as marcas, conforme outros materiais publicitários sejam divulgados ao longo do ano.
Em tempos de cultura do cancelamento, em que uma personalidade pública pode ser cancelada “facilmente” na internet após uma atitude ou declaração polêmica, associar a marca a uma celebridade pode ser como tomar mais risco na carteira de investimentos.
Isso porque o cancelamento da celebridade pode “respingar” nas marcas com as quais ela trabalha.
Apesar disso, o professor da ESPM considera que perfis como o dos Rodrigos são mais “seguros”, já que ambos têm carreiras consolidadas e estão há décadas sob o olhar do público, sem receberem qualquer tipo de escrutínio grave.
Além disso, Hilbert e Santoro têm mais abrangência com o público, por serem personalidades conhecidas da televisão.
Mesmo os influenciadores digitais com grande número de seguidores ainda ficam restritos a bolhas específicas, enquanto as “celebridades clássicas” são reconhecidas por grupos mais amplos.
Por um lado, eles podem ter menos impacto midiático. Por outro, são um investimento em marketing mais seguro tanto para o BTG como para a XP.
Essa “aposta” em celebridades de grande alcance já virou uma prática comum no segmento financeiro, mesmo com o boom de influenciadores no mercado publicitário.
- A título de curiosidade: Fernanda Lima, esposa de Hilbert, faz propaganda para o Nubank.
Se as campanhas vão resultar em mais clientes para uma instituição ou para outra, só o tempo – e a temporada de balanços – saberá dizer.
A princípio, campanhas como essa miram o reconhecimento de marca (brand awareness, no jargão publicitário), que nem sempre resulta tão rápido em um aumento da base de clientes.
O que já se sabe no cenário atual é que, ao andar pela Faria Lima, ao ligar a televisão ou ao entrar em qualquer elevador de prédio comercial, você provavelmente vai encontrar um dos Rodrigos te convidando a abrir conta. Talvez até os dois.
Independentemente de qual deles seja, é um colírio para os olhos, há de se admitir.
S&P retira ratings de crédito do BRB (BSLI3) em meio a incertezas sobre investigação do Banco Master
Movimento foi feito a pedido da própria instituição e se segue a outros rebaixamentos e retiradas de notas de crédito de agências de classificação de risco
Correios precisam de R$ 20 bilhões para fechar as contas, mas ainda faltam R$ 8 bilhões — e valor pode vir do Tesouro
Estatal assinou contrato de empréstimo de R$ 12 bilhões com cinco bancos, mas nova captação ainda não está em negociação, disse o presidente
Moura Dubeux (MDNE3) anuncia R$ 351 milhões em dividendos com pagamento em sete parcelas; veja como receber
Cerca de R$ 59 milhões serão pagos como dividendos intermediários e mais R$ 292 milhões serão distribuídos a título de dividendos intercalares
Tupy (TUPY3) convoca assembleia para discutir eleição de membros do Conselho em meio a críticas à indicação de ministro de Lula
Assembleia Geral Extraordinária debaterá mudanças no Estatuto Social da Tupy e eleição de membros dos conselhos de administração e fiscal
Fundadora da Rede Mulher Empreendedora, Ana Fontes já impactou mais de 15 milhões de pessoas — e agora quer conceder crédito
Rede Mulher Empreendedora (RME) completou 15 anos de atuação em 2025
Localiza (RENT3) e outras empresas anunciam aumento de capital e bonificação em ações, mas locadora lança mão de ações PN temporárias
Medidas antecipam retorno aos acionistas antes de entrada em vigor da tributação sobre dividendos; Localiza opta por caminho semelhante ao da Axia Energia, ex-Eletrobras
CVM inicia julgamento de ex-diretor do IRB (IRBR3) por rumor sobre investimento da Berkshire Hathaway
Processo surgiu a partir da divulgação da falsa informação de que empresa de Warren Buffett deteria participação na resseguradora após revelação de fraude no balanço
Caso Banco Master: Banco Central responde ao TCU sobre questionamento que aponta ‘precipitação’ em liquidar instituição
Tribunal havia dado 72 horas para a autarquia se manifestar por ter optado por intervenção em vez de soluções de mercado para o banco de Daniel Vorcaro
Com carne cara e maior produção, 2026 será o ano do frango, diz Santander; veja o que isso significa para as ações da JBS (JBSS32) e MBRF (MBRF3)
A oferta de frango está prestes a crescer, e o preço elevado da carne bovina impulsiona as vendas da ave
Smart Fit (SMFT3) lucrou 40% em 2025, e pode ir além em 2026; entenda a recomendação de compra do Itaú BBA
Itaú BBA vê geração de caixa elevada, controle de custos e potencial de crescimento em 2026; preço-alvo para SMFT3 é de R$ 33
CSN (CSNA3) terá modernização de usina em Volta Redonda ‘reembolsada’ pelo BNDES com linha de crédito de R$ 1,13 bilhão
Banco de fomento anunciou a aprovação de um empréstimo para a siderúrgica, que pagará por adequações feitas em fábrica da cidade fluminense
De dividendos a ações resgatáveis: as estratégias das empresas para driblar a tributação são seguras e legais?
Formatos criativos de remuneração ao acionista ganham força para 2026, mas podem entrar na mira tributária do governo
Grupo Toky (TOKY3) mexe no coração da dívida e busca virar o jogo em acordo com a SPX — mas o preço é a diluição
Acordo prevê conversão de debêntures em ações, travas para venda em bolsa e corte de até R$ 227 milhões em dívidas
O ano do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11): como cada banco terminou 2025
Os balanços até setembro revelam trajetórias muito diferentes entre os gigantes do setor financeiro; saiba quem conseguiu navegar bem pelo cenário adverso — e quem ficou à deriva
A derrocada da Ambipar (AMBP3) em 2025: a história por trás da crise que derrubou uma das ações mais quentes da bolsa
Uma disparada histórica, compras controversas de ações, questionamentos da CVM e uma crise de liquidez que levou à recuperação judicial: veja a retrospectiva do ano da Ambipar
Embraer (EMBR3) ainda pode ir além: a aposta ‘silenciosa’ da fabricante de aviões em um mercado de 1,5 bilhão de pessoas
O BTG Pactual avalia que a Índia pode adicionar bilhões ao backlog — e ainda está fora do radar de muitos investidores
O dia em que o caso do Banco Master será confrontado no STF: o que esperar da acareação que coloca as decisões do Banco Central na mira
A audiência discutirá supervisão bancária, segurança jurídica e a decisão que levou à liquidação do Banco Master. Entenda o que está em jogo
Bresco Logística (BRCO11) é negociado pelo mesmo valor do patrimônio, segundo a XP; saiba se ainda vale a pena comprar
De acordo com a corretora, o BRCO11 está sendo negociado praticamente pelo mesmo valor de seu patrimônio — múltiplo P/VP de 1,01 vez
Um final de ano desastroso para a Oracle: ações caminham para o pior trimestre desde a bolha da internet
Faltando quatro dias úteis para o fim do trimestre, os papéis da companhia devem registrar a maior queda desde 2001
Negócio desfeito: por que o BRB desistiu de vender 49% de sua financeira a um grupo investidor
A venda da fatia da Financeira BRB havia sido anunciada em 2024 por R$ 320 milhões
